Mostrar código-fonte de Energia de fusão

[[Ficheiro:The_JET_magnetic_fusion_experiment_in_1991.jpg|miniaturadaimagem| O experimento de fusão magnética Joint European Torus (JET) em 1991]]
'''Energia de fusão''' é uma forma proposta de [[Geração de eletricidade|geração de energia]] que geraria [[eletricidade]] usando o calor das [[Fusão nuclear|reações de fusão nuclear]]. Em um processo de fusão, dois [[Núcleo atómico|núcleos atômicos]] mais leves se combinam para formar um núcleo mais pesado, enquanto liberam energia. Dispositivos projetados para aproveitar essa energia são conhecidos como reatores de fusão.<ref>{{cite web|url=http://www.world-nuclear.org/info/Current-and-Future-Generation/Nuclear-Fusion-Power|title=Nuclear Fusion : WNA|website=world-nuclear.org|date=Novembro de 2015|access-date=2015-07-26|archive-url=https://web.archive.org/web/20150719060659/http://www.world-nuclear.org/info/current-and-future-generation/nuclear-fusion-power/|archive-date=2015-07-19|urlmorta=dead}}</ref> 

Os processos de fusão requerem combustível e um ambiente confinado com [[temperatura]], [[pressão]] e tempo de confinamento suficientes para criar um [[plasma]] no qual a fusão possa ocorrer. A combinação desses fatores que resulta em um sistema produtor de energia é conhecida como [[Critério Lawson|critério de Lawson]]. Nas [[Estrela|estrelas]], o combustível mais comum é o [[Hidrogénio|hidrogênio]], e a [[gravidade]] proporciona tempos de confinamento extremamente longos que atingem as condições necessárias para a produção de energia de fusão. Os reatores de fusão propostos geralmente usam [[Isótopo|isótopos]] de hidrogênio pesados, como [[deutério]] e [[trítio]] (e especialmente uma mistura dos dois), que reagem mais facilmente do que o [[Isótopos do hidrogénio|prótio]] (o isótopo de hidrogênio mais comum), para permitir que eles atinjam os requisitos do critério de Lawson com condições menos extremas . A maioria dos projetos visa aquecer seu combustível a cerca de 100 milhões de graus, o que representa um grande desafio na produção de um projeto bem-sucedido.

Como fonte de energia, espera-se que a fusão nuclear tenha muitas vantagens sobre a [[Fissão nuclear|fissão]], como [[radioatividade]] reduzida em operação e poucos [[Resíduo radioativo|resíduos nucleares]] de alto nível, amplo suprimento de combustível e maior segurança. No entanto, a combinação necessária de temperatura, pressão e duração provou ser difícil de produzir de maneira prática e econômica. Uma segunda questão que afeta reações comuns é o gerenciamento de [[Nêutron|nêutrons]] que são liberados durante a reação, que ao longo do tempo degradam muitos materiais comuns usados na câmara de reação.

Os pesquisadores da fusão investigaram vários conceitos de confinamento. A ênfase inicial estava em três sistemas principais: [[z-pinch]], [[stellarator]] e [[espelho magnético]]. Os projetos líderes atuais são o [[tokamak]] e o [[confinamento inercial]] (ICF) por [[laser]]. Ambos os projetos estão sob pesquisa em escalas muito grandes, principalmente o [[ITER]] tokamak na França e o laser National Ignition Facility (NIF) nos Estados Unidos. Os pesquisadores também estão estudando outros projetos que podem oferecer abordagens mais baratas. Entre essas alternativas, há crescente interesse na fusão de alvos magnetizados e [[confinamento eletrostático inercial]], e novas variações do stellarator.

== Contexto ==
[[Ficheiro:Sun_in_X-Ray.png|miniaturadaimagem|O [[Sol]], como outras [[Estrela|estrelas]], é um reator de fusão natural, onde a [[nucleossíntese estelar]] transforma elementos mais leves em elementos mais pesados com a liberação de energia.]]
[[Ficheiro:Binding_energy_curve_-_common_isotopes.svg|miniaturadaimagem| [[Energia de ligação]] para diferentes [[Núcleo atómico|núcleos atômicos]]. Ferro-56 tem o mais alto, tornando-o o mais estável. Os núcleos à esquerda tendem a liberar energia quando se fundem ([[Fusão nuclear|fusão]]); os da extrema direita provavelmente serão instáveis e liberarão energia quando se dividirem ([[Fissão nuclear|fissão]]).]]

=== Mecanismo ===
{{AP|Fusão nuclear}}
As reações de fusão ocorrem quando dois ou mais núcleos atômicos se aproximam o suficiente por tempo suficiente para que a [[força nuclear]] que os une exceda a [[Lei de Coulomb|força eletrostática]] que os separa, fundindo-os em núcleos mais pesados. Para núcleos mais pesados que o ferro-56, a reação é endotérmica, exigindo um aporte de energia.<ref>{{Citar web|url=http://hyperphysics.phy-astr.gsu.edu/hbase/nucene/nucbin.html#c2|titulo=Fission and fusion can yield energy|acessodata=30 de outubro de 2014|publicado=Hyperphysics.phy-astr.gsu.edu}}</ref> 

A [[força forte]] atua apenas em distâncias curtas (no máximo um [[femtômetro]], o diâmetro de um próton ou nêutron), enquanto a força eletrostática repulsiva entre os núcleos atua em distâncias maiores. Para sofrer a fusão, os átomos de combustível precisam receber energia cinética suficiente para se aproximarem o suficiente para que a força forte supere a repulsão eletrostática. A quantidade de [[energia cinética]] necessária para aproximar os átomos do combustível é conhecida como a "[[barreira de Coulomb]]". As maneiras de fornecer essa energia incluem acelerar os átomos em um [[acelerador de partículas]] ou aquecê-los a altas temperaturas.

Uma vez que um átomo é aquecido acima de sua energia de [[ionização]], seus [[Elétron|elétrons]] são removidos, deixando apenas o núcleo nu. Esse processo é conhecido como [[ionização]] e o núcleo resultante é conhecido como [[íon]]. O resultado é uma nuvem quente de íons e elétrons livres anteriormente ligados a eles conhecida como [[plasma]]. Como as cargas são separadas, os plasmas são eletricamente condutores e controláveis magneticamente. Muitos dispositivos de fusão aproveitam isso para confinar as partículas à medida que são aquecidas.

=== Seção de choque ===
[[Ficheiro:Fusion_rxnrate.svg|ligação=//upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/d/d0/Fusion_rxnrate.svg/330px-Fusion_rxnrate.svg.png|direita|miniaturadaimagem| A taxa de reação de fusão aumenta rapidamente com a temperatura até maximizar e depois diminui gradualmente. A taxa de fusão deutério-trítio atinge o pico a uma temperatura mais baixa (cerca de 70 keV, ou 800 milhões de kelvin) e em um valor mais alto do que outras reações comumente consideradas para energia de fusão.]]
A [[seção de choque]] de uma reação, denotada σ, mede a probabilidade de que uma reação de fusão aconteça. Isso depende da velocidade relativa dos dois núcleos. Velocidades relativas mais altas geralmente aumentam a probabilidade, mas a probabilidade começa a diminuir novamente em energias muito altas.<ref name="osti.gov">{{Citar relatório|url=https://digital.library.unt.edu/ark:/67531/metadc872035/|titulo=Fusion cross sections and reactivities|ultimo=Miley|primeiro=G.H.|ultimo2=Towner|primeiro2=H.|data=1974-06-17|doi=10.2172/4014032|osti=4014032|ultimo3=Ivich|primeiro3=N.|tipo=Technical Report|via=Osti.gov}}</ref>

Em um plasma, a velocidade das partículas pode ser caracterizada usando uma [[distribuição de probabilidade]] . Se o plasma é [[Termalização|termalizado]], a distribuição se parece com uma [[Função de Gauss|curva de Gauss]], ou [[distribuição de Maxwell-Boltzmann]]. Nesse caso, é útil usar a seção transversal média das partículas sobre a distribuição de velocidade. Isso é inserido na taxa de fusão volumétrica:<ref name="Lawson">{{Citar periódico |titulo=Some Criteria for a Power Producing Thermonuclear Reactor |data=1 de dezembro de 1956 |publicado=IOP Publishing |número=1 |ultimo=Lawson |primeiro=J D |paginas=6–10 |doi=10.1088/0370-1301/70/1/303 |issn=0370-1301 |volume=70 |journal=Proceedings of the Physical Society. Section B}}</ref>

: <math>P_\text{fusão} = n_A n_B \langle \sigma v_{A,B} \rangle E_\text{fusão}</math>

Onde:

* <math>P_\text{fusão}</math> é a energia produzida por fusão, por tempo e volume
* ''n'' é a densidade numérica de A ou B, das partículas no volume
* <math>\langle \sigma v_{A,B} \rangle</math> é a seção transversal dessa reação, média de todas as velocidades dos dois ''v''
* <math>E_\text{fusão}</math> é a energia liberada por essa reação de fusão.

=== Critério Lawson ===
O [[Critério Lawson|critério de Lawson]] mostra como a produção de energia varia com a temperatura, densidade, velocidade de colisão para qualquer combustível. Essa equação foi central para a análise de John Lawson da fusão trabalhando com um plasma quente. Lawson assumiu um [[Primeira lei da termodinâmica|balanço de energia]], mostrado abaixo.<ref name="Lawson"/>

: <math>P_\text{fora} = \eta_\text{captura}\left(P_\text{fusão} - P_\text{condução} - P_\text{radiação}\right)</math>

Onde:

* <math>P_\text{fora}</math> é a potência líquida da fusão
* <math>\eta_\text{captura}</math> é a eficiência de capturar a saída da fusão
* <math>P_\text{fusão}</math> é a taxa de energia gerada pelas reações de fusão
* <math>P_\text{condução}</math> é a perda de condução à medida que a massa energética deixa o plasma
* <math>P_\text{radiação}</math> é as perdas de radiação à medida que a energia sai como luz.

Nuvens de plasma perdem energia por [[Condução térmica|condução]] e [[radiação]].<ref name="Lawson"/> A condução ocorre quando [[Íon|íons]], [[Elétron|elétrons]] ou [[Partícula neutra|partículas neutras]] impactam outras substâncias, normalmente uma superfície do dispositivo, e transferem uma parte de sua energia cinética para os outros átomos. A radiação é a energia que deixa a nuvem na forma de luz. A radiação aumenta com a temperatura. As tecnologias de energia de fusão devem superar essas perdas.

=== Produto triplo: densidade, temperatura, tempo ===
[[Ficheiro:Fusion_Triples_2021.png|ligação=//upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/3/3c/Fusion_Triples_2021.png/330px-Fusion_Triples_2021.png|alt=Fusion trapping (left) against temperature (bottom) for various fusion approaches as of 2021, assuming DT fuel.|miniaturadaimagem| Aprisionamento de fusão (esquerda) contra temperatura (abaixo) para várias abordagens de fusão a partir de 2021, assumindo combustível DT<ref>Wurzel, Samuel E., and Scott C. Hsu. "Progress toward fusion energy breakeven and gain as measured against the Lawson criterion." arXiv preprint arXiv:2105.10954 (2021).</ref> ]]
O [[Critério Lawson|critério de Lawson]] argumenta que uma máquina contendo um plasma termalizado e quase [[Partícula neutra|neutro]] deve gerar energia suficiente para superar suas perdas de energia. A quantidade de energia liberada em um determinado volume é uma função da temperatura e, portanto, a [[taxa de reação]] por partícula, a densidade de partículas dentro desse volume e, finalmente, o tempo de confinamento, o tempo que a energia permanece dentro do volume.<ref name="Lawson"/><ref>{{Citar web|url=http://www.efda.org/2013/02/triple-product/|titulo=Lawson's three criteria|data=25 de fevereiro de 2013|acessodata=2014-08-24|publicado=EFDA|arquivourl=https://web.archive.org/web/20140911210243/http://www.efda.org/2013/02/triple-product/|arquivodata=2014-09-11|urlmorta=dead}}</ref> Isso é conhecido como o "produto triplo": a densidade do plasma, a temperatura e o tempo de confinamento.<ref>{{Citar web|url=http://www.efda.org/glossary/triple-product/|titulo=Triple product|data=2014-06-20|acessodata=2014-08-24|publicado=EFDA|arquivourl=https://web.archive.org/web/20140911205015/http://www.efda.org/glossary/triple-product/|arquivodata=2014-09-11|urlmorta=dead}}</ref>

No confinamento magnético, a densidade é baixa, da ordem de um "bom vácuo". Por exemplo, no dispositivo [[ITER]] a densidade do combustível é de cerca de 1,0 x 10<sup>19</sup> m<sup>-3</sup>, que é cerca de um milionésimo de densidade atmosférica.<ref>{{Citar web|ultimo=Chiocchio|primeiro=Stefano|url=https://accelconf.web.cern.ch/e06/TALKS/FRYCPA01_TALK.PDF|titulo=ITER and the International ITER and the International Scientific Collaboration}}</ref> 

Em contraste, os sistemas de confinamento inercial aproximam-se de valores de produto triplo úteis por meio de densidade mais alta e têm intervalos de confinamento curtos. 

=== Captação de energia ===
Várias abordagens foram propostas para capturar a energia que a fusão produz. O mais simples é aquecer um fluido. A reação DT comumente direcionada libera grande parte de sua energia como nêutrons em movimento rápido. Eletricamente neutro, o [[nêutron]] não é afetado pelo esquema de confinamento. Na maioria dos projetos, ele é capturado em uma espessa "cobertura" de [[lítio]] ao redor do núcleo do reator. Quando atingido por um nêutron de alta energia, a cobertura aquece. Em seguida, é resfriado ativamente com um fluido de trabalho que aciona uma turbina para produzir energia.

Outro projeto propôs usar os nêutrons para produzir combustível de fissão em um manto de [[Resíduo radioativo|lixo nuclear]], um conceito conhecido como híbrido de fissão-fusão. Nesses sistemas, a saída de energia é aumentada pelos eventos de fissão e a energia é extraída usando sistemas como os dos reatores de fissão convencionais.<ref>{{Citar web|url=https://life.llnl.gov/|titulo=Laser Inertial Fusion Energy|acessodata=2014-08-24|publicado=Life.llnl.gov|arquivourl=https://web.archive.org/web/20140915170021/https://life.llnl.gov/|arquivodata=2014-09-15|urlmorta=dead}}</ref>

Projetos que usam outros combustíveis, notadamente a reação de [[fusão aneutrônica]] próton-boro, liberam muito mais de sua energia na forma de partículas carregadas. Nesses casos, são possíveis sistemas de extração de energia baseados na movimentação dessas cargas. A conversão direta de energia foi desenvolvida no [[Laboratório Nacional Lawrence Livermore]] (LLNL) na década de 1980 como um método para manter uma tensão diretamente usando produtos de reação de fusão. Isso demonstrou uma eficiência de captura de energia de 48%.<ref name="ReferenceA">{{Citar periódico |titulo=Experimental results from a beam direct converter at 100 kV |publicado=Springer Science and Business Media LLC |número=2 |ultimo=Barr |primeiro=W. L. |ultimo2=Moir |primeiro2=R. W. |ano=1982 |paginas=131–143 |bibcode=1982JFuE....2..131B |doi=10.1007/bf01054580 |issn=0164-0313 |ultimo3=Hamilton |primeiro3=G. W. |volume=2 |journal=Journal of Fusion Energy}}</ref>

==Projetos em andamento==
Existem diversos projetos em andamento ao redor do mundo, com a finalidade de obter o domínio da tecnologia de fusão nuclear para fins de geração controlada de energia elétrica.

Um dos projetos em andamento é o [[ITER]] (''International Thermonuclear Experimental Reactor''), baseado na tecnologia do [[Tokamak]], que deverá gerar cerca de 500 [[Watt#Múltiplos e submúltiplos|MW]]. O financiamento internacional deste projeto, cuja conclusão está prevista para 2025, ultrapassa a barreira dos 20 bilhões de [[euro]]s.<ref>{{citar web |url=http://agencia.fapesp.br/modelo_prediz_cenarios_para_geracao_de_energia_por_meio_da_fusao_nuclear/26947/ |título=Modelo prediz cenários para geração de energia por meio da fusão nuclear |autor=ARANTES, José Tadeu |data=5 de janeiro de 2018 |acessodata=5 de janeiro de 2018 |publicado=Agência FAPESP}}</ref> 

No Brasil e em [[Portugal]] também há laboratórios e experimentos destinados ao estudo dos potenciais proporcionados pela fusão termonuclear. O [[INPE]], através do Laboratório Associado de Plasmas, possui o [[Experimento Tokamak Esférico]] totalmente projetado e construído no Brasil,<ref>{{citar web|url=http://www.lap.inpe.br/atividadesP-D/fusao/|titulo=Tokamaks Esféricos (Fusão)|data=12 de junho de 2018|acessodata=20 março de 2019|publicado=Laboratórios Associados de Plasma - INPE|ultimo=|primeiro=}}</ref> e tem atuado em cooperação com outras instituições, como a [[Comissão Nacional de Energia Nuclear]]. Além disso, algumas universidades também operam experimentos nessa área como na [[Instituto de Física da Universidade de São Paulo|Universidade de São Paulo]], [[Instituto de Física Gleb Wataghin|Unicamp]] e [[Universidade Federal do Rio Grande]], por exemplo (com o país possuindo, ao todo, três tokamaks).<ref>{{citar web|url=http://www.inpe.br/noticias/noticia.php?Cod_Noticia=877|titulo=Rede pesquisará fusão nuclear para gerar energia limpa |data=10 de novembro de 2006|acessodata=20 março de 2019|publicado=[[INPE]]|ultimo=|primeiro=}}</ref> Além de ser parte no acordo para o ITER, o mais ambicioso projeto científico mundial para estudar a fusão nuclear, Portugal possui experimentos no [[Instituto Superior Técnico]], com esforços também direcionados ao tokamak ISTTOK, próprio da instituição. 

Uma descoberta do físico [[Vinícius Njaim Duarte]] (por meio de pesquisa conjunta entre [[USP]] e [[Universidade de Princeton]]) descreve como as interferências das [[Onda de Alfvén|ondas de Alfvén]] sobre plasma prejudicam a autossustentabilidade da fusão.<ref name="Vinícius Njaim Duarte">{{citar web|url=https://jornal.usp.br/ciencias/ciencias-exatas-e-da-terra/descoberta-sobre-ondas-e-passo-rumo-a-reator-nuclear-limpo-e-eficiente/|titulo=Descoberta sobre ondas é passo rumo a reator nuclear limpo e eficiente.|data=5 de fevereiro de 2018|acessodata=14 de junho de 2019|publicado=Jornal da [[USP]]|ultimo=Crevilari|primeiro= Vinicius}}</ref> As conclusões deste estudo foram publicados pela [[revista científica]] ''[[Physics of Plasmas]]'' em Dezembro de 2017.<ref>{{citar web|URL=https://aip.scitation.org/doi/10.1063/1.5007811|título=Theory and observation of the onset of nonlinear structures due to eigenmode destabilization by fast ions in tokamaks|autor=V. N. Duarte, H. L. Berk, N. N. Gorelenkov, W. W. Heidbrink, G. J. Kramer, R. Nazikian, D. C. Pace, M. Podestà & M. A. Van Zeeland|data=12 de dezembro de 2017|publicado=Physics of Plasmas 24 {{en}}|acessodata=14 de junho de 2019}}</ref> A descoberta de Duarte, abre a possibilidade para o projeto de tokamaks plenamente funcionais e eficientes e, também, pode contribuir para o projeto ITER.<ref name="Vinícius Njaim Duarte"/>

Outras abordagens alternativas para tentar chegar ao domínio da fusão nuclear são estudadas por diversos cientistas. Alguns exemplos são a tecnologia de ''[[focus fusion]]'', desenvolvida pelo físico Eric Lerner;; a fusão por pressão pneumática desenvolvida por Randy Curry<ref>{{citar web|url=http://munews.missouri.edu/news-releases/2013/0415-plasma-device-developed-at-mu-could-revolutionize-energy-generation-and-storage/|título=Plasma Device Developed at MU Could Revolutionize Energy Generation and Storage|autor=Timothy Wall|publicado=[[Universidade de Missouri]]|acessodata=16 de junho de 2013|língua=en}}</ref> e a fusão por bolhas (''[[sonofusão]]'');<ref>[http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=010115060131#.VsujSeaE21s Inovação Tecnológica] - ''Sonofusão produz fusão nuclear sem fonte externa de nêutrons.'' Redação do Site Inovação Tecnológica (31/01/2006). Página visitada em 22 de fevereiro de 2016.</ref> e o confinamento eletrostático-inercial (''IEC''), proposto por Robert Bussard e o reator do tipo ''[[Stellarator]]'' como o alemão [[Wendelstein 7-X]].<ref>[http://wn.com/wendelstein_7-x_--_from_concept_to_reality World News] - Vídeo: ''Wendelstein 7-X - from concept to reality.'' {{en}} Página visitada em 3 de fevereiro de 2016.</ref>

Em 12 de Fevereiro de 2014, a revista [[Nature]] publicou os resultados de experiências de [[confinamento inercial]] com [[laser]] de alta potência, realizadas no NIF ([[National Ignition Facility]]), conduzidas pelo [[Laboratório Nacional de Lawrence Livermore]] ([[EUA]]).<ref>[http://www.nature.com/news/laser-fusion-experiment-extracts-net-energy-from-fuel-1.14710 Nature] - ''Laser fusion experiment extracts net energy from fuel.'' {{en}} Página visitada em 24 de Março de 2014.</ref> Nestas experiências, um balanço energético positivo foi alcançado, uma vez que as reações produziram mais energia do que consumiram, criando boas perspectivas para o uso prático da fusão nuclear.<ref>[https://www.llnl.gov/news/nif-experiments-show-initial-gain-fusion-fuel Lawrence Livermore National Laboratory] - ''NIF experiments show initial gain in fusion fuel.'' {{en}} Página visitada em 24 de Março de 2014.</ref>

Em dezembro de 2022, o Departamento de Energia dos EUA revelou que pela primeira vez os cientistas produziram mais energia a partir da fusão do que a energia do laser usada para alimentar a experiência. A experiência em questão colocou 2,05 megajoules de energia no alvo e resultou em 3,15 megajoules de saída de energia de fusão - gerando mais de 50% de energia do que a que foi colocada. É a primeira vez que uma experiência resulta num ganho significativo de energia. A descoberta foi feita por uma equipa de cientistas do [[National Ignition Facility]] do Lawrence Livermore National Laboratory, na [[Califórnia]], no dia 5 de dezembro de 2022 - um espaço do tamanho de um estádio e equipado com 192 lasers.<ref>{{citar web|url=https://cnnportugal.iol.pt/geral/governo-norte-americano-anuncia-conquista-historica-na-fusao-nuclear-a-producao-de-energia/20221213/6398959e0cf255d6e14052b3|título=Governo norte-americano anuncia "conquista histórica" na fusão nuclear - um ganho significativo de energia|autor=|data=|publicado=|acessodata=|arquivourl=|arquivodata=|urlmorta=}}</ref>

== Pontos positivos para geração de energia ==
A fusão nuclear é sustentável, (não gera [[Resíduo radioativo|resíduos radioativos]] e [[dióxido de carbono]], pois o resultado da reação é o [[Hélio-4]], um [[gás inerte]]), não gera riscos de explosão (caso aconteça algum problema durante a operação de um reator de fusão nuclear, como o rompimento de uma proteção, por exemplo, o plasma onde o processo ocorre esfriaria e a reação seria interrompida imediatamente). É eficiente, a fusão de 1 kg de [[deutério]] e [[trítio]], produz 93,6 [[Watt-hora|GWh]], ou seja, é quatro vezes mais eficiente que a [[fissão nuclear]] da mesma quantidade de [[urânio-235]]. Com apenas 5 kg de água do mar por hora, seria possível abastecer a demanda energética do [[Brasil]] inteiro e com 2x10<sup>-9</sup> % do deutério presente na [[Terra]], seria possível abastecer a demanda mundial por energia durante um ano.<ref>{{Citar web |url=https://super.abril.com.br/especiais/o-futuro-esta-na-fusao/ |titulo=O futuro está na fusão |acessodata=2021-05-27 |website=Super |lingua=pt-BR}}</ref><ref>{{Citar web |url=https://brasilescola.uol.com.br/quimica/fusao-nuclear.htm |titulo=Fusão Nuclear. Fusão nuclear e reator nuclear de fusão |acessodata=2021-05-27 |website=Brasil Escola |lingua=pt-br}}</ref>

== Pontos negativos para geração de energia ==
A geração de energia via fusão nuclear ainda está em desenvolvimento e ficará muito tempo neste estágio, (a previsão para ser criado o primeiro reator de fusão nuclear para uso comercial em larga escala é 2050) e os custos para o desenvolvimento desta tecnologia são altos, citando como exemplo, o ITER, com custo previsto de 20 bilhões de [[euro|euros]].<ref>{{Citar periódico |url=https://www.bbc.com/portuguese/internacional-55231500 |titulo=Como é o poderoso 'sol artificial' com que a China espera gerar energia limpa |acessodata=2021-05-27 |jornal=BBC News Brasil |lingua=pt-BR}}</ref><ref>{{Citar web |ultimo=Energy |primeiro=Resize Solar |url=https://www.resizesolar.com/single-post/reator-nuclear-iter-20bilhoes-obsoleto-energia-renovavel |titulo=Reator nuclear ITER custa 20 bilhões de Euros e será obsoleto antes de |data=2018-05-30 |acessodata=2021-05-27 |website=resize-solar-energy |lingua=pt}}</ref>

== Ver também ==
*[[Energia renovável]]

{{referências}}

=== Bibliografia ===
{{refbegin|2}}
* {{cite book|first=Daniel |last=Clery|title=A Piece of the Sun: The Quest for Fusion Energy|url={{google books |plainurl=y |id=EGcjCQAAQBAJ&|page=1}}|date=2014|publisher=The Overlook Press|isbn=978-1-4683-1041-2}}
* {{cite book|last1=Cockburn |first1=Stewart |last2=Ellyard |first2=David |title=Oliphant, the life and times of Sir Mark Oliphant |date=1981 |publisher=Axiom Books |isbn=9780959416404}}
* {{cite book|first=Stephen O. |last=Dean|title=Search for the Ultimate Energy Source: A History of the U.S. Fusion Energy Program|url={{google books |plainurl=y |id=KSA_AAAAQBAJ|page=212}}|date=5 de janeiro de 2013|publisher=Springer Science & Business Media|isbn=978-1-4614-6037-4}}
* {{cite journal|last1=Hagelstein |first1=Peter L. |last2=McKubre |first2=Michael |last3=Nagel |first3=David |last4=Chubb |first4=Talbot |last5=Hekman |first5=Randall |ref={{harvid|Hagelstein et al.|2004}}|title=New Physical Effects in Metal Deuterides |journal=11Th Condensed Matter Nuclear Science |location=Washington |publisher=Departamento de Energia dos EUA |date=2004 |volume=11 |pages=23–59 |doi=10.1142/9789812774354_0003 |bibcode=2006cmns...11...23H |isbn=978-981-256-640-9 |citeseerx=10.1.1.233.5518 |url=http://www.science.doe.gov/Sub/Newsroom/News_Releases/DOE-SC/2004/low_energy/Appendix_1.pdf |urlmorta=dead |archive-url=https://web.archive.org/web/20070106185101/http://www.science.doe.gov/Sub/Newsroom/News_Releases/DOE-SC/2004/low_energy/Appendix_1.pdf |archive-date=6 de janeiro de 2007 }} (manuscrito)
* {{cite magazine|last=Hutchinson|first=Alex|title=The Year in Science: Physics|magazine=Discover Magazine (Online)|date=8 de janeiro de 2006|url=http://discovermagazine.com/2006/jan/physics|access-date=2008-06-20|issn=0274-7529}} 
*Nuttall, William J., Konishi, Satoshi, Takeda, Shutaro, and Webbe-Wood, David (2020). ''[https://www.google.com/books/edition/Commercialising_Fusion_Energy/QVUvzgEACAAJ?hl=en Commercialising Fusion Energy: How Small Businesses are Transforming Big Science]''. IOP Publishing. {{ISBN|9780750327176}}.
* {{cite book|first=Andrés de Bustos |last=Molina|title=Kinetic Simulations of Ion Transport in Fusion Devices|url={{google books |plainurl=y |id=adMWmwEACAAJ}}|date=29 de agosto de 2013|publisher=Springer International Publishing|isbn=978-3-319-00421-1}}
* {{cite book|last=Nagamine|first=Kanetada|date=2003|title=Introductory Muon Science|publisher=Cambridge University Press|chapter=Muon Catalyzed Fusion|isbn=978-0-521-03820-1}}
* {{cite book|last=Pfalzner|first=Susanne|title=An Introduction to Inertial Confinement Fusion|date=2006|publisher=Taylor & Francis|location=USA|isbn=978-0-7503-0701-7}}
{{refend}}

{{controle de autoridade}}
{{Fontes de energia}}
{{portal3|Tecnologia|Física|Química}}

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