Mostrar código-fonte de GRB 970508

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{{Ficha de erupção de raios gama
| nome=GRB 970508
 | imagem=StisI.gif
| legenda=Luminescência [[espectro  visível|visível]] de GRB 970508 observada um mês depois da detecção da erupção .
| autor=
 | detectado=21:24 [[UTC]]<br />[[8 de maio]] de [[1997]].
| detectado por=[[BeppoSAX]]<br>[[Observatório de Raios gama Compton|BATSE]]<br>[[Ulysses (sonda)|Ulysses]]
| duração=15 segundos
| ascensão reta={{RA|06|53|49}}<ref name="Djorgovski">{{Citar web | primeiro1=S. G. | último1=Djorgovski | primeiro2=M. R. | último2=Metzger | primeiro3=S. C. | último3=Odewahn | primeiro4=R. R. | último4=Gal | primeiro5=S. R. | último5=Kulkarni | primeiro6=M. A. | último6=Pahre | primeiro7=D. A. | último7=Frail | primeiro8=E. | último8=Costa | primeiro9=M. | último9=Feroci | ano=1997 | url=http://www.cfa.harvard.edu/iauc/06600/06655.html  | título=IAU Circular 6655 : GRB 970508  | obra=International Astronomical Union  | acessodata=16-04-2009}}</ref>
| declinação={{DEC|+79|16|19,6}}<ref name="Djorgovski"/>
| desvio para o vermelho=0,835 ≤ ''z'' ≤ 2,3
| distância=6 × 10<sup>9</sup> [[ano luz|anos luz]]
| galáxia=
| constelação=
| magnitude aparente=19,6
| energia=5 × 10<sup>50</sup> [[erg]] (5 × 10<sup>43</sup> [[joule|J]])
| nomes=
}}
-->
[[Ficheiro:StisI.gif|300px|thumb|right|Luminescência [[espectro visível|visível]] de GRB 970508 observada um mês depois da detecção da erupção.]]
'''GRB 970508''' foi uma [[erupção de raios gama]] detectada a [[8 de maio]] de [[1997]] às 21:42 [[UTC]]. Uma erupção de [[raios gama]] (''GRB'' nas suas [[sigla]]s em [[língua inglesa|inglês]]) é um lampejo de grande [[luminosidade]], associado a uma explosão numa [[galáxia]] afastada, com produção de raios gama, a forma mais energética da [[radiação eletromagnética]]. Frequentemente são seguidos por uma duradoura [[luminescência]] residual de [[radiação]] a [[comprimento de onda|comprimentos de onda]] maiores ([[raios X]], [[radiação ultravioleta]], [[Espectro visível|luz visível]], [[radiação infravermelha]] e [[radiofrequência]]).

Foi detectado pelo monitor de erupções de raios gama do [[Satélite artificial|satélite]] de [[astronomia de raios X]] [[BeppoSAX]], fruto da colaboração entre os [[Países Baixos]] e a [[Itália]]. O [[astrônomo]] Mark Metzger determinou que GRB 970508 ocorreu a mais de 6 mil milhões de [[ano luz|anos luz]] da [[Terra]], sendo o primeiro GRB do qual se pôde determinar a distância.

Até este erupção, os astrônomos não chegaram a um consenso sobre a distância da Terra à que ocorrem os GRB. Alguns postulavam que ocorriam dentro da [[Via Láctea]], mas não eram observáveis no [[espectro visível]] pela sua baixa energia. Outros defendiam que ocorriam em outras galáxias, a distâncias astronômicas e que eram extremamente energéticos. Embora a possibilidade de que existam vários tipos de erupções de raios gama não tornava ambas as teorias mutuamente excludentes,<ref name="ReferenceA">{{Citar periódico|doi=10.1086/306386|autor=Mukherjee, S.,  '' al. ''  |ano=1998|título=Three Types of Gamma-Ray Bursts |publicação=Astrophysical Journal |volume=508|páginas=314}}</ref> a medição da distância de GRB 970508 situou inequivocamente a fonte dos GRB fora da nossa galáxia, dando por finalizado o debate.<ref group='nota'>A medição da [[desvio para o vermelho]] de GRB 970508 situou a sua origem a vários [[parsec|gigaparsecs]] da [[Terra]], uma prova concludente de que as erupções de raios gama decorrem em galáxias afastadas e são altamente energéticas. Com esta medição finalizou um debate que durara 24 anos. (Cfr. {{Citar livro  |sobrenome= Vedrenne  |nome=G. |apelido2=Atteia |nome2=J.-L. |título=Astrophysics update  |capítulo=12. The story of Gamma-Ray Burst: A New Window on Stellar Explosions and on the Early Univer-se |editor=Mason, John W. |acessodata=19 de fevereiro de 2010 |língua=inglês|volume=1|ano=2004|editora=Springer-Praxis |isbn=9783540406426|página=270 }})</ref>

GRB 970508 foi também a primeira erupção  da qual se observou emissão posterior de [[radiofrequência]]. Mediante a análise da intensidade flutuante dos sinais do rádio, o astrônomo [[Dale Frail]] calculou que a fonte da radiação se expandira a uma velocidade próxima à da [[velocidade da luz|luz]], prova concludente de que as erupções de raios gama são explosões de tipo [[teoria da relatividade|relativista]].

==Descobrimento==
[[Ficheiro:BeppoSAX.jpg|thumb|left|Representação artística do [[BeppoSAX]] em órbita.]]
As [[erupção de raios gama|erupções de raios gama]] (GRB), lampejos de grande [[luminosidade]] com produção de [[raios gama]], a forma mais energética da [[radiação eletromagnética]], foram detectadas pela primeira vez em [[1967]] pelos [[satélite artificial|satélites]] [[Vela (satélite)|Vela]], desenhados para a detecção de [[explosão nuclear|explosões nucleares]] no espaço.<ref>{{Citar livro |título=Flash! The hunt for the biggest explosions in the universe  | autor=Schilling, Govert  | editora=Cambridge University Press  | data=2002 | local=Cambridge | isbn=0-521-80053-6}}, pp. 12–16</ref> Frequentemente são seguidos por uma [[luminescência]] de maior duração de [[radiação]] a [[comprimento de onda|comprimentos de onda]] maiores e menor energia. A primeira vez que foi detectada radiação de [[raios X]] procedente da luminescência residual de um GRB,<ref>{{Citar periódico | autor=Costa, E. ''al.'' | título=Discovery of an X-ray afterglow associated with the ?-ray burst of 28 February 1997  | publicação=Nature  | volume=387 | páginas=783–785 | data=19-06-1997 | url=http://www.nature.com/nature/journal/v387/n6635/full/387783a0.html  | acessadoem=2009-04-02 | doi=10.1038/42885}}</ref> foi graças ao satélite artificial [[itália|ítalo]]-[[Países Baixos|holandês]] [[BeppoSAX]], dedicado especificamente à [[astronomia de raios X]].<ref>Schilling (2002), pp. 58–60</ref>

Em [[8 de maio]] de [[1997]], o [[observatório de raios gama]] do BeppoSAX registrou uma erupção  de raios gama de cerca de 15 segundos.<ref>{{Citar periódico | título=Evidence for Diverse Optical Emission from Gamma-Ray Burst Sources  | autor=Pederson, H.  '' al. ''   | data=28-10-1997 | url=http://arxiv.org/PS_cache/astro-ph/pdf/9710/9710322v1.pdf  | acessadoem=2009-03-12 | publicação=The Astrophysical Journal  | volume=496 | páginas=311–315 | doi=10.1086/305385}}</ref><ref name=Sc115/> Foi também detectada pela [[sonda]] [[robot|robótica]] [[Ulysses (sonda)|Ulysses]], destinada ao estudo do [[Sol]],<ref>{{Citar periódico | autor=Pian, E.  '' al. ''   | título=Hubble Space Telescope Imaging of the Optical Transient Associated with GRB 970508  | publicação=The Astrophysical Journal  | volume=492 | páginas=L103–L106 | data=10-01-1998 | url=http://www.iop.org/EJ/article/1538-4357/492/2/L103/975560.web.pdf?request-id=cacf1cb9-41cf-41d8-bb9f-8b5eab97f94a  | acessadoem=28 de março de 2009 | doi=10.1086/311101}}</ref> e pelo  ''Burst and Transient Source Experiment''  (BATSE) alojado no [[observatório de raios gama Compton]].<ref name="Kouveliotou">{{Citar web | primeiro1=C. | último1=Kouveliotou | primeiro2=M. S. | último2=Briggs | primeiro3=R. | último3=Preece | primeiro4=G. J. | último4=Fishman | primeiro5=C. A. | último5=Meegan | primeiro6=B. A. | último6=Harmon | ano=1997 | url=http://www.cfa.harvard.edu/iauc/06600/06660.html  | título=IAU Circular 6660 : GRB 970508  | obra=International Astronomical Union  | acessodata=04-04-2009}}</ref> Também foi registrado pelo [[campo visual]] de uma das câmaras de [[raios X]] do BeppoSAX. Às poucas horas, a equipa responsável de BeppoSAX localizou a origem da erupção  numa pequena área em redor da posição real com um [[erro de medição]] de aproximadamente 10 [[Minuto de arco|minutos de arco]],<ref>{{Citar periódico|doi=10.1038/386686a0|autor=van Paradijs, J.,  '' al. ''  |ano=1997|título=Transient optical emission from the error box of the gamma-ray burst of 28 February 1997 |publicação=Nature |volume=386|páginas=686}}</ref> a medição mais exata por enquanto.<ref name=Sc115>Schilling (2002), pp. 115–116</ref>

==Observações==
[[Ficheiro:USA.NM.VeryLargeArray.02.jpg|thumb|O [[Very Large Array]] do [[Novo México]].]]
Uma vez determinada aproximadamente a posição da [[erupção de raios gama]], [[Enrico Costa]], da equipa do BeppoSAX, entrou em contato com [[Dale Frail]], que então trabalhava no [[Very Large Array]] (pertencente ao [[National Radio Astronomy Observatory]]) do [[Novo México]], [[Estados Unidos]]. Frail começou a observar a erupção  a um [[comprimento de onda]] de 20 centímetros às 01:30 [[UTC]], menos de quatro horas depois da descoberta.<ref name=Sc116/> Enquanto preparava as suas observações, Frail comunicou com [[Stanislav Djorgovski]], que trabalhava no [[telescópio Hale]]. Djorgovski comparou imediatamente as suas imagens da região com outras mais antigas procedentes do [[Digitized Sky Survey]], mas não encontrou novas fontes de luz na zona assinalada pela equipa italiana. Mark Metzger, colega de Djorgovski no observatório de [[Caltech]], efetuou uma análise mais exaustiva dos dados, mas também não foi capaz de identificar novas fontes de radiação no [[espectro visível]].<ref name=Sc116>Schilling (2002), pp. 116–117</ref>

Djorgovski observou de novo a região a tarde seguinte, comparando as imagens dos dias, mas na zona aproximada indicada pelos astrônomos de [[BeppoSAX]] não aparecia nenhum objeto que diminuísse a sua luminosidade entre [[8 de maio|8]] e [[9 de maio]].<ref name="teams"/> Metzger captou um objeto que aumentara a sua luminosidade, mas assumiu que se tratava de uma [[estrela variável]], não de uma erupção  de raios gama. [[Titus Galama]] e [[Paul Groot]], membros de uma equipa de pesquisa em [[Amsterdã]] dirigido por [[Jan van Paradijs]], compararam as imagens tomadas pelo [[observatório WIYN]] a  [[8 de maio]] e pelo [[telescópio William Herschel]] o dia 9. Também não puderam encontrar nenhuma fonte de luz que decrescesse nessas datas.<ref name="teams"/>

Após descobrir a luminosidade latente do nova erupção , a equipa de BeppoSAX continuou trabalhando numa melhor localização da origem, até que o objeto que Metzger considerara uma estrela variável caiu dentro do pequeno intervalo de erro proposto pelos descobridores. Enquanto isso, tanto a equipa de [[Caltech]] quanto a de Amsterdã eram resistentes a publicar alguma conclusão sobre o achado, a [[10 de maio]] [[Howard Bond]] do [[Space Telescope Science Institute]] publicou as suas próprias observações,<ref>{{Citar web| sobrenome=Bond  | nome=H. E.  | ano=1997 | url=http://www.cfa.harvard.edu/iauc/06600/06654.html  | título=IAU Circular 6654 : 1997cm; GRB 970508  | obra=International Astronomical Union  | acessodata=16-04-2009}}</ref> que depois se confirmaram como parte da luminosidade [[espectro visível|visível]] derivada da erupção .<ref name="teams">Schilling (2002), pp. 118–120</ref>

[[Ficheiro:GRB artist NASA Zhang Woosley.jpg|thumb|left|Impressão artística de uma erupção de raios gama.]]
A noite entre [[10 de maio|10]] e [[11 de maio]] de [[1997]] um dos companheiros de Metzger, [[Charles Steidel]], registrou o [[espectro]] do objeto variável no [[observatório W. M. Keck]].<ref name="S121"/> Enviou os dados a Metzger que, após identificar um sistema de [[raia espectral|raias de absorção]] associadas ao [[magnésio]] e o [[ferro]], determinou um [[desvio para o vermelho]] do objeto de ''z'' = 0,8349 ± 0,0002,<ref>{{Citar enciclopédia| título=Gamma-Ray Bursts  | publicacao=The Universe in Gamma Rays  | autor=Varendoff, Martin   | editor=Volken Schönfelder  | páginas=367–396  | editora=Springer   | ano=2001  | isbn=3-540-67874-3}}</ref><ref name="MetzCircular">[[#MetzCircular|Metzger 1997a]]</ref><ref name="MetzJournal">{{Citar web| primeiro1=M. R. | último1=Metzger | primeiro2=S. G. | último2=Djorgovski | primeiro3=C. C. | último3=Steidel | primeiro4=S. R. | último4=Kulkarni | primeiro5=K. L. | último5=Adelberger | primeiro6=D. A. | último6=Frail | ano=1997 | url=http://www.cfa.harvard.edu/iauc/06600/06655.html  | título=IAU Circular 6655 : GRB 970508  | obra=International Astronomical Union  | acessodata=16-04-2009}}</ref> que indica que a luz da erupção  foi absorvida parcialmente por matéria a aproximadamente 6 mil milhões de [[ano luz|anos luz]] da [[Terra]].<ref>{{Citar livro | título=The Biggest Bangs  | autor=Katz, Jonathan I.  | editora=Oxford University Press  | data=2002 | isbn=0-19-514570-4}}, p. 148</ref> Embora nestas medidas não se determinasse o desvio para o vermelho do própria erupção, a matéria absorvente devia estar obrigatoriamente localizada entre a origem e a Terra, pelo qual o evento acontecera, pelo menos, a essa distância.<ref name="S121">Schilling (2002), pp. 121–123</ref><ref>Katz (2002), p. 149</ref>

Devido à ausência de [[Floresta Lyman-alfa|florestas Lyman-alfa]] no espectro, efeito da absorção pelas nuvens de hidrogênio neutro que se encontram entre a Terra e o objeto,<ref>{{Citar periódico | autor=Weinberg, D. H.  '' al ''   | título=The Lyman-α Forest as a Cosmological Tool  | publicação=The Emergence of Cosmic Structure  | ano=2003 | séries=American Institute of Physics Conference Series | volume=666 | editor=S. H. Holt and C. S.Reynolds | mês=maio | páginas=157-169 | doi=10.1063/1.1581786 | url=http://adsabs.harvard.edu/abs/2003AIPC..666..157W}}</ref> o desvio para o vermelho aumentou até ''z'' = 2,3,<ref name="MetzCircular"/><ref name="MetzJournal"/> enquanto na ulterior pesquisa de [[Daniel E. Reichart]], da [[Universidade de Chicago]], propôs-se uma ''z'' <math>\approx</math> 1,09. Esta foi a primeira oportunidade na que os cientistas puderam medir o desvio para o vermelho de uma erupção  de raios gama.<ref>Schilling (2002), p. 120</ref><ref>{{Citar periódico | título=The Redshift of GRB 970508  | autor=Reichart, Daniel E.  | data=19-02-1998 | editora=University of Chicago  | publicação=Astrophysical Journal Letters  | volume=495 | páginas=L99–L101 | doi=10.1086/311222 | url=http://arxiv.org/pdf/astro-ph/9712134v1  }}</ref> Também se obtiveram numerosos espectros visíveis no [[observatório de Calar Alto]], na [[Espanha]], em [[comprimento de onda|comprimentos de onda]] de 4.300–7.100 [[angstrom|Å]] (430–710 [[nanómetro|nm]]) e 3.500–8 000 Å (350–800&nbsp;nm), mas não foram identificadas linhas de emissão.<ref name="Castro">{{Citar periódico | autor=Castro-Tirado, A. J.  '' al. ''   | título=Photometry and Spectroscopy of the GRB 970508 Optical Counterpart  | publicação=Science  | volume=279 | número=5353 | páginas=1011–1014 | doi=10.1126/science.279.5353.1011 | data=13-02-1998 | acessadoem=2009-04-02 | pmid=9461429}}</ref>

A [[13 de maio]], cinco dias depois da primeira detecção de GRB 970508, Frail voltou a observar a zona de emissão mediante o Very Large Array,<ref name="Sch124"/> a comprimentos de onda de 3,5 [[centímetro|cm]], localizando imediatamente um forte sinal [[espectroscopia|espectroscópica]].<ref name="Sch124"/> Após 24 horas, a sinal a 3,5&nbsp;cm tornou-se significativamente mais forte, além de aparecerem novas sinais a 6 e 21&nbsp;cm de comprimento de onda.<ref name="Sch124"/> Era primeira observação confirmada de emissão de [[radiofrequência]]s por uma erupção  de raios gama.<ref name="Sch124">Schilling (2002), p. 124</ref><ref name="Katz147">Katz (2002), p. 147</ref><ref>{{citar jornal | título=Very Large Array Detects Radio Emission From Gamma-Ray Burst  | editora=National Radio Astronomy Observatory   | data=15 de maio de 1997  | url=http://www.nrao.edu/pr/1997/grbdetect/   | acessodata=12 de fevereiro de 2010 }}</ref>

Ao longo do seguinte mês, Frail observou que a emissão de radiofrequências flutuava cada dia, mas crescia a [[média]]. As flutuações não ocorriam simultaneamente em todos os comprimentos de onda observados, fato explicado por [[Jeremy Goodman]] da [[Universidade de Princeton]] como o resultado da curvatura nas ondas de rádio produzida pela sua viagem através do [[plasma]] interestelar da [[Via Láctea]].<ref name="Katz147"/><ref name="Sch125"/> Esses "lampejos" de ondas de rádio (variações rápidas na luminosidade de um objeto, neste caso na radiofrequência) ocorrem somente quando a fonte tem um diâmetro aparente de menos de 3 [[segundo de arco|microssegundos de arco]].<ref name="Sch125">Schilling (2002), p. 125</ref>

==Características==
[[Ficheiro:GRB080319B illustration NASA.jpg|thumb|right|250px|Ilustração artística de uma erupção  de raios gama numa zona de formação de estrelas ([[GRB 080319B]]). A energia da explosão concentra-se em dois feixes estreitos e de sentido oposto.]]
O monitor de [[erupção de raios gama|erupção s de raios gama]] de [[BeppoSAX]], operando numa categoria de energia de 40–700 [[elétron-volt|keV]], registrou um [[fluxo luminoso]] de (1,85 ± 0,3) × 10<sup>−6</sup> [[erg]]/cm² (1,85 ± 0,3 [[joule|nJ]]/m²), enquanto a sua câmara de campo largo (2–26 keV) captou um fluxo de (0,7 ± 0,1) × 10<sup>−6</sup> erg/cm² (0,7 ± 0,1 nJ/m²).<ref>{{Citar periódico |título=Optical Follow-Up of GRB 970508  | autor=Galama, T. J.|numero-autores=  ''et al. ''   | publicacao=The Astrophysical Journal  | volume=497 | páginas=L13–L16 | data=10-04-1998 | url=http://www.iop.org/EJ/article/1538-4357/497/1/L13/975874.web.pdf?request-id=53e0b99d-506c-40b7-89e1-936bed2a95cd  | acessadoem=12 de fevereiro de 2010 | doi=10.1086/311268 }}</ref> Finalmente, o [[Observatório de raios gama Compton|BATSE]] (20–1000 keV) registrou um fluxo de (3,1 ± 0,2) × 10<sup>−6</sup> erg/cm² (3,1 ± 0,2 nJ/m²).<ref name="Kouveliotou"/>

Aproximadamente cinco horas depois da erupção , a [[magnitude aparente]] do objeto, uma medida [[logaritmo|logarítmica]] do seu brilho, na que os valores altos indicam opacidade, foi de 20,3 ± 0,3 na faixa O do [[sistema fotométrico]], correspondente à região [[ultravioleta]] do espectro  (365&nbsp;nm - 66&nbsp;nm).<ref name="Castro"/> A luminosidade posterior alcançou o seu máximo em ambas as faixas aproximadamente dois dias depois da primeira detecção da erupção  (19,6 ± 0,3 na faixa O às 02:13 UTC de [[11 de maio]], e 19,8 ± 0,2 na faixa R, correspondente ao [[vermelho]] (658&nbsp;nm - 138&nbsp;nm), às 20:55 UTC do dia anterior.<ref name="Castro"/>

JamesE. Rhoads, astrônomo no [[Observatório Nacional de Kitt Peak]], também analisou a erupção , chegando à conclusão de que não estava fortemente [[Luz colimada|colimada]] em forma de [[luz|raio de luz]].<ref>{{Citar periódico | título=The Dynamics and Light Curves of Beamed Gamma Ray Burst Afterglows  | autor=Rhoads, JamesE.  | doi=10.1086/307907 | data=25-03-1999 | publicação=The Astrophysical Journal  | volume=525 | páginas=737–749 | acessadoem=12 de fevereiro de 2010}}</ref> Posteriores análises realizadas por Frail e a sua equipa indicaram que a energia total liberta pela erupção  fora de aproximadamente 5×10<sup>50</sup> erg (5×10<sup>43</sup> J), sendo a energia correspondente a [[raios gama]], segundo medidas de Rhoads, de aproximadamente 3×10<sup>50</sup> erg (3×10<sup>43</sup> J).<ref name="Pac"/> Estes cálculos indicam que os raios gama e a [[energia cinética]] emitidos pela erupção  eram comparáveis, fato que parece descartar os modelos de GRB que postulam a relativa ineficiência na produção de raios gama destes fenômenos astronômicos.<ref name="Pac">{{Citar livro | nome=Paczyński   | sobrenome=Bohdan   | ano=1999  | título=Gamma-Ray Burst–Supernova relation  | títulolivro=Supernovae and Gamma-Ray Bursts: The Greatest Explosions Since the Big Bang | editor=M. Livio, N. Panagia, K. Sahu | publicação=[[Space Telescope Science Institute]]  | páginas=1–8 | isbn=0-521-79141-3}}, p. 2</ref>

==Modelo de emissão e escala de distância==
Até a descoberta de GRB 970508 não se tinha chegado a um consenso, entre a comunidade astronômica, a respeito da localização da origem e distância das [[erupção de raios gama|erupções de raios gama]]. Se bem que a aparente [[Isotropia|distribuição isotrópica]] das erupções sugestiona que não ocorriam dentro da [[Via Láctea]],<ref name="Hurley">{{Citar livro | nome=K.  | sobrenome=Hurley   | ano=2003  | título=A Gamma-Ray Burst Bibliography, 1973-2001  | url=http://www.ssl.berkeley.edu/ipn3/grbbiblio.pdf  | títulolivro=Gamma-Ray Burst and Afterglow Astronomy, 2001: A Workshop Celebrating the First Year of the HETE Mission | editor=G. R. Ricker e R. K. Vanderspek | publicação=[[American Institute of Physics]]  | páginas=153–155 | acessodata=12 de fevereiro de 2010 | isbn=0-7354-0122-5}}</ref> alguns astrônomos postularam que aconteciam dentro do [[Halo galáctico|halo esferoidal]] da nossa galáxia, indicando que as erupções são apenas visíveis porque não são altamente energéticas.<ref>{{Citar periódico|doi=10.1146/annurev.aa.33.090195.002215|autor=Fishman, C. J. and Meegan, C. A. |ano=1995|título=Gamma-Ray Bursts |publicação=Annual Review of Astronomy and Astrophysics |volume=33|páginas=415 458}}</ref> A outra teoria possível baseia-se em que as erupções ocorrem em outras galáxias, situadas a distâncias cosmológicas, e podem ser detectadas por ser extremamente energéticas.<ref name="Hurley"/>

A medição da distância e os cálculos da energia total de GRB 970508 parecem apoiar inequivocamente esta última teoria,<ref>Schilling (2002), p. 123</ref> que se viu confirmada com a descoberta da galáxia anfitrioa de outra erupção  similar, [[GRB 970228]].<ref>Schilling (2002), p. 1118-122</ref> Em poucos meses, a controvérsia a respeito da distância das erupções terminou: são eventos extragaláticos originados dentro de galáxias apenas perceptíveis situadas a enormes distâncias. Um ano depois, em abril de [[1998]], a erupção  [[GRB 980425]] foi seguido por uma brilhante [[supernova]] ([[SN 1998bw]]), fato que indica uma clara conexão entre as erupções de raios gama e as mortes de estrelas massivas.<ref>{{Citar periódico| autor4=Galama, T.J.|numero-autores=  ''et al.''| ano=1998 | título=An unusual supernova in the error box of the gamma-ray burst of 25 April 1998  | publicação=[[Nature]]  | volume=395 | páginas=670–672 | doi=10.1038/27150 | bibcode=1998Natur.395..670G | pmid=27150 | último1=Wang Lu | primeiro1=LJ | último2=Demetriou | primeiro2=SK | último3=Domino | primeiro3=EF | número=1}}</ref>
[[Ficheiro:GRB 970508 STIS August 1998.gif|thumb|right|Imagem da galáxia de origem de GRB 970508 tomada em agosto de 1998.]]
Ao longo do mês de maio de [[1997]] os lampejos de [[radiofrequência]] foram-se tornando paulatinamente mais fracos até cessarem. Este fato implica que o tamanho da fonte de emissão se expandiu significativamente no intervalo de tempo entre a detecção e a extinção da erupção .<ref name="ReferenceA"/> Utilizando a distância conhecida à origem da erupção  e do tempo transcorrido antes do fim dos lampejos, [[Dale Frail]] calculou que a fonte se expandira a uma velocidade próxima à da [[velocidade da luz|luz]].<ref>{{Citar periódico | título=Implications of the Radio Afterglow from the Gamma-Ray Burst of 1997 May 8 | autor1=Waxman, E.|autor2=Kulkarni, S. R.|autor3=Frail, D. A. | data=10-04-1998 | acessadoem=2009-04-12 | publicação=Astrophysical Journal | volume=497 | páginas=288–293 | url=http://www.iop.org/EJ/article/0004-637X/497/1/288/37227.text.html#crf18 | doi=10.1086/305467 }}{{Ligação inativa|maio de 2019 }}</ref> Esta foi a primeira evidência da possível existência de explosiões [[teoria da relatividade|relativistas]].<ref>Schilling (2002), p. 126</ref><ref>{{Citar livro | nome=Tsvi  | sobrenome=Piran   | ano=1999 | título=Fireballs  | títulolivro=Supernovae and Gamma-Ray Bursts: The Greatest Explosions Since the Big Bang | editor=M. Lívio, N. Panagia, K. Sahu | publicação=[[Space Telescope Science Institute]]  | páginas=17–35 | isbn=0-521-79141-3}}, p. 23</ref>

==Galáxia de origem==
A luminosidade residual de GRB 970508 alcançou o seu máximo 19,82 dias depois da detecção da [[erupção de raios gama|erupção]]. Após isso, foi-se atenuando seguindo um [[declive]] [[Lei potencial|potencial]] durante uns 100 dias.<ref name="Fruchter"/> Depois desapareceu totalmente a emissão de ondas, revelando o anfitrião da erupção, uma [[galáxia anã]] num processo ativo de formação de estrelas com uma [[magnitude aparente]] de ''V'' = 25,4 ± 0,15.<ref name="Fruchter"/><ref>{{Citar periódico | título=The Host Galaxy of GRB 970508  | autor=Bloom, J. S. |numero-autores=''et al.''  | publicacao=The Astrophysical Journal  | volume=507 | páginas=L25–L28 | data=01-11-1998 | editora=California Institute of technology  | url=http://www.iop.org/EJ/article/1538-4357/507/1/L25/985572.web.pdf?request-id=b2c803c2-f988-4244-b318-fa8f01319c88 | acessadoem=12 de fevereiro de 2010 | doi=10.1086/311682}}</ref> Para a galáxia foi utilizado um modelo teórico no qual o [[brilho superficial]] se reduz [[exponencial]]mente, desde o centro para o exterior dela,<ref group='nota'>É chamado ''disco'' exponencial porque desde a [[Terra]] observa-se uma projeção da galáxia e não uma imagem em três dimensões. Ou seja, o [[elipsoide]], que é a forma de uma [[galáxia elíptica]], fica reduzido a um disco ao projetar-se no céu. Cfr.{{Citar periódico |sobrenome=Lin |nome=D. N. C.  |autor2=Pringle, J. E.  |título=
The formation of the exponential disk in spiral galaxies |url=http://adsabs.harvard.edu/cgi-bin/nph-data_query?bibcode=1987ApJ...320L..87L&link_type=GIF |língua=inglês |publicação=Astrophysical Journal  |issn=0004-637X|data=15 de setembro de 1987 |volume=320 |páginas=L87-L91|acessodata=22 de fevereiro de 2010 |doi=10.1086/184981}}</ref> em forma de [[disco exponencial]] de [[elipticidade]] 0,70 ± 0,07.<ref name="Fruchter"/> O [[desvio para o vermelho]] da luminosidade latente de GRB 970508 calculou-se em ''z'' = 0,835, correspondente a um ''z'' da galáxia anfitrioa de 0,83, o qual sugestiona que, ao contrário de erupções observadas anteriormente, GRB 970508 pôde estar associado a um [[Galáxia ativa|núcleo galáctico ativo]].<ref name="Fruchter">{{Citar periódico| título=Hubble Space Telescope Observations of the Host Galaxy of GRB 970508  | autor=Fruchter, A. S.  '' al. ''   | publicação=The Astrophysical Journal  | volume=545 | páginas=664–669 | data=20-12-2000 | acessadoem=12 de fevereiro de 2010 | url=http://www.iop.org/EJ/article/0004-637X/545/2/664/52421.text.html  | doi=10.1086/317870}}</ref>

==Notas==
<div class="references-small">
<references group=nota /></div>
{{Referências|col=2}}

{{Tradução/ref|es|GRB 970508}}

== Bibliografia ==
* {{Citar periódico|doi=10.1086/520317|autor=CHATTOPADHYAY, T.,  '' al. ''  |ano=2007|título=Statistical Evidence for Three Classes of Gamma-Ray Bursts |publicação=Astrophysical Journal |volume=667|páginas=1017}}
* {{Citar periódico | autor5=FRAIL, D.A.|numero-autores=  ''et al.''   | ano=2000 | título=A 450 Day Light Curve of the Radio Afterglow of GRB 970508 : Fireball Calorimetry| publicação=[[Astrophysical Journal]]  | volume=537 | páginas=191–204 | doi=10.1086/309024 | bibcode=2000ApJ...537..191F | id={{arxiv|astro-ph/9910319}} | pmid=309024 | último1=Kecik | primeiro1=T | último2=Zareba | primeiro2=B | último3=Kecik | primeiro3=D | último4=Dembowska | primeiro4=L |número=7}}
* {{Citar periódico|doi=10.1086/344568|autor=HAKKILA, J.|numero-autores=  ''et al.''  |ano=2003|título=How Sample Completeness Affects Gamma-Ray Burst Classification |publicação=Astrophysical Journal |volume=582|páginas=320}}
* {{Citar periódico| título=Spectral constraints on the redshift of the optical counterpart to the γ-ray burst of 8 May 1997  | autor=METZGER, M. R.|numero-autores=  ''et al.'' | publicação=Nature  | volume=387 | páginas=878–880 | data=1997b | url=http://www.nature.com/nature/journal/v387/n6636/full/387878a0.html| doi=10.1038/43132 }}
* {{Citar livro |sobrenome=VEDRENNE  |nome=Gilbert  |autor2=ATTEIA, Jean-Luc  |título=Gamma-Ray Bursts : The brightest explosions in the Universe  |acessodata=12 de fevereiro de 2010 |língua=inglês |editor=Astronomy and Planetary Sciences |editora=Springer Praxis Books  |local=|isbn=9783540390855}}

== Ligações externas ==
* {{es}} [http://www.sea-astronomia.es/drupal/sites/default/files/archivos/descubre/SEA45Brotesrayosgamma.pdf As erupções de raios gama: faróis do Universo]
* {{es}} [http://axxon.com.ar/not/150/c-1500215.htm As explosões de raios gama proviriam de estrelas de carbono e oxigênio]
* {{es}} [http://globedia.com/agujeros-negros-invasores-crean-estallidos-rayos-gamma Buracos negros invasores criam as explosões de raios gama]
* {{es}} [http://www.odiseacosmica.com/2009/03/swift-capta-grb-poco-despues-de.html Swift capta GRB pouco depois de acontecer]

[[Categoria:Erupções de raios gama]]