Mostrar código-fonte de Feedback das nuvens

{{Imagem múltipla
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| imagem1           = Shortwave Radiation.jpg
| alt1              = Durante o dia, as nuvens dispersam a [[Radiação de onda curta|radiação de ondas curtas]] que chega do [[Sol]] devido ao seu [[albedo]], o que resulta em um resfriamento substancial
| legenda1          = Durante o dia, as nuvens dispersam a [[Radiação de onda curta|radiação de ondas curtas]] que chega do [[Sol]] devido ao seu [[albedo]], o que resulta em um resfriamento substancial
| imagem2           = Longwave Radiation.jpg
| legenda2          = O [[vapor de água]] nas nuvens também absorve a {{ill|en|Radiação de onda longa|Outgoing longwave radiation|radiação de ondas longas}} da superfície da Terra e a reemite de volta. Esse efeito é geralmente mais fraco do que o resfriamento do albedo, mas é atuante dia e noite
| alt2              = O [[vapor de água]] nas nuvens também absorve a [[Radiação de onda longa|radiação de ondas longas]] da superfície da Terra e a reemite de volta. Esse efeito é geralmente mais fraco do que o resfriamento do albedo, mas é atuante dia e noite
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O '''''feedback'' das nuvens''' é um tipo de [[Feedbacks climáticos|''feedback'' da mudança climática]], em que a frequência geral das [[Nuvem|nuvens]], a altura e a fração relativa dos diferentes tipos de nuvens são alteradas devido à [[Mudança do clima|mudança climática]], e essas alterações afetam o {{Ill|en|Balanço energético da Terra|Earth's energy budget|balanço energético da Terra}}.<ref name=":3">{{Citar livro|url=https://www.cambridge.org/core/product/identifier/9781009157896/type/book|título=Climate Change 2021 – The Physical Science Basis: Working Group I Contribution to the Sixth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change|ultimo=Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC)|data=|editora=Cambridge University Press|ano=2021|edicao=1|local=Cambridge; New York|capitulo=Annex VII: Glossary|capítulourl=https://www.ipcc.ch/report/ar6/wg1/downloads/report/IPCC_AR6_WGI_AnnexVII.pdf|doi=10.1017/9781009157896.022}}</ref>{{Rp|2224}} Por si só, as nuvens já são uma parte importante do [[sistema climático]], pois consistem em [[vapor de água]], que atua como um [[Gases do efeito estufa|gás de efeito estufa]] e, portanto, contribui para o aquecimento; por outro lado, elas são brilhantes e refletem o Sol, o que causa resfriamento.<ref name=":0">{{Citar periódico |url=http://journals.ametsoc.org/doi/10.1175/JCLI-3243.1 |título=Cloud Feedbacks in the Climate System: A Critical Review |data=2005-01-15 |acessodata=2025-02-24 |periódico=Journal of Climate |número=2 |ultimo=Stephens |primeiro=Graeme L. |paginas=237–273 |lingua=en |doi=10.1175/JCLI-3243.1 |issn=1520-0442 |volume=18}}</ref> As nuvens em baixas altitudes têm um efeito de resfriamento mais forte, e as nuvens em altas altitudes têm um efeito de aquecimento mais forte. De modo geral, as nuvens tornam a Terra mais fria do que seria sem elas.<ref name=":1">{{Citar livro|url=https://www.cambridge.org/core/product/identifier/9781009157896/type/book|título=Climate Change 2021 – The Physical Science Basis: Working Group I Contribution to the Sixth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change|ultimo=Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC)|data=|editora=Cambridge University Press|ano=2021|edicao=1|local=Cambridge; New York|capitulo=Chapter 7: The Earth's Energy Budget, Climate Feedbacks, and Climate Sensitivity|capítulourl=https://www.ipcc.ch/report/ar6/wg1/downloads/report/IPCC_AR6_WGI_Chapter07.pdf|doi=10.1017/9781009157896.009}}</ref>{{Rp|1022}}

Se a mudança climática fizer com que a cobertura de nuvens baixas se torne mais ampla, essas nuvens aumentarão o [[albedo]] planetário e contribuirão para o resfriamento, fazendo com que o ''feedback'' geral das nuvens seja negativo (um ''feedback'' que desacelera o aquecimento). Mas se as nuvens se tornarem mais altas e mais finas devido à mudança climática, o ''feedback'' líquido das nuvens será positivo e acelerará o aquecimento, pois as nuvens serão menos reflexivas e reterão mais calor na atmosfera.<ref name=":0" /> Tais processos foram representados em todos os principais modelos climáticos a partir da década de 1980.<ref name=":4">{{Citar periódico |url=http://journals.ametsoc.org/doi/10.1175/1520-0469(1988)0452.0.CO;2 |título=Cloud Feedback Processes in a General Circulation Model |data=1988-04 |acessodata=2025-02-24 |periódico=Journal of the Atmospheric Sciences |número=8 |ultimo=Wetherald |primeiro=R. T. |ultimo2=Manabe |primeiro2=S. |paginas=1397–1416 |lingua=en |doi=10.1175/1520-0469(1988)045<1397:CFPIAG>2.0.CO;2 |issn=0022-4928 |volume=45}}</ref><ref name=":5">{{Citar periódico |url=https://agupubs.onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1029/JD095iD10p16601 |título=Intercomparison and interpretation of climate feedback processes in 19 atmospheric general circulation models |data=1990-09-20 |acessodata=2025-02-24 |periódico=Journal of Geophysical Research: Atmospheres |número=D10 |ultimo=Cess |primeiro=R. D. |ultimo2=Potter |primeiro2=G. L. |paginas=16601–16615 |lingua=en |doi=10.1029/JD095iD10p16601 |issn=0148-0227 |ultimo3=Blanchet |primeiro3=J. P. |ultimo4=Boer |primeiro4=G. J. |ultimo5=Del Genio |primeiro5=A. D. |ultimo6=Déqué |primeiro6=M. |ultimo7=Dymnikov |primeiro7=V. |ultimo8=Galin |primeiro8=V. |ultimo9=Gates |primeiro9=W. L. |volume=95}}</ref><ref name=":6">{{Citar periódico |url=http://journals.ametsoc.org/doi/10.1175/1520-0442(1996)0092.0.CO;2 |título=Liquid and Ice Cloud Microphysics in the CSU General Circulation Model. Part III: Sensitivity to Modeling Assumptions |data=1996-03 |acessodata=2025-02-24 |periódico=Journal of Climate |número=3 |ultimo=Fowler |primeiro=Laura D. |ultimo2=Randall |primeiro2=David A. |paginas=561–586 |lingua=en |doi=10.1175/1520-0442(1996)009<0561:LAICMI>2.0.CO;2 |issn=0894-8755 |volume=9}}</ref> As observações e os resultados dos [[Modelo climático|modelos climáticos]] agora oferecem alta confiança de que o ''feedback'' geral das nuvens sobre as mudanças climáticas é positivo.<ref name=":2">{{Citar livro|url=https://www.cambridge.org/core/product/identifier/9781009157896/type/book|título=Climate Change 2021 – The Physical Science Basis: Working Group I Contribution to the Sixth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change|ultimo=Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC)|data=|editora=Cambridge University Press|ano=2021|edicao=1|local=Cambridge; New York|capitulo=Technical Summary|capítulourl=https://www.ipcc.ch/report/ar6/wg1/downloads/report/IPCC_AR6_WGI_TS.pdf|doi=10.1017/9781009157896.009}}</ref>{{Rp|95}}

Entretanto, alguns tipos de nuvens são mais difíceis de observar e, portanto, os modelos climáticos têm menos dados sobre elas e fazem estimativas diferentes sobre sua função. Assim, os modelos podem simular o ''feedback'' da nuvem como muito positivo ou apenas fracamente positivo, e essas discordâncias são o principal motivo pelo qual os modelos climáticos podem apresentar diferenças substanciais na resposta climática transitória e na [[sensibilidade climática]].<ref name=":1" />{{Rp|975}} Em particular, uma minoria dos modelos da Fase 6 do {{Ill|en|Projeto de Intercomparação de Modelos Acoplados|Coupled Model Intercomparison Project|Projeto de Intercomparação de Modelos Acoplados}} (CMIP6) ganhou as manchetes antes da publicação do [[Sexto relatório de avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas|Sexto Relatório de Avaliação do IPCC]] (AR6) devido às suas altas estimativas de sensibilidade climática de equilíbrio.<ref name=":7">{{Citar periódico |url=https://www.nature.com/articles/s41558-019-0599-1 |título=The CMIP6 landscape |data=2019-10 |acessodata=2025-02-24 |periódico=Nature Climate Change |número=10 |paginas=727–727 |lingua=en |doi=10.1038/s41558-019-0599-1 |issn=1758-678X |volume=9}}</ref><ref name=":8">{{Citar web|url=https://www.france24.com/en/20200114-new-climate-models-suggest-paris-goals-may-be-out-of-reach|titulo=New climate models suggest Paris goals may be out of reach|data=2020-01-14|acessodata=2025-02-24|website=France 24|lingua=en}}</ref> Isso ocorreu porque eles estimaram o ''feedback'' das nuvens como altamente positivo.<ref name=":9">{{Citar periódico |url=https://agupubs.onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1029/2019GL085782 |título=Causes of Higher Climate Sensitivity in CMIP6 Models |data=2020-01-16 |acessodata=2025-02-24 |periódico=Geophysical Research Letters |número=1 |ultimo=Zelinka |primeiro=Mark D. |ultimo2=Myers |primeiro2=Timothy A. |lingua=en |doi=10.1029/2019GL085782 |issn=0094-8276 |ultimo3=McCoy |primeiro3=Daniel T. |ultimo4=Po‐Chedley |primeiro4=Stephen |ultimo5=Caldwell |primeiro5=Peter M. |ultimo6=Ceppi |primeiro6=Paulo |ultimo7=Klein |primeiro7=Stephen A. |ultimo8=Taylor |primeiro8=Karl E. |volume=47}}</ref><ref name=":10">{{Citar web|url=https://www.sciencedaily.com/releases/2020/06/200624151600.htm|titulo=Increased warming in latest generation of climate models likely caused by clouds|acessodata=2025-02-24|website=ScienceDaily|lingua=en}}</ref> Logo se descobriu que esses modelos específicos contradiziam tanto as observações quanto as evidências paleoclimáticas,<ref name=":11">{{Citar periódico |url=https://www.nature.com/articles/s41558-020-0764-6 |título=High climate sensitivity in CMIP6 model not supported by paleoclimate |data=2020-05 |acessodata=2025-02-24 |periódico=Nature Climate Change |número=5 |ultimo=Zhu |primeiro=Jiang |ultimo2=Poulsen |primeiro2=Christopher J. |paginas=378–379 |lingua=en |doi=10.1038/s41558-020-0764-6 |issn=1758-678X |ultimo3=Otto-Bliesner |primeiro3=Bette L. |volume=10}}</ref><ref name=":12">{{Citar web|ultimo=Erickson|primeiro=Jim|ultimo2=Michigan|primeiro2=University of|url=https://phys.org/news/2020-04-latest-climate-unrealistically-high-future.html#google_vignette|titulo=Some of the latest climate models provide unrealistically high projections of future warming|acessodata=2025-02-24|website=phys.org|lingua=en}}</ref> e o AR6 usou uma estimativa mais realista baseada na maioria dos modelos existentes e nessas evidências do mundo real.<ref name=":2" />{{Rp|93}}<ref name=":13">{{Citar web|url=https://www.science.org/content/article/use-too-hot-climate-models-exaggerates-impacts-global-warming|titulo=Use of ‘too hot’ climate models exaggerates impacts of global warming|acessodata=2025-02-24|website=www.science.org|lingua=en}}</ref>

Um motivo pelo qual tem sido mais difícil encontrar um valor exato para o ''feedback'' das nuvens em comparação com os outros é que os seres humanos afetam as nuvens de outra forma importante, além do aquecimento causado pelos gases de efeito estufa. Pequenas partículas atmosféricas de [[sulfato]], ou [[Aerossol|aerossóis]], são geradas devido à mesma [[poluição atmosférica]] com alto teor de enxofre que também causa a [[chuva ácida]], mas elas também são muito reflexivas, a ponto de suas concentrações na atmosfera causarem reduções na luz solar visível, conhecidas como [[escurecimento global]].<ref name=":16">{{Citar web|url=https://news.agu.org/press-release/aerosol-pollution-caused-decades-of-global-dimming/|titulo=Aerosol pollution caused decades of “global dimming”|acessodata=2025-02-24|website=[[União de Geofísica dos Estados Unidos|AGU]] Newsroom|lingua=en-US}}</ref> Essas partículas afetam as nuvens de várias maneiras, principalmente tornando-as mais [[Reflexividade|reflexivas]]. Isso significa que as alterações nas nuvens causadas por aerossóis podem ser confundidas com uma evidência de feedback negativo das nuvens, e tem sido difícil separar os dois efeitos.<ref name=":14">{{Citar periódico |url=https://acp.copernicus.org/articles/20/4085/2020/ |título=Untangling causality in midlatitude aerosol–cloud adjustments |data=2020-04-06 |acessodata=2025-02-24 |periódico=Atmospheric Chemistry and Physics |número=7 |ultimo=McCoy |primeiro=Daniel T. |ultimo2=Field |primeiro2=Paul |paginas=4085–4103 |lingua=en |doi=10.5194/acp-20-4085-2020 |issn=1680-7324 |ultimo3=Gordon |primeiro3=Hamish |ultimo4=Elsaesser |primeiro4=Gregory S. |ultimo5=Grosvenor |primeiro5=Daniel P. |volume=20}}</ref>

== Visão geral ==
[[Ficheiro:McKim 2024 cloud formulae.png|esquerda|miniaturadaimagem|356x356px|Detalhes de como as nuvens interagem com a radiação de ondas curtas e ondas longas em diferentes altitudes atmosféricas<ref name=":15">{{Citar periódico |url=https://www.nature.com/articles/s41561-024-01414-4 |título=Weak anvil cloud area feedback suggested by physical and observational constraints |data=2024-05 |acessodata=2025-02-24 |periódico=Nature Geoscience |número=5 |ultimo=McKim |primeiro=Brett |ultimo2=Bony |primeiro2=Sandrine |paginas=392–397 |lingua=en |doi=10.1038/s41561-024-01414-4 |issn=1752-0894 |ultimo3=Dufresne |primeiro3=Jean-Louis |volume=17}}</ref>]]
As nuvens têm dois efeitos principais no {{Ill|en|Balanço energético da Terra|Earth's energy budget|balanço energético da Terra}}: elas refletem a radiação de ondas curtas da luz solar de volta para o espaço devido ao seu alto [[albedo]], mas o vapor de água contido nelas também absorve e reemite a radiação de ondas longas emitida pela superfície da Terra à medida que ela é aquecida pela luz solar, impedindo sua fuga para o espaço e retendo esta energia térmica por mais tempo.<ref name=":1" />{{Rp|1022}}

Na [[meteorologia]], a diferença no balanço de radiação causada pelas nuvens, em relação às condições sem nuvens, é descrita como o efeito radiativo da nuvem (CRE).<ref>{{Citar livro|url=https://www.cambridge.org/core/product/identifier/9781009157896/type/book|título=Climate Change 2021 – The Physical Science Basis: Working Group I Contribution to the Sixth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change|ultimo=Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC)|data=|editora=Cambridge University Press|ano=2021|edicao=1|local=Cambridge; New York|lingua=en|capitulo=Annex VII: Glossary|capítulourl=https://www.cambridge.org/core/services/aop-cambridge-core/content/view/058768DADC00B52E2ED3381D0259B4E0/9781009157889mem7_2215-2256.pdf/annex-vii-glossary.pdf|doi=10.1017/9781009157896.022}}</ref> Às vezes, isso também é chamado de [[forçamento radiativo]] da nuvem (CRF).<ref>{{Citar web|url=https://earthobservatory.nasa.gov/features/Clouds|titulo=Clouds & Radiation Fact Sheet|data=1999-03-01|acessodata=2025-02-25|website=earthobservatory.nasa.gov|lingua=en}}</ref> Entretanto, como as mudanças nas nuvens normalmente não são consideradas uma força externa do clima, CRE é o termo mais comumente usado.

No topo da atmosfera, ele pode ser descrito pela seguinte equação:<ref>{{Citar livro|título=Global physical climatology|ultimo=Hartmann|primeiro=Dennis L.|data=2016|editora=Elsevier|edicao=2ª|local=Amsterdam Boston Heidelberg London New York Oxford Paris San Diego San Francisco Singapore Sydney Tokyo|lingua=en|isbn=978-0123285317}}</ref>

<math display="inline">\Delta R_{TOA} = R_{Average} - R_{Clear}</math>

O efeito radiativo líquido da nuvem pode ser decomposto em seus componentes de ondas longas e ondas curtas. Isso ocorre porque a radiação líquida é a radiação solar absorvida menos a radiação de onda longa emitida, conforme as seguintes equações:

<math> \Delta R_{TOA} = \Delta Q_{abs} - \Delta OLR </math>

O primeiro termo à direita é o efeito de nuvem de onda curta (Q<sub>abs</sub>) e o segundo é o efeito de onda longa (OLR).

O efeito de nuvem de ondas curtas é calculado pela seguinte equação:

<math> \Delta Q_{abs} = (S_o/4) \cdot (1 - \alpha_{nublado}) - (S_o/4) \cdot (1 - \alpha_{claro}) </math>

Onde S<sub>o</sub> é a [[constante solar]], ∝<sub>nublado</sub> é o [[albedo]] com nuvens e ∝<sub>c</sub><sub>laro</sub> é o albedo em um dia claro.

O efeito de onda longa é calculado pela seguinte equação:

<math> \Delta OLR = \sigma T_z^4 - F_{claro}^{asc}</math>

Onde σ é a [[Constante de Stefan–Boltzmann|constante de Stefan-Boltzmann]], T é a temperatura em uma determinada altura e F é o fluxo ascendente em condições claras.

Combinando todas essas partes, a equação final se torna:

<math> \Delta R_{TOA} = (S_o/4) \cdot ((1 - \alpha_{nublado}) - (1 - \alpha_{claro})) - \sigma T_z^4 + F_{claro}^{asc} </math>
[[Ficheiro:Attribution of individual atmospheric component contributions to the terrestrial greenhouse effect, separated into feedback and forcing categories (NASA).png|miniaturadaimagem|250x250px|Atribuição de contribuições individuais de componentes atmosféricos ao [[efeito estufa]], separadas em categorias de ''feedback'' e forçamento ([[NASA]])]]
Em condições secas e sem nuvens, o vapor de água na atmosfera contribui com 67% do [[efeito estufa]] na Terra. Quando há umidade suficiente para formar uma cobertura típica de nuvens, o efeito estufa do vapor d'água “livre” cai para 50%, mas o vapor d'água que agora está dentro das nuvens chega a 25%, e o efeito estufa líquido é de 75%.<ref>{{Citar periódico |url=https://agupubs.onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1029/2010JD014287 |título=Attribution of the present‐day total greenhouse effect |data=2010-10-27 |acessodata=2025-02-25 |periódico=Journal of Geophysical Research: Atmospheres |número=D20 |ultimo=Schmidt |primeiro=Gavin A. |ultimo2=Ruedy |primeiro2=Reto A. |lingua=en |doi=10.1029/2010JD014287 |issn=0148-0227 |ultimo3=Miller |primeiro3=Ron L. |ultimo4=Lacis |primeiro4=Andy A. |volume=115}}</ref> De acordo com estimativas de 1990, a presença de nuvens reduz a {{Ill|en|Radiação de ondas longas|Outgoing longwave radiation|radiação de ondas longas}} de saída em cerca de 31 W/m<sup>2</sup>. Entretanto, ela também aumenta o [[albedo]] global de 15% para 30%, o que reduz a quantidade de [[Irradiação solar|radiação solar]] absorvida pela [[Terra]] em cerca de 44 W/m<sup>2</sup>.<ref>{{Citar relatório|titulo=IPCC First Assessment Report|ultimo=IPCC|data=1990|lingua=en}}.</ref> Assim, há um resfriamento líquido de cerca de 13 W/m<sup>2</sup>. Se as nuvens fossem removidas e tudo o mais permanecesse igual, a Terra perderia esse resfriamento e as temperaturas globais aumentariam.<ref name=":1" />{{Rp|1022}}

A [[Mudança do clima|mudança climática]] aumenta a quantidade de vapor de água na atmosfera devido à {{Ill|en|Relação de Clausius-Clapeyron|Clausius–Clapeyron relation|relação de Clausius-Clapeyron}}, no que é conhecido como ''feedback'' do vapor de água.<ref>{{Citar periódico |url=https://www.annualreviews.org/doi/10.1146/annurev.energy.25.1.441 |título=Water Vapor Feedback and Global Warming |data=2000-11 |acessodata=2025-02-25 |periódico=Annual Review of Energy and the Environment |número=1 |ultimo=Held |primeiro=Isaac M. |ultimo2=Soden |primeiro2=Brian J. |paginas=441–475 |lingua=en |doi=10.1146/annurev.energy.25.1.441 |issn=1056-3466 |volume=25}}</ref> Isto também afeta uma série de propriedades das nuvens, como sua altura, a distribuição típica em toda a atmosfera e a [[Física das nuvens|microfísica das nuvens]], como a quantidade de gotículas de água retidas, o que afeta o forçamento radiativo das nuvens.<ref name=":1" />{{Rp|1023}} As diferenças nessas propriedades alteram o papel das nuvens no balanço energético da Terra. O nome feedback das nuvens refere-se a essa relação entre as mudanças climáticas, as propriedades das nuvens e o forçamento radiativo das nuvens.<ref name=":3" />{{Rp|2224}} As nuvens também afetam a magnitude da [[variabilidade climática]] gerada internamente.<ref>{{Citar periódico |url=http://journals.ametsoc.org/doi/10.1175/JCLI-D-15-0384.1 |título=Unforced Surface Air Temperature Variability and Its Contrasting Relationship with the Anomalous TOA Energy Flux at Local and Global Spatial Scales* |data=2016-02-01 |acessodata=2025-02-25 |periódico=Journal of Climate |número=3 |ultimo=Brown |primeiro=Patrick T. |ultimo2=Li |primeiro2=Wenhong |paginas=925–940 |lingua=en |doi=10.1175/JCLI-D-15-0384.1 |issn=0894-8755 |ultimo3=Jiang |primeiro3=Jonathan H. |ultimo4=Su |primeiro4=Hui |volume=29}}</ref><ref>{{Citar periódico |url=https://journals.ametsoc.org/doi/10.1175/JCLI-D-13-00548.1 |título=Simulating the Role of Subtropical Stratocumulus Clouds in Driving Pacific Climate Variability |data=2014-07 |acessodata=2025-02-25 |periódico=Journal of Climate |número=13 |ultimo=Bellomo |primeiro=Katinka |ultimo2=Clement |primeiro2=Amy |paginas=5119–5131 |lingua=en |doi=10.1175/JCLI-D-13-00548.1 |issn=0894-8755 |ultimo3=Mauritsen |primeiro3=Thorsten |ultimo4=Rädel |primeiro4=Gaby |ultimo5=Stevens |primeiro5=Bjorn |volume=27}}</ref>

== Representação em modelos climáticos ==
[[Ficheiro:20220726 Feedbacks affecting global warming and climate change - block diagram.svg|esquerda|miniaturadaimagem|250x250px|Exemplos de alguns [[Efeitos das alterações climáticas|efeitos do aquecimento global]] que podem amplificar (''feedbacks'' positivos) ou reduzir (''feedbacks'' negativos) o aquecimento global<ref>{{Citar web|url=https://climate.nasa.gov/nasa_science/science/|titulo=The Study of Earth as an Integrated System|acessodata=2025-02-25|website=Climate Change: Vital Signs of the Planet|lingua=en}}</ref>]]
[[Ficheiro:McKim 2024 tropical clouds.jpg|esquerda|miniaturadaimagem|250x250px|Sabe-se que as nuvens tropicais têm um efeito de resfriamento, mas não se sabe se ele se tornará mais forte ou mais fraco no futuro<ref name=":15" />]]
Os [[Modelo climático|modelos climáticos]] têm representado nuvens e seus processos há muito tempo. O ''feedback'' de nuvens já era um recurso padrão nos modelos climáticos projetados na década de 1980.<ref name=":4" /><ref name=":5" /><ref name=":6" /> Entretanto, a física das nuvens é muito complexa, de modo que os modelos geralmente representam vários tipos de nuvens de maneiras diferentes, e até mesmo pequenas variações entre os modelos podem levar a mudanças significativas na resposta da temperatura e da [[Precipitação (meteorologia)|precipitação]].<ref name=":5" /> Os [[Climatologia|cientistas do clima]] dedicam muito esforço para resolver este problema. Isso inclui o Projeto de Intercomparação de Modelos de Feedback de Nuvens (CFMIP), em que os modelos simulam processos de nuvens sob diferentes condições e seus resultados são comparados com os dados de observação. Quando o [[Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas]] publicou seu Sexto Relatório de Avaliação ([[Sexto relatório de avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas|AR6]]) em 2021, o [[Barra de erro|intervalo de incerteza]] em relação à força do feedback da nuvem ficou 50% menor desde a época do [[Quinto Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas|AR5]] em 2014.<ref name=":2" />{{Rp|95}}
{| class="wikitable"
|+Incerteza remanescente sobre feedbacks de nuvens no [[Sexto relatório de avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas|Sexto Relatório de Avaliação do IPCC]]<ref name=":1" />{{Rp|975}}
! ''Feedback''!! Sinal !! Confiança		
|-		
| ''Feedback'' de altitude das nuvens altas || Positivo || Alta 	
|- 						
| ''Feedback'' da quantidade de nuvens altas tropicais || Negativo || Baixa 	
|- 		
| ''Feedback'' de nuvens baixas marinhas subtropicais || Positivo || Alta
|- 		
| ''Feedback'' de nuvens terrestres || Positivo || Baixa 	 	
|-		
| ''Feedback'' da quantidade de nuvens em latitudes médias  || Positivo || Média 	
|- 		
| ''Feedback'' da profundidade óptica das nuvens extratropicais || Leve negativo || Média 		
|- 		
| ''Feedback'' das nuvens do Ártico || Leve positivo || Baixa 	
|- 		
| ''Feedback'' líquido das nuvens || Positivo || Alta 	
|}
Isso ocorreu devido a grandes melhorias na compreensão do comportamento das nuvens sobre os oceanos subtropicais. Como resultado, houve alta confiança de que o ''feedback'' geral da nuvem é positivo (contribui para o aquecimento).<ref name=":2" />{{Rp|95}} O valor do AR6 para o ''feedback'' da nuvem é de +0,42 [-0,10 a 0,94] W m-2 para cada 1 °C de aquecimento. Essa estimativa é derivada de várias linhas de evidência, incluindo modelos e observações.<ref name=":2" />{{Rp|95}} O ''feedback'' da quantidade de nuvens altas tropicais é a principal área que ainda precisa ser aprimorada. A única maneira pela qual o ''feedback'' total de nuvens ainda pode ser ligeiramente negativo é se esse ''feedback'' ou o ''feedback'' de profundidade óptica nas nuvens do [[Oceano Antártico]] for subitamente considerado “extremamente grande”; a probabilidade disso é considerada abaixo de 10%.<ref name=":1" />{{Rp|975}} A partir de 2024, as observações mais recentes do satélite [[CALIPSO]] indicam que o ''feedback'' das nuvens tropicais é muito fraco.<ref name=":15" /><ref>{{Citar periódico |url=https://agupubs.onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1029/2023JD039364 |título=Observational Quantification of Tropical High Cloud Changes and Feedbacks |data=2024-04-16 |acessodata=2025-02-25 |periódico=Journal of Geophysical Research: Atmospheres |número=7 |ultimo=Raghuraman |primeiro=Shiv Priyam |ultimo2=Medeiros |primeiro2=Brian |lingua=en |doi=10.1029/2023JD039364 |issn=2169-897X |ultimo3=Gettelman |primeiro3=Andrew |volume=129}}</ref>

Apesar desses aprimoramentos, as nuvens continuam sendo o ''feedback'' climático menos bem compreendido e são o principal motivo pelo qual os modelos estimam valores diferentes para a [[sensibilidade climática]] de equilíbrio (ECS). A ECS é uma estimativa do aquecimento de longo prazo (vários séculos) em resposta a uma duplicação das concentrações de gases de efeito estufa equivalentes ao CO<sub>2</sub>: se as emissões futuras não forem baixas, ela também se tornará o fator mais importante para determinar as temperaturas do século XXI.<ref name=":2" />{{Rp|95}} Em geral, a geração atual de modelos climáticos padrão ouro, CMIP6, opera com maior sensibilidade climática do que a geração anterior, e isso se deve principalmente ao fato de que o ''feedback'' da nuvem é cerca de 20% mais positivo do que no CMIP5.<ref name=":2" />{{Rp|93}}<ref name=":9" />

No entanto, a mediana do ''feedback'' de nuvem é apenas um pouco maior no CMIP6 do que no CMIP5;<ref name=":2" />{{Rp|95}} a média é muito maior apenas porque vários modelos “quentes” têm ''feedback'' de nuvem muito mais forte e maior sensibilidade do que os demais.<ref name=":2" />{{Rp|93}}<ref name=":13" /> Estes modelos têm uma sensibilidade de 5 °C e sua presença aumentou a sensibilidade média do modelo de 3,2 °C no CMIP5 para 3,7 °C no CMIP6.<ref name=":10" /> Esses resultados do modelo atraíram muita atenção quando foram publicados pela primeira vez em 2019, pois significariam um aquecimento mais rápido e mais severo se fossem precisos.<ref name=":7" /><ref name=":8" /> Logo se descobriu que o resultado desses modelos “quentes” é inconsistente tanto com as observações quanto com as evidências [[Paleoclimatologia|paleoclimáticas]], de modo que o valor de consenso do AR6 para o ''feedback'' da nuvem é menor do que o resultado médio do modelo isoladamente. A melhor estimativa da sensibilidade climática no AR6 é de 3 °C, pois está mais em conformidade com as observações e as descobertas paleoclimáticas.<ref name=":2" />{{Rp|93}}<ref name=":11" /><ref name=":12" />

== Papel dos aerossóis ==
[[Ficheiro:Bellouin 2019 aerosol cloud interactions.jpg|miniaturadaimagem|363x363px|A poluição do ar, inclusive devido ao desmatamento em larga escala, aumentou substancialmente a presença de aerossóis na atmosfera em comparação com os níveis de fundo pré-industriais. Diferentes tipos de partículas têm efeitos diferentes, e há uma variedade de interações em diferentes camadas atmosféricas. Em geral, eles proporcionam resfriamento, mas a [[complexidade]] torna muito difícil estimar a intensidade exata do resfriamento.<ref>{{Citar periódico |url=https://agupubs.onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1029/2019RG000660 |título=Bounding Global Aerosol Radiative Forcing of Climate Change |data=2020-03 |acessodata=2025-02-26 |periódico=Reviews of Geophysics |número=1 |ultimo=Bellouin |primeiro=N. |ultimo2=Quaas |primeiro2=J. |lingua=en |doi=10.1029/2019RG000660 |issn=8755-1209 |pmc=7384191 |pmid=32734279 |ultimo3=Gryspeerdt |primeiro3=E. |ultimo4=Kinne |primeiro4=S. |ultimo5=Stier |primeiro5=P. |ultimo6=Watson‐Parris |primeiro6=D. |ultimo7=Boucher |primeiro7=O. |ultimo8=Carslaw |primeiro8=K. S. |ultimo9=Christensen |primeiro9=M. |volume=58}}</ref>]]
Os [[Aerossol|aerossóis]] atmosféricos - partículas finas suspensas no ar - afetam a formação e as propriedades das nuvens, o que também altera seu impacto no clima. Embora alguns aerossóis, como as partículas de [[carbono negro]], tornem as nuvens mais escuras e, portanto, contribuam para o aquecimento,<ref>{{Citar periódico |url=https://www.nature.com/articles/ngeo156 |título=Global and regional climate changes due to black carbon |data=2008-04 |acessodata=2025-02-26 |periódico=Nature Geoscience |número=4 |ultimo=Ramanathan |primeiro=V. |ultimo2=Carmichael |primeiro2=G. |paginas=221–227 |lingua=en |doi=10.1038/ngeo156 |issn=1752-0894 |volume=1}}</ref> o efeito mais forte é, de longe, o dos [[Sulfato|sulfatos]], que aumentam o número de gotículas de nuvens, tornando-as mais reflexivas e ajudando-as a resfriar mais o clima. Isso é conhecido como efeito direto do aerossol; no entanto, os aerossóis também têm um efeito indireto sobre o {{Ill|en|Caminho da água líquida|Liquid water path|caminho da água líquida}}, e determiná-lo envolve cálculos contínuos e complexos de evaporação e condensação dentro das nuvens. Os modelos climáticos geralmente presumem que os aerossóis aumentam o caminho da água líquida, o que torna as nuvens ainda mais reflexivas.<ref name=":14" /> No entanto, observações de satélite feitas na década de 2010 sugeriram que os aerossóis diminuíram o caminho da água líquida e, em 2018, isso foi reproduzido em um modelo que integrou uma microfísica de nuvem mais complexa.<ref>{{Citar periódico |url=https://www.nature.com/articles/s41467-018-03379-6 |título=Aerosol effects on cloud water amounts were successfully simulated by a global cloud-system resolving model |data=2018-03-07 |acessodata=2025-02-26 |periódico=Nature Communications |número=1 |ultimo=Sato |primeiro=Yousuke |ultimo2=Goto |primeiro2=Daisuke |lingua=en |doi=10.1038/s41467-018-03379-6 |issn=2041-1723 |pmc=5841301 |pmid=29515125 |ultimo3=Michibata |primeiro3=Takuro |ultimo4=Suzuki |primeiro4=Kentaroh |ultimo5=Takemura |primeiro5=Toshihiko |ultimo6=Tomita |primeiro6=Hirofumi |ultimo7=Nakajima |primeiro7=Teruyuki |volume=9}}</ref> No entanto, a pesquisa de 2019 constatou que as observações anteriores de satélite eram tendenciosas por não levarem em conta as nuvens mais espessas e com maior quantidade de água, que naturalmente chovem mais e liberam mais partículas. Foi observado um resfriamento muito forte por aerossóis ao comparar nuvens da mesma espessura.<ref>{{Citar periódico |url=https://www.science.org/doi/10.1126/science.aav0566 |título=Aerosol-driven droplet concentrations dominate coverage and water of oceanic low-level clouds |data=2019-02-08 |acessodata=2025-02-26 |periódico=Science |número=6427 |ultimo=Rosenfeld |primeiro=Daniel |ultimo2=Zhu |primeiro2=Yannian |lingua=en |doi=10.1126/science.aav0566 |issn=0036-8075 |ultimo3=Wang |primeiro3=Minghuai |ultimo4=Zheng |primeiro4=Youtong |ultimo5=Goren |primeiro5=Tom |ultimo6=Yu |primeiro6=Shaocai |volume=363}}</ref>

Além disso, as observações em larga escala podem ser confundidas por mudanças em outros fatores atmosféricos, como a umidade: por exemplo, descobriu-se que, embora as melhorias na qualidade do ar após 1980 tivessem reduzido o número de nuvens sobre a [[Costa Leste dos Estados Unidos|costa leste dos Estados Unidos]] em cerca de 20%, isso foi compensado pelo aumento da umidade relativa causado pela resposta atmosférica à desaceleração da [[Circulação meridional de capotamento do Atlântico|AMOC]].<ref name=":17">{{Citar periódico |url=https://agupubs.onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1029/2020GL091275 |título=Strong Aerosol Effects on Cloud Amount Based on Long‐Term Satellite Observations Over the East Coast of the United States |data=2021-03-28 |acessodata=2025-02-26 |periódico=Geophysical Research Letters |número=6 |ultimo=Cao |primeiro=Yang |ultimo2=Wang |primeiro2=Minghuai |lingua=en |doi=10.1029/2020GL091275 |issn=0094-8276 |ultimo3=Rosenfeld |primeiro3=Daniel |ultimo4=Zhu |primeiro4=Yannian |ultimo5=Liang |primeiro5=Yuan |ultimo6=Liu |primeiro6=Zhoukun |ultimo7=Bai |primeiro7=Heming |volume=48}}</ref> Da mesma forma, embora a pesquisa inicial que analisou os sulfatos da erupção de [[Bárðarbunga]] em 2014-2015 tenha constatado que eles não causaram nenhuma alteração no caminho da água líquida,<ref>{{Citar periódico |url=https://www.nature.com/articles/nature22974 |título=Strong constraints on aerosol–cloud interactions from volcanic eruptions |data=2017-06-22 |acessodata=2025-02-26 |periódico=Nature |número=7659 |ultimo=Malavelle |primeiro=Florent F. |ultimo2=Haywood |primeiro2=Jim M. |paginas=485–491 |lingua=en |doi=10.1038/nature22974 |issn=0028-0836 |ultimo3=Jones |primeiro3=Andy |ultimo4=Gettelman |primeiro4=Andrew |ultimo5=Clarisse |primeiro5=Lieven |ultimo6=Bauduin |primeiro6=Sophie |ultimo7=Allan |primeiro7=Richard P. |ultimo8=Karset |primeiro8=Inger Helene H. |ultimo9=Kristjánsson |primeiro9=Jón Egill |volume=546}}</ref> mais tarde foi sugerido que essa constatação foi distorcida por mudanças contrárias na umidade.<ref name=":17" />
[[Ficheiro:ShipTracks.jpg|esquerda|miniaturadaimagem|250x250px|Rastros de navios visíveis no Pacífico Norte, em 4 de março de 2009]]
Para evitar fatores de confusão, muitas observações dos efeitos do aerossol se concentram nos {{Ill|en|Rastros de navios|Ship tracks|rastros de navios}}, mas pesquisas posteriores a 2020 descobriram que os rastros de navios visíveis são um substituto ruim para outras nuvens, e as estimativas derivadas deles superestimam o resfriamento por aerossol em até 200%.<ref>{{Citar periódico |url=https://www.science.org/doi/10.1126/science.abd3980 |título=Aerosol-cloud-climate cooling overestimated by ship-track data |data=2021-01-29 |acessodata=2025-02-26 |periódico=Science |número=6528 |ultimo=Glassmeier |primeiro=Franziska |ultimo2=Hoffmann |primeiro2=Fabian |paginas=485–489 |lingua=en |doi=10.1126/science.abd3980 |issn=0036-8075 |ultimo3=Johnson |primeiro3=Jill S. |ultimo4=Yamaguchi |primeiro4=Takanobu |ultimo5=Carslaw |primeiro5=Ken S. |ultimo6=Feingold |primeiro6=Graham |volume=371}}</ref> Ao mesmo tempo, outra pesquisa descobriu que a maioria dos rastros de navios é “invisível” para os satélites, o que significa que a pesquisa anterior havia subestimado o resfriamento por aerossol ao ignorá-los.<ref>{{Citar periódico |url=https://www.nature.com/articles/s41586-022-05122-0 |título=Invisible ship tracks show large cloud sensitivity to aerosol |data=2022-10-06 |acessodata=2025-02-26 |periódico=Nature |número=7930 |ultimo=Manshausen |primeiro=Peter |ultimo2=Watson-Parris |primeiro2=Duncan |paginas=101–106 |lingua=en |doi=10.1038/s41586-022-05122-0 |issn=0028-0836 |pmc=9534750 |pmid=36198778 |ultimo3=Christensen |primeiro3=Matthew W. |ultimo4=Jalkanen |primeiro4=Jukka-Pekka |ultimo5=Stier |primeiro5=Philip |volume=610}}</ref> Por fim, a pesquisa de 2023 indica que todos os modelos climáticos subestimaram as emissões de enxofre dos vulcões que ocorrem em segundo plano, fora das grandes erupções, e, portanto, superestimaram o resfriamento proporcionado pelos aerossóis antropogênicos, especialmente no clima do Ártico.<ref>{{Citar periódico |url=https://agupubs.onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1029/2022GL102061 |título=Underestimated Passive Volcanic Sulfur Degassing Implies Overestimated Anthropogenic Aerosol Forcing |data=2023-01-16 |acessodata=2025-02-26 |periódico=Geophysical Research Letters |número=1 |ultimo=Jongebloed |primeiro=U. A. |ultimo2=Schauer |primeiro2=A. J. |lingua=en |doi=10.1029/2022GL102061 |issn=0094-8276 |ultimo3=Cole‐Dai |primeiro3=J. |ultimo4=Larrick |primeiro4=C. G. |ultimo5=Wood |primeiro5=R. |ultimo6=Fischer |primeiro6=T. P. |ultimo7=Carn |primeiro7=S. A. |ultimo8=Salimi |primeiro8=S. |ultimo9=Edouard |primeiro9=S. R. |volume=50}}</ref>
[[Ficheiro:Estimates of past and future SO2 global anthropogenic emissions.png|miniaturadaimagem|250x250px|Estimativas do início da década de 2010 de emissões globais de dióxido de enxofre antropogênicas passadas e futuras, incluindo os {{Ill|en|Caminho de Concentração Representativo|Representative Concentration Pathway|Caminhos de Concentração Representativos}}. Embora nenhum [[Cenários de alterações climáticas|cenário de mudança climática]] possa atingir as Reduções Máximas Viáveis (MFRs), todos pressupõem reduções acentuadas em relação aos níveis atuais. Até 2019, foi confirmado que as reduções de emissões de sulfato prosseguirão em um ritmo acelerado.<ref>{{Citar periódico |url=https://www.nature.com/articles/d41586-018-07586-5 |título=Global warming will happen faster than we think |data=2018-12-06 |acessodata=2025-02-26 |periódico=Nature |número=7734 |ultimo=Xu |primeiro=Yangyang |ultimo2=Ramanathan |primeiro2=Veerabhadran |paginas=30–32 |lingua=en |doi=10.1038/d41586-018-07586-5 |issn=0028-0836 |ultimo3=Victor |primeiro3=David G. |volume=564}}</ref>]]
As estimativas de quanto os aerossóis afetam o resfriamento das nuvens são muito importantes, pois a quantidade de aerossóis de sulfato no ar passou por mudanças drásticas nas últimas décadas. Primeiro, ela aumentou muito entre as décadas de 1950 e 1980, em grande parte devido à queima generalizada de carvão com alto teor de [[enxofre]], o que causou uma redução observável na luz solar visível que foi descrita como [[escurecimento global]].<ref name=":16" /><ref name=":18">{{Citar periódico |url=https://agupubs.onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1029/2021JD035476 |título=Disentangling Aerosol and Cloud Effects on Dimming and Brightening in Observations and CMIP6 |data=2022-11-16 |acessodata=2025-02-26 |periódico=Journal of Geophysical Research: Atmospheres |número=21 |ultimo=Julsrud |primeiro=I. R. |ultimo2=Storelvmo |primeiro2=T. |lingua=en |doi=10.1029/2021JD035476 |issn=2169-897X |ultimo3=Schulz |primeiro3=M. |ultimo4=Moseid |primeiro4=K. O. |ultimo5=Wild |primeiro5=M. |volume=127}}</ref> Em seguida, começou a diminuir substancialmente a partir da década de 1990 e espera-se que continue a diminuir no futuro, devido às medidas de combate à [[chuva ácida]] e a outros impactos da [[Poluição atmosférica|poluição do ar]].<ref>{{citar web|url=http://www.epa.gov/airtrends/econ-emissions.html|titulo=Air Emissions Trends - Continued Progress Through 2005|acessodata=26-02-2025|website=[[Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos]]|lingua=en|arquivourl=https://web.archive.org/web/20070317212933/http://www.epa.gov/airtrends/econ-emissions.html|arquivodata=17-03-2007|urlmorta=sim}}</ref> Consequentemente, os aerossóis proporcionaram um efeito de resfriamento considerável que neutralizou ou “mascarou” parte do [[efeito estufa]] das emissões humanas, e esse efeito também estava diminuindo, o que contribuiu para a aceleração da [[Mudança do clima|mudança climática]].<ref>{{Citar livro|url=https://www.cambridge.org/core/product/identifier/9781009157896/type/book|título=Climate Change 2021 – The Physical Science Basis: Working Group I Contribution to the Sixth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change|ultimo=Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC)|data=|editora=Cambridge University Press|ano=2021|edicao=1|local=Cambridge; New York|capitulo=Summary for Policymakers|capítulourl=https://www.ipcc.ch/report/ar6/wg1/downloads/report/IPCC_AR6_WGI_SPM.pdf}}</ref>

Os modelos climáticos levam em conta a presença de aerossóis e seu declínio recente e futuro em suas projeções e, em geral, estimam que o resfriamento que eles proporcionam na década de 2020 é semelhante ao aquecimento provocado pelo {{Ill|en|Metano atmosférico|Atmospheric methane|metano atmosférico}} adicionado pelo ser humano, o que significa que reduções simultâneas em ambos se anulariam efetivamente.<ref>{{Citar web|ultimo=Hausfather|primeiro=Zeke|url=https://www.carbonbrief.org/explainer-will-global-warming-stop-as-soon-as-net-zero-emissions-are-reached/|titulo=Explainer: Will global warming ‘stop’ as soon as net-zero emissions are reached?|data=2021-04-29|acessodata=2025-02-26|website=Carbon Brief|lingua=en}}</ref> No entanto, a incerteza existente sobre as interações aerossol-nuvem também introduz incerteza nos modelos, principalmente quando se trata de previsões de mudanças em eventos climáticos nas regiões com um registro histórico mais deficiente de observações atmosféricas.<ref name=":18" /><ref>{{Citar periódico |url=https://agupubs.onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1029/2021JD035476 |título=Disentangling Aerosol and Cloud Effects on Dimming and Brightening in Observations and CMIP6 |data=2022-11-16 |acessodata=2025-02-26 |periódico=Journal of Geophysical Research: Atmospheres |número=21 |ultimo=Julsrud |primeiro=I. R. |ultimo2=Storelvmo |primeiro2=T. |lingua=en |doi=10.1029/2021JD035476 |issn=2169-897X |ultimo3=Schulz |primeiro3=M. |ultimo4=Moseid |primeiro4=K. O. |ultimo5=Wild |primeiro5=M. |volume=4}}</ref><ref>{{Citar periódico |url=https://www.nature.com/articles/d41586-022-03763-9 |título=Aerosols must be included in climate risk assessments |data=2022-11-24 |acessodata=2025-02-26 |periódico=Nature |número=7937 |ultimo=Persad |primeiro=Geeta G. |ultimo2=Samset |primeiro2=Bjørn H. |paginas=662–664 |lingua=en |doi=10.1038/d41586-022-03763-9 |issn=0028-0836 |ultimo3=Wilcox |primeiro3=Laura J. |volume=611}}</ref><ref>{{Citar periódico |url=https://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S0048969721058344 |título=Insights into recent aerosol trends over Asia from observations and CMIP6 simulations |data=2022-02 |acessodata=2025-02-26 |periódico=Science of The Total Environment |ultimo=Ramachandran |primeiro=S. |ultimo2=Rupakheti |primeiro2=Maheswar |paginas=150756 |lingua=en |doi=10.1016/j.scitotenv.2021.150756 |ultimo3=Cherian |primeiro3=R. |volume=807}}</ref>

== Possível rompimento de nuvens ''stratocumulus'' equatoriais ==
{{VT|Aquecimento global descontrolado}}Em 2019, um estudo empregou um modelo de {{Ill|en|Simulação de grandes turbulências|Large eddy simulation|simulação de grandes turbulências}} para estimar que as nuvens ''[[stratocumulus]]'' equatoriais poderiam se romper e se dispersar quando os níveis de [[CO2|CO<sub>2</sub>]] aumentassem acima de 1 200 [[Parte por milhão|ppm]] (quase três vezes mais do que os níveis atuais e mais de quatro vezes mais do que os níveis pré-industriais). O estudo estimou que isto causaria um aquecimento da superfície de cerca de 8 °C globalmente e 10 °C nas regiões subtropicais, o que se somaria a pelo menos 4 °C já causados por essas concentrações de CO<sub>2</sub>. Além disso, as nuvens ''stratocumulus'' não se recuperariam até que as concentrações de CO<sub>2</sub> caíssem para um nível muito mais baixo.<ref>{{Citar periódico |url=https://www.nature.com/articles/s41561-019-0310-1 |título=Possible climate transitions from breakup of stratocumulus decks under greenhouse warming |data=2019-03 |acessodata=2025-02-26 |periódico=Nature Geoscience |número=3 |ultimo=Schneider |primeiro=Tapio |ultimo2=Kaul |primeiro2=Colleen M. |paginas=163–167 |lingua=en |doi=10.1038/s41561-019-0310-1 |issn=1752-0894 |ultimo3=Pressel |primeiro3=Kyle G. |volume=12}}</ref> Foi sugerido que essa descoberta poderia ajudar a explicar episódios passados de aquecimento excepcionalmente rápido, como o [[Máximo térmico do Paleoceno-Eoceno|Máximo Térmico do Paleoceno-Eoceno]].<ref>{{Citar web|ultimo=Wolchover|primeiro=Natalie|url=https://www.quantamagazine.org/cloud-loss-could-add-8-degrees-to-global-warming-20190225/|titulo=A World Without Clouds|data=2019-02-25|acessodata=2025-02-26|website=Quanta Magazine|lingua=en}}</ref> Em 2020, um trabalho adicional dos mesmos autores revelou que, em sua simulação de grandes turbulências, este ponto de inflexão não pode ser interrompido com a {{Ill|en|Modificação da radiação solar|Solar radiation modification|modificação da radiação solar}}. Em um cenário hipotético em que as emissões muito altas de CO<sub>2</sub> continuam por muito tempo, mas são compensadas com uma modificação extensiva da radiação solar, o rompimento das nuvens ''stratocumulus'' é simplesmente adiado até que as concentrações de CO<sub>2</sub> atinjam 1 700 ppm, momento em que ainda causaria cerca de 5 °C de aquecimento, inevitavelmente.<ref>{{Citar periódico |url=https://pnas.org/doi/full/10.1073/pnas.2003730117 |título=Solar geoengineering may not prevent strong warming from direct effects of CO 2 on stratocumulus cloud cover |data=2020-12 |acessodata=2025-02-26 |periódico=Proceedings of the National Academy of Sciences |número=48 |ultimo=Schneider |primeiro=Tapio |ultimo2=Kaul |primeiro2=Colleen M. |paginas=30179–30185 |lingua=en |doi=10.1073/pnas.2003730117 |issn=0027-8424 |pmc=7720182 |pmid=33199624 |ultimo3=Pressel |primeiro3=Kyle G. |volume=117}}</ref>

Entretanto, como os modelos de simulação de grandes turbulências são mais simples e em menor escala do que os [[Modelo de Circulação Geral|modelos de circulação geral]] usados para projeções climáticas, com representação limitada de processos atmosféricos como a [[Subsidência (meteorologia)|subsidência]], essa descoberta é atualmente considerada especulativa.<ref name=":19">{{Citar web|ultimo=Hausfather|primeiro=Zeke|url=https://www.carbonbrief.org/extreme-co2-levels-could-trigger-clouds-tipping-point-and-8c-of-global-warming/|titulo=Extreme CO2 levels could trigger clouds ‘tipping point’ and 8C of global warming|data=2019-02-25|acessodata=2025-02-26|website=Carbon Brief|lingua=en}}</ref> Outros cientistas afirmam que o modelo usado nesse estudo extrapola de forma não realista o comportamento de pequenas áreas de nuvens para todos os tipos de nuvens e que ele é incapaz de simular algo além de uma transição rápida, sendo que alguns o comparam a “um botão com duas configurações”.<ref>{{Citar web|ultimo=Voosen|primeiro=Paul|url=https://www.science.org/content/article/world-without-clouds-hardly-clear-climate-scientists-say|titulo=A world without clouds? Hardly clear, climate scientists say|data=26-02-2019|acessodata=2025-02-26|website=www.science.org|lingua=en}}</ref> Além disso, as concentrações de CO<sub>2</sub> só atingiriam 1 200 ppm se o mundo seguisse o Caminho de Concentração Representativo 8.5, que corresponde ao cenário de emissão de gases de efeito estufa mais alto possível e envolve uma expansão maciça da infraestrutura de [[Carvão mineral|carvão]]. Neste caso, 1 200 ppm seriam ultrapassados pouco depois de 2100.<ref name=":19" />

== Ver também ==

* [[Física das nuvens]]


{{Referências}}
{{Mudança do clima}}

[[Categoria:Mudanças climáticas]]
[[Categoria:Física atmosférica]]
[[Categoria:Nuvens]]