Mostrar código-fonte de Blaise Pascal (filme)

{{Info/Filme
 |nome                  = Blaise Pascal
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 |título-or             = Blaise Pascal
 |imagem                = [[Ficheiro:Capa do DVD de Blaise Pascal lançado pela Versátil Home Video.jpg]]
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 |imagem_legenda        = Capa do DVD lançado pela [[Versátil Home Video]]
 |país                  = [[Itália]]/[[França]]
 |ano                   = [[1972]]
 |cor-pb                = Cor
 |duração               = 135
 |direção               = [[Roberto Rossellini]]
 |produção              = Roberto Rossellini<br />[[Renzo Rossellini]]
 |roteiro               = Marcela Mariani<br />Roberto Rossellini<br />Renzo Rossellini<br />Luciano Schaffa<br />[[Jean-Dominique de La Rochefoucauld]]
 |elenco                = [[Pierre Arditi]]<br />Rita Forzano<br />Giuseppe Addobbati<br />Christian De Sica<br />Livio Galassi<br />Bruno Cattaneo
 |gênero                = [[Cinebiografia]]
 |tipo                  = 
 |idioma                = Italiano/Francês
 |música                = Mario Nascimbene
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 |diretor de fotografia = Mario Fioretti
 |figurino              = Marcella de Marchis
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 |estúdio               = Orizzonte 2000<br />[[RAI]]<br />[[ORTF]]
 |distribuição          = Radiotelevisione Italiana
 |lançamento            = [[16 de maio]] de [[1972]]<br />Itália
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 |código-IMDB           = ID 0066839
}}
'''''Blaise Pascal'''''<ref>[https://www.dvdversatil.com.br/blaise-pascal/ Distribuidora Versátil Home Video (Brasil)]</ref><ref>[https://cinecartaz.publico.pt/Filme/348090_blaise-pascal Cinecartaz (Portugal)]</ref> é um [[telefilme]] franco-italiano dramático [[Biografia|biográfico]] de 1972 dirigido por [[Roberto Rossellini]], em uma coprodução [[RAI]]-[[ORTF]].<ref>
{{citar periódico |último=CRUCHINHO|primeiro=Fausto|data=2007|título=A televisão de Roberto Rossellini|url=https://digitalis.uc.pt/pt-pt/artigo/televis%C3%A3o_de_roberto_rossellini|periódico=Revista Estudos do Século XX|número=07|doi=10.14195/1647-8622_7_18}}</ref> Acompanha a trajetória do matemático, filósofo, teólogo, inventor e físico [[Blaise Pascal]], dos seus 17 anos até sua morte, demonstrando a formação de seu pensamento científico e teológico, suas invenções e formulações, e sua relação com o [[jansenismo]].  Faz parte de um série de telefilmes histórico-didáticos realizados pelo diretor e é o segundo a tratar de um filósofo; precedido apenas por [[Sócrates (1971)|''Sócrates'']], transmitido em 1971.<ref name="filmografia">[https://www.imdb.com/name/nm0744023/#director Filmografia de Roberto Rossellini] {{en}}. [[IMDb]]</ref>

É um longa-metragem biográfico parte da tetralogia sobre [[filósofos]], “[[Os Filósofos]]” que incluem as cine-biografias de: [[Sócrates (1971)|Sócrate]], [[Agostinho de Hipona#Cultura popular|Agostinho]] e [[Cartesius (filme)|Descartes]].<ref name=":2">{{Citar web|url=https://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq2405200912.htm|titulo=DVDs/Crítica: Em cinebiografia de Descartes, Rossellini fala para iniciados -|data=24/05/2009|acessodata=2023-02-17|website=Jornal Folha de S.Paulo}}</ref>

== Sinopse ==
Nesta obra menos conhecida de [[Rossellini]], organizada de forma episódica, acompanhamos a trajetória de [[Blaise Pascal]], dos 17 anos até sua morte precoce, mostrando seus célebres estudos de Matemática e Geometria, incluindo a criação da primeira calculadora mecânica; seus trabalhos revolucionários sobre o vácuo, os fluidos e a pressão atmosférica; sua relação com o Jansenismo e a concepção de suas principais obras filosófico-religiosas, envolvendo, frequentemente, diálogos com inúmeros pensadores.

== Enredo ==
O jovem Blaise Pascal, nascido na França em [[1623]], é um estudioso muito habilidoso e inteligente que vive do estudo dos princípios da matemática e da [[mecânica]] já introduzidos por [[René Descartes]], o inventor do [[plano cartesiano]] e superior. Pascal publica como seu primeiro trabalho um ensaio sobre geometria e matemática, no qual explica as cônicas que formariam uma estrela não de cinco, mas de seis pontas. No entanto, Pascal não é totalmente compreendido por seus pares, devido ao seu gênio precoce.

Com a saúde muito debilitada, Pascal passa a maior parte dos dias na cama com febre, quando se depara com um grupo de pensadores de uma nova filosofia que ajudaria seu pai após uma brusca queda: o [[Jansenismo]], nascido de [[Jansênio]]. Blaise Pascal fica impressionado com as teorias jansenistas ao saber que eles se declaram membros de um círculo fechado ordenado por Deus que teria a tarefa de espalhar o conhecimento para o mundo, enquanto, até então, via a Igreja apenas um conforto que explorava os mais pobres e ignorantes.

Até aquele momento, Pascal havia concebido [[Deus]] como algo impalpável e superior que teria gerado o mundo, os planetas e tudo o que o homem conhece graças, também, às recentes descobertas científicas. Depois de dois anos, em 1653, Pascal teve uma visão durante uma noite em que Deus aparecia a ele e lhe dizia para divulgar suas leis e regras escritas na [[Bíblia]]. Pascal, então, analisa os princípios e principais sermões de [[João Batista]] e [[Isaías]] que anunciam a chegada de [[Jesus]] e ameaçam o Castigo Eterno para aqueles que não respeitam as leis de Deus.

Partindo da ideia de difundir o jansenismo, Pascal aproveita para refletir também sobre a alma humana e sobre a complexidade das ideias de cada um, concluindo que Descartes havia usado Deus apenas para dar origem aos seus princípios a serem tratados na mecânica. Segundo Pascal, a alma humana, junto com o seu pensamento, está sempre perturbada e dividida nos caminhos certos a seguir para chegar à Verdade. O espírito é sempre caracterizado por uma busca interior e, sobretudo, dividido pela filosofia. Pascal afirma em sua mais recente e importante obra que esse
pensamento pode ser concebido tanto do ponto de vista católico quanto do científico para a busca de descobertas. Pascal morre aos 39 anos, dez anos depois de sua "conversão".

== Elenco ==
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* [[Pierre Arditi]] — [[Blaise Pascal]]<ref name="elenco">[http://www.imdb.com/title/tt0066839/fullcredits?ref_=tt_cl_sm#cast Elenco de Blaise Pascal] {{en}}. [[IMDb]]. Consultado em 17 de julho de 2021.</ref>
* Rita Forzano — Jacqueline Pascal<ref name="elenco"/>
* [[Giuseppe Addobbati]] — [[Étienne Pascal]]<ref name="elenco"/>
* Christian De Sica — Luogotenente criminale<ref name="elenco"/>
* Livio Galassi — Jacques, o criado<ref name="elenco"/>
* Bruno Cattaneo — Adrien Dechamps<ref name="elenco"/>
* Giuseppe Mannajuolo — Florin Perrier<ref name="elenco"/>
* Marco Bonetti — Artus Goufier, duque de Roannes<ref name="elenco"/>
* Teresa Ricci — Gilberte Pascal<ref name="elenco"/>
* Christian Aligny — Jean Dechamps<ref name="elenco"/>
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* Bernard Rigal — Cancelliere Séguier<ref name="elenco"/>
* Melù Valente — Charlotte Roannes<ref name="elenco"/>
* Lucio Rama — Moulinet<ref name="elenco"/>
* Mario Bardelli — matemático Pierre Petit<ref name="elenco"/>
* Claude Baks — [[René Descartes]]<ref name="elenco"/>
* Anne Caprile — Michéle Martin, criada de Moulinet<ref name="elenco"/>
* Edda Soligo — Madre Superiora Angelica<ref name="elenco"/>
* Tullio Valli — Abate Marin Marsenne<ref name="elenco"/>
* Jean-Dominique de la Rochefoucauld — Padre Noel<ref name="elenco"/>
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== Produção e distribuição ==
=== Antecedentes ===
[[Rossellini]], especialmente a partir dos anos 1960, vinha se sentindo insatisfeito com o cinema, a arte e o mundo contemporâneo e via na televisão uma ferramenta para espalhar educação para milhões de pessoas; ajudando a criar, assim, uma sociedade mais "iluminada".<ref>{{citar livro |ultimo=ROSSELLINI|primeiro=Roberto|data=1975|titulo=Utopia Autopsia <math>10^{10}</math>|local=Barcelona|editora=Dopesa||isbn=84-7235-217-X}}</ref> Para que o diretor alcançasse seu objetivo, em sua opinião, seria necessário realizar obras televisivas que rompessem com as tradições cinematográficas até então estabelecidas e criar uma linguagem simples e didática, própria para o então novo meio.<ref>{{citar livro |ultimo=CRAMER|primeiro= Michael|data=2017|titulo=Utopian Television: Rossellini, Watkins, and Godard beyond Cinema|local=Minneapolis|editora=University of Minnesota Press|pagina=8|isbn=978-1-5179-0038-0}}</ref> Além disso, via o retrato de figuras e momentos históricos, especialmente relacionados ao desenvolvimento da ciência e da filosofia, como a "cura" dos males que afligiam o homem moderno.<ref>{{citar livro |ultimo=APRÀ|primeiro=Adriano|data=2007|titulo=Roberto Rossellini e o cinema revelador|local=Lisboa|editora=Cinemateca Portuguesa|pagina=428 e 429}}</ref> A produção e distribuição dos filmes contou, em sua maioria, com as emissoras [[ORTF]] e, principalmente, [[RAI]], as quais, devido ao seu monopólio na televisão francesa e italiana, respectivamente, e seu caráter estatal, possibilitavam que sua programação fosse voltada essencialmente à educação e cultura.<ref name="La television">{{citar livro|ultimo=APRÀ|primeiro=Adriano|data=2005|titulo=La télévision comme utopie|local=Paris|editora=Cahiers du Cinema|pagina=103}}</ref> Por conseguinte, ao longo de um pouco mais de dez anos, Rossellini realizou 8 filmes e 4 seriados histórico-pedagógicos transmitidos pela televisão italiana e, também pela televisão francesa.<ref name="filmografia" />

=== Estilo ===
A ênfase de Rossellini em abordar a história era a de mostrar a evolução do pensamento e das ideias.<ref>{{citar revista |último=8 GALLAGHER|primeiro=Tag|último2=HUGHES|primeiro2=John|data=abril de 1974|título=Where are we going? |revista=Changes|número=87|páginas=243}}</ref> Ele queria apresentar a história de indivíduos que realizaram gestos de liberdade e que foram contra estruturas rígidas do pensamento de suas épocas.<ref>{{citar revista |ultimo=ROSSELLINI|primeiro=Roberto|data=2 de julho de 1977|titulo=I believe in this|url= |revista=The New Republic|local=Nova York|}}</ref> Não queria focar no grandiosismo de figuras históricas, mas, sim, em sua fragilidades — os "heróis" são representados como pessoas comuns e há sempre a ênfase no cotidiano, nas pequenas ações.<ref name="cahiers">{{citar revista |ultimo=COLLET|primeiro=Jean|ultimo2=PHILLIPE|primeiro2=Claude-Jean|data=outubro de 1966|titulo=Roberto Rossellini: La prise du pouvoir par Louis XIV|revista=Cahiers du Cinèma|número=183|páginas=16-19}}</ref> Almejava, também, evitar um olhar ideológico frente ao passado e, para tal, preferia tratar da história distante, uma história fria.<ref name="cahiers" />

[[Ficheiro:Tratamento da perna do pai de Blaise Pascal.jpg|miniaturadaimagem|Ênfase no cotidiano e na evolução da ciência: a perna de [[Étienne Pascal]] é tratada com ervas mastigadas.]]

Inspirado pela pedagogia do pensador checo [[Comenius]], que dava espaço especial à imagem no processo educativo, Rossellini formulou seus objetivos e mecanismos didáticos de seus filmes históricos. Pretendia aliar o olhar livre dos vícios da linguagem cinematográfica, de um público ainda não familiarizado com a programação televisa nascente, a uma "imagem essencial". Uma imagem que deveria ser simples na sua composição, porém rica e complexa nas suas informações, contendo inúmeras mensagens que agiriam no interior de cada um. Não queria apenas relatar o passado e descrever seus pensamentos, queria filmar diretamente uma ideia.<ref>{{citar livro |ultimo=ROSSELINI|primeiro=ROBERTO|data=2001|titulo=Un espíritu libre no debe aprender como esclavo|local=Barcelona|editora=Ediciones Paidós Ibérica|isbn=978-8425209383}}</ref>

Como Rossellini tentava traduzir suas utopias de forma pragmática à tela, sempre partindo da economia de recursos, algumas escolhas foram tomadas: uso da [[lente Pancinor]],<ref>{{citar livro|ultimo=KINGSLAKE|primeiro=Rudolf|data=1989 |titulo=A history of the photographic lens|local=San Diego|editora=Academic Press Inc.|pagina=156-157|isbn=978-0124086401}}</ref> lente zoom desenvolvida pelo próprio Rossellini; do [[plano-sequência]],<ref name="La television" /> contendo, em um único take, inúmeras mensagens e informações; enquadramento frontal, na altura dos olhos, que mostra o corpo inteiro; simplicidade da forma narrativa,<ref name="apra">{{citar livro|ultimo=APRÀ|primeiro=Adriano|data=2005|titulo=My Method: Writings and Interviews|local=New York|editora=Marsilio Publishers|pagina=167|isbn=978-0941419642}}</ref> episódica e linear, retirando tensão e o suspense, evitando a espetacularização e dando ênfase às pequenas ações; dublagem e o uso de atores amadores ou não-atores, evitando os vícios da dramatização excessiva que um ator profissional normalmente carrega consigo.<ref name="apra" />

== Recepção ==
=== Público ===
''Blaise Pascal'' obteve cerca de 16 milhões de espectadores em sua transmissão pela [[RAI]] e, após a exibição, a emissora realizou uma enquete com o público perguntando sua opinião sobre o filme. Pouco mais de 59% afirmaram que gostaram do que assistiram, porém, antes da transmissão, apenas 1% dizia saber quem era Blaise Pascal, enquanto que, depois da transmissão, o número subiu para 45%. As vendas de livros sobre o filósofo também cresceram.<ref>{{citar livro|ultimo=GALLAGHER|primeiro=Tag|data=1998|titulo=The Adventures of Roberto Rossellini: His life and films|local=New York|editora=Dacapo Press|isbn=978-0306808739}}</ref>

=== Crítica ===
Os filmes históricos de Rossellini são, ainda hoje, pouco discutidos. Dentre suas principais razões, destacam-se a dificuldade de acesso às cópias, o preconceito que muitos críticos ainda possuem em relação à produções televisivas e à desconexão da crítica cinematográfica com o trabalho de Rossellini para a televisão.<ref>{{citar livro |ultimo=APRÀ|primeiro=Adriano|data=2007|titulo=Roberto Rossellini e o cinema revelador|local=Lisboa|editora=Cinemateca Portuguesa|pagina=427}}</ref> No entanto, o restauro e relançamento dessa parte da obra <ref>[https://www.criterion.com/boxsets/582-eclipse-series-14-rossellini-s-history-films-renaissance-and-enlightenment Rossellini’s History Films—Renaissance and Enlightenment]</ref> e a realização de mostras desses filmes<ref>[https://iiclisbona.esteri.it/iic_lisbona/pt/gli_eventi/calendario/rossellini-e-il-cinema-rivelatore.html Retrospectiva integral dos filmes de Rossellini na Cinemateca Portuguesa]</ref> permitem novos olhares e reavaliações desse período da carreira do diretor italiano.

{{Referencias|col=2}}

{{Filosofia da ciência}}
{{Filosofia medieval}}
{{História da ciência}}
{{Portal3|história da ciência|biografias|matemática|filosofia|frança|entretenimento|arte}}
{{Controle de autoridade}}

[[Categoria:Filmes da Itália de 1972]]
[[Categoria:Filmes dirigidos por Roberto Rossellini]]
[[Categoria:Telefilmes biográficos]]
[[Categoria:Telefilmes de drama biográfico da Itália]]
[[Categoria:Representações culturais de Sócrates]]
[[Categoria:Representações culturais de Platão]]
[[Categoria:Filmes em língua italiana]]
[[Categoria:Cinebiografias de filósofos]]