Mostrar código-fonte de Antioxidante

[[Image:Glutathione-3D-vdW.png|thumb|right|250px|Modelo da [[glutationa]], um antioxidante [[metabólito]]. A esfera amarela é o átomo de enxofre, um agente redutor responsável pela função antioxidante, enquanto que as esferas vermelhas, azuis, brancas e cinzentas representam respectivamente os átomos de oxigénio, azoto, hidrogénio e carbono.]]

Um '''antioxidante''' é uma [[molécula]] capaz de inibir a [[Reação redox|oxidação]] de outras moléculas. A oxidação é uma [[reacção química]] que [[Transferência de electrões|transfere]] [[Electrão|electrões]] ou hidrogénio de uma substância para um [[Comburente|agente oxidante]]. As reacções de oxidação podem produzir [[Radical (química)|radicais livres]]. Por sua vez, estes radicais podem dar início a [[Reação em cadeia|reacções em cadeia]] que, quando ocorrem em [[célula]]s, podem danificá-las ou causar a sua morte. Os antioxidantes interrompem estas reacções em cadeia eliminando os radicais livres intermediários e inibindo outras reacções de oxidação. Isto é conseguido através da sua própria oxidação, pelo que os antioxidantes são frequentemente [[Redução|agentes de redução]], como os [[Tiol|tióis]], o [[ácido ascórbico]] ou [[Antioxidante polifenólico|polifenóis]].<ref name="Sies" />

[[Image:Antioxidant.png|thumb|right|250px|Derivados da [[p-fenilenodiamina]] são antioxidantes comuns para prevenir a formação de gomas na gasolina.]]

Embora as reacções de oxidação sejam fundamentais para a vida, podem também ser prejudiciais. As [[planta]]s e os [[animal|animais]] sustentam sistemas complexos de vários tipos de antioxidantes, como [[glutationa]], [[vitamina C]] e [[vitamina E]], e ainda [[enzima]]s como a [[catalase]], [[superóxido dismutase|dismutase]] e várias [[peroxidase]]s. Baixos níveis de antioxidantes, ou [[Inibição enzimática|inibição]] das enzimas antioxidantes, causam [[stress oxidativo]] e podem danificar ou matar as células.

Como o stress oxidativo mostra ser um componente fundamental de muitas doenças humanas, o uso de antioxidantes na [[farmacologia]] é estudado de forma intensiva, sobretudo em tratamentos para os [[Acidente vascular cerebral|enfartes]] ou [[Neurodegeneração|doenças neurodegenerativas]]. Contudo, ainda se desconhece se o stress oxidativo é uma causa ou consequência da própria doença.

Os antioxidantes são amplamente usados no fabrico de [[Suplemento alimentar|suplementos dietéticos]] e têm sido amplamente estudados no âmbito da investigação de doenças como o [[cancro]], [[Doença arterial coronariana|doenças coronárias]] e até mesmo no [[mal de montanha]]. Embora alguns estudos iniciais tenham sugerido que os suplementos de antioxidantes podiam ter benefícios na saúde, [[Ensaio clínico|ensaios clínicos]] realizados mais tarde não detectaram qualquer benefício, tendo sugerido, pelo contrário, que suplementos em excesso podem ser nocivos.<ref>{{citar periódico|páginas=341–8 |doi=10.1093/qjmed/hcp026 |título=Oral antioxidant supplementation does not prevent acute mountain sickness: double blind, randomized placebo-controlled trial |ano=2009 |último1 =Baillie |primeiro1 =J.K. |último2 =Thompson |primeiro2 =A.A.R. |último3 =Irving |primeiro3 =J.B. |último4 =Bates |primeiro4 =M.G.D. |último5 =Sutherland |primeiro5 =A.I. |último6 =MacNee |primeiro6 =W. |último7 =Maxwell |primeiro7 =S.R.J. |último8 =Webb |primeiro8 =D.J. |periódico=QJM |volume=102 |número=5 |pmid=19273551}}</ref><ref>{{citar periódico|autor =Bjelakovic G |título=Mortality in randomized trials of antioxidant supplements for primary and secondary prevention: systematic review and meta-analysis |periódico=JAMA |volume=297 |número=8 |páginas=842–57 |ano=2007 |pmid=17327526 |doi=10.1001/jama.297.8.842 |último2 =Nikolova |primeiro2 =D |último3 =Gluud |primeiro3 =LL |último4 =Simonetti |primeiro4 =RG |último5 =Gluud |primeiro5 =C}}</ref>

Para além do seu uso no campo da medicina, estes compostos têm imensas aplicações industriais, como [[conservante]]s alimentares, cosmética, e na prevenção da degradação da [[borracha]]. São importantes aditivos na [[gasolina]], prevenindo a formação de gomas que interferem com a actividade dos motores de combustão interna.<ref name=Ullmann>{{en icon}} Werner Dabelstein, Arno Reglitzky, Andrea Schütze and Klaus Reders "Automotive Fuels" in Ullmann's Encyclopedia of Industrial Chemistry 2007, Wiley-VCH, Weinheim.{{DOI|10.1002/14356007.a16_719.pub2}}</ref>

==História==
Como parte importante na sua adaptação a partir da vida marinha, as plantas terrestres começaram a produzir antioxidantes não-marinhos como [[ácido ascórbico]] ([[vitamina C]]),  [[Antioxidante polifenólico|polifenóis]] e [[Tocoferol|tocoferóis]]. A evolução de plantas [[Angiosperma|angiospérmicas]] entre 50 a 200 milhões de anos atrás, ocorrida sobretudo durante o [[jurássico]], teve como consequência o desenvolvimento de inúmeros pigmentos antioxidantes como defesa contra as [[Espécie reactiva de oxigénio|espécies reactivas do oxigénio]] que são subprodutos da [[fotossíntese]].<ref>{{citar periódico|páginas=113–26 |doi=10.1016/S1095-6433(02)00368-9 |título=Evolution of dietary antioxidants |ano=2003 |último1 =Benzie |primeiro1 =I |periódico=Comparative Biochemistry and Physiology |volume=136 |pmid=14527634 |número=1}}</ref><ref>{{citar periódico|páginas=727–9 |doi=10.1089/10507250050137851 |título=Environmental Iodine Deficiency: A Challenge to the Evolution of Terrestrial Life? |ano=2000 |último1 =Venturi |primeiro1 =Sebastiano |último2 =Donati |primeiro2 =Francesco M. |último3 =Venturi |primeiro3 =Alessandro |último4 =Venturi |primeiro4 =Mattia |periódico=Thyroid |volume=10 |número=8 |pmid=11014322}}</ref> O termo antioxidante foi inicialmente usado referindo-se especificamente a um químico que impedisse o consumo de oxigénio. No fim do século XIX e início do século XX, efectuaram-se investigações exaustivas sobre o uso de antioxidantes para importantes processos industriais, como na prevenção da [[corrosão]] do metal, a [[vulcanização]] da borracha, e a [[polimerização]] de combustíveis na [[incrustação]] em [[Motor de combustão interna|motores de combustão interna]].<ref>{{citar periódico|páginas=177–92 |doi=10.1146/annurev.bi.16.070147.001141 |título=Antioxidants |ano=1947 |último1 =Mattill |primeiro1 =H A |periódico=Annual Review of Biochemistry |volume=16 |pmid=20259061}}</ref>

As pesquisas iniciais sobre o papel dos antioxidantes na biologia focaram-se no seu uso na prevenção da oxidação de [[Gordura insaturada|gorduras insaturadas]], que são a causa da [[rancificação]].<ref>{{citar periódico|pmid=10335367 |ano=1999 |último1 =German |primeiro1 =JB |título=Food processing and lipid oxidation |volume=459 |páginas=23–50 |periódico=Advances in experimental medicine and biology |doi=10.1007/978-1-4615-4853-9_3 |series=Advances in Experimental Medicine and Biology |isbn=978-0-306-46051-7}}</ref> A actividade do antioxidante podia ser medida simplesmente através da colocação da gordura num invólucro fechado e medindo a taxa de consumo de oxigénio. No entanto, foi a identificação das [[Vitamina A|vitaminas A]], [[Vitamina C|C]], e [[Vitamina E|E]] enquanto antioxidantes que revolucionou o tema e levou à percepção da real importância dos antioxidantes na bioquímica dos [[Organismo|organismos vivos]].<ref>{{citar periódico|pmid=8821966 |ano=1996 |último1 =Jacob |primeiro1 =RA |título=Three eras of vitamin C discovery |volume=25 |páginas=1–16 |periódico=Sub-cellular biochemistry}}</ref><ref>{{citar periódico|pmid=9846200 |ano=1998 |último1 =Knight |primeiro1 =JA |título=Free radicals: Their history and current status in aging and disease |volume=28 |número=6 |páginas=331–46 |periódico=Annals of clinical and laboratory science}}</ref>

Os [[mecanismo de ação|mecanismos de acção]] prováveis dos antioxidantes foram inicialmente investigados quando se observou que uma substância com actividade antioxidativa seria muito provavelmente uma que se oxidava a si própria.<ref>{{citar periódico|último1 =Moreau |último2 =Dufraisse |ano=1922 |título=Comptes Rendus des Séances et Mémoires de la Société de Biologie |periódico= Sociéte de Biologie|volume=86 |página=321|oclc= 20845936}}</ref> A investigação sobre a forma como a [[vitamina E]] previne o processo da [[peroxidação dos lípidos]] levou à identificação dos antioxidantes como agentes de redução que previnem reacções de oxidação, frequentemente pela neutralização das [[Espécie reactiva de oxigénio|espécies reactivas do oxigénio]] antes que possam danificar as células.<ref>{{citar periódico|último1 =Wolf |primeiro1 =George |pmid=15735064 |url=http://jn.nutrition.org/content/135/3/363.long |ano=2005 |título=The discovery of the antioxidant function of vitamin E: The contribution of Henry A. Mattill |volume=135 |número=3 |páginas=363–6 |periódico=The Journal of nutrition}}</ref>

== O desafio da oxidação na biologia ==
{{Further|Stress oxidativo}}

[[Image:L-ascorbic-acid-3D-balls.png|thumb|right|Estrutura do [[ácido ascórbico]], ou [[vitamina C]], uma vitamina antioxidante.]]

Um [[paradoxo]] no [[metabolismo]] demonstra que, apesar da grande maioria da vida na Terra necessitar de [[oxigénio]] para a sua própria existência, o oxigénio é uma molécula altamente reactiva que danifica organismos vivos através da produção de [[Espécie reactiva de oxigénio|espécies reactivas do oxigénio]].<ref name="Davies">{{citar periódico|pmid=8660387 |ano=1995 |último1 =Davies |primeiro1 =KJ |título=Oxidative stress: The paradox of aerobic life |volume=61 |páginas=1–31 |periódico=Biochemical Society Symposia}}</ref> Como consequência, os organismos apresentam uma rede complexa de [[metabólito]]s e [[enzima]]s antioxidantes que trabalham juntos de modo a prevenir os danos resultantes da oxidação em componentes celulares como o [[ADN]], [[proteína]]s e [[lípido]]s.<ref name="Sies">{{citar periódico |último1=Sies |primeiro1=Helmut |pmid=9129943 |url=http://ep.physoc.org/content/82/2/291.long |ano=1997 |título=Oxidative stress: Oxidants and antioxidants |volume=82 |número=2 |páginas=291–5 |periódico=Experimental physiology |acessodata=2012-01-18 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20120212055352/http://ep.physoc.org/content/82/2/291.long |arquivodata=2012-02-12 |urlmorta=sim }}</ref><ref name="Vertuani">{{citar periódico|páginas=1677–94 |doi=10.2174/1381612043384655 |título=The Antioxidants and Pro-Antioxidants Network: An Overview |ano=2004 |último1 =Vertuani |primeiro1 =Silvia |último2 =Angusti |primeiro2 =Angela |último3 =Manfredini |primeiro3 =Stefano |periódico=Current Pharmaceutical Design |volume=10 |número=14 |pmid=15134565}}</ref> Geralmente, os sistemas antioxidantes ou impedem a formação destas espécies, ou eliminam-nas antes que possam danificar componentes vitais das células.<ref name="Sies" /><ref name="Davies" /> Porém, uma vez que as espécies reactivas do oxigénio desempenham funções úteis nas células, como a [[Sinalização redox|sinalização da redução de oxidação]], a função dos sistemas antioxidantes não é remover completamente os antioxidantes, mas sim mantê-los nos níveis de referência.<ref>{{citar periódico|páginas=1882–3 |doi=10.1126/science.1130481 |título=CELL SIGNALING: H2O2, a Necessary Evil for Cell Signaling |ano=2006 |último1 =Rhee |primeiro1 =S. G. |periódico=Science |volume=312 |número=5782 |pmid=16809515}}</ref>

As espécies reactivas do oxigénio produzidas nas células incluem o [[Peróxido de hidrogênio|peróxido de hidrogénio]] (H<sub>2</sub>O<sub>2</sub>), o [[ácido hipocloroso]], e [[Radical livre|radicais livres]] como o [[Hidroxila|radical hidroxilo]] (·OH) e o [[Superóxido|anião superóxido]] (O<sub>2</sub><sup>−</sup>).<ref name="emfafb">{{citar periódico|páginas=44–84 |doi=10.1016/j.biocel.2006.07.001 |título=Free radicals and antioxidants in normal physiological functions and human disease |ano=2007 |último1 =Valko |primeiro1 =M |último2 =Leibfritz |primeiro2 =D |último3 =Moncol |primeiro3 =J |último4 =Cronin |primeiro4 =M |último5 =Mazur |primeiro5 =M |último6 =Telser |primeiro6 =J |periódico=The International Journal of Biochemistry & Cell Biology |volume=39 |pmid=16978905 |número=1}}</ref> O radical hidroxilo é particularmente instável e reage rápida e aleatoriamente com a maior parte das moléculas biológicas. Esta espécie é produzida a partir do peróxido de hidrogénio em reacções redox de [[catálise]] metálica, como a [[reacção de Fenton]].<ref>{{citar periódico|páginas=321–36 |doi=10.1016/0891-5849(94)00159-H |título=Oxidative mechanisms in the toxicity of metal ions |ano=1995 |último1 =Stohs |primeiro1 =S |periódico=Free Radical Biology and Medicine |volume=18 |número=2 |pmid=7744317 |último2 =Bagchi |primeiro2 =D}}</ref> Estes antioxidantes podem danificar as células ao iniciar reacções químicas em cadeia como a peroxidação de lípidos, ou através da oxidação de ADN ou proteínas.<ref name="Sies" /> Os danos no ADN podem causar [[mutação|mutações]] e possivelmente [[cancro]] se não forem revertidos por mecanismos de [[Reparo de ADN|reparação de ADN]],<ref>{{citar periódico|páginas=373–9 |doi=10.1515/BC.2006.050 |título=Mutagenesis and carcinogenesis caused by the oxidation of nucleic acids |ano=2006 |último1 =Nakabeppu |primeiro1 =Yusaku |último2 =Sakumi |primeiro2 =Kunihiko |último3 =Sakamoto |primeiro3 =Katsumi |último4 =Tsuchimoto |primeiro4 =Daisuke |último5 =Tsuzuki |primeiro5 =Teruhisa |último6 =Nakatsu |primeiro6 =Yoshimichi |periódico=Biological Chemistry |volume=387 |número=4 |pmid=16606334}}</ref><ref>{{citar periódico|páginas=37–56 |doi=10.1023/B:MCBI.0000049134.69131.89 |título=Role of oxygen radicals in DNA damage and cancer incidence |ano=2004 |último1 =Valko |primeiro1 =Marian |último2 =Izakovic |primeiro2 =Mario |último3 =Mazur |primeiro3 =Milan |último4 =Rhodes |primeiro4 =Christopher J. |último5 =Telser |primeiro5 =Joshua |periódico=Molecular and Cellular Biochemistry |volume=266 |pmid=15646026 |número=1–2}}</ref> enquanto que os danos nas [[proteína]]s causam inibição enzimática, [[desnaturação]] e [[Proteassoma|degradação proteíca]].<ref>{{citar periódico|páginas=1220–4 |doi=10.1126/science.1355616 |título=Protein oxidation and aging |ano=1992 |último1 =Stadtman |primeiro1 =E. |periódico=Science |volume=257 |número=5074 |pmid=1355616}}</ref>

O recurso ao oxigénio como parte do processo de geração de energia metabólica produz espécies reactivas do oxigénio.<ref name="Raha">{{citar periódico|páginas=502–8 |doi=10.1016/S0968-0004(00)01674-1 |título=Mitochondria, oxygen free radicals, disease and ageing |ano=2000 |último1 =Raha |primeiro1 =S |periódico=Trends in Biochemical Sciences |volume=25 |número=10 |pmid=11050436 |último2 =Robinson |primeiro2 =BH}}</ref> Neste processo, o anião superóxido é produzido como um subproduto em várias etapas da [[cadeia de transporte de electrões]].<ref>{{citar periódico|páginas=159–64 |doi=10.1080/15216540152845957 |título=The Mitochondrial Production of Reactive Oxygen Species: Mechanisms and Implications in Human Pathology |ano=2001 |último1 =Lenaz |primeiro1 =Giorgio |periódico=IUBMB Life |volume=52 |número=3–5 |pmid=11798028}}</ref> De particular importância é a a redução da [[Ubiquinona|Coenzima Q<sub>10</sub>]] no [[Coenzima q-citocromo-c-redutase|complexo III]], uma vez que se forma como intermediário um radical livre altamente reactivo (Q'''·'''<sup>−</sup>). Este intermediário instável pode levar a "fugas" de electrões, quando estes últimos passam directamente para o oxigénio e formam o anião superóxido, em vez de se moverem através da sequência normal de reacções controladas na cadeia de transporte dos electrões.<ref>{{citar periódico|páginas=239–47 |doi=10.1038/35041687 |ano=2000 |último1 =Finkel |primeiro1 =Toren |último2 =Holbrook |primeiro2 =Nikki J. |periódico=Nature |volume=408 |número=6809 |pmid=11089981 |título=Oxidants, oxidative stress and the biology of ageing}}</ref> O peróxido é também formado pela oxidação de [[flavoproteína]]s, como o [[NADH desidrogenase|complexo I]].<ref>{{citar periódico|páginas=976–80 |doi=10.1042/BST0360976 |título=The production of reactive oxygen species by complex I |ano=2008 |último1 =Hirst |primeiro1 =Judy |último2 =King |primeiro2 =Martin S. |último3 =Pryde |primeiro3 =Kenneth R. |periódico=Biochemical Society Transactions |volume=36 |número=5}}</ref> Contudo, embora estas enzimas possam produzir oxidantes, a importância relativa da cadeia de transporte de electrões em relação a outros processos de produção de peróxido ainda não é clara.<ref>{{citar periódico|páginas=48742–50 |doi=10.1074/jbc.M408754200 |título=Are Respiratory Enzymes the Primary Sources of Intracellular Hydrogen Peroxide? |ano=2004 |último1 =Seaver |primeiro1 =L. C. |periódico=Journal of Biological Chemistry |volume=279 |número=47 |pmid=15361522 |último2 =Imlay |primeiro2 =JA}}</ref><ref name="Pathways Ofoxidativedamage">{{citar periódico|páginas=395–418 |doi=10.1146/annurev.micro.57.030502.090938 |título=Pathways Ofoxidativedamage |ano=2003 |último1 =Imlay |primeiro1 =James A. |periódico=Annual Review of Microbiology |volume=57 |pmid=14527285}}</ref> Nas [[planta]]s, [[algas]] e [[Cyanobacteria|cianobactérias]], as espécies reactivas do oxigénio são também produzidas durante a [[fotossíntese]],<ref>{{citar periódico|páginas=2149–53 |doi=10.1126/science.1078002 |título=Antioxidants in Photosynthesis and Human Nutrition |ano=2002 |último1 =Demmig-Adams |primeiro1 =B. |periódico=Science |volume=298 |número=5601 |pmid=12481128 |último2 =Adams Ww |primeiro2 =3rd}}</ref> sobretudo em condições de grande intensidade luminosa.<ref>{{citar periódico|páginas=337–46 |doi=10.1093/jxb/erh237 |título=Singlet oxygen production in photosynthesis |ano=2004 |último1 =Krieger-Liszkay |primeiro1 =A. |periódico=Journal of Experimental Botany |volume=56 |número=411 |pmid=15310815}}</ref> Este efeito é contrabalançado em parte pela participação de [[carotenoide]]s na [[fotoinibição]], que envolve a reacção destes antioxidantes com formas sobre-reduzidas dos [[Centro reacional fotossintético|centros reaccionais fotossintéticos]] de modo a prevenir a produção de espécies reactivas do oxigénio.<ref>{{citar periódico|páginas=629–34 |doi=10.1038/sj.embor.7400460 |título=Light and oxygenic photosynthesis: Energy dissipation as a protection mechanism against photo-oxidation |ano=2005 |último1 =Szabó |primeiro1 =Ildikó |último2 =Bergantino |primeiro2 =Elisabetta |último3 =Giacometti |primeiro3 =Giorgio Mario |periódico=EMBO reports |volume=6 |número=7 |pmid=15995679 |pmc=1369118}}</ref><ref>{{citar periódico|páginas=2–9 |doi=10.1016/j.abb.2004.03.018 |título=Water-soluble carotenoid proteins of cyanobacteria |ano=2004 |último1 =Kerfeld |primeiro1 =C |periódico=Archives of Biochemistry and Biophysics |volume=430 |pmid=15325905 |número=1}}</ref>

== Metabólitos ==
=== Sumário ===

Os antioxidantes são classificados em duas divisões amplas, dependendo se são ou não solúveis em [[água]] (hidrofílicos ou hidrofóbicos) e se são ou não solúveis em lípidos (lipofílicos ou lipofóbicos). De uma maneira geral, os antioxidantes solúveis em água reagem com oxidantes no [[citosol]] celular e no [[Plasma (sangue)|plasma sanguíneo]], enquanto antioxidantes solúveis em lípidos protegem as [[Membrana plasmática|membranas celulares]] da peroxidação dos lípidos.<ref name="Sies" /> Estes compostos podem ser sintetizados no próprio corpo ou obtidos através da dieta alimentar.<ref name="Vertuani" /> Os vários tipos de antioxidantes estão presentes numa grande variedade de concentrações em [[Fluido corporal|fluidos]] e tecidos do corpo humano, estando alguns presentes sobretudo em células, como a glutationa ou a [[ubiquinona]], enquanto outros estão distribuídos uniformemente, como o [[ácido úrico]] (ver tabela em baixo). Alguns antioxidantes encontram-se apenas em determinados organismos, podendo ser [[Agente patogénico|agentes patogénicos]] e [[Fator de virulência|factor de virulência]].<ref>{{citar periódico|pmid=8993856 |ano=1997 |último1 =Miller |primeiro1 =RA |último2 =Britigan |primeiro2 =BE |título=Role of oxidants in microbial pathophysiology |volume=10 |número=1 |páginas=1–18 |pmc=172912 |periódico=Clinical microbiology reviews}}</ref>

A importância relativa e as interacções entre os diferentes antioxidantes formam uma problemática complexa, uma vez que os vários sistemas metabólitos e enzimáticos têm efeitos [[Sinergia|sinérgicos]] e interdependentes entre cada um deles.<ref>{{citar periódico|páginas=949–62 |doi=10.1016/S0278-6915(99)00090-3 |título=Intracellular Antioxidants: From Chemical to Biochemical Mechanisms |ano=1999 |último1 =Chaudiere |primeiro1 =J |periódico=Food and Chemical Toxicology |volume=37 |número=9–10 |pmid=10541450 |último2 =Ferrari-Iliou |primeiro2 =R}}</ref><ref>{{citar periódico|páginas=213–9 |doi=10.1111/j.1432-1033.1993.tb18025.x |título=Strategies of antioxidant defense |ano=1993 |último1 =Sies |primeiro1 =Helmut |periódico=European Journal of Biochemistry |volume=215 |número=2 |pmid=7688300}}</ref> A acção de um antioxidante pode assim depender do correcto funcionamento dos outros componentes do sistema antioxidante.<ref name="Vertuani" /> A quantidade de protecção proporcionada por qualquer antioxidante dependerá também da sua concentração, da sua reactividade perante determinada espécie reactiva ao oxigénio e do estatuto dos demais antioxidantes com que interage.<ref name="Vertuani" />

Alguns compostos contribuem para a defesa antioxidante através da formação de [[quelato]]s de [[metais de transição]], impedindo-os de catalisar a produção de radicais livres na célula. Especialmente importante é a capacidade para agarrar o [[ferro]], presente em certas proteínas como a [[transferrina]] e [[ferritina]].<ref name="Pathways Ofoxidativedamage"/> O [[selénio]] e o [[zinco]] são frequentemente citados como "nutrientes antioxidantes", embora não possuam qualquer acção antioxidante por si próprios, sendo apenas necessários para a actividade de algumas enzimas antioxidantes, como demonstrado em baixo.

{| class="wikitable" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"
|-
!Metabólito antioxidante
!Solubilidade
!Concentração no soro humano (μM)<ref>{{citar periódico|autor =Ames B, Cathcart R, Schwiers E, Hochstein P |título=Uric acid provides an antioxidant defense in humans against oxidant- and radical-caused aging and cancer: a hypothesis |pmc=349151 |periódico=Proc Natl Acad Sci USA |volume=78 |número=11 |páginas=6858–62 |ano=1981 |pmid=6947260 |doi=10.1073/pnas.78.11.6858}}</ref>
!Concentração no tecido hepático (μmol/kg)
|-
| style="text-align:center;"|[[Ácido ascórbico]] ([[vitamina C]])
| style="text-align:center;"|Água
| style="text-align:center;"|50 – 60<ref>{{citar periódico|primeiro1 =Kay-Tee |último1 =Khaw |primeiro2 =Peter |último2 =Woodhouse |pmid=7787643 |pmc=2549940 |url=http://bmj.com/cgi/pmidlookup?view=long&pmid=7787643 |ano=1995 |título=Interrelation of vitamin C, infection, haemostatic factors, and cardiovascular disease |volume=310 |número=6994 |páginas=1559–63 |periódico=BMJ}}</ref>
| style="text-align:center;"|260 (humanos)<ref name="Evelson">{{citar periódico|páginas=261–6 |doi=10.1006/abbi.2001.2292 |título=Evaluation of Total Reactive Antioxidant Potential (TRAP) of Tissue Homogenates and Their Cytosols |ano=2001 |último1 =Evelson |primeiro1 =P |periódico=Archives of Biochemistry and Biophysics |volume=388 |número=2 |pmid=11368163 |último2 =Travacio |primeiro2 =M |último3 =Repetto |primeiro3 =M |último4 =Escobar |primeiro4 =J |último5 =Llesuy |primeiro5 =S |último6 =Lissi |primeiro6 =EA}}</ref>
|-
| style="text-align:center;"|[[Glutationa]]
| style="text-align:center;"|Água
| style="text-align:center;"|4<ref>{{citar periódico|primeiro1 =John A. |último1 =Morrison |primeiro2 =Donald W. |último2 =Jacobsen |primeiro3 =Dennis L. |último3 =Sprecher |primeiro4 =Killian |último4 =Robinson |primeiro5 =Philip |último5 =Khoury |primeiro6 =Stephen R. |último6 =Daniels |pmid=10577998 |ano=1999 |título=Serum glutathione in adolescent males predicts parental coronary heart disease |volume=100 |número=22 |páginas=2244–7 |periódico=Circulation |doi=10.1161/01.CIR.100.22.2244}}</ref>
| style="text-align:center;"|6 400 (humanos)<ref name="Evelson" />
|-
| style="text-align:center;"|[[Ácido lipóico]]
| style="text-align:center;"|Água
| style="text-align:center;"|0,1 – 0,7<ref>{{citar periódico|pmid=1490813 |ano=1992 |último1 =Teichert |primeiro1 =J |último2 =Preiss |primeiro2 =R |título=HPLC-methods for determination of lipoic acid and its reduced form in human plasma |volume=30 |número=11 |páginas=511–2 |periódico=International journal of clinical pharmacology, therapy, and toxicology}}</ref>
| style="text-align:center;"|4 – 5 (rat)<ref>{{citar periódico|páginas=299–304 |doi=10.1006/abio.1998.2615 |título=Assay of Protein-Bound Lipoic Acid in Tissues by a New Enzymatic Method |ano=1998 |último1 =Akiba |primeiro1 =S |periódico=Analytical Biochemistry |volume=258 |número=2 |pmid=9570844 |último2 =Matsugo |primeiro2 =S |último3 =Packer |primeiro3 =L |último4 =Konishi |primeiro4 =T}}</ref>
|-
| style="text-align:center;"|[[Ácido úrico]]
| style="text-align:center;"|Água
| style="text-align:center;"|200 – 400<ref name=Glantzounis>{{citar periódico|páginas=4145–51 |doi=10.2174/138161205774913255 |título=Uric Acid and Oxidative Stress |ano=2005 |último1 =Glantzounis |primeiro1 =G. K. |último2 =Tsimoyiannis |primeiro2 =E. C. |último3 =Kappas |primeiro3 =A. M. |último4 =Galaris |primeiro4 =D. A. |periódico=Current Pharmaceutical Design |volume=11 |número=32 |pmid=16375736}}</ref>
| style="text-align:center;"|1 600 (humanos)<ref name="Evelson" />
|-
| style="text-align:center;"|[[Caroteno]]s
| style="text-align:center;"|Lípidos
| style="text-align:center;"|[[caroteno|β-caroteno]]: 0,5 – 1<ref>{{citar periódico|primeiro1 =Ahmed |último1 =El-Sohemy |primeiro2 =Ana |último2 =Baylin |primeiro3 =Edmond |último3 =Kabagambe |primeiro4 =Alberto |último4 =Ascherio |primeiro5 =Donna |último5 =Spiegelman |primeiro6 =Hannia |último6 =Campos |pmid=12081831 |url=http://www.ajcn.org/content/76/1/172.long |ano=2002 |título=Individual carotenoid concentrations in adipose tissue and plasma as biomarkers of dietary intake |volume=76 |número=1 |páginas=172–9 |periódico=The American journal of clinical nutrition}}</ref>
[[retinol]] (vitamina A): 1 – 3<ref name="Sowell">{{citar periódico|primeiro1 =Anne L. |último1 =Sowell |primeiro2 =Daniel L. |último2 =Huff |primeiro3 =Patricia R. |último3 =Yeager |primeiro4 =Samuel P. |último4 =Caudill |primeiro5 =Elaine W. |último5 =Gunter |pmid=8131277 |url=http://www.clinchem.org/cgi/pmidlookup?view=long&pmid=8131277 |ano=1994 |título=Retinol, alpha-tocopherol, lutein/zeaxanthin, beta-cryptoxanthin, lycopene, alpha-carotene, trans-beta-carotene, and four retinyl esters in serum determined simultaneously by reversed-phase HPLC with multiwavelength detection |volume=40 |número=3 |páginas=411–6 |periódico=Clinical chemistry}}</ref>
| style="text-align:center;"|5 (humanos, carotenóides totais)<ref>{{citar periódico|páginas=173–7 |doi=10.1016/0003-9861(92)90153-N |título=cis-trans isomers of lycopene and ?-carotene in human serum and tissues |ano=1992 |último1 =Stahl |primeiro1 =W |periódico=Archives of Biochemistry and Biophysics |volume=294 |pmid=1550343 |último2 =Schwarz |primeiro2 =W |último3 =Sundquist |primeiro3 =AR |último4 =Sies |primeiro4 =H |número=1}}</ref>
|-
| style="text-align:center;"|[[Tocoferol|α-Tocoferol]] (vitamina E)
| style="text-align:center;"|Lípidos
| style="text-align:center;"|10 – 40<ref name="Sowell" />
| style="text-align:center;"|50 (humanos)<ref name="Evelson" />
|-
| style="text-align:center;"|[[Ubiquinona|Ubiquinol]] (coenzima Q)
| style="text-align:center;"|Lípidos
| style="text-align:center;"|5<ref>{{citar periódico|páginas=185–93 |doi=10.1002/biof.5520180221 |título=Serum coenzyme Q10concentrations in healthy men supplemented with 30 mg or 100 mg coenzyme Q10 for two months in a randomised controlled study |ano=2003 |último1 =Zita |primeiro1 =ČEstmír |último2 =Overvad |primeiro2 =Kim |último3 =Mortensen |primeiro3 =Svend Aage |último4 =Sindberg |primeiro4 =Christian Dan |último5 =Moesgaard |primeiro5 =Sven |último6 =Hunter |primeiro6 =Douglas A. |periódico=BioFactors |volume=18 |pmid=14695934 |número=1–4}}</ref>
| style="text-align:center;"|200 (humanos)<ref name="Turunen">{{citar periódico|páginas=171–99 |doi=10.1016/j.bbamem.2003.11.012 |título=Metabolism and function of coenzyme Q |ano=2004 |último1 =Turunen |primeiro1 =Mikael |último2 =Olsson |primeiro2 =Jerker |último3 =Dallner |primeiro3 =Gustav |periódico=Biochimica et Biophysica Acta |volume=1660 |pmid=14757233 |número=1–2}}</ref>
|}

=== Ácido úrico ===

O ácido úrico (AU) é uma oxipurina produzida a partir da [[xantina]] pela enzima [[xantina oxidase]], sendo um produto intermediário do metabolismo da [[purina]].<ref name = Enomoto2005>{{citar periódico|páginas=195–205 |doi=10.1007/s10157-005-0368-5 |título=Roles of organic anion transporters (OATs) and a urate transporter (URAT1) in the pathophysiology of human disease |ano=2005 |último1 =Enomoto |primeiro1 =Atsushi |último2 =Endou |primeiro2 =Hitoshi |periódico=Clinical and Experimental Nephrology |volume=9 |número=3 |pmid=16189627}}</ref> Na quase totalidade dos animais terrestres, a [[urato oxidase]] serve seguidamente de catalisador na oxidação de ácido úrico em [[alantoína]].<ref name=Wu1989>{{citar periódico|páginas=9412–6 |doi=10.1073/pnas.86.23.9412 |título=Urate Oxidase: Primary Structure and Evolutionary Implications |ano=1989 |último1 =Wu |primeiro1 =X. |periódico=Proceedings of the National Academy of Sciences |volume=86 |número=23 |pmid=2594778 |pmc=298506 |último2 =Lee |primeiro2 =CC |último3 =Muzny |primeiro3 =DM |último4 =Caskey |primeiro4 =CT}}</ref> Note-se porém que, nos humanos e na maioria dos primatas, embora o gene da urato oxidase esteja presente não é funcional, pelo que este estágio de processamento do AU não ocorre.<ref name=Wu1989/><ref name=Wu1992>{{citar periódico|doi=10.1007/BF00163854 |páginas=78–84 |título=Two independent mutational events in the loss of urate oxidase during hominoid evolution |ano=1992 |último1 =Wu |primeiro1 =Xiangwei |último2 =Muzny |primeiro2 =Donna M. |último3 =Chi Lee |primeiro3 =Cheng |último4 =Thomas Caskey |primeiro4 =C. |periódico=Journal of Molecular Evolution |volume=34 |pmid=1556746 |número=1}}</ref> As razões evolucionárias que explicam esta perda da conversão úrica em alantoína são ainda tópico de especulação,<ref name=Alvarez2010>{{citar periódico|páginas=2010–5 |doi=10.1093/rheumatology/keq204 |título=Uric acid and evolution |ano=2010 |último1 =Alvarez-Lario |primeiro1 =B. |último2 =Macarron-Vicente |primeiro2 =J. |periódico=Rheumatology |volume=49 |número=11 |pmid=20627967}}</ref><ref name=Watanabe2002>{{citar periódico|páginas=355–60 |doi=10.1161/01.HYP.0000028589.66335.AA |título=Uric Acid, Hominoid Evolution, and the Pathogenesis of Salt-Sensitivity |ano=2002 |último1 =Watanabe |primeiro1 =S. |periódico=Hypertension |volume=40 |número=3 |pmid=12215479 |último2 =Kang |primeiro2 =DH |último3 =Feng |primeiro3 =L |último4 =Nakagawa |primeiro4 =T |último5 =Kanellis |primeiro5 =J |último6 =Lan |primeiro6 =H |último7 =Mazzali |primeiro7 =M |último8 =Johnson |primeiro8 =RJ}}</ref> mas os efeitos antioxidantes do AU têm levado à proposição por parte dos investigadores que esta mutação tenha sido benéfica para os primeiros primatas e hominídeos.<ref name=Watanabe2002/><ref name=Johnson2010>{{citar periódico|primeiro1 =Richard J. |último1 =Johnson |primeiro2 =Peter |último2 =Andrews |primeiro3 =Steven A. |último3 =Benner |primeiro4 =William |último4 =Oliver |pmid=20697570 |pmc=2917125 |ano=2010 |título=Theodore E. Woodward award. The evolution of obesity: Insights from the mid-Miocene |volume=121 |páginas=295–305; discussion 305–8 |periódico=Transactions of the American Clinical and Climatological Association}}</ref> Estudos sobre a aclimatação a altitudes elevadas sustentam a hipótese de que o AU age como antioxidante através da mitigação do stress oxidativo causado pela [[hipóxia|hipóxia hipoxémica]].<ref name=Baillie2007>{{citar periódico|páginas=1473–8 |doi=10.1378/chest.06-2235 |título=Endogenous Urate Production Augments Plasma Antioxidant Capacity in Healthy Lowland Subjects Exposed to High Altitude |ano=2007 |último1 =Baillie |primeiro1 =J. K. |último2 =Bates |primeiro2 =M. G. D. |último3 =Thompson |primeiro3 =A. A. R. |último4 =Waring |primeiro4 =W. S. |último5 =Partridge |primeiro5 =R. W. |último6 =Schnopp |primeiro6 =M. F. |último7 =Simpson |primeiro7 =A. |último8 =Gulliver-Sloan |primeiro8 =F. |último9 =Maxwell |primeiro9 =S. R. J. |periódico=Chest |volume=131 |número=5 |pmid=17494796}}</ref> Em estudos animais que investigam doenças derivadas do stress oxidativo, a introdução de AU tanto previne a doença, como a ameniza, tendo levado investigadores a propor que o facto seja devido às propriedades antioxidantes do ácido.<ref name = Hooper2000>{{citar periódico|pmid=10744626 |url=http://www.fasebj.org/cgi/pmidlookup?view=long&pmid=10744626 |ano=2000 |último1 =Hooper |primeiro1 =DC |último2 =Scott |primeiro2 =GS |último3 =Zborek |primeiro3 =A |último4 =Mikheeva |primeiro4 =T |último5 =Kean |primeiro5 =RB |último6 =Koprowski |primeiro6 =H |último7 =Spitsin |primeiro7 =SV |título=Uric acid, a peroxynitrite scavenger, inhibits CNS inflammation, blood-CNS barrier permeability changes, and tissue damage in a mouse model of multiple sclerosis |volume=14 |número=5 |páginas=691–8 |periódico=The FASEB journal}}</ref> A proposta tem sido confirmada por estudos relativos ao mecanismo antioxidante do AU.<ref name = Santos1999>{{citar periódico|páginas=285–94 |doi=10.1006/abbi.1999.1491 |título=Uric Acid Oxidation by Peroxynitrite: Multiple Reactions, Free Radical Formation, and Amplification of Lipid Oxidation |ano=1999 |último1 =Santos |primeiro1 =C |periódico=Archives of Biochemistry and Biophysics |volume=372 |número=2 |pmid=10600166 |último2 =Anjos |primeiro2 =EI |último3 =Augusto |primeiro3 =O}}</ref> Gwen Scott explica o significado desta descoberta, propondo que "os níveis de ácido úrico no soro estão inversamente associados à incidência de [[esclerose múltipla]] (EM) nos humanos, uma vez que os pacientes de EM mostram baixos níveis de AU  e indivíduos com [[Gota (doença)|gota]] raramente desenvolvem a doença. Além disso, a administração de AU é terapêutica em Encefalomelite Alérgica Experimental (EAE),<ref>Experimental Allergic Encephalomyelitis</ref> um modelo animal de EM."<ref name = Hooper2000/><ref name = Scott2002>{{citar periódico|páginas=16303–8 |doi=10.1073/pnas.212645999 |título=Therapeutic intervention in experimental allergic encephalomyelitis by administration of uric acid precursors |ano=2002 |último1 =Scott |primeiro1 =G. S. |periódico=Proceedings of the National Academy of Sciences |volume=99 |número=25}}</ref><ref name=Fuhua2007>{{citar periódico|páginas=188–96 |doi=10.1177/1352458507082143 |título=Serum uric acid levels of patients with multiple sclerosis and other neurological diseases |ano=2007 |último1 =Fuhua Peng |último2 =Bin Zhang |último3 =Xiufeng Zhong |último4 =Jin Li |último5 =Guihong Xu |último6 =Xueqiang Hu |último7 =Wei Qiu |último8 =Zhong Pei |periódico=Multiple Sclerosis |volume=14 |número=2 |pmid=17942520 |primeiro1 =F |primeiro2 =B |primeiro3 =X |primeiro4 =J |primeiro5 =G |primeiro6 =X |primeiro7 =W |primeiro8 =Z}}</ref> Enquanto que o mecanismo de actuação antioxidante do AU está bem estudado, a alegação de que os seus níveis têm uma relação directa com a EM é ainda controversa e requer mais investigação antes de poderem ser retiradas conclusões sólidas.<ref name = Massa2009>{{citar periódico|páginas=1643–8 |doi=10.1007/s00415-009-5170-y |título=Serum uric acid and risk of multiple sclerosis |ano=2009 |último1 =Massa |primeiro1 =Jennifer |último2 =O’Reilly |primeiro2 =E. |último3 =Munger |primeiro3 =K. L. |último4 =Delorenze |primeiro4 =G. N. |último5 =Ascherio |primeiro5 =A. |periódico=Journal of Neurology |volume=256 |número=10 |pmid=19468784 |pmc=2834535}}</ref><ref name=Amorini2009>{{citar periódico|páginas=1001–6 |doi=10.1016/j.clinbiochem.2009.03.020 |título=Increase of uric acid and purine compounds in biological fluids of multiple sclerosis patients |ano=2009 |último1 =Amorini |primeiro1 =Angela M. |último2 =Petzold |primeiro2 =Axel |último3 =Tavazzi |primeiro3 =Barbara |último4 =Eikelenboom |primeiro4 =Judith |último5 =Keir |primeiro5 =Geoffrey |último6 =Belli |primeiro6 =Antonio |último7 =Giovannoni |primeiro7 =Gavin |último8 =Di Pietro |primeiro8 =Valentina |último9 =Polman |primeiro9 =Chris |periódico=Clinical Biochemistry |volume=42 |número=10–11 |pmid=19341721}}</ref> Quando comparado com os demais/todos os outros antioxidantes, o AU é o que tem a maior concentração no soro,<ref name=Glantzounis/> e proporciona cerca de metade da capacidade antioxidante serológica total'.<ref>{{citar periódico|páginas=615–31 |doi=10.1016/0891-5849(93)90143-I |título=Towards the physiological function of uric acid |ano=1993 |último1 =Becker |primeiro1 =B |periódico=Free Radical Biology and Medicine |volume=14 |número=6 |pmid=8325534}}</ref> A actividade antioxidante do ácido úrico é igualmente complexa, dado que não reage contra todos os oxidantes, como por exemplo os [[superóxido]]s, mas reage contra o [[peroxinitrito]],<ref name = Sautin2008>{{citar periódico|páginas=608–19 |doi=10.1080/15257770802138558 |título=Uric Acid: The Oxidant-Antioxidant Paradox |ano=2008 |último1 =Sautin |primeiro1 =Yuri |último2 =Johnson |primeiro2 =Richard |periódico=Nucleosides, Nucleotides and Nucleic Acids |volume=27 |número=6}}</ref> [[peróxido]]s, e [[ácido hipocloroso]].<ref name=Enomoto2005/> Entre os muito factores de risco de uma terapia com AU encontra-se a preocupante associação entre níveis elevados de AU (hiperuricemia) e a patologia reumatológica conhecida como gota.<ref name=Eggebeen2007>{{citar periódico|último =Eggebeen |primeiro =Aaron T |pmid=17910294 |url=http://www.aafp.org/link_out?pmid=17910294 |ano=2007 |título=Gout: An update |volume=76 |número=6 |páginas=801–8 |periódico=American family physician}}</ref> Por si só, o risco de gota relacionado com altos níveis de AU (415–530 μmol/L) é apenas de 0,5% por ano, valor que aumenta para 4,5% se considerarmos níveis supersaturados de AU (535+ μmol/L).<ref name=Campion1987>{{citar periódico|páginas=421–6 |doi=10.1016/0002-9343(87)90441-4 |título=Asymptomatic hyperuricemia. Risks and consequences in the normative aging study*1 |ano=1987 |último1 =Campion |primeiro1 =E |periódico=The American Journal of Medicine |volume=82 |número=3 |pmid=3826098 |último2 =Glynn |primeiro2 =RJ |último3 =Delabry |primeiro3 =LO}}</ref> A maioria destes estudos mencionados determinou as acções antioxidantes do AU dentro de níveis fisiológicos normais,<ref name=Baillie2007/><ref name=Sautin2008/> tendo alguns encontrado actividade antioxidante a níveis tão altos como 285 μmol/L.<ref name=Nazarewicz2007>{{citar periódico|páginas=435–40 |doi=10.1089/rej.2007.0540 |título=Effect of Short-Term Ketogenic Diet on Redox Status of Human Blood |ano=2007 |último1 =Nazarewicz |primeiro1 =Rafal R. |último2 =Ziolkowski |primeiro2 =Wieslaw |último3 =Vaccaro |primeiro3 =Patrick S. |último4 =Ghafourifar |primeiro4 =Pedram |periódico=Rejuvenation Research |volume=10 |número=4 |pmid=17663642}}</ref> Os efeitos do ácido úrico em condições como [[Acidente vascular cerebral|AVCs]] e [[Enfarte agudo do miocárdio|enfartes]] ainda não foram completamente compreendidos, tendo alguns estudos estabelecido uma ligação entre altos níveis de AU e aumento da mortalidade,<ref name=Dimitroula/><ref name=Strazzullo>{{citar periódico|páginas=409–14 |doi=10.1016/j.numecd.2007.02.011 |título=Uric acid and oxidative stress: Relative impact on cardiovascular risk |ano=2007 |último1 =Strazzullo |primeiro1 =P |último2 =Puig |primeiro2 =J |periódico=Nutrition, Metabolism and Cardiovascular Diseases |volume=17 |número=6}}</ref> enquanto outros, mais cautelosos, não mostram qualquer associação.<ref name = Sautin2008/> Esta situação pode dever-se à activação do ácido úrico como mecanismo de defesa perante o stress oxidativo, mas agindo em vez disso como um pró-oxidante em casos onde transtornos metabólicos fazem disparar a sua produção para níveis bastante superiores ao normal.<ref name=Sautin2008/><ref name=Dimitroula>{{citar periódico|páginas=238–42 |doi=10.1097/NRL.0b013e31815c666b |título=The Role of Uric Acid in Stroke |ano=2008 |último1 =Dimitroula |primeiro1 =Hariklia V. |último2 =Hatzitolios |primeiro2 =Apostolos I. |último3 =Karvounis |primeiro3 =Haralambos I. |periódico=The Neurologist |volume=14 |número=4 |pmid=18617849}}</ref><ref name=Strazzullo/>

=== Ácido ascórbico ===

O [[ácido ascórbico]], também designado por ascorbato ou [[vitamina C]], é um [[Catálise|catalisador]] redox (redução-oxidação) [[monossacarídeo]] presente tanto em animais como plantas. Uma vez que durante a [[evolução]] dos [[primatas]] uma [[mutação]] fez com que se perdesse uma das enzimas necessárias para a produção de ácido ascórbico, os humanos necessitam de obtê-lo através da dieta alimentar, sendo portanto uma vitamina.<ref>{{citar periódico|páginas=241–66 |doi=10.1016/S0083-6729(01)61008-2 |título=L-Ascorbic acid biosynthesis |ano=2001 |último1 =Smirnoff |primeiro1 =Nicholas |volume=61 |pmid=11153268 |periódico=Vitamins and hormones |series=Vitamins & Hormones |isbn=9780127098616}}</ref> A maior parte dos restantes animais são capazes de produzir este composto pelo próprio corpo e não necessitam de o ter presente na dieta.<ref>{{citar periódico|páginas=1–22 |doi=10.1111/j.1742-4658.2006.05607.x |título=Vitamin C |ano=2007 |último1 =Linster |primeiro1 =Carole L. |último2 =Van Schaftingen |primeiro2 =Emile |periódico=FEBS Journal |volume=274 |pmid=17222174 |número=1}}</ref> O ácido ascórbico é necessário na conversão do [[Colagénio|pro-colagénio]] em [[colagénio]] através da oxidação de resíduos de [[prolina]] em [[hidroxiprolina]]. Noutras células, é mantido na sua forma reduzida através da reacção com a glutationa, que pode ser catalisada pela [[proteína disulfide-isomerase]] e [[glutarredoxina]]s.<ref name="MeisterA">{{citar periódico|primeiro1 =Alton |último1 =Meister |pmid=8144521 |url=http://www.jbc.org/cgi/pmidlookup?view=long&pmid=8144521 |ano=1994 |título=Glutathione-ascorbic acid antioxidant system in animals |volume=269 |número=13 |páginas=9397–400 |periódico=The Journal of biological chemistry}}</ref><ref>{{citar periódico|primeiro1 =William W. |último1 =Wells |primeiro2 =Dian Peng |último2 =Xu |primeiro3 =Yanfeng |último3 =Yang |primeiro4 =Pamela A. |último4 =Rocque |pmid=2394726 |url=http://www.jbc.org/cgi/pmidlookup?view=long&pmid=2394726 |ano=1990 |título=Mammalian thioltransferase (glutaredoxin) and protein disulfide isomerase have dehydroascorbate reductase activity |volume=265 |número=26 |páginas=15361–4 |periódico=The Journal of biological chemistry}}</ref> O ácido ascórbico é um catalisador redox que pode reduzir, e portanto neutralizar, as espécies reactivas do oxigénio, como o peróxido de hidrogénio.<ref>{{citar periódico|primeiro1 =Sebastian J. |último1 =Padayatty |primeiro2 =Arie |último2 =Katz |primeiro3 =Yaohui |último3 =Wang |primeiro4 =Peter |último4 =Eck |primeiro5 =Oran |último5 =Kwon |primeiro6 =Je-Hyuk |último6 =Lee |primeiro7 =Shenglin |último7 =Chen |primeiro8 =Christopher |último8 =Corpe |primeiro9 =Anand |último9 =Dutta |pmid=12569111 |url=http://www.jacn.org/cgi/pmidlookup?view=long&pmid=12569111 |ano=2003 |título=Vitamin C as an antioxidant: evaluation of its role in disease prevention |volume=22 |número=1 |páginas=18–35 |periódico=Journal of the American College of Nutrition}}</ref> Para além dos seus efeitos antioxidantes directos, o ácido ascórbico é também um [[Substrato (química)|substrato]] para a enzima redox [[ascorbato peroxidase]], função particularmente importante na resistência das plantas ao stress.<ref>{{citar periódico|páginas=1305–19 |doi=10.1093/jexbot/53.372.1305 |título=Regulation and function of ascorbate peroxidase isoenzymes |ano=2002 |último1 =Shigeoka |primeiro1 =S. |periódico=Journal of Experimental Botany |volume=53 |número=372 |pmid=11997377 |último2 =Ishikawa |primeiro2 =T |último3 =Tamoi |primeiro3 =M |último4 =Miyagawa |primeiro4 =Y |último5 =Takeda |primeiro5 =T |último6 =Yabuta |primeiro6 =Y |último7 =Yoshimura |primeiro7 =K}}</ref> Em todas as plantas podem ser observados elevados níveis de ácido ascórbico, chegando a atingir concentrações de 20 [[Molaridade|milimols]] nos [[cloroplastos]].<ref>{{citar periódico|páginas=291–314 |doi=10.1080/10409230008984166 |título=Ascorbic Acid in Plants: Biosynthesis and Function |ano=2000 |último1 =Smirnoff |primeiro1 =Nicholas |último2 =Wheeler |primeiro2 =Glen L. |periódico=Critical Reviews in Biochemistry and Molecular Biology |volume=35 |número=4 |pmid=11005203}}</ref>

=== Glutationa ===
[[Image:Lipid peroxidation.svg|thumb|right|O mecanismo do [[Radical (química)|radical livre]] da peroxidação de lípidos.]]

A [[glutationa]] é um [[peptídeo]] que contém [[cisteína]] presente na maior parte das formas de vida [[Aerobiose|aerobiótica]].<ref name="MeisterB">{{citar periódico|páginas=711–60 |doi=10.1146/annurev.bi.52.070183.003431 |título=Glutathione |ano=1983 |último1 =Meister |primeiro1 =A |último2 =Anderson |primeiro2 =M E |periódico=Annual Review of Biochemistry |volume=52 |pmid=6137189}}</ref> Não é necessária a sua ingestão, sendo em vez disso sintetizado nas células a partir dos seus constituintes [[aminoácido]]s.<ref>{{citar periódico|último1 =Meister |primeiro1 =Alton |pmid=3053703 |url=http://www.jbc.org/cgi/pmidlookup?view=long&pmid=3053703 |ano=1988 |título=Glutathione metabolism and its selective modification |volume=263 |número=33 |páginas=17205–8 |periódico=The Journal of biological chemistry}}</ref> As propriedades antioxidantes da glutationa devem-se à presença do grupo dos [[Tiol|tióis]] na sua porção de cisteína, sendo agentes de redução que podem ser reversamente oxidados e reduzidos. Nas células, a glutationa é conservada na sua forma reduzida pela enzima [[glutationa redutase]], e por sua vez reduz outros metabólitos e sistemas enzimáticos como o ascorbato no [[ciclo glutationa-ascorbato]], [[glutationa peroxidase]]s e [[glutarredoxina]]s, reagindo também directamente com os oxidantes.<ref name="MeisterA" /> Devido à sua alta concentração e ao seu papel central na manutenção do estado redox das cálulas, a glutationa é um dos mais importantes antioxidantes celulares.<ref name="MeisterB" /> Nalguns organismos, a glutationa é substituída por outros tióis, como o [[micotiol]] nas [[actinobacteria]]s, o [[bacilitiol]] nalgumas [[Bactéria Gram positiva|bactérias Gram-positivas]],<ref name="pmid20308541">{{citar periódico|autor =Gaballa A |título=Biosynthesis and functions of bacillithiol, a major low-molecular-weight thiol in Bacilli |periódico=Proc. Natl. Acad. Sci. U.S.A. |volume=107 |número=14 |páginas=6482–6 |ano=2010 |pmid=20308541 |doi=10.1073/pnas.1000928107 |pmc=2851989}}</ref><ref> {{citar periódico|autores= Gerald L Newton; Mamta Rawat; James J La Clair; Vishnu Karthik Jothivasan; Tanya Budiarto; Chris J Hamilton; Al Claiborne; John D Helmann; Robert C Fahey |título= Bacillithiol is an antioxidant thiol produced in Bacilli|periódico= Nature chemical biology| volume = 5|número= 9|páginas= 625–627|data=setembro de 2009| issn = 1552-4450| pmid = 19578333| doi = 10.1038/nchembio.189}}</ref> ou por [[tripanotiona]] nas [[kinetoplastea]].<ref>{{citar periódico|páginas=333–56 |doi=10.1146/annurev.micro.55.1.333 |título=Novelthiols Ofprokaryotes |ano=2001 |último1 =Fahey |primeiro1 =Robert C. |periódico=Annual Review of Microbiology |volume=55 |pmid=11544359}}</ref><ref>{{citar periódico|páginas=695–729 |doi=10.1146/annurev.mi.46.100192.003403 |título=Metabolism and Functions of Trypanothione in the Kinetoplastida |ano=1992 |último1 =Fairlamb |primeiro1 =A H |último2 =Cerami |primeiro2 =A |periódico=Annual Review of Microbiology |volume=46 |pmid=1444271}}</ref>

=== Melatonina ===

A [[melatonina]] é um antioxidante poderoso,<ref>{{citar periódico|páginas=28–42 |doi=10.1111/j.1600-079X.2006.00407.x |título=One molecule, many derivatives: A never-ending interaction of melatonin with reactive oxygen and nitrogen species? |ano=2007 |último1 =Tan |primeiro1 =Dun-Xian |último2 =Manchester |primeiro2 =Lucien C. |último3 =Terron |primeiro3 =Maria P. |último4 =Flores |primeiro4 =Luis J. |último5 =Reiter |primeiro5 =Russel J. |periódico=Journal of Pineal Research |volume=42 |pmid=17198536 |número=1}}</ref> atravessando facilmente as membranas celulares e a [[barreira hematoencefálica]].<ref>{{citar periódico|páginas=175–200 |doi=10.1080/10409230903044914 |título=Reducing oxidative/nitrosative stress: A newly-discovered genre for melatonin |ano=2009 |último1 =Reiter |primeiro1 =Russel J. |último2 =Paredes |primeiro2 =Sergio D. |último3 =Manchester |primeiro3 =Lucien C. |último4 =Tan |primeiro4 =Dan-Xian |periódico=Critical Reviews in Biochemistry and Molecular Biology |volume=44 |número=4 |pmid=19635037}}</ref> Ao contrário de outros antioxidantes, a melatonina não atravessa o ciclo de redução-oxidação, que é a capacidade de uma molécula em se submeter a repetidas [[Redução (química)|reduções]] e [[Oxidação|oxidações]]. O ciclo redox pode permitir a outros antioxidantes, como a vitamina C, agirem como pró-oxidantes, o que leva à formação de radicais livres. Em consequência disso, tem sido referida como o antioxidante terminal ou suicida.<ref name="Tan2000">{{citar periódico|páginas=137–59 |doi=10.1159/000014635 |título=Significance of Melatonin in Antioxidative Defense System: Reactions and Products |ano=2000 |último1 =Tan |primeiro1 =Dun-Xian |último2 =Manchester |primeiro2 =Lucien C. |último3 =Reiter |primeiro3 =Russel J. |último4 =Qi |primeiro4 =Wen-Bo |último5 =Karbownik |primeiro5 =Malgorzata |último6 =Calvo |primeiro6 =Juan R. |periódico=Neurosignals |volume=9 |número=3–4 |pmid=10899700}}</ref>

=== Tocoferóis e tocotrienóis (vitamina E) ===

A [[vitamina E]] é uma designação colectiva que engloba oito [[Tocoferol|tocoferóis]] e [[Tocotrienol|tocotrienóis]], que são vitaminas [[Lipofilicidade|solúveis em lípidos]] com propriedades antioxidantes.<ref name="Herrera">{{citar periódico|páginas=43–56 |doi=10.1007/BF03179812 |título=Vitamin E: Action, metabolism and perspectives |ano=2001 |último1 =Herrera |primeiro1 =E. |último2 =Barbas |primeiro2 =C. |periódico=Journal of Physiology and Biochemistry |volume=57 |pmid=11579997 |número=2}}</ref><ref>{{citar periódico|primeiro1 =Lester |último1 =Packer |primeiro2 =Stefan U. |último2 =Weber |primeiro3 =Gerald |último3 =Rimbach |pmid=11160563 |url=http://jn.nutrition.org/cgi/pmidlookup?view=long&pmid=11160563 |ano=2001 |título=Molecular aspects of alpha-tocotrienol antioxidant action and cell signalling |volume=131 |número=2 |páginas=369S–73S |periódico=The Journal of nutrition}}</ref> Entre elas, a mais estudada tem sido a α-tocoferol, por ser a mais [[Biodisponibilidade|biodisponível]] já que é esta forma que o corpo preferencialmente absorve e metaboliza.<ref name="Brigelius">{{citar periódico|primeiro1 =Regina |último1 =Brigelius-Flohé |primeiro2 =Maret G. |último2 =Traber |pmid=10385606 |url=http://www.fasebj.org/cgi/pmidlookup?view=long&pmid=10385606 |ano=1999 |título=Vitamin E: Function and metabolism |volume=13 |número=10 |páginas=1145–55 |periódico=The FASEB journal}}</ref>

Tem sido afirmado que a forma α-tocopherol é o mais importante antioxidante solúvel em lípidos e que protege as membranas da oxidação através da reacção com radicais lípidos produzidos na cadeia reactiva da peroxidação de lípidos.<ref name="Herrera" /><ref>{{citar periódico|páginas=4–15 |doi=10.1016/j.freeradbiomed.2007.03.024 |título=Vitamin E, antioxidant and nothing more |ano=2007 |último1 =Traber |primeiro1 =Maret G. |último2 =Atkinson |primeiro2 =Jeffrey |periódico=Free Radical Biology and Medicine |volume=43 |pmid=17561088 |número=1 |pmc=2040110}}</ref> Isto elimina os radicais livres intermédios e impede a reacção de propagação de prosseguir. Esta reacção produz radicais de α-tocoferoxil oxidados que podem ser reciclados de volta para a forma reduzida activa por outros antioxidantes, como o ácido ascórbico, o retinol ou o ubiquinol.<ref>{{citar periódico|páginas=309–36 |doi=10.1016/S0163-7827(99)00008-9 |título=Vitamin E and its function in membranes |ano=1999 |último1 =Wang |primeiro1 =Xiaoyuan |periódico=Progress in Lipid Research |volume=38 |número=4 |pmid=10793887 |último2 =Quinn |primeiro2 =Peter J.}}</ref> Isto está de acordo com descobertas que mostram que o α-tocoferol protege, ao contrário dos antioxidantes solúveis em água, com eficácia células deficientes em [[glutationa peroxidase 4]] (GPx4) da morte.<ref>{{citar periódico|páginas=237–48 |doi=10.1016/j.cmet.2008.07.005 |título=Glutathione Peroxidase 4 Senses and Translates Oxidative Stress into 12/15-Lipoxygenase Dependent- and AIF-Mediated Cell Death |ano=2008 |último1 =Seiler |primeiro1 =Alexander |último2 =Schneider |primeiro2 =Manuela |último3 =Förster |primeiro3 =Heidi |último4 =Roth |primeiro4 =Stephan |último5 =Wirth |primeiro5 =Eva K. |último6 =Culmsee |primeiro6 =Carsten |último7 =Plesnila |primeiro7 =Nikolaus |último8 =Kremmer |primeiro8 =Elisabeth |último9 =Rådmark |primeiro9 =Olof |periódico=Cell Metabolism |volume=8 |número=3 |pmid=18762024}}</ref>

Contudo, o papel e importância das várias formas da vitamina E são ainda pouco claros,<ref>{{citar periódico|páginas=2–3 |doi=10.1016/j.freeradbiomed.2007.05.016 |título=Is vitamin E an antioxidant, a regulator of signal transduction and gene expression, or a 'junk' food? Comments on the two accompanying papers: 'Molecular mechanism of α-tocopherol action' by A. Azzi and 'Vitamin E, antioxidant and nothing more' by M. Traber and J. Atkinson |ano=2007 |último1 =Brigelius-Flohé |primeiro1 =Regina |último2 =Davies |primeiro2 =Kelvin J.A. |periódico=Free Radical Biology and Medicine |volume=43 |pmid=17561087 |número=1}}</ref><ref>{{citar periódico|páginas=739–64 |doi=10.1016/j.freeradbiomed.2007.11.010 |título=Tocopherols and tocotrienols in membranes: A critical review |ano=2008 |último1 =Atkinson |primeiro1 =Jeffrey |último2 =Epand |primeiro2 =Raquel F. |último3 =Epand |primeiro3 =Richard M. |periódico=Free Radical Biology and Medicine |volume=44 |número=5 |pmid=18160049}}</ref> tendo sido sugerido que a mais importante função da α-tocoferol seria a de [[Sinalização celular|molécula de sinalização]], com esta molécula a não ter qualquer papel significativo no metabolismo antioxidante.<ref name="Azzi">{{citar periódico|páginas=16–21 |doi=10.1016/j.freeradbiomed.2007.03.013 |título=Molecular mechanism of α-tocopherol action |ano=2007 |último1 =Azzi |primeiro1 =Angelo |periódico=Free Radical Biology and Medicine |volume=43 |pmid=17561089 |número=1}}</ref><ref>{{citar periódico |primeiro1=Jean-Marc |último1=Zingg |primeiro2=Angelo |último2=Azzi |pmid=15134510 |url=http://www.benthamdirect.org/pages/content.php?CMC/2004/00000011/00000009/0005C.SGM |ano=2004 |título=Non-antioxidant activities of vitamin E |volume=11 |número=9 |páginas=1113–33 |periódico=Current medicinal chemistry |acessodata=2019-06-01 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20111006103310/http://www.benthamdirect.org/pages/content.php?CMC%2F2004%2F00000011%2F00000009%2F0005C.SGM |arquivodata=2011-10-06 |urlmorta=yes }}</ref> As funções das restantes formas da vitamina E são ainda menos compreendidas, embora a γ-tocoferol seja um [[nucleófilo]] capaz de reagir com [[Agente mutagênico|agentes mutagénicos]] [[Eletrófilo|electrófilos]]<ref name="Brigelius" /> e os tocotrienóis possam ser importantes na protecção dos [[neurónio]]s.<ref>{{citar periódico|páginas=2088–98 |doi=10.1016/j.lfs.2005.12.001 |título=Tocotrienols: Vitamin E beyond tocopherols |ano=2006 |último1 =Sen |primeiro1 =Chandan K. |último2 =Khanna |primeiro2 =Savita |último3 =Roy |primeiro3 =Sashwati |periódico=Life Sciences |volume=78 |número=18 |pmid=16458936 |pmc=1790869}}</ref>

== Actividade pró-oxidante ==
{{Further|Pró-oxidante}}

Os antioxidantes que são agentes de redução podem também actuar como pró-oxidantes. Por exemplo, a vitamina C mostra actividade antioxidante quando reduz substâncias oxidantes como o peróxido de hidrogénio,<ref>{{citar periódico|autor =Duarte TL, Lunec J |título=Review: When is an antioxidant not an antioxidant? A review of novel actions and reactions of vitamin C |periódico=Free Radic. Res. |volume=39 |número=7 |páginas=671–86 |ano=2005 |pmid=16036346 |doi=10.1080/10715760500104025}}</ref> no entanto reduzindo também iões de metal que geram radicais livres através da [[Reacção de Fenton]].<ref name="Carr">{{citar periódico|autor =Carr A, Frei B |título=Does vitamin C act as a pro-oxidant under physiological conditions? |url=http://www.fasebj.org/cgi/content/full/13/9/1007 |periódico=FASEB J. |volume=13 |número=9 |páginas=1007–24 |ano= 1999|pmid=10336883 }}</ref><ref>{{citar periódico|autor =Stohs SJ, Bagchi D |título=Oxidative mechanisms in the toxicity of metal ions |periódico=Free Radic. Biol. Med. |volume=18 |número=2 |páginas=321–36 |ano=1995 |pmid=7744317 |doi=10.1016/0891-5849(94)00159-H}}</ref>

: 2 Fe<sup>3+</sup> + Ascorbato → 2 Fe<sup>2+</sup> + Desidroascorbato
:: 2 Fe<sup>2+</sup> + 2{{Não é erro|H}}<sub>2</sub>O<sub>2</sub> → 2 Fe<sup>3+</sup> + 2 OH'''·''' + 2 OH<sup>−</sup>

A importância relativa das actividades antioxidantes e pró-oxidantes dos antioxidantes é um tema ainda em investigação, mas a vitamina C, que exerce os seus efeitos vitamínicos através da oxidação dos [[Peptídeo|polipeptídeos]], aparenta ter uma acção sobretudo antioxidante no corpo humano.<ref name="Carr" /><ref>{{citar periódico|autor =Valko M, Morris H, Cronin MT |título=Metals, toxicity and oxidative stress |periódico=Curr. Med. Chem. |volume=12 |número=10 |páginas=1161–208 |ano=2005 |pmid=15892631 |doi=10.2174/0929867053764635}}</ref> Porém, não existe tanta informação disponível relativamente a outros antioxidantes presentes na dieta alimentar, como a vitamina E,<ref>{{citar periódico|autor =Schneider C |título=Chemistry and biology of vitamin E |periódico=Mol Nutr Food Res |volume=49 |número=1 |páginas=7–30 |ano=2005 |pmid=15580660 |doi=10.1002/mnfr.200400049}}</ref> ou os [[Antioxidante polifenólico|polifenóis]].<ref>{{citar periódico|título=Are polyphenols antioxidants or pro-oxidants? What do we learn from cell culture and in vivo studies? |ano=2008 |volume=476 |número=2 |páginas=107–112 |doi=10.1016/j.abb.2008.01.028|periódico= Archives of Biochemistry and Biophysics|pmid = 18284912|último1 = Halliwell|primeiro1 = B}}</ref><ref name="Cite pmid|20350594">{{citar periódico|último1 = Ristow |primeiro1 = M. .|último2 = Zarse |primeiro2 = K. .|título= How increased oxidative stress promotes longevity and metabolic health: the concept of mitochondrial hormesis (mitohormesis)|periódico= Experimental gerontology| volume = 45|número= 6|páginas= 410–418|ano= 2010| pmid = 20350594| doi = 10.1016/j.exger.2010.03.014}}</ref>

===Potencial nocivo dos suplementos de antioxidantes===
Existem provas de que os suplementos de antioxidantes estimulam as doenças e aumentam a mortalidade nos humanos.<ref name="Cite pmid|20350594"/><ref name=Bjelakovic>{{citar periódico|autor =Bjelakovic G, Nikolova D, Gluud L, Simonetti R, Gluud C |título=Mortality in Randomized Trials of Antioxidant Supplements for Primary and Secondary Prevention: Systematic Review and Meta-analysis |url=http://jama.ama-assn.org/cgi/content/abstract/297/8/842 |periódico=JAMA |volume=297 |número=8 |páginas=842–57 |ano=2007 |pmid=17327526 |doi=10.1001/jama.297.8.842}}</ref> Foi anteriormente sugerida a hipótese de que os radicais livres poderiam induzir uma resposta endógena, o que levaria a adaptações mais eficazes na protecção contra os radicais exogénicos (e possivelmente outros componentes tóxicos).<ref>{{citar periódico|páginas=832–43 |doi=10.1016/j.mehy.2005.09.009 |título=Sublethal mitochondrial stress with an attendant stoichiometric augmentation of reactive oxygen species may precipitate many of the beneficial alterations in cellular physiology produced by caloric restriction, intermittent fasting, exercise and dietary phytonutrients: "Mitohormesis" for health and vitality |ano=2006 |último1 =Tapia |primeiro1 =P |periódico=Medical Hypotheses |volume=66 |número=4 |pmid=16242247}}</ref> Conclusões recentes baseadas em experiências dão forte apoio a esta hipótese, mostrando que a indução da produção de radicais livres endógenos aumenta a esperança de vida da ''[[Caenorhabditis elegans]]''.<ref name = glucose_restriction>{{citar periódico|autor =Schulz TJ, Zarse K, Voigt A, Urban N, Birringer M, Ristow M |título=Glucose restriction extends Caenorhabditis elegans life span by inducing mitochondrial respiration and increasing oxidative stress |periódico=Cell Metab. |volume=6 |número=4 |páginas=280–93 |ano=2007 |pmid=17908557 |doi=10.1016/j.cmet.2007.08.011}}</ref> Acima de tudo, esta indução do aumento da esperança de vida é impedida pelos antioxidantes, fornecendo provas concretas de que os radicais tóxicos podem aumentar hormeticamente a esperança de vida e possuir benefícios para a saúde.<ref name="Cite pmid|20350594"/><ref name="Bjelakovic"/>

== Sistemas enzimáticos ==
{{Imageframe|caption=Percurso enzimático para a desintoxicação de espécies reactivas do oxigénio.
|content=<chem>
\underset{Oxig\acute{e}nio}{O2} -> \underset{Super\acute{o}xido}{*O2^-} ->[\ce{Super\acute{o}xido \atop dismutase}] \underset{Per\acute{o}xido de \atop hidrog\acute{e}nio}{H2O2} ->[\ce{Peroxidases \atop catalases}] \underset{\acute{A}gua}{H2O}
</chem>}}
=== Sumário ===
Para além das moléculas com propriedades antioxidantes mencionadas na secção anterior, as células encontram-se protegidas do stress oxidativo por uma rede interactiva de enzimas antioxidantes.<ref name="Sies" /><ref name="Davies" /> Através destas redes enzimáticas, espécies reactivas de oxigénio libertadas em processos essenciais do metabolismo como a [[fosforilação oxidativa]] são inicialmente convertidas em peróxido de hidrogénio e mais tarde reduzidas até à forma de água. Este percurso de [[desintoxicação]] é consequência de múltiplas enzimas, sendo o processo catalisado pelas enzimas [[superóxido dismutase]]. O peróxido de hidrogénio é depois removido através de várias [[catalase]]s. Tal como no caso dos metabólitos antioxidantes, determinar as contribuições individuais destas enzimas para o conjunto das defesas antioxidantes é, por enquanto, inexequível laboratorialmente. Todavia, a aplicação da técnica de [[Rato knockout|ratinhos knockout]], com a geração e produção de [[OGM|ratinhos trangénicos]] em que se encontra suprimida apenas uma enzima antioxidante à vez, pode revelar-se uma via de investigação frutífera.<ref name=Magnenat>{{citar periódico|autor =Ho YS, Magnenat JL, Gargano M, Cao J |título=The nature of antioxidant defense mechanisms: a lesson from transgenic studies |periódico=Environ. Health Perspect. |volume=106 |número=Suppl 5 |páginas=1219–28 |ano= 1998|pmid=9788901 |pmc=1533365 |doi=10.2307/3433989 |jstor=3433989 }}</ref>

=== Superóxido dismutase, catalase e peroxirredoxinas ===

Os [[Superóxido dismutase|superóxidos dismutase]] (SOD) são uma classe de enzimas estruturalmente relacionadas que catalisam a hidrólise do anião superóxido em oxigénio e peróxido de hidrogénio.<ref>{{citar periódico|autor =Zelko I, Mariani T, Folz R |título=Superoxide dismutase multigene family: a comparison of the CuZn-SOD (SOD1), Mn-SOD (SOD2), and EC-SOD (SOD3) gene structures, evolution, and expression |periódico=Free Radic Biol Med |volume=33 |número=3 |páginas=337–49 |ano=2002 |pmid=12126755 |doi=10.1016/S0891-5849(02)00905-X}}</ref><ref name="Bannister">{{citar periódico|autor =Bannister J, Bannister W, Rotilio G |título=Aspects of the structure, function, and applications of superoxide dismutase |periódico=CRC Crit Rev Biochem |volume=22 |número=2 |páginas=111–80 |ano=1987 |pmid=3315461 |doi=10.3109/10409238709083738}}</ref> As enzimas SOD encontram-se presentes em quase todas as células aerobióticas e em fluidos extracelulares.<ref>{{citar periódico|autor =Johnson F, Giulivi C |título=Superoxide dismutases and their impact upon human health |periódico=Mol Aspects Med |volume=26 |número=4–5 |páginas=340–52 |ano=2005 |pmid=16099495 |doi=10.1016/j.mam.2005.07.006}}</ref> Estas enzimas possuem ainda, como [[Cofator (bioquímica)|cofactores]], iões metálicos que, dependendo da [[isozima]] em questão, podem ser catiões de [[cobre]], [[zinco]], [[manganês]] ou ferro. Nos humanos, os SOD ferro/zinco encontram-se no [[citosol]], enquanto que o SOD de manganês está presente nas [[mitocôndria]]s.<ref name="Bannister" /> Existe ainda uma terceira forma de SOD no [[líquido extracelular]] em que as enzimas contêm cobre e zinco nos seus centros activos.<ref>{{citar periódico|autor =Nozik-Grayck E, Suliman H, Piantadosi C |título=Extracellular superoxide dismutase |periódico=Int J Biochem Cell Biol |volume=37 |número=12 |páginas=2466–71 |ano=2005 |pmid=16087389 |doi=10.1016/j.biocel.2005.06.012}}</ref> A isozima mitocôndrial parece ser, destas três, a mais importante biologicamente, uma vez que os ratos aos quais lhes foi retirada morrem imediatamente após o nascimento.<ref>{{citar periódico|autor =Melov S, Schneider J, Day B, Hinerfeld D, Coskun P, Mirra S, Crapo J, Wallace D |título=A novel neurological phenotype in mice lacking mitochondrial manganese superoxide dismutase |periódico=Nat Genet |volume=18 |número=2 |páginas=159–63 |ano=1998 |pmid=9462746 |doi=10.1038/ng0298-159}}</ref> Por outro lado, os ratos sem o SOD cobre/zinco mantêm-se vivos, mas sofrem de inúmeras patologias e têm esperança de vida diminuta, enquanto ratos sem o SOD extracelular apresentam poucas deficiências.<ref name="Magnenat" /><ref>{{citar periódico|autor =Reaume A, Elliott J, Hoffman E, Kowall N, Ferrante R, Siwek D, Wilcox H, Flood D, Beal M, Brown R, Scott R, Snider W |título=Motor neurons in Cu/Zn superoxide dismutase-deficient mice develop normally but exhibit enhanced cell death after axonal injury |periódico=Nat Genet |volume=13 |número=1 |páginas=43–7 |ano=1996 |pmid=8673102 |doi=10.1038/ng0596-43 |último12 =Snider |primeiro12 =WD}}</ref> Nas plantas, as isozimas SOD estão presentes no citosol e nas mitocôndrias, sendo também encontrado um SOD de ferro nos [[cloroplasto]]s que não se encontra nos [[vertebrado]]s ou nas [[levedura]]s.<ref>{{citar periódico|autor =Van Camp W, Inzé D, Van Montagu M |título=The regulation and function of tobacco superoxide dismutases |periódico=Free Radic Biol Med |volume=23 |número=3 |páginas=515–20 |ano=1997 |pmid=9214590 |doi=10.1016/S0891-5849(97)00112-3}}</ref>

As [[catalase]]s são enzimas que catalisam a conversão de peróxido de hidrogénio em água e oxigénio, recorrendo a um cofactor de ferro ou manganês.<ref>{{citar periódico|autor =Chelikani P, Fita I, Loewen P |título=Diversity of structures and properties among catalases |periódico=Cell Mol Life Sci |volume=61 |número=2 |páginas=192–208 |ano=2004 |pmid=14745498 |doi=10.1007/s00018-003-3206-5}}</ref><ref>{{citar periódico|autor =Zámocký M, Koller F |título=Understanding the structure and function of catalases: clues from molecular evolution and ''in vitro'' mutagenesis |periódico=Prog Biophys Mol Biol |volume=72 |número=1 |páginas=19–66 |ano=1999 |pmid=10446501 |doi=10.1016/S0079-6107(98)00058-3}}</ref> Esta proteína encontra-se nos [[peroxissoma]]s da maior parte das [[células eucarióticas]].<ref>{{citar periódico|autor =del Río L, Sandalio L, Palma J, Bueno P, Corpas F |título=Metabolism of oxygen radicals in peroxisomes and cellular implications |periódico=Free Radic Biol Med |volume=13 |número=5 |páginas=557–80 |ano=1992 |pmid=1334030 |doi=10.1016/0891-5849(92)90150-F}}</ref> A catalase é uma enzima fora do comum uma vez que, embora o peróxido de hidrogénio seja o seu único substrato, obedece a um [[Cinética enzimática|mecanismo de vaivém]]. Nesta situação, o seu cofactor é oxidado por uma molécula de peróxido de hidrogénio e é depois regenerado através da transferência do oxigénio confinado para uma segunda molécula ou substrato.<ref>{{citar periódico|autor =Hiner A, Raven E, Thorneley R, García-Cánovas F, Rodríguez-López J |título=Mechanisms of compound I formation in heme peroxidases |periódico=J Inorg Biochem |volume=91 |número=1 |páginas=27–34 |ano=2002 |pmid=12121759 |doi=10.1016/S0162-0134(02)00390-2}}</ref> Apesar da sua aparente importância na remoção do peróxido de hidrogénio, quer os humanos com deficiência genética de catalase ([[acatalassemia]]), quer os ratos aos quais foi completamente suprimida a enzima, poucos efeitos patológicos sofrem.<ref>{{citar periódico|autor =Mueller S, Riedel H, Stremmel W |título=Direct evidence for catalase as the predominant H2O2 -removing enzyme in human erythrocytes |url=http://www.bloodjournal.org/cgi/content/full/90/12/4973 |periódico=Blood |volume=90 |número=12 |páginas=4973–8 |ano= 1997|pmid=9389716 }}</ref><ref>{{citar periódico|autor =Ogata M |título=Acatalasemia |periódico=Hum Genet |volume=86 |número=4 |páginas=331–40 |ano=1991 |pmid=1999334 |doi=10.1007/BF00201829}}</ref>

[[Ficheiro:Peroxiredoxin.png|thumb|[[Estrutura biomolecular]] da AhpC, uma perirredoxina 2-cistina [[Bactéria|bacteriana]] da ''[[Salmonella enterica|Salmonella typhimurium]]''.<ref>{{citar periódico|autor =Parsonage D, Youngblood D, Sarma G, Wood Z, Karplus P, Poole L |título=Analysis of the link between enzymatic activity and oligomeric state in AhpC, a bacterial peroxiredoxin |periódico=Biochemistry |volume=44 |número=31 |páginas=10583–92 |ano=2005 |pmid=16060667 |doi=10.1021/bi050448i}} [http://www.rcsb.org/pdb/explore.do?structureId=1YEX PDB 1YEX]</ref>]]

As [[peroxiredoxinas]] são peroxidases que catalisam a redução de peróxido de hidrogénio, [[Peróxido orgânico|hidroperóxidos orgânicos]] e também [[peroxinitrito]].<ref>{{citar periódico|autor =Rhee S, Chae H, Kim K |título=Peroxiredoxins: a historical overview and speculative preview of novel mechanisms and emerging concepts in cell signaling |periódico=Free Radic Biol Med |volume=38 |número=12 |páginas=1543–52 |ano=2005 |pmid=15917183 |doi=10.1016/j.freeradbiomed.2005.02.026}}</ref> Estão divididas em três classes: peroxirredoxinas 2-cisteína típicas; peroxirredoxinas 2-cisteína atípicas; e peroxirredoxinas 1-cisteína.<ref>{{citar periódico|autor =Wood Z, Schröder E, Robin Harris J, Poole L |título=Structure, mechanism and regulation of peroxiredoxins |periódico=Trends Biochem Sci |volume=28 |número=1 |páginas=32–40 |ano=2003 |pmid=12517450 |doi=10.1016/S0968-0004(02)00003-8}}</ref> Estas têm todas o mesmo mecanismo catalítico básico, no qual existe um [[cisteína|resíduo de cisteína]] com actividade de oxirredução - o resíduo de cistina peroxidático no [[centro activo]] da enzima - que é oxidado pelo substrato peróxido, resultando num [[ácido sulfénico]].<ref>{{citar periódico|autor =Claiborne A, Yeh J, Mallett T, Luba J, Crane E, Charrier V, Parsonage D |título=Protein-sulfenic acids: diverse roles for an unlikely player in enzyme catalysis and redox regulation |periódico=Biochemistry |volume=38 |número=47 |páginas=15407–16 |ano=1999 |pmid=10569923 |doi=10.1021/bi992025k}}</ref> A oxidação excessiva deste resíduo de cisteína em peroxirredoxinas desactiva estas enzimas, no entanto isto pode ser revertido através da acção de [[sulfirredoxina]]s.<ref>{{citar periódico|autor =Jönsson TJ, Lowther WT |título=The peroxiredoxin repair proteins |periódico=Sub-cellular biochemistry |volume=44 |páginas=115–41 |ano=2007 |pmid=18084892 |pmc=2391273 |doi=10.1007/978-1-4020-6051-9_6 |series=Subcellular Biochemistry |isbn=978-1-4020-6050-2 }}</ref> As peroxirredoxinas aparentam ser importantes no metabolismo antioxidante, uma vez que ratos de laboratório aos quais foi suprimida a peroxirredoxina 1 ou 2 revelam uma curta esperança de vida e sofrem de [[anemia hemolítica]]. Ademais, também as plantas usam peroxirredoxinas para remover o peróxido de hidrogénio produzido nos cloroplastos.<ref>{{citar periódico|autor =Neumann C, Krause D, Carman C, Das S, Dubey D, Abraham J, Bronson R, Fujiwara Y, Orkin S, Van Etten R |título=Essential role for the peroxiredoxin Prdx1 in erythrocyte antioxidant defence and tumour suppression |periódico=Nature |volume=424 |número=6948 |páginas=561–5 |ano=2003 |pmid=12891360 |doi=10.1038/nature01819}}</ref><ref>{{citar periódico|autor =Lee T, Kim S, Yu S, Kim S, Park D, Moon H, Dho S, Kwon K, Kwon H, Han Y, Jeong S, Kang S, Shin H, Lee K, Rhee S, Yu D |título=Peroxiredoxin II is essential for sustaining life span of erythrocytes in mice |url=http://www.bloodjournal.org/cgi/content/full/101/12/5033|doi = 10.1182/blood-2002-08-2548 |periódico=Blood |volume=101 |número=12 |páginas=5033–8 |ano=2003 |pmid=12586629 |último12 =Kang |primeiro12 =SW |último13 =Shin |primeiro13 =HS |último14 =Lee |primeiro14 =KK |último15 =Rhee |primeiro15 =SG |último16 =Yu |primeiro16 =DY}}</ref><ref>{{citar periódico|autor =Dietz K, Jacob S, Oelze M, Laxa M, Tognetti V, de Miranda S, Baier M, Finkemeier I |título=The function of peroxiredoxins in plant organelle redox metabolism |periódico=J Exp Bot |volume=57 |número=8 |páginas=1697–709 |ano=2006 |pmid=16606633 |doi=10.1093/jxb/erj160}}</ref>

=== Sistemas de tiorredoxina e glutationa ===

O sistema da [[tiorredoxina]] contém a proteína tiorredoxina 12-k [[Unidade de massa atômica|Da]] e a sua parceira [[tiorredoxina redutase]].<ref>{{citar periódico|autor =Nordberg J, Arner ES|título=Reactive oxygen species, antioxidants, and the mammalian thioredoxin system|periódico=Free Radic Biol Med|ano=2001|páginas=1287–312|volume=31|número=11|pmid=11728801|doi=10.1016/S0891-5849(01)00724-9}}</ref> As proteínas relacionadas com a tiorredoxina estão presentes em todos os [[Projecto genoma|organismos sequenciados]]. As plantas, como a ''[[Arabidopsis thaliana]]'', revelam uma imensa diversidade de isoformas.<ref>{{citar periódico|autor =Vieira Dos Santos C, Rey P |título=Plant thioredoxins are key actors in the oxidative stress response |periódico=Trends Plant Sci |volume=11 |número=7 |páginas=329–34 |ano=2006 |pmid=16782394 |doi=10.1016/j.tplants.2006.05.005}}</ref> O centro activo da tiorredoxina consiste em duas cisteínas [[Vicinal (química)|vizinhas]], parte de um padrão sequencial CXXC, que pode alternar entre uma forma activa de [[Tiol|ditiol]] (reduzida) e uma forma de [[dissulfeto]] oxidada. No seu estado activo, a tiorredoxina opera como um eficaz agente de redução, eliminando as espécies reactivas do oxigénio e mantendo outras proteínas no seu estado reduzido.<ref>{{citar periódico |autor=Arnér E, Holmgren A |título=Physiological functions of thioredoxin and thioredoxin reductase |url=http://www.blackwell-synergy.com/doi/full/10.1046/j.1432-1327.2000.01701.x |doi=10.1046/j.1432-1327.2000.01701.x |periódico=Eur J Biochem |volume=267 |número=20 |páginas=6102–9 |ano=2000 |pmid=11012661 |acessodata=2012-01-18 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20071222064456/http://www.blackwell-synergy.com/doi/full/10.1046/j.1432-1327.2000.01701.x |arquivodata=2007-12-22 |urlmorta=sim }}</ref> Depois de ter sido oxidada, a tiorredoxina activa é regenerada pela acção da tiorredoxina redutase, usando [[Fosfato de dinucleótido de nicotinamida e adenina|NADP]] como [[doador de electrões]].<ref>{{citar periódico|autor =Mustacich D, Powis G |título=Thioredoxin reductase |pmc=1220815 |periódico=Biochem J |volume=346 |número=Pt 1 |páginas=1–8 |ano=2000 |pmid=10657232 |doi=10.1042/0264-6021:3460001}}</ref>

O sistema da [[glutationa]] contém glutationa, [[glutationa redutase]], [[glutationa peroxidase]]s e [[glutationa S-transferase]].<ref name="MeisterB" /> Este sistema está presente nos animais, plantas e microorganismos.<ref name="MeisterB" /><ref>{{citar periódico|autor =Creissen G, Broadbent P, Stevens R, Wellburn A, Mullineaux P |título=Manipulation of glutathione metabolism in transgenic plants |periódico=Biochem Soc Trans |volume=24 |número=2 |páginas=465–9 |ano=1996 |pmid=8736785}}</ref> A glutationa peroxidase é uma enzima que contém quatro [[Cofator (bioquímica)|cofactores]] de [[selénio]] que catalisam a separação do peróxido de hidrogénio e hiperóxidos orgânicos. Existem pelo menos quatro [[isozima]]s glutationa peroxidases diferentes nos animais.<ref>{{citar periódico|autor =Brigelius-Flohé R |título=Tissue-specific functions of individual glutathione peroxidases |periódico=Free Radic Biol Med |volume=27 |número=9–10 |páginas=951–65 |ano=1999 |pmid=10569628 |doi=10.1016/S0891-5849(99)00173-2}}</ref> A glutationa peroxidase 1 é a mais abundante e um eliminador bastante eficaz de peróxido de hidrogénio. Por sua vez, a glutationa peroxidase 3 é mais activa contra os hiperóxidos lípidos. Surpreendentemente, a glutationa peroxidase 1 é dispensável, já que ratos aos quais esta enzima foi suprimida mostram uma esperança de vida normal,<ref>{{citar periódico|autor =Ho Y, Magnenat J, Bronson R, Cao J, Gargano M, Sugawara M, Funk C |título=Mice deficient in cellular glutathione peroxidase develop normally and show no increased sensitivity to hyperoxia  |periódico=J Biol Chem |volume=272 |número=26 |páginas=16644–51 |ano=1997 |pmid=9195979 |doi=10.1074/jbc.272.26.16644}}</ref> mas são hipersensíveis ao stress oxidativo induzido.<ref>{{citar periódico|autor =de Haan J, Bladier C, Griffiths P, Kelner M, O'Shea R, Cheung N, Bronson R, Silvestro M, Wild S, Zheng S, Beart P, Hertzog P, Kola I |título=Mice with a homozygous null mutation for the most abundant glutathione peroxidase, Gpx1, show increased susceptibility to the oxidative stress-inducing agents paraquat and hydrogen peroxide|periódico=J Biol Chem |volume=273 |número=35 |páginas=22528–36 |ano=1998 |pmid=9712879 |doi=10.1074/jbc.273.35.22528 |último12 =Hertzog |primeiro12 =PJ |último13 =Kola |primeiro13 =I}}</ref> Ainda, as glutationa S-transferases demonstram ser activas sobretudo com próxidos lípidos.<ref>{{citar periódico|autor =Sharma R, Yang Y, Sharma A, Awasthi S, Awasthi Y |título=Antioxidant role of glutathione S-transferases: protection against oxidant toxicity and regulation of stress-mediated apoptosis |periódico=Antioxid Redox Signal |volume=6 |número=2 |páginas=289–300 |ano=2004 |pmid=15025930 |doi=10.1089/152308604322899350}}</ref> Estas enzimas encontram-se sobretudo no fígado, desempenham também um papel no metabolismo de desintoxicação.<ref>{{citar periódico|autor =Hayes J, Flanagan J, Jowsey I |título=Glutathione transferases |periódico=Annu Rev Pharmacol Toxicol |volume=45 |páginas=51–88 |ano=2005 |pmid=15822171 |doi=10.1146/annurev.pharmtox.45.120403.095857}}</ref>

== O stress oxidativo na saúde ==
{{Further|[[Patologia]], [[Stress oxidativo]]}}

Pensa-se que o stress oxidativo contribui para um grande número de doenças, incluindo muitas [[doenças neurodegenerativas]] como: a [[doença de Alzheimer]],<ref>{{citar periódico|autor =Christen Y |título=Oxidative stress and Alzheimer disease |url=http://www.ajcn.org/cgi/content/full/71/2/621s |periódico=Am J Clin Nutr |volume=71 |número=2 |páginas=621S–629S |ano= 2000|pmid=10681270 }}</ref><ref>{{citar periódico|autor =Nunomura A, Castellani R, Zhu X, Moreira P, Perry G, Smith M |título=Involvement of oxidative stress in Alzheimer disease |periódico=J Neuropathol Exp Neurol |volume=65 |número=7 |páginas=631–41 |ano=2006 |pmid=16825950 |doi=10.1097/01.jnen.0000228136.58062.bf}}</ref> a [[doença de Parkinson]] e as [[doenças do neurónio motor]];<ref>{{citar periódico|doi=10.1111/j.1750-3639.1999.tb00217.x |autor =Cookson M, Shaw P |título=Oxidative stress and motor neurone disease |periódico=Brain Pathol |volume=9 |número=1 |páginas=165–86 |ano=1999 |pmid=9989458}}</ref><ref>{{citar periódico|autor =Wood-Kaczmar A, Gandhi S, Wood N |título=Understanding the molecular causes of Parkinson's disease |periódico=Trends Mol Med |volume=12 |número=11 |páginas=521–8 |ano=2006 |pmid=17027339 |doi=10.1016/j.molmed.2006.09.007}}</ref> assim como patologias causadas pela [[diabetes]]<ref>{{citar periódico|autor =Davì G, Falco A, Patrono C |título=Lipid peroxidation in diabetes mellitus |periódico=Antioxid Redox Signal |volume=7 |número=1–2 |páginas=256–68 |ano=2005 |pmid=15650413 |doi=10.1089/ars.2005.7.256}}</ref><ref>{{citar periódico|autor =Giugliano D, Ceriello A, Paolisso G |título=Oxidative stress and diabetic vascular complications |periódico=Diabetes Care |volume=19 |número=3 |páginas=257–67 |ano=1996 |pmid=8742574 |doi=10.2337/diacare.19.3.257}}</ref> e ainda a [[artrite reumatoide]].<ref>{{citar periódico|autor =Hitchon C, El-Gabalawy H |título=Oxidation in rheumatoid arthritis |pmc=1064874 |doi=10.1186/ar1447 |periódico=Arthritis Res Ther |volume=6 |número=6 |páginas=265–78 |ano=2004 |pmid=15535839}}</ref> Em muitos destes casos, ainda não é claro se os oxidantes espoletam a doença ou se são produzidos como efeito secundário desta a partir da degeneração generalizada do tecido.<ref name="emfafb" /> Um dos casos em que esta ligação está particularmente bem estudada é o do papel do stress oxidativo nas [[Doença cardiovascular|doenças cardiovasculares]]. Nestas doenças a oxidação das [[Lipoproteína de baixa densidade|lipoproteínas de baixa densidade]] (LDL) desencadeia o processo da aterogénese que dá origem à deposição de [[aterosclerose|placas de ateroma]] nos vasos sanguíneos, acabando por provocar as alterações hemodinâmicas que as caracterizam.<ref>{{citar periódico|autor =Van Gaal L, Mertens I, De Block C |título=Mechanisms linking obesity with cardiovascular disease |periódico=Nature |volume=444 |número=7121 |páginas=875–80 |ano=2006 |pmid=17167476 |doi=10.1038/nature05487}}</ref><ref>{{citar periódico|autor =Aviram M |título=Review of human studies on oxidative damage and antioxidant protection related to cardiovascular diseases |periódico=Free Radic Res |volume=33 Suppl |páginas=S85–97 |ano=2000 |pmid=11191279}}</ref>

Lesões oxidativas na molécula de ADN podem causar [[neoplasia]]s. No entanto, várias enzimas antioxidantes como a superóxido dismutase, a catalase, a glutationa peroxidase, a glutationa redutase e a glutationa S-transferase, entre outras, protegem o ADN do stress oxidativo. Tem sido proposto que polimorfismos nestas enzimas podem estar associados a uma maior frequência de lesões no ADN e, consequentemente, ao aumento da predisposição do indivíduo para o desenvolvimento de fenómenos neoplásicos.<ref>{{citar periódico|autor =Khan MA, Tania M, Zhang D, Chen H |título=Antioxidant enzymes and cancer |periódico=Chin J Cancer Res |volume=22 |número=2 |páginas=87–92 |ano=2010 |url=http://www.springerlink.com/content/4h2277984v0t180k/ |doi=10.1007/s11670-010-0087-7}}</ref>

Uma dieta de restrição calórica pode aumentar a esperança média de vida em muitos animais. Alguns estudos apontam para este efeito poder estar relacionado com uma redução do stress oxidativo. Com uma restrição da ingestão calórica, diminui a [[taxa metabólica]] e, consequentemente, diminui a quantidade de espécies reactivas de oxigénio produzidas pela fosforilação oxidativa e demais processos metabólicos.<ref>{{citar periódico|doi=10.1073/pnas.0510452103|autor =G. López-Lluch, N. Hunt, B. Jones, M. Zhu, H. Jamieson, S. Hilmer, M. V. Cascajo, J. Allard, D. K. Ingram, P. Navas, and R. de Cabo|título=Calorie restriction induces mitochondrial biogenesis and bioenergetic efficiency|periódico=Proc Natl Acad Sci USA |ano=2006|volume=103|número=6|páginas=1768–1773|pmid=16446459|pmc=1413655}}</ref>

Existindo já estudos que corroboram o papel do stress oxidativo no envelhecimento em organismos como a ''[[Drosophila melanogaster]]'' e a ''[[Caenorhabditis elegans]]'',<ref>{{citar periódico|autor =Larsen P |título=Aging and resistance to oxidative damage in Caenorhabditis elegans |pmc=47469 |periódico=Proc Natl Acad Sci USA |volume=90 |número=19 |páginas=8905–9 |ano=1993 |pmid=8415630 |doi=10.1073/pnas.90.19.8905}}</ref><ref>{{citar periódico|autor =Helfand S, Rogina B |título=Genetics of aging in the fruit fly, Drosophila melanogaster |periódico=Annu Rev Genet |volume=37 |páginas=329–48 |ano=2003 |pmid=14616064 |doi=10.1146/annurev.genet.37.040103.095211}}</ref> ainda não se estabeleceu indubitavelmente a mesma correlação em mamíferos.<ref name="hdanrt">{{citar periódico|autor =Sohal R, Mockett R, Orr W |título=Mechanisms of aging: an appraisal of the oxidative stress hypothesis |periódico=Free Radic Biol Med |volume=33 |número=5 |páginas=575–86 |ano=2002 |pmid=12208343 |doi=10.1016/S0891-5849(02)00886-9}}</ref><ref name="Sohal R 2002 37–44">{{citar periódico|autor =Sohal R |título=Role of oxidative stress and protein oxidation in the aging process |periódico=Free Radic Biol Med |volume=33 |número=1 |páginas=37–44 |ano=2002 |pmid=12086680 |doi=10.1016/S0891-5849(02)00856-0}}</ref><ref name="Rattan S 2006 1230–8">{{citar periódico|autor =Rattan S |título=Theories of biological aging: genes, proteins, and free radicals |periódico=Free Radic Res |volume=40 |número=12 |páginas=1230–8 |ano=2006 |pmid=17090411 |doi=10.1080/10715760600911303}}</ref> De facto, uma revisão de 8 anos de estudos pela [[Universidade do Texas]] publicada em 2009 concluiu que, no conjunto de todas as manipulações de sistemas antioxidantes realizadas em ratos de laboratório naquela universidade, não existem conclusões com relevância estatística que associem o stress oxidativo ao envelhecimento.<ref>{{citar periódico| doi = 10.1016/j.bbagen.2009.06.003| pmid = 19524016| volume = 1790|número= 10|páginas= 1005–1014|último = Pérez|primeiro = Viviana I.|título= Is the oxidative stress theory of aging dead?|periódico= Biochimica et Biophysica Acta (BBA) – General Subjects|acessodata= 2009-09-14|ano= 2009|url = http://www.sciencedirect.com/science/article/B6T1W-4WH2KYY-3/2/3b2909c65fa19256ae2436cb8c143471|último2 = Bokov|primeiro2 = A|último3 = Van Remmen|primeiro3 = H|último4 = Mele|primeiro4 = J|último5 = Ran|primeiro5 = Q|último6 = Ikeno|primeiro6 = Y|último7 = Richardson|primeiro7 = A| pmc = 2789432}}</ref> As dietas que privilegiam frutas e hortaliças, alimentos ricos em antioxidantes, são benéficas para a saúde e reduzem alguns dos efeitos do envelhecimento. No entanto, os suplementos vitamínicos antioxidantes não mostram qualquer efeito mensurável no processo de envelhecimento, pelo que as acções das frutas e hortaliças neste fenómeno podem não estar sequer relacionadas com os seus componentes antioxidantes.<ref>{{citar periódico|autor =Thomas D |título=Vitamins in health and aging |periódico=Clin Geriatr Med |volume=20 |número=2 |páginas=259–74 |ano=2004 |pmid=15182881 |doi=10.1016/j.cger.2004.02.001}}</ref><ref>{{citar periódico|autor =Ward J |título=Should antioxidant vitamins be routinely recommended for older people? |periódico=Drugs Aging |volume=12 |número=3 |páginas=169–75 |ano=1998 |pmid=9534018 |doi=10.2165/00002512-199812030-00001}}</ref> Uma das razões para tal pode ser o facto de o consumo de moléculas antioxidantes como os polifenóis e vitamina E originar alterações mais significativas noutras vias do metabolismo, sendo o seu papel nessas vias o verdadeiro motivo da sua importância na [[nutrição]] humana.<ref name=Azzi/><ref>{{citar periódico|autor =Aggarwal BB, Shishodia S |título=Molecular targets of dietary agents for prevention and therapy of cancer |periódico=Biochem. Pharmacol. |volume=71 |número=10 |páginas=1397–421 |ano=2006 |pmid=16563357 |doi=10.1016/j.bcp.2006.02.009}}</ref>

== Efeitos na saúde ==
=== Tratamento de doenças ===

O [[cérebro]] é especialmente vulnerável a lesões causadas pela oxidação, devido ao seu elevado [[metabolismo basal]] e ao facto de a sua constituição química ser, em grande parte, lipídica - 49-66% da [[substância branca]] e 36-40% da [[substância cinzenta]], em tecido desidratado.<ref>{{citar periódico|autor =O'Brien |título=Lipid composition of the normal human brain: gray matter, white matter and myelin |url=http://www.jlr.org/content/6/4/537|periódico=J. Lipid Research|volume=6|páginas=537-544|ano=1965|pmid=5865382}}</ref><ref>{{citar periódico|autor =Reiter R |título=Oxidative processes and antioxidative defense mechanisms in the aging brain |url=http://www.fasebj.org/cgi/reprint/9/7/526.pdf |periódico=FASEB J |volume=9 |número=7 |páginas=526–33 |ano=1995 |pmid=7737461|formato=PDF}}</ref> Assim, os antioxidantes são frequentemente usados como [[medicamento|medicação]] em várias lesões cerebrais. Para o tratamento da [[Hipóxia#Lesão por reperfusão|lesão por reperfusão]] ou do [[traumatismo cranioencefálico]] pode recorrer-se a compostos miméticos da superóxido dismutase,<ref>{{citar periódico|autor =Warner D, Sheng H, Batinić-Haberle I |título=Oxidants, antioxidants and the ischemic brain |url=http://jeb.biologists.org/cgi/content/full/207/18/3221 |periódico=J Exp Biol |volume=207 |número=Pt 18 |páginas=3221–31 |ano=2004 |pmid=15299043 |doi=10.1242/jeb.01022}}</ref> como o [[Tiopental|tiopentato de sódio]] e o [[propofol]].<ref>{{citar periódico|autor =Wilson J, Gelb A |título=Free radicals, antioxidants, and neurologic injury: possible relationship to cerebral protection by anesthetics |periódico=J Neurosurg Anesthesiol |volume=14 |número=1 |páginas=66–79 |ano=2002 |pmid=11773828 |doi=10.1097/00008506-200201000-00014}}</ref> No tratamento dos AVC está a ser estudada a administração de [[ebseleno]]<ref>{{citar periódico|autor =Yamaguchi T, Sano K, Takakura K, Saito I, Shinohara Y, Asano T, Yasuhara H |título=Ebselen in acute ischemic stroke: a placebo-controlled, double-blind clinical trial. Ebselen Study Group  |periódico=Stroke |volume=29 |número=1 |páginas=12–7 |ano= 1998|pmid=9445321 |doi=10.1161/01.STR.29.1.12 }}</ref> e do fármaco experimental [[NXY-059]].<ref>{{citar periódico|autor =Lees K, Davalos A, Davis S, Diener H, Grotta J, Lyden P, Shuaib A, Ashwood T, Hardemark H, Wasiewski W, Emeribe U, Zivin J |título=Additional outcomes and subgroup analyses of NXY-059 for acute ischemic stroke in the SAINT I trial |periódico=Stroke |volume=37 |número=12 |páginas=2970–8 |ano=2006 |pmid=17068304 |doi=10.1161/01.STR.0000249410.91473.44 |último12 =Zivin |primeiro12 =JA |último13 =Saint I |primeiro13 =Investigators}}</ref> Estes compostos parecem prevenir a ocorrência de stress oxidativo nos neurónios, prevenindo também a [[apoptose]] e a [[necrose]] e consequentes danos neurológicos. Os antioxidantes estão ainda a ser investigados como possível tratamento para doenças neurodegenerativas como a [[doença de Alzheimer]], a [[doença de Parkinson]] ou a [[esclerose lateral amiotrófica]]<ref>{{citar periódico|autor =Di Matteo V, Esposito E |título=Biochemical and therapeutic effects of antioxidants in the treatment of Alzheimer's disease, Parkinson's disease, and amyotrophic lateral sclerosis |periódico=Curr Drug Targets CNS Neurol Disord |volume=2 |número=2 |páginas=95–107 |ano=2003 |pmid=12769802 |doi=10.2174/1568007033482959}}</ref><ref>{{citar periódico|autor =Rao A, Balachandran B |título=Role of oxidative stress and antioxidants in neurodegenerative diseases |periódico=Nutr Neurosci |volume=5 |número=5 |páginas=291–309 |ano=2002 |pmid=12385592 |doi=10.1080/1028415021000033767}}</ref> e como forma de prevenção da [[perda de audição neurossensorial|perda de audição por exposição ao ruído.]]<ref>{{citar periódico|autor =Kopke RD, Jackson RL, Coleman JK, Liu J, Bielefeld EC, Balough BJ |título=NAC for noise: from the bench top to the clinic |periódico=Hear. Res. |volume=226 |número=1–2 |páginas=114–25 |ano=2007 |pmid=17184943 |doi=10.1016/j.heares.2006.10.008}}</ref> Estes antioxidantes podem ainda revelar-se benéficos noutros contextos clínicos, como a prevenção de danos hepáticoss derivados do consumo excessivo de álcool ([[Doença hepática alcoólica]]).<ref>{{citar web|url=http://esciencenews.com/articles/2011/05/02/antioxidant.may.prevent.alcohol.induced.liver.disease?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed%3A+eScienceNews%2Fpopular+%28e%21+Science+News+-+Popular%29 |título=Antioxidant may prevent alcohol-induced liver disease |publicado=e! Science News |data=2011-05-02 |acessodata=2011-10-09}}</ref>

=== Prevenção de doenças ===

[[Ficheiro:Resveratrol.svg|thumb|right|Estrutura do [[resveratrol]], um [[antioxidante polifenólico]].]]

Os consumidores de fruta e hortaliças apresentam menor risco de vir a sofrer de [[Doença cardiovascular|doenças cardíacas]] e algumas doenças neurológicas,<ref name="Stanner">{{citar periódico|autor =Stanner SA, Hughes J, Kelly CN, Buttriss J |título=A review of the epidemiological evidence for the 'antioxidant hypothesis' |periódico=Public Health Nutr |volume=7 |número=3 |páginas=407–22 |ano=2004 |pmid=15153272 |doi=10.1079/PHN2003543}}</ref> existindo conclusões de que alguns tipos de hortaliças, e frutas em geral, oferecem alguma protecção contra alguns tipos de cancro.<ref>''[http://www.dietandcancerreport.org/?p=ER Food, Nutrition, Physical Activity, and the Prevention of Cancer: a Global Perspective]''. World Cancer Research Fund (2007). ISBN 978-0-9722522-2-5.</ref> Uma vez que estes géneros alimentícios são uma grande fontes de antioxidantes, foi proposto que os antioxidantes poderiam prevenir alguns tipos de doenças. Esta hipótese tem sido testada clinicamente, mas não parece ser verdadeira, já que os suplementos de antioxidantes não demonstram qualquer efeito inequívoco na redução do risco de doenças crónicas cardíacas ou cancerígenas.<ref name="Stanner" /><ref name="Shenkin" /> Esta conclusão sugere que os benefícios possam advir de outras substâncias presentes nas frutas e nas hortaliças, possivelmente os [[Flavonoide|flavonóides]], ou ter origem numa mistura complexa de substâncias.<ref>{{citar periódico|autor =Cherubini A, Vigna G, Zuliani G, Ruggiero C, Senin U, Fellin R |título=Role of antioxidants in atherosclerosis: epidemiological and clinical update |periódico=Curr Pharm Des |volume=11 |número=16 |páginas=2017–32 |ano=2005 |pmid=15974956 |doi=10.2174/1381612054065783}}</ref><ref>{{citar periódico|autor =Lotito SB, Frei B |título=Consumption of flavonoid-rich foods and increased plasma antioxidant capacity in humans: cause, consequence, or epiphenomenon? |periódico=Free Radic. Biol. Med. |volume=41 |número=12 |páginas=1727–46 |ano=2006 |pmid=17157175 |doi=10.1016/j.freeradbiomed.2006.04.033}}</ref>

Pensa-se que a oxidação de lipoproteínas de baixa densidade no sangue contribua para doenças cardíacas e observações iniciais permitiram notar que indivíduos que tomavam suplementos de vitamina E apresentavam menor risco de vir a desenvolver doenças cardíacas.<ref>{{citar periódico|autor =Rimm EB, Stampfer MJ, Ascherio A, Giovannucci E, Colditz GA, Willett WC|título=Vitamin E consumption and the risk of coronary heart disease in men|periódico=N Engl J Med|ano=1993|páginas=1450–6|volume=328|número=20|pmid=8479464|doi=10.1056/NEJM199305203282004}}</ref> No seguimento destas observações, foram conduzidos pelo menos sete ensaios clínicos de grande dimensão, de modo a comprovar os efeitos dos suplementos antioxidantes com vitamina E, em doses dos 50 aos {{nowrap|600 mg}} por dia. No entanto, nenhum destes ensaios demonstrou existir um efeito [[Significância estatística|estatisticamente significativo]] da vitamina E no número total de mortes ou nas mortes causadas por doenças cardiovasculares.<ref>{{citar periódico|autor =Vivekananthan DP, Penn MS, Sapp SK, Hsu A, Topol EJ|título=Use of antioxidant vitamins for the prevention of cardiovascular disease: meta-analysis of randomised trials|periódico=Lancet|ano=2003|páginas=2017–23|volume=361|número=9374|pmid=12814711|doi=10.1016/S0140-6736(03)13637-9}}</ref> Estudos sequentes também mostraram conclusões desfavoráveis a esta hipótese.<ref>{{citar periódico|autor =Sesso HD, Buring JE, Christen WG |título=Vitamins E and C in the prevention of cardiovascular disease in men: the Physicians' Health Study II randomized controlled trial |periódico=JAMA |volume=300 |número=18 |páginas=2123–33 |ano=2008 |pmid=18997197 |doi=10.1001/jama.2008.600 |pmc=2586922}}</ref><ref>{{citar periódico|autor =Lee IM, Cook NR, Gaziano JM |título=Vitamin E in the primary prevention of cardiovascular disease and cancer: the Women's Health Study: a randomized controlled trial |periódico=JAMA |volume=294 |número=1 |páginas=56–65 |ano=2005 |pmid=15998891 |doi=10.1001/jama.294.1.56}}</ref> Não está esclarecido se as doses usadas nestes ensaios, ou na maior parte dos suplementos dietéticos, são capazes de produzir uma redução significativa do stress oxidativo.<ref>{{citar periódico|autor =Roberts LJ, Oates JA, Linton MF |título=The relationship between dose of vitamin E and suppression of oxidative stress in humans |periódico=Free Radic. Biol. Med. |volume=43 |número=10 |páginas=1388–93 |ano=2007 |pmid=17936185 |doi=10.1016/j.freeradbiomed.2007.06.019 |pmc=2072864}}</ref> Apesar do papel evidente do stress oxidativo nas doenças cardiovasculares, ensaios controlados com a administração de vitaminas antioxidantes não mostraram qualquer redução: tanto no risco de vir a contrair a doença, como na progressão da doença já em curso.<ref>{{citar periódico|autor =Bleys J, Miller E, Pastor-Barriuso R, Appel L, Guallar E |título=Vitamin-mineral supplementation and the progression of atherosclerosis: a meta-analysis of randomized controlled trials |periódico=Am. J. Clin. Nutr. |volume=84 |número=4 |páginas=880–7; quiz 954–5 |ano=2006 |pmid=17023716}}</ref><ref>{{citar periódico|autor =Cook NR, Albert CM, Gaziano JM |título=A randomized factorial trial of vitamins C and E and beta carotene in the secondary prevention of cardiovascular events in women: results from the Women's Antioxidant Cardiovascular Study |periódico=Arch. Intern. Med. |volume=167 |número=15 |páginas=1610–8 |ano=2007 |pmid=17698683 |doi=10.1001/archinte.167.15.1610 |pmc=2034519}}</ref>

Enquanto que na maioria dos ensaios se tenha recorrido a suplementos com doses elevadas de antioxidantes, o estudo "''Supplémentation en Vitamines et Mineraux Antioxydants''" (SU.VI.MAX) testou o efeito de suplementos com doses equivalentes às presentes numa dieta regular e saudável.<ref name="Hercberg">{{citar periódico|autor =Hercberg S, Galan P, Preziosi P, Bertrais S, Mennen L, Malvy D, Roussel AM, Favier A, Briancon S|título=The SU.VI.MAX Study: a randomized, placebo-controlled trial of the health effects of antioxidant vitamins and minerals|periódico=Arch Intern Med|ano=2004|páginas=2335–42|volume=164|número=21|pmid=15557412|doi=10.1001/archinte.164.21.2335}}</ref> Aos mais de 12,5 mil indivíduos de ambos os sexos que participaram, foram administradas: ou doses baixas de antioxidantes ({{nowrap|120 mg}} de ácido ascórbico, {{nowrap|30 mg}} de vitamina E, {{nowrap|6 mg}} de ß-caroteno, {{nowrap|100 µg}} de selénio e {{nowrap|20 mg}} de zinco) ou comprimidos [[placebo]] durante uma média de sete anos e meio. O estudo concluiu que baixas doses de suplementos antioxidantes diminuíram a incidência de cancro total e a mortalidade multicausa nos homens, mas não nas mulheres. A eficácia dos suplementos apenas nos homens pode estar relacionada com as suas baixas taxas de certos antioxidantes, sobretudo ß-caroteno.<ref name="Hercberg" />

Inúmeras empresas [[nutracêutica]]s e de alimentação saudável comercializam várias fórmulas de antioxidantes como suplementos dietéticos de uso bastante comum em [[País desenvolvido|países desenvolvidos]].<ref>{{citar periódico|autor =Radimer K, Bindewald B, Hughes J, Ervin B, Swanson C, Picciano M |título=Dietary supplement use by US adults: data from the National Health and Nutrition Examination Survey, 1999–2000 |doi = 10.1093/aje/kwh207 |periódico=Am J Epidemiol |volume=160 |número=4 |páginas=339–49 |ano=2004 |pmid=15286019}}</ref> Estes suplementos podem incluir antioxidantes específicos, como o [[Antioxidante polifenólico|polifenol]] ou o [[resveratrol]] (feito a partir de sementes de uva ou raízes de [[polygonum]]),<ref>{{citar periódico|autor =Latruffe N, Delmas D, Jannin B, Cherkaoui Malki M, Passilly-Degrace P, Berlot JP |título=Molecular analysis on the chemopreventive properties of resveratrol, a plant polyphenol microcomponent |periódico=Int. J. Mol. Med. |volume=10 |número=6 |páginas=755–60 |ano=2002|pmid=12430003}}</ref> ou combinações de antioxidantes, como os produtos "ACES" que contêm ß-caroteno (provitamina A), vitamina C, E e Selénio, ou ainda plantas que contenham antioxidantes, como o [[chá verde]]. Embora alguns níveis de vitaminas antioxidantes e minerais na dieta sejam necessários para manter a saúde, há dúvidas consideráveis se estes suplementos de antioxidantes são benéficos ou prejudiciais e, caso sejam benéficos, quais é que são precisos e em que doses.<ref name="Stanner" /><ref name="Shenkin">{{citar periódico|autor =Shenkin A |título=The key role of micronutrients |periódico=Clin Nutr |volume=25 |número=1 |páginas=1–13 |ano=2006 |pmid=16376462 |doi=10.1016/j.clnu.2005.11.006}}</ref><ref>{{citar periódico|autor =Woodside J, McCall D, McGartland C, Young I |título=Micronutrients: dietary intake v. supplement use |periódico=Proc Nutr Soc |volume=64 |número=4 |páginas=543–53 |ano=2005 |pmid=16313697 |doi=10.1079/PNS2005464}}</ref> De facto, alguns autores argumentam que as hipóteses de os antioxidantes poderem prevenir doenças crónicas está hoje posta de lado e que a hipótese foi mal formulada desde o início.<ref name=Hail>{{citar periódico|autor =Hail N, Cortes M, Drake EN, Spallholz JE |título=Cancer chemoprevention: a radical perspective |periódico=Free Radic. Biol. Med. |volume=45 |número=2 |páginas=97–110 |ano=2008 |pmid=18454943 |doi=10.1016/j.freeradbiomed.2008.04.004}}</ref> Pelo contrário, polifenóis dietéticos podem exercer papéis não antioxidantes em concentrações diminutas que afectam a sinalização celular, a sensibilidade dos [[Receptor (bioquímica)|receptores]], a actividade inflamatória das enzimas ou a [[regulação genética]].<ref name=Williams>{{citar periódico|autor =Williams RJ, Spencer JP, Rice-Evans C |título=Flavonoids: antioxidants or signalling molecules? |periódico=Free Radical Biology & Medicine |volume=36 |número=7 |páginas=838–49 |ano=2004|pmid=15019969 |doi=10.1016/j.freeradbiomed.2004.01.001}}</ref><ref name=Virgili>{{citar periódico|autor =Virgili F, Marino M |título=Regulation of cellular signals from nutritional molecules: a specific role for phytochemicals, beyond antioxidant activity |periódico=Free Radical Biology & Medicine |volume=45 |número=9 |páginas=1205–16 |ano=2008 |pmid=18762244 |doi=10.1016/j.freeradbiomed.2008.08.001}}</ref>

Ainda relativamente à esperança de vida, chegou até a ser sugerido que níveis moderados de stress oxidativo poderiam aumentar a longevidade do verme ''Caenorhabditis elegans'', através da indução de uma resposta protectiva a níveis elevados de espécies reactivas do oxigénio.<ref>{{citar periódico|autor =Schulz TJ, Zarse K, Voigt A, Urban N, Birringer M, Ristow M |título=Glucose Restriction Extends Caenorhabditis elegans Life Span by Inducing Mitochondrial Respiration and Increasing Oxidative Stress |periódico=Cell Metab. |volume=6 |número=4 |páginas=280–93 |ano=2007 |pmid=17908557 |doi=10.1016/j.cmet.2007.08.011}}</ref> A sugestão de que o aumento da esperança de vida advém de maior stress oxidativo entra em conflito com os resultados obtidos na ''[[Saccharomyces cerevisiae]]'',<ref>{{citar periódico|autor =Barros MH, Bandy B, Tahara EB, Kowaltowski AJ |título=Higher respiratory activity decreases mitochondrial reactive oxygen release and increases life span in Saccharomyces cerevisiae |periódico=J. Biol. Chem. |volume=279 |número=48 |páginas=49883–8 |ano=2004 |pmid=15383542 |doi=10.1074/jbc.M408918200}}</ref> sendo a situação nos mamíferos ainda menos clara.<ref name="hdanrt" /><ref name="Sohal R 2002 37–44" /><ref name="Rattan S 2006 1230–8" /> Ainda assim, os suplementos de antioxidantes não aparentam contribuir de alguma forma para o aumento da esperança de vida nos humanos.<ref>{{citar periódico|autor =Green GA |título=Review: antioxidant supplements do not reduce all-cause mortality in primary or secondary prevention |periódico=Evid Based Med |volume=13 |número=6 |página=177 |ano=2008 |pmid=19043035 |doi=10.1136/ebm.13.6.177}}</ref>

=== Exercício físico ===

Durante o exercício físico, o consumo de oxigénio pode aumentar até dez vezes.<ref>{{citar periódico|autor =Dekkers J, van Doornen L, Kemper H |título=The role of antioxidant vitamins and enzymes in the prevention of exercise-induced muscle damage |periódico=Sports Med |volume=21 |número=3 |páginas=213–38 |ano=1996 |pmid=8776010 |doi=10.2165/00007256-199621030-00005}}</ref> Isto leva a um aumento muito significativo da produção de oxidantes e resulta em lesões que contribuem para a fadiga muscular durante e depois do exercício. A resposta inflamatória que ocorre depois de exercício árduo está também associada ao stress oxidativo, especialmente nas 24 horas seguintes. A resposta do sistema imunitário aos danos ocorridos tem o seu máximo dois a sete dias depois do exercício, que corresponde ao período durante o qual ocorre a maior parte da adaptação que proporciona tonificação muscular. Durante este processo, são produzidos nos [[Granulócito neutrófilo|neutrófilos]] radicais livres para remoção do tecido danificado. Como consequência, níveis excessivos de antioxidantes podem inibir os mecanismos de recuperação e adaptação.<ref>{{citar periódico |autor=Tiidus P |título=Radical species in inflammation and overtraining |url=http://article.pubs.nrc-cnrc.gc.ca/ppv/RPViewDoc?issn=0008-4212&volume=76&issue=5&startPage=533 |periódico=Can J Physiol Pharmacol |volume=76 |número=5 |páginas=533–8 |ano=1998 |pmid=9839079 |doi=10.1139/cjpp-76-5-533 }}{{Ligação inativa|1={{subst:DATA}} }}</ref> Os suplementos de antioxidantes podem também prevenir qualquer um dos benefícios normalmente proporcionados pelo exercício, como a [[Resistência à insulina|sensibilidade insulínica]].<ref>{{citar periódico|autor =Ristow M, Zarse K, Oberbach A |título=Antioxidants prevent health-promoting effects of physical exercise in humans |periódico=Proc. Natl. Acad. Sci. U.S.A. |volume= 106|número= 21|páginas= 8665–70|ano=2009 |pmc=2680430 |pmid=19433800 |doi=10.1073/pnas.0903485106}}</ref>

As evidências relativas aos benefícios dos suplementos antioxidantes no exercício vigoroso são ainda contraditórias. Existem fortes indícios que uma das adaptações resultantes do exercício é o fortalecimento das defesas antioxidantes do corpo, sobretudo do sistema da glutationa, de forma a regular o maior stress oxidativo.<ref>{{citar periódico|autor =Leeuwenburgh C, Fiebig R, Chandwaney R, Ji L |título=Aging and exercise training in skeletal muscle: responses of glutathione and antioxidant enzyme systems |url=http://ajpregu.physiology.org/cgi/reprint/267/2/R439 |periódico=Am J Physiol |volume=267 |número=2 Pt 2 |páginas=R439–45 |ano=1994 |pmid=8067452}}</ref> Este efeito pode oferecer, até certo ponto, uma protecção contra doenças associadas ao stress oxidativo, o que forneceria uma explicação parcial para a menor incidência de doenças graves e melhor condição clínica entre aqueles que praticam exercício regularmente.<ref>{{citar periódico|autor =Leeuwenburgh C, Heinecke J |título=Oxidative stress and antioxidants in exercise |periódico=Curr Med Chem |volume=8 |número=7 |páginas=829–38 |ano=2001 |pmid=11375753}}</ref>

Contudo, não são observados quaisquer benefícios na condição física de atletas que tomam suplementos de vitamina E.<ref>{{citar periódico|autor =Takanami Y, Iwane H, Kawai Y, Shimomitsu T |título=Vitamin E supplementation and endurance exercise: are there benefits? |periódico=Sports Med |volume=29 |número=2 |páginas=73–83 |ano=2000 |pmid=10701711 |doi=10.2165/00007256-200029020-00001}}</ref> De facto, apesar do seu papel fundamental na prevenção de peroxidação da [[Bicapa lipídica|membrana lípida]], seis semanas de suplementação com vitamina E não apresentaram qualquer efeito ao nível da recuperação do tecido muscular muscular de [[Maratona|maratonistas]].<ref>{{citar periódico|autor =Mastaloudis A, Traber M, Carstensen K, Widrick J |título=Antioxidants did not prevent muscle damage in response to an ultramarathon run |periódico=Med Sci Sports Exerc |volume=38 |número=1 |páginas=72–80 |ano=2006 |pmid=16394956 |doi=10.1249/01.mss.0000188579.36272.f6}}</ref> Embora não pareça existir uma maior necessidade de vitamina C entre os atletas, existem algumas evidências de que os suplementos desta vitamina aumentam a resistência ao exercício intenso e de que os suplementos de vitamina C antes de exercício violento podem reduzir a quantidade de lesão do tecido muscular.<ref>{{citar periódico|autor =Peake J |título=Vitamin C: effects of exercise and requirements with training |periódico=Int J Sport Nutr Exerc Metab |volume=13 |número=2 |páginas=125–51 |ano=2003 |pmid=12945825}}</ref><ref>{{citar periódico|autor =Jakeman P, Maxwell S |título=Effect of antioxidant vitamin supplementation on muscle function after eccentric exercise |periódico=Eur J Appl Physiol Occup Physiol |volume=67 |número=5 |páginas=426–30 |ano=1993 |pmid=8299614 |doi=10.1007/BF00376459}}</ref> Porém, outros estudos não verificaram tal ocorrência, e algumas investigações sugerem que suplementos em quantidades tão altas como {{nowrap|1 000 mg}} chegam mesmo a inibir a recuperação.<ref>{{citar periódico|autor =Close G, Ashton T, Cable T, Doran D, Holloway C, McArdle F, MacLaren D |título=Ascorbic acid supplementation does not attenuate post-exercise muscle soreness following muscle-damaging exercise but may delay the recovery process |periódico=Br J Nutr |volume=95 |número=5 |páginas=976–81 |ano=2006 |pmid=16611389 |doi=10.1079/BJN20061732}}</ref>

Uma revisão publicada na revista Sports Medicine em 2011 analisou 150 estudos sobre suplementos antioxidantes durante a prática de exercício. A revisão concluiu que mesmo os estudos que observaram uma redução no stress oxidativo não conseguiram demonstrar benefícios para a performance ou para a prevenção de danos musculares. Além disso, alguns estudos indicaram que os suplementos antioxidantes podiam mesmo actuar contra os benefícios cardiovasculares do exercício.<ref>{{citar web|último =Gavura|primeiro =Scott|título=Antioxidants and Exercise: More Harm Than Good?|url=http://www.sciencebasedmedicine.org/index.php/antioxidants-and-exercise-more-harm-than-good/|publicado= Science Based Medicine|acessodata=19 de Dezembro de 2011}}</ref>

=== Efeitos adversos ===
[[Image:Phytate.svg|thumb|right|Estrutura do [[ácido fítico]].]]

Os ácidos de redução relativamente fortes podem ter efeitos [[antinutriente]]s, ao ligar-se aos [[sais minerais]] como o ferro e o zinco no [[aparelho digestivo]], impedindo-os de serem absorvidos.<ref>{{citar periódico|autor =Hurrell R |título=Influence of vegetable protein sources on trace element and mineral bioavailability |url=http://jn.nutrition.org/cgi/content/full/133/9/2973S |periódico=J Nutr |volume=133 |número=9 |páginas=2973S–7S |ano= 2003|pmid=12949395 }}</ref> Casos notáveis são o [[ácido oxálico]], os [[tanino]]s e o [[ácido fítico]], bastante presentes em dietas ricas em plantas.<ref>{{citar periódico|autor =Hunt J |título=Bioavailability of iron, zinc, and other trace minerals from vegetarian diets |url=http://www.ajcn.org/cgi/content/full/78/3/633S |periódico=Am J Clin Nutr |volume=78 |número=3 Suppl |páginas=633S–639S |ano= 2003|pmid=12936958 }}</ref> As deficiências de [[cálcio]] e ferro não são raras nas dietas alimentares de [[País em desenvolvimento|países em desenvolvimento]], onde se consome pouca carne e onde são ingeridas grandes quantidades de ácido fítico através do [[feijão]] e pão ázimo integral.<ref>{{citar periódico|autor =Gibson R, Perlas L, Hotz C |título=Improving the bioavailability of nutrients in plant foods at the household level |periódico=Proc Nutr Soc |volume=65 |número=2 |páginas=160–8 |ano=2006 |pmid=16672077 |doi=10.1079/PNS2006489}}</ref>

{| class="wikitable" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"
|-
!Alimentos
!Ácido de redução presente
|-
| style="text-align:center;"|[[Grão de cacau]] e [[chocolate]], [[espinafre]], [[nabo]] e [[ruibarbo]].<ref name="Mosha">{{citar periódico|autor =Mosha T, Gaga H, Pace R, Laswai H, Mtebe K |título=Effect of blanching on the content of antinutritional factors in selected vegetables |periódico=Plant Foods Hum Nutr |volume=47 |número=4 |páginas=361–7 |ano=1995 |pmid=8577655 |doi=10.1007/BF01088275}}</ref>
| style="text-align:center;"|[[Ácido oxálico]]
|-
| style="text-align:center;"|[[Cereal integral|Cereais integrais]], [[milho]], [[legume]]s.<ref>{{citar periódico|autor =Sandberg A |título=Bioavailability of minerals in legumes |periódico=Br J Nutr |volume=88 |número=Suppl 3 |páginas=S281–5 |ano=2002 |pmid=12498628 |doi=10.1079/BJN/2002718}}</ref>
| style="text-align:center;"|[[Ácido fítico]]
|-
| style="text-align:center;"|[[Chá]], [[fava]], [[repolho]].<ref name="Mosha" /><ref name="Beecher">{{citar periódico|autor =Beecher G |título=Overview of dietary flavonoids: nomenclature, occurrence and intake |url=http://jn.nutrition.org/cgi/content/full/133/10/3248S |periódico=J Nutr |volume=133 |número=10 |páginas=3248S–3254S |ano= 2003|pmid=14519822 }}</ref>
| style="text-align:center;"|[[Tanino]]s
|}

Antioxidantes [[Molécula polar|não-polares]] como o [[eugenol]] têm limites de toxicidade que podem ser ultrapassados com o uso indevido de [[Óleo essencial|óleos essenciais]] não diluídos.<ref>{{citar periódico|autor =Prashar A, Locke I, Evans C |título=Cytotoxicity of clove (Syzygium aromaticum) oil and its major components to human skin cells |periódico=Cell Prolif |volume=39 |número=4 |páginas=241–8 |ano=2006 |pmid=16872360 |doi=10.1111/j.1365-2184.2006.00384.x}}</ref> A toxicidade associada a doses elevadas de antioxidantes solúveis em água, como o ácido ascórbico, é menos grave já que estes compostos podem ser facilmente expelidos através da [[urina]].<ref>{{citar periódico|autor =Hornig D, Vuilleumier J, Hartmann D |título=Absorption of large, single, oral intakes of ascorbic acid |periódico=Int J Vitam Nutr Res |volume=50 |número=3 |páginas=309–14 |ano=1980 |pmid=7429760}}</ref> Mais perigosas, doses muito elevadas de alguns antioxidantes podem representar efeitos nocivos a longo prazo. O estudo ''"beta-Carotene and Retinol Efficacy Trial"'' (CARET), levado a cabo em pacientes com [[Câncer de pulmão|cancro pulmonar]] revelou que os fumadores que tomavam suplementos com ß-caroteno e vitamina A apresentavam maior incidência da doença.<ref>{{citar periódico|autor =Omenn G, Goodman G, Thornquist M, Balmes J, Cullen M, Glass A, Keogh J, Meyskens F, Valanis B, Williams J, Barnhart S, Cherniack M, Brodkin C, Hammar S |título=Risk factors for lung cancer and for intervention effects in CARET, the Beta-Carotene and Retinol Efficacy Trial |periódico=J Natl Cancer Inst |volume=88 |número=21 |páginas=1550–9 |ano=1996 |pmid=8901853 |doi=10.1093/jnci/88.21.1550 |último12 =Cherniack |primeiro12 =MG |último13 =Brodkin |primeiro13 =CA |último14 =Hammar |primeiro14 =S}}</ref> Estudos seguintes confirmaram estes efeitos adversos.<ref>{{citar periódico|autor =Albanes D |título=Beta-carotene and lung cancer: a case study |url=http://www.ajcn.org/cgi/content/full/69/6/1345S |periódico=Am J Clin Nutr |volume=69 |número=6 |páginas=1345S–50S |ano=1999|pmid=10359235 }}</ref>

Estes efeitos nocivos podem também ser observados em não-fumadores, como demonstrado numa [[metanálise]] recente, onde dados de cerca de 230.000 pacientes revelam que os suplementos de ß-aroteno, vitamina A ou vitamina E está associada com o aumento da mortalidade, não havendo, no entanto, qualquer efeito significativo na vitamina C.<ref name="Bjelakovic"/> A observação conjunta de todos os estudos controlados aleatórios não mostrou qualquer risco para a saúde; no entanto, foi detectado um aumento da mortalidade quando os ensaios de risco de alta qualidade e imparciais foram examinados separadamente. Contudo, uma vez que a maioria destes ensaios era efectuado quer em [[idoso]]s, quer em pacientes que já sofriam da doença, os resultados podem não se aplicar à população em geral.<ref>[http://www.sciencedaily.com/releases/2007/02/070228172604.htm Study Citing Antioxidant Vitamin Risks Based On Flawed Methodology, Experts Argue] Comunicado da [[Universidade do Estado do Oregon|Oregon State University]], publicado na ScienceDaily; acedido em 19 de Abril de 2007</ref> Esta metanálise foi mais tarde repetida e aumentada pelos mesmos autores, incluindo as novas análises publicadas pela [[Colaboração Cochrane]], e confirmados os resultados anteriores.<ref>{{citar periódico|título=Antioxidant supplements for prevention of mortality in healthy participants and patients with various diseases |periódico=Cochrane Database of Systematic Reviews |número=2 |páginas=CD007176 |ano=2008 |doi=10.1002/14651858.CD007176 |pmid=18425980 |último1 =Bjelakovic |primeiro1 =G |último2 =Nikolova |primeiro2 =D |último3 =Gluud |primeiro3 =LL |último4 =Simonetti |primeiro4 =RG |último5 =Gluud |primeiro5 =C |editor-sobrenome1 =Bjelakovic |editor-nome1 =Goran}}</ref> Estas duas publicações são consistentes com algumas metanálises anteriores que também sugeriam que a suplementação de vitamina E aumentavam a mortalidade,<ref>{{citar periódico|autor =Miller E, Pastor-Barriuso R, Dalal D, Riemersma R, Appel L, Guallar E |título=Meta-analysis: high-dosage vitamin E supplementation may increase all-cause mortality |periódico=Ann Intern Med |volume=142 |número=1 |páginas=37–46 |ano=2005 |pmid=15537682}}</ref> e que os suplementos de antioxidantes aumentavam o risco de [[Câncer colorretal|cancro do colón]].<ref>{{citar periódico|autor =Bjelakovic G, Nagorni A, Nikolova D, Simonetti R, Bjelakovic M, Gluud C |título=Meta-analysis: antioxidant supplements for primary and secondary prevention of colorectal adenoma |periódico=Aliment Pharmacol Ther |volume=24 |número=2 |páginas=281–91 |ano=2006 |pmid=16842454 |doi=10.1111/j.1365-2036.2006.02970.x}}</ref> No entanto, os resultados desta metanálise são inconsistentes com outros estudos como o ensaio SU.VI.MAX, que sugeriu que os antioxidantes não têm qualquer efeito na mortalidade.<ref name="Hercberg" /><ref>{{citar periódico|autor =Caraballoso M, Sacristan M, Serra C, Bonfill X |título=Drugs for preventing lung cancer in healthy people |periódico=Cochrane Database Syst Rev |número= 2|páginas=CD002141 |ano=2003 |pmid=12804424 |doi=10.1002/14651858.CD002141 |editor-sobrenome1 =Caraballoso |editor-nome1 =Magali}}</ref><ref>{{citar periódico|autor =Bjelakovic G, Nagorni A, Nikolova D, Simonetti R, Bjelakovic M, Gluud C |título=Meta-analysis: antioxidant supplements for primary and secondary prevention of colorectal adenoma |periódico=Aliment. Pharmacol. Ther. |volume=24 |número=2 |páginas=281–91 |ano=2006 |pmid=16842454 |doi=10.1111/j.1365-2036.2006.02970.x}}</ref><ref>{{citar periódico|autor =Coulter I, Hardy M, Morton S, Hilton L, Tu W, Valentine D, Shekelle P |título=Antioxidants vitamin C and vitamin e for the prevention and treatment of cancer |periódico=Journal of general internal medicine: official journal of the Society for Research and Education in Primary Care Internal Medicine |volume=21 |número=7 |páginas=735–44 |ano=2006 |pmid=16808775 |doi=10.1111/j.1525-1497.2006.00483.x |pmc=1924689}}</ref> Em síntese, o elevado número de ensaios clínicos levados a cabo nos suplementos de antioxidantes sugere que, ou estes produtos não têm qualquer efeito na saúde, ou que causam um pequeno aumento na mortalidade na população idosa ou mais vulnerável.<ref name="Bjelakovic" /><ref name="Stanner" /><ref name="Shenkin" />

Ao mesmo tempo que os suplementos antioxidantes são amplamente usados nas tentativas de impedir o desenvolvimento do cancro, tem também sido proposto que os antioxidantes podem, paradoxalmente, interferir com os tratamentos da doença.<ref>{{citar periódico|autor = Schumacker P|título= Reactive oxygen species in cancer cells: Live by the sword, die by the sword|periódico= Cancer Cell|volume = 10|número= 3|páginas= 175–6|ano= 2006|pmid = 16959608|doi = 10.1016/j.ccr.2006.08.015}}</ref> Pensou-se que isto ocorresse devido aos altos níveis de stress oxidativo que é gerado no meio ambiente das células cancerígenas, tornando-as mais susceptíveis ao ainda maior stress oxidativo induzido pelos tratamentos. Como resultado, ao reduzir o stress oxidativo nas cálulas cancerígenas, os suplementos de antioxidantes diminuem também a eficácia da [[radioterapia]] e da [[quimioterapia]].<ref>{{citar periódico|autor =Seifried H, McDonald S, Anderson D, Greenwald P, Milner J |título=The antioxidant conundrum in cancer |url=http://cancerres.aacrjournals.org/cgi/content/full/63/15/4295 |periódico=Cancer Res |volume=63 |número=15 |páginas=4295–8 |ano=2003|pmid=12907593 }}</ref><ref>{{citar periódico|autor =Lawenda BD, Kelly KM, Ladas EJ, Sagar SM, Vickers A, Blumberg JB |título=Should supplemental antioxidant administration be avoided during chemotherapy and radiation therapy? |periódico=J. Natl. Cancer Inst. |volume=100 |número=11 |páginas=773–83 |ano=2008 |pmid=18505970 |doi=10.1093/jnci/djn148}}</ref> Por outro lado, outras revisões sugeriram que os antioxidantes poderiam reduzir os [[Efeito adverso|efeitos adversos]] ou aumentar a taxa de sobrevivência.<ref>{{citar periódico|autor =Block KI, Koch AC, Mead MN, Tothy PK, Newman RA, Gyllenhaal C |título=Impact of antioxidant supplementation on chemotherapeutic toxicity: a systematic review of the evidence from randomized controlled trials |periódico=Int. J. Cancer |volume=123 |número=6 |páginas=1227–39 |ano=2008|pmid=18623084 |doi=10.1002/ijc.23754}}</ref><ref>{{citar periódico|autor =Block KI, Koch AC, Mead MN, Tothy PK, Newman RA, Gyllenhaal C |título=Impact of antioxidant supplementation on chemotherapeutic efficacy: a systematic review of the evidence from randomized controlled trials |periódico=Cancer Treat. Rev. |volume=33 |número=5 |páginas=407–18 |ano=2007 |pmid=17367938 |doi=10.1016/j.ctrv.2007.01.005}}</ref>

== Valores nos alimentos ==

{{Further|Antioxidante polifenólico}}

[[Image:Vegetarian diet.jpg|upright|thumb|[[Fruta]]s e [[hortaliça]]s são uma boa fonte de antioxidantes.]]

A medição dos antioxidantes não é um processo simples, já que se trata de um grupo de compostos heterogéneo com diferentes reacções a diferentes espécies reactivas do oxigénio. Na [[Ciência dos alimentos|ciência alimentar]], o [[índice ORAC]] tornou-se no actual padrão para avaliar a força antioxidante dos alimentos simples, sumos e aditivos alimentares.<ref>{{citar periódico|autor =Cao G, Alessio H, Cutler R |título=Oxygen-radical absorbance capacity assay for antioxidants |periódico=Free Radic Biol Med |volume=14 |número=3 |páginas=303–11 |ano=1993 |pmid=8458588 |doi=10.1016/0891-5849(93)90027-R}}</ref><ref>{{citar periódico|autor =Ou B, Hampsch-Woodill M, Prior R |título=Development and validation of an improved oxygen radical absorbance capacity assay using fluorescein as the fluorescent probe |periódico=J Agric Food Chem |volume=49 |número=10 |páginas=4619–26 |ano=2001 |pmid=11599998 |doi=10.1021/jf010586o}}</ref> Outros ensaios de quantificação incluem o [[Reagente de Folin-Ciocalteu|reagente Folin–Ciocalteu]] e a solução [[trolox]].<ref>{{citar periódico|autor =Prior R, Wu X, Schaich K |título=Standardized methods for the determination of antioxidant capacity and phenolics in foods and dietary supplements |periódico=J Agric Food Chem |volume=53 |número=10 |páginas=4290–302 |ano=2005 |pmid=15884874 |doi=10.1021/jf0502698}}</ref>

Os antioxidantes estão presentes numa grande variedade de alimentos, como as hortaliças, fruta, cereais, ovos, carne, legumes e frutos secos. Alguns antioxidantes como o [[licopeno]] e o ácido ascórbico podem-se decompor como resultado de armazenamento a longo prazo ou excesso de cozedura.<ref>{{citar periódico|autor =Xianquan S, Shi J, Kakuda Y, Yueming J |título=Stability of lycopene during food processing and storage |periódico=J Med Food |volume=8 |número=4 |páginas=413–22 |ano=2005 |pmid=16379550 |doi=10.1089/jmf.2005.8.413}}</ref><ref>{{citar periódico|autor =Rodriguez-Amaya D |título=Food carotenoids: analysis, composition and alterations during storage and processing of foods |periódico=Forum Nutr |volume=56 |páginas=35–7 |ano=2003 |pmid=15806788}}</ref> Outros compostos antioxidantes são mais estáveis, como por exemplo os antioxidantes polifenólicos presentes no chá ou nos cereais integrais.<ref>{{citar periódico |autor=Baublis A, Lu C, Clydesdale F, Decker E |título=Potential of wheat-based breakfast cereals as a source of dietary antioxidants |url=http://www.jacn.org/cgi/content/full/19/suppl_3/308S |periódico=J Am Coll Nutr |volume=19 |número=3 Suppl |páginas=308S–311S |ano=2000 |pmid=10875602 |acessodata=2012-01-18 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20091223051635/http://www.jacn.org/cgi/content/full/19/suppl_3/308S |arquivodata=2009-12-23 |urlmorta=yes }}</ref><ref>{{citar periódico|autor =Rietveld A, Wiseman S |título=Antioxidant effects of tea: evidence from human clinical trials |url=http://jn.nutrition.org/cgi/content/full/133/10/3285S |periódico=J Nutr |volume=133 |número=10 |páginas=3285S–3292S |ano= 2003|pmid=14519827 }}</ref> Os efeitos da cozedura e do processamento alimentar são bastante complexos, já que podem também aumentar a [[biodisponibilidade]] dos antioxidantes, como no caso de alguns carotenóides nas hortaliças.<ref>{{citar periódico|autor =Maiani G, Periago Castón MJ, Catasta G |título=Carotenoids: Actual knowledge on food sources, intakes, stability and bioavailability and their protective role in humans |periódico=Mol Nutr Food Res |volume=53 |ano=2008|pmid=19035552 |doi=10.1002/mnfr.200800053 |páginas=S194–218}}</ref> Regra geral, alimentos processados contêm menos antioxidantes do que os frescos e crus, uma vez que os processos de preparação causam exposição ao oxigénio.<ref>{{citar periódico|autor =Henry C, Heppell N |título=Nutritional losses and gains during processing: future problems and issues |url=http://journals.cambridge.org/production/action/cjoGetFulltext?fulltextid=804076 |periódico=Proc Nutr Soc |volume=61 |número=1 |páginas=145–8 |ano=2002 |pmid=12002789 |doi=10.1079/PNS2001142}}</ref>

{| class="wikitable" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"
|-
!Compostos antioxidantes
!Alimentos com altos níveis destes antioxidantes<ref name="Beecher" /><ref>{{citar web|título=Antioxidants and Cancer Prevention: Fact Sheet |publicado=National Cancer Institute|url=http://www.cancer.gov/cancertopics/factsheet/antioxidantsprevention|acessodata=2007-02-27}}</ref><ref>{{citar periódico|autor =Ortega RM |título=Importance of functional foods in the Mediterranean diet |periódico=Public Health Nutr |volume=9 |número=8A |páginas=1136–40 |ano=2006 |pmid=17378953 |doi=10.1017/S1368980007668530}}</ref>
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| Vitamina C (ácido ascórbico)
| [[Fruta]] fresca e [[hortaliça]]s
|-
| Vitamina E (tocoferóis, tocotrienóis)
| [[Óleo vegetal|Óleos vegetais]]
|-
| Antioxidantes polifenólicos ([[resveratrol]], [[flavonoide]]s)
| [[Chá]], [[café]], [[soja]], [[fruta]], [[azeite]], [[chocolate]], [[canela]], [[Orégano|oregãos]] e [[vinho tinto]]
|-
| [[Carotenoide]]s (licopeno, carotenos, [[luteína]])
| Fruta, hortaliças e ovos.<ref>{{citar periódico|autor =Goodrow EF, Wilson TA, Houde SC |título=Consumption of one egg per day increases serum lutein and zeaxanthin concentrations in older adults without altering serum lipid and lipoprotein cholesterol concentrations |periódico=J. Nutr. |volume=136 |número=10 |páginas=2519–24 |ano=2006|pmid=16988120 }}</ref>
|}

Os restantes oxidantes não são vitaminas, sendo produzidos no próprio corpo. Por exemplo, o [[Ubiquinona|ubiquinol]] (coenzima Q) é mal absorvido pelo sistema digestivo e é produzido nos humanos por [[via do mevalonato]].<ref name="Turunen" /> Outro exemplo é a [[glutationa]], produzida a partir de aminoácidos. Como qualquer glutationa é separada logo após a ingestão de modo a libertar cistina, [[glicina]] e [[Ácido glutâmico|ácido glutámico]] antes de ser absorvida, mesmo grandes doses orais pouco efeito têm na concentração total de glutationa no organismo.<ref>{{citar periódico|autor =Witschi A, Reddy S, Stofer B, Lauterburg B |título=The systemic availability of oral glutathione |periódico=Eur J Clin Pharmacol |volume=43 |número=6 |páginas=667–9 |ano=1992 |pmid=1362956 |doi=10.1007/BF02284971}}</ref><ref>{{citar periódico|autor =Flagg EW, Coates RJ, Eley JW |título=Dietary glutathione intake in humans and the relationship between intake and plasma total glutathione level |periódico=Nutr Cancer |volume=21 |número=1 |páginas=33–46 |ano=1994 |pmid=8183721 |doi=10.1080/01635589409514302}}</ref> Embora grandes quantidade de aminoácidos ricos em enxofre, como a [[acetilcisteína]], possam aumentar a glutationa,<ref name=Dodd>{{citar periódico|autor =Dodd S, Dean O, Copolov DL, Malhi GS, Berk M |título=N-acetylcysteine for antioxidant therapy: pharmacology and clinical utility |periódico=Expert Opin Biol Ther |volume=8 |número=12 |páginas=1955–62 |ano=2008|pmid=18990082 |doi=10.1517/14728220802517901}}</ref> não há ainda nenhuma evidência de que a ingestão de grandes quantidades destes precursores de glutationa seja benéfica em adultos saudáveis.<ref>{{citar periódico|autor =van de Poll MC, Dejong CH, Soeters PB |título=Adequate range for sulfur-containing amino acids and biomarkers for their excess: lessons from enteral and parenteral nutrition |periódico=J. Nutr. |volume=136 |número=6 Suppl |páginas=1694S–1700S |ano=2006|pmid=16702341}}</ref> Administrar mais destes precursores pode ser útil como parte do tratamento de algumas doenças, como a [[Síndrome do desconforto respiratório do adulto|síndrome do desconforto respiratório]], a subnutrição proteica, ou a prevenção de danos no fígado causada pela sobredosagem de [[paracetamol]].<ref name=Dodd/><ref>{{citar periódico|autor =Wu G, Fang YZ, Yang S, Lupton JR, Turner ND |título=Glutathione metabolism and its implications for health |periódico=J. Nutr. |volume=134 |número=3 |páginas=489–92 |ano=2004 |pmid=14988435}}</ref>

Outros compostos presentes na dieta podem alterar os níveis de antioxidantes agindo como pró-oxidantes. Neste caso, o consumo do composto causa stress oxidativo, ao qual o corpo responde induzindo maiores níveis de defesas antioxidantes, como as enzimas antioxidantes.<ref name=Hail/> Alguns destes compostos, como o [[isotiocianato]] e a [[curcumina]], podem ser agentes de [[Quimioprevenção|quimiopreventivos]] que bloqueiem a transformação de células anómalas em células cancerígenas, ou mesmo que matem as já existentes.<ref name=Hail/><ref>{{citar periódico|autor =Pan MH, Ho CT |título=Chemopreventive effects of natural dietary compounds on cancer development |periódico=Chem Soc Rev |volume=37 |número=11 |páginas=2558–74 |ano=2008 |pmid=18949126 |doi=10.1039/b801558a}}</ref>

== Aplicações tecnológicas ==
=== Conservantes alimentares ===

Os antioxidantes são usados como [[Aditivo alimentar|aditivos alimentares]] na prevenção contra a [[Conservante|deterioração]]. As principais causas de deterioração dos alimentos são a exposição ao oxigénio e à luz solar, pelo que a sua conservação é feita mantendo-os na penumbra e selando-os em recipientes herméticos. No entanto, como o oxigénio é essencial para a [[Respiração (fisiologia)|respiração]] das plantas, conservá-las numa atmosfera [[Respiração anaeróbica|anaeróbica]] dá origem a sabores desagradáveis e cores pouco apelativas.<ref>{{citar periódico|autor =Kader A, Zagory D, Kerbel E |título=Modified atmosphere packaging of fruits and vegetables |periódico=Crit Rev Food Sci Nutr |volume=28 |número=1 |páginas=1–30 |ano=1989 |pmid=2647417 |doi=10.1080/10408398909527490}}</ref> Assim, a embalagem de produtos frescos é feita numa atmosfera protectora que apenas contém cerca de 8% de oxigénio. Os antioxidantes são uma classe especialmente importante de conservantes uma vez que, ao contrário da decomposição pela acção de bactérias ou [[fungo]]s, as reacções de oxidação ocorrem igualmente de forma relativamente rápida nos alimentos congelados ou refrigerados.<ref>{{citar periódico|autor =Zallen E, Hitchcock M, Goertz G |título=Chilled food systems. Effects of chilled holding on quality of beef loaves |periódico=J Am Diet Assoc |volume=67 |número=6 |páginas=552–7 |ano=1975 |pmid=1184900}}</ref> Estes conservantes incluem antioxidantes naturais como o ácido ascórbico (AA, E300) e os tocoferóis (E306), bem como antioxidantes sintéticos como o [[galato de propilo]] (PG, E310), a [[tert-Butilohidroquinona]] (TBHQ), a [[BHA]] (E320) e o [[BHT]] (E321).<ref>{{citar periódico|autor =Iverson F |título=Phenolic antioxidants: Health Protection Branch studies on butylated hydroxyanisole |periódico=Cancer Lett |volume=93 |número=1 |páginas=49–54 |ano=1995 |pmid=7600543 |doi=10.1016/0304-3835(95)03787-W}}</ref><ref>{{citar web|título=E number index |publicado=UK food guide|url=http://www.ukfoodguide.net/enumeric.htm#antioxidants |acessodata=2007-03-05}}</ref>

As moléculas mais frequentemente atacadas pela oxidação são as [[Gordura insaturada|gorduras insaturadas]], tornando-se [[Rancificação|râncidas]].<ref>{{citar periódico|autor =Robards K, Kerr A, Patsalides E |título=Rancidity and its measurement in edible oils and snack foods. A review |periódico=Analyst |volume=113 |número=2 |páginas=213–24 |ano=1988 |pmid=3288002 |doi=10.1039/an9881300213}}</ref> Uma vez que os lípidos oxidados perdem a cor e normalmente apresentam odores desagradáveis como aromas metálicos ou a [[enxofre]], é importante evitar a oxidação em alimentos ricos em gorduras. Assim, estes alimentos raramente são conservados pela secagem, mas sim recorrendo ao [[Defumação|fumeiro]], [[salmoura]] ou [[Fermentação alimentar|fermentação]]. Mesmo os alimentos pobres em gordura como a fruta são esterilizados com antioxidantes antes de serem secos. A oxidação é muitas vezes catalisada pelos metais, sendo por isso que gorduras como a manteiga nunca devem ser envolvidas em [[papel de alumínio]] ou guardadas em recipientes metálicos. Alguns alimentos gordos, como o azeite, estão parcialmente protegidos da oxidação pelos antioxidantes naturais que contêm, mas são na mesma sensíveis à fotooxidação.<ref>{{citar periódico|autor =Del Carlo M, Sacchetti G, Di Mattia C, Compagnone D, Mastrocola D, Liberatore L, Cichelli A |título=Contribution of the phenolic fraction to the antioxidant activity and oxidative stability of olive oil |periódico=J Agric Food Chem |volume=52 |número=13 |páginas=4072–9 |ano=2004 |pmid=15212450 |doi=10.1021/jf049806z}}</ref>

=== Aplicações industriais ===

Os antioxidantes são frequentemente adicionados a produtos industriais. É comum a sua aplicação como [[Aditivo (combustível)|estabilizador]] em [[Combustível|combustíveis]] e [[lubrificante]]s na prevenção da oxidação, e nas gasolinas na prevenção da polimerização que leva à formação de resíduos nos motores.<ref>{{citar periódico|título=Air Oxidation of Hydrocarbons.II. The Stoichiometry and Fate of Inhibitors in Benzene and Chlorobenzene|páginas=3233–7 |doi=10.1021/ja01617a026 |ano=1955 |último1 =Boozer |primeiro1 =Charles E. |último2 =Hammond |primeiro2 =George S. |último3 =Hamilton |primeiro3 =Chester E. |último4 =Sen |primeiro4 =Jyotirindra N. |periódico=Journal of the American Chemical Society |volume=77 |número=12}}</ref> Em 2007, o mercado global para os antioxidantes industriais movimentou um volume total de cerca de 880 mil toneladas, gerando receitas de 2,4 mil milhões de Euros (3,7 mil milhões de dólares).<ref>{{citar web|título= Market Study: Antioxidants |publicado= Ceresana Research]|url = http://www.ceresana.com/en/market-studies/additives/antioxidants/ }}</ref>

São amplamente usados na prevenção de degradação oxidativa de [[polímero]]s como as [[borracha]]s, [[plástico]]s e adesivos, evitando a perda de robustez e flexibilidade.<ref>{{citar web |título=Why use Antioxidants? |publicado=SpecialChem Adhesives |url=http://www.specialchem4adhesives.com/tc/antioxidants/index.aspx?id= |acessodata=2007-02-27 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20070211063739/http://www.specialchem4adhesives.com/tc/antioxidants/index.aspx?id= |arquivodata=2007-02-11 |urlmorta=yes }}</ref> Polímeros com [[Ligação covalente|ligações covalentes]], como a borracha natural e o [[polibutadieno]], são especialmente susceptíveis à oxidação e [[ozonolise]], podendo ser protegidos com  [[antiozonante]]s. Os produtos feitos com polímeros sólidos sofrem rachadelas nas superfícies expostas à medida que o material se degrada e as cadeias moleculares se quebram. A forma como se quebram varia consoante o ataque seja feito pelo oxigénio ou pelo [[ozono]]. O primeiro causa rachadelas aleatórias, enquanto que o ozono produz sulcos mais profundos alinhados com o ângulo da força de tensão do produto. A oxidação e a degradação ultravioleta estão quase sempre ligadas, sobretudo porque a [[radiação ultravioleta]] produz radicais livres ao quebrar as ligações moleculares. Estes radicais reagem com o oxigénio e dão origem a radicais peróxidos que causam ainda mais danos, frequentemente dentro de uma [[reação em cadeia]]. Outros polímeros susceptíveis à oxidação incluem o [[polipropileno]] e o [[polietileno]]. O primeiro é mais sensível devido à presença de [[Carbono secundário|átomos de carbono secundários]] em cada unidade da cadeia. O ataque dá-se neste ponto porque o radical livre que se forma é mais estável do que um formado num [[Carbono primário|átomo primário]]. A oxidação do polietileno ocorre normalmente nos elos mais fracos da cadeia molecular, como as ligações no [[polietileno de baixa densidade]].

{| class="wikitable" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"
|-
!Aditivo combustível
!Componentes<ref name="innospec">{{citar web |título=Fuel antioxidants |publicado=Innospec Chemicals |url=http://www.innospecinc.com/americas/products/fuel_antitoxidants.cfm |acessodata=2007-02-27 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20061015202259/http://www.innospecinc.com/americas/products/fuel_antitoxidants.cfm |arquivodata=2006-10-15 |urlmorta=yes }}</ref>
!Aplicações<ref name="innospec" />
|-
| style="text-align:center;"|AO-22
| style="text-align:center;"|N,N'-di-2-butyl-1,4-phenylenediamine
| style="text-align:center;"|Óleos de turbina, óleos de transformador, [[Fluido hidráulico|fluidos hidráulicos]], [[cera]]s e [[Graxa (Lubrificante)|graxa]]s
|- style="text-align:center;"
||AO-24
||N,N'-di-2-butyl-1,4-phenylenediamine
||Óleos de baixas temperaturas
|- style="text-align:center;"
||AO-29
||2,6-di-tert-butyl-4-methylphenol
||Óleos de turbina, óleos de transformador, fluidos hidráulicos, ceras, graxas e gasolinas
|- style="text-align:center;"
||AO-30
||2,4-dimethyl-6-tert-butylphenol
||[[Combustível de jato|JET]] e gasolinas, incluindo gasolinas para aviação
|- style="text-align:center;"
||AO-31
||2,4-dimethyl-6-tert-butylphenol
||JET e gasolinas, incluindo gasolinas para aviação
|- style="text-align:center;"
||AO-32
||2,4-dimethyl-6-tert-butylphenol and 2,6-di-tert-butyl-4-methylphenol
||JET e gasolinas, incluindo gasolinas para aviação
|- style="text-align:center;"
||AO-37
||2,6-di-tert-butylphenol
||JET e gasolinas, amplamente aprovado para [[Combustível para aviação|combustíveis de aviação]]
|}

{{Referências|col=3}}

== Bibliografia ==
{{refbegin}}
* Nick Lane ''Oxygen: The Molecule That Made the World'' (Oxford University Press, 2003) ISBN 0-19-860783-0
* Barry Halliwell and John M.C. Gutteridge ''Free Radicals in Biology and Medicine''(Oxford University Press, 2007) ISBN 0-19-856869-X
* Jan Pokorny, Nelly Yanishlieva and Michael H. Gordon ''Antioxidants in Food: Practical Applications'' (CRC Press Inc, 2001) ISBN 0-8493-1222-1
{{refend}}

==Ligações externas==
{{Commonscat|Antioxidants}}
*{{link|en|http://ods.od.nih.gov/index.aspx|3=U.S. National Institute Health, Office on Dietary Supplements}}
*{{link|en|http://www.nlm.nih.gov/medlineplus/antioxidants.html|3=MedlinePlus: Antioxidants}}

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{{Portal3|Química|Bioquímica|Farmácia}}
{{Controle de autoridade}}
{{artigo destacado}}
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[[Categoria:Antioxidantes]]
[[Categoria:Aditivos alimentares]]
[[Categoria:Nutrição]]