Mostrar código-fonte de Niels Bohr

{{mais fontes|data=Março de 2011}}
{{Info/Biografia
 |nome                  = Niels Bohr
 |imagem                = Niels Bohr.jpg
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 |imagem_legenda        = Bohr em 1922
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 |ocupação              = físico
 |nome_mãe              = Ellen Adler
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 |tipo-cônjuge          = Esposa(s)
 |cônjuge               = Margrethe Nørlund ({{abbr|c.|casado}}&nbsp;1912)
 |filhos                = 6; incluindo [[Aage Bohr]]
 |prêmios               = {{nowrap|[[Prêmio Nobel de Física]]&nbsp;(1922)}}{{Lista minimizável
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 |title         = {{nobold|<small>'''outros prêmios'''</small>}}
   |[[Medalha Hughes]]&nbsp;(1921)|[[Medalha e Prêmio Faraday#Guthrie Lecture|Guthrie Lecture]] (1922)|[[Medalha Matteucci]]&nbsp;(1923)
   |[[Medalha H. C. Ørsted]] (1924)|[[Medalha Franklin]]&nbsp;(1926)|[[Royal Society|Membro Estrangeiro da Royal&nbsp;Society]] (1926)
   |[[Medalha Max Planck]]&nbsp;(1930)|[[Prêmio Faraday]]&nbsp;(1930)|[[Medalha Copley]]&nbsp;(1938)
   |[[Ordem do Elefante]] (1947)|[[Medalha de Ouro Internacional Niels Bohr]] (1955)|[[Prêmio Átomos pela Paz]]&nbsp;(1957)
   |[[Prêmio Sonning]]&nbsp;(1957)|[[Medalha e Prêmio Rutherford]] (1958)|[[Medalha Helmholtz]] (1961)}}
 |principais_trabalhos  = {{nowrap|[[Modelo atômico de Bohr]]}}{{Collapsible list |title=<small>outros trabalhos</small>|[[Interpretação de Copenhague]]|[[Princípio da complementaridade]]|[[Antiga teoria quântica]]}}
 |assinatura            = Niels Bohr Signature.svg
}}

'''Niels Henrik David Bohr''' ([[Língua dinamarquesa|dinamarquês]]: {{AFI|[ˈne̝ls ˈpoɐ̯ˀ]}} ([[Ficheiro:Loudspeaker.svg|ligação=|10x10px]] <small>[//commons.wikimedia.org/wiki/File:Niels_Bohr.ogg ouça]</small>); [[Copenhaga|Copenhague]], {{dtlink|7|10|1885}} – Copenhague, {{dtlink|18|11|1962}}) foi um [[físico]] e [[filósofo]] [[Dinamarqueses|dinamarquês]] que fez contribuições fundamentais para a compreensão da [[Modelo atômico|estrutura atômica]] e da [[mecânica quântica]], pela qual recebeu o [[Nobel de Física|Prêmio Nobel de Física]] em 1922.

Bohr desenvolveu um modelo atômico ([[átomo de Bohr]]), no qual propôs que os níveis de energia dos [[Elétron|elétrons]] são quantizadas e que os elétrons se movem em órbitas estáveis ao redor do [[Núcleo atómico|núcleo atômico]], mas podem saltar de um nível de energia (ou órbita) para outro. Embora o modelo tenha sido, mais tarde, substituído por outros, seus princípios fundamentais permanecem válidos. Ele também concebeu o [[princípio da complementaridade]], que defende que objetos têm certos pares de propriedades complementares que não podem ser todos observados ou medidos simultaneamente, como a [[Dualidade onda-corpúsculo|dualidade onda-partícula]]. Essa noção de complementariedade dominava o pensamento de Bohr tanto na ciência quanto na filosofia.

Bohr fundou o Instituto de Física Teórica na [[Universidade de Copenhague]], hoje conhecido como [[Instituto Niels Bohr]], que foi inaugurado em 1920. Bohr orientou e colaborou com físicos incluindo [[Hendrik Anthony Kramers|Hans Kramers]], [[Oskar Klein]], [[George de Hevesy]], e [[Werner Heisenberg]]. Ele também previu a existência de um novo elemento semelhante ao [[zircônio]], que recebeu o nome de [[háfnio]] (em homenagem à cidade de ''Hafnia'', Copenhague em [[latim]]). Posteriormente, o elemento [[bóhrio]] foi nomeado em sua homenagem.

Durante a década de 1930, Bohr ajudou os refugiados da [[Segunda Guerra Mundial]]. Depois que a [[Dinamarca]] foi ocupada pelos [[alemães]], Bohr encontrou-se com Heisenberg, que havia se tornado o responsável pelo [[projeto de energia nuclear alemão]]. Em setembro de 1943 chegou a Bohr a notícia de que estava prestes a ser preso pelos alemães, fugindo assim para a [[Suécia]]. De lá, ele foi levado para a [[Grã-Bretanha]], onde se juntou ao projeto britânico de armas nucleares [[Tube Alloys]], e fez parte da missão britânica no [[Projeto Manhattan]]. Após a guerra, Bohr apelou para a cooperação internacional sobre energia nuclear, envolvendo-se na criação da [[Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear|CERN]] e tornando-se o primeiro presidente do Instituto Nórdico de Física Teórica em 1957.

== Início de vida ==
=== Primeiros anos e educação ===
Bohr nasceu em [[Copenhague]], Dinamarca, em 7 de outubro de 1885, o segundo dos três filhos de [[Christian Bohr]],<ref name=cphpolice3308989>{{citar livro|autor=|titulo= Politiets Registerblade |subtitulo= Register cards of the Police |local= [[Copenhague]] |publicado= Københavns Stadsarkiv |url= http://www.politietsregisterblade.dk/en/component/sfup/?controller=politregisterblade&task=viewRegisterblad&id=3308989 |at= Station Dødeblade (indeholder afdøde i perioden). Filmrulle 0002. Registerblad 3341 |data= 7 de junho de 1892 |id= ID 3308989 |lingua= dinamarquês |urlmorta = dead|arquivourl= https://web.archive.org/web/20141129033630/http://www.politietsregisterblade.dk/en/component/sfup/?controller=politregisterblade&task=viewRegisterblad&id=3308989 |arquivodata= 29 de novembro de 2014}}</ref>{{sfn|Pais|1991|pp=44–45, 538–539}} um professor de [[fisiologia]] na [[Universidade de Copenhague]] e descobridor do [[efeito de Bohr]],<ref name="Christian Bohr">{{citar jornal|ultimo=Irzhak|primeiro=L. I.|titulo=Christian Bohr (On the Occasion of the 150th Anniversary of His Birth)|jornal=Human Physiology|language=inglês|volume=31|edição=3|páginas=366–368|doi=10.1007/s10747-005-0060-x|issn=0362-1197|year=2005}}</ref> e de Ellen Adler Bohr, descendente de uma rica família [[judia]] dinamarquesa, proeminente em bancos e em círculos parlamentares.{{sfn|Pais|1991|pp=35–39}}<ref>{{citar livro|url=http://books.google.ca/books?id=rNBuC-u36qMC&pg=PA13&dq=%22As+a+teenager,+Niels+went+%22&hl=en&redir_esc=y |autor=Naomi E. Pasachoff |coautor= |título=Niels Bohr: Physicist and Humanitarian |subtítulo= |idioma=inglês |edição=Great Minds of Science |local= |editora=Enslow Publishers |ano=2003 |página= |páginas=128 |isbn=0766019977 |acessodata=7 de outubro de 2012 }}</ref> Niels tinha uma irmã mais velha, Jenny, e um irmão mais novo, [[Harald Bohr|Harald]].<ref name=cphpolice3308989 /> Jenny tornou-se uma professora,{{sfn|Pais|1991|pp=44–45, 538–539}} enquanto Harald tornou-se [[matemático]] e [[jogador de futebol]], tendo jogado pela [[Seleção Dinamarquesa de Futebol]] nos [[Jogos Olímpicos de Verão de 1908]], em Londres. Niels também era um amante do futebol, e os dois irmãos jogaram várias partidas pelo clube de futebol copenhaguense [[Akademisk Boldklub]], com Niels na função de [[goleiro]].<ref>Não há verdade na alegação repetida de que Bohr emulou seu irmão, Harald, jogando pela seleção dinamarquesa. {{citar notícia |ultimo=Dart |primeiro=James |data=27 de julho de 2005 |url=https://www.theguardian.com/football/2005/jul/27/theknowledge.panathinaikos |titulo=Bohr's footballing career |obra=The Guardian |local=London |acessodata=26 de junho de 2011}}</ref>

[[File:Niels Bohr - LOC - ggbain - 35303.jpg|thumb|left|upright|Bohr em sua juventude]]
Bohr foi educado na Escola Latina Gammelholm, tendo ingressado aos sete anos de idade.<ref>{{citar web |url=http://www.nbi.ku.dk/english/www/niels/bohr/skole/ |titulo=Niels Bohr's school years |publicado=Niels Bohr Institute|língua=inglês |acessodata=14 de fevereiro de 2013 |data=18 de maio de 2012}}</ref> Em 1903, Bohr ingressou na [[Universidade de Copenhague]] como graduando de física. Ele foi ensinado por [[Christian Christiansen]], o único professor de física da instituição à época; ele também estudou astronomia e matemática com [[Thorvald Thiele]], e filosofia com [[Harald Høffding]], que era amigo de seu pai.{{sfn|Pais|1991|pp=98–99}}<ref name="university">{{citar web |url=http://www.nbi.ku.dk/english/www/niels/bohr/universitetet/ |titulo=Life as a Student |publicado=Niels Bohr Institute|língua=inglês |acessodata=14 de fevereiro de 2013 |data=16 de julho de 2012}}</ref>

Em 1905, ocorreu uma competição patrocinada pela [[Academia Real Dinamarquesa de Ciências e Letras]] para investigar um método de medição da [[tensão superficial]] de líquidos, proposta em 1879 por [[John William Strutt]], o Lord Rayleigh. O desafio envolvia medir a frequência de oscilação do raio de um jato d'água. Bohr fez uma série de experimentos utilizando o laboratório de seu pai na Universidade; a instituição em si não possuía um laboratório de física. Para completar seus experimentos, ele teve de fazer [[Vidro soprado|seus próprios instrumentos de vidro]], fabricando tubos de teste com as seções transversais [[Elipse|elípticas]] necessárias. Niels foi além da tarefa original, incorporando melhorias à teoria e ao método de Rayleigh ao considerar a [[viscosidade]] da água e ao trabalhar com amplitudes finitas, ao invés de apenas com aquelas de tamanho infinitesimal. Seu trabalho, enviado às vésperas do fim do prazo do concurso, venceu a competição. Ele mais tarde submeteu uma versão melhorada do artigo para a [[Royal Society]] em Londres, para publicação na revista da instituição, ''[[Philosophical Transactions of the Royal Society]]''.{{sfn|Rhodes|1986|pp=62–63}}{{sfn|Pais|1991|pp=101–102}}<ref name="university" />{{sfn|Aaserud|Heilbron|2013|p=155}}

Harald foi o primeiro dos dois irmãos a concluir seu [[mestrado]], obtendo-o na área de matemática em abril de 1909. Niels levou outros nove meses para obter seu mestrado com a teoria eletrônica dos metais, um tópico designado por seu orientador, Christiansen. Bohr elaborou o tema de seu mestrado para produzir sua tese de [[doutorado em filosofia]], sendo esta muito mais abrangente que sua dissertação. Ele pesquisou a literatura sobre o assunto, assentando-se em um modelo postulado por [[Paul Drude]] e elaborado por [[Hendrik Lorentz]], no qual os elétrons de um metal são considerados como possuindo um comportamento semelhante ao de um gás. Bohr estendeu o modelo de Lorentz, mas continuou incapaz de entender fenômenos como o [[efeito Hall]], concluindo que a teoria eletrônica não poderia explicar completamente as propriedades magnéticas dos metais. A tese foi aceita em abril de 1911,<ref>{{Citar notícia|url=https://www.britannica.com/biography/Niels-Bohr|titulo=Niels Bohr {{!}} Danish physicist|enciclopédia=Encyclopedia Britannica|acessodata=2017-08-25|língua=en}}</ref> e Bohr defendeu-a em 13 de maio; Harald havia recebido seu doutorado no ano anterior.{{sfn|Pais|1991|pp=107–109}} A tese de Bohr foi inovadora, porém atraiu pouco interesse fora da Escandinávia por ter sido escrita em Dinamarquês, um requisito da Universidade de Copenhague à época. Em 1921, a física neerlandesa [[Hendrika Johanna van Leeuwen]] demonstraria, de forma independente, um teorema a partir da tese de Bohr, hoje conhecido como [[teorema de Bohr–van Leeuwen]].{{sfn|Kragh|2012|pp=43–45}}

=== Família ===
[[File:Niels Bohr and Margrethe engaged 1910.jpg|thumb|right|upright|Bohr e Margrethe Nørlund em seu casamento em 1910.]]
Em 1910, Bohr conheceu Margrethe Nørlund, a irmã do matemático [[Niels Erik Nørlund]].{{sfn|Pais|1991|p=112}} Bohr renunciou sua filiação à [[Igreja da Dinamarca]] em 16 de abril de 1912,<ref>{{Citar livro |ultimo1=Spangenburg |primeiro1=Ray |último2=Moser |primeiro2=Diane Kit |título=Niels Bohr: Atomic Theorist |língua=en |local=New York |editora=Chelsea House |ano=2008 |página=37 |páginas= |isbn=9780816061785}}</ref> e ele e Margrethe casaram-se em uma cerimônia civil na prefeitura em [[Slagelse]] em 1 de agosto. Anos depois, seu irmão Harald também deixou à Igreja de forma similar antes de seu próprio casamento.{{sfn|Pais|1991|pp=133–134}} Bohr e Margrethe tiveram seis filhos.{{sfn|Pais|1991|pp=226, 249}} O mais velho, Christian, morreu em um acidente de barco em 1934,{{sfn|Stuewer|1985|p=204}} e outro, Harald, morreu de [[meningite]] na infância.{{sfn|Pais|1991|pp=226, 249}} [[Aage Bohr]] tornou-se um físico de sucesso e, em 1975, foi laureado com o Prêmio Nobel de Física, como seu pai.<ref name="Aage Facts">{{citar web|url=https://www.nobelprize.org/prizes/physics/1975/bohr/facts/|titulo=Aage Niels Bohr – Facts|língua=inglês|publicado=[[Nobelprize.org]]|acessodata=6 de abril de 2020}}</ref> Hans Bohr tornou-se um médico; Erik Bohr, um engenheiro de química; e [[Ernest Bohr|Ernest]], um advogado.<ref name="nobelprize.org">{{citar web|titulo=Niels Bohr&nbsp;– Biography|url=https://www.nobelprize.org/nobel_prizes/physics/laureates/1922/bohr-bio.html|publicado=[[Nobelprize.org]]|língua=inglês|acessodata=10 de novembro de 2011}}</ref> Como seu tio Harald, Ernest Bohr foi um atleta olímpico, havendo jogado [[hóquei sobre a grama]] pela Dinamarca nos [[Jogos Olímpicos de Verão de 1948]], realizados em Londres.<ref name="hockey">{{citar web |url=https://www.sports-reference.com/olympics/athletes/bo/ernest-bohr-1.html |titulo=Ernest Bohr Biography and Olympic Results – Olympics |publicado=Sports-Reference.com|língua=inglês |acessodata=12 de fevereiro de 2013}}</ref>

== Carreira acadêmica ==
=== Átomo de Bohr ===
{{Artigo principal|Átomo de Bohr}}
Em setembro de 1911, Bohr, apoiado por uma sociedade da [[Fundação Carlsberg]], viajou à Inglaterra. À época, era o local onde estava sendo feito a maior parte do trabalho teórico sobre a estrutura de átomos e moléculas.{{sfn|Kragh|2012|p=122}} Lá, conheceu [[J. J. Thomson]] do [[Laboratório Cavendish]] e do [[Trinity College, Cambridge]]. Bohr assistiu a palestras sobre [[eletromagnetismo]] promovidas por [[James Jeans]] e [[Joseph Larmor]], e realizou algumas pesquisas em [[raios catódicos]], mas não conseguiu impressionar Thomson.{{sfn|Kennedy|1985|p=6}}{{sfn|Pais|1991|pp=117–121}} Ele encontrou maior sucesso entre físicos mais jovens como o australiano [[William Lawrence Bragg]],{{sfn|Kragh|2012|p=46}} e o neozelandês [[Ernest Rutherford]], cujo [[Modelo atômico de Rutherford|modelo]] de 1911 de um [[átomo]] com núcleo central pequeno desafiava o [[Modelo atômico de Thomson|modelo proposto por Thomson em 1904]].{{sfn|Pais|1991|pp=121–125}} Bohr recebeu um convite de Rutherford para conduzir um trabalho de pós-doutorado [[Victoria University of Manchester|Universidade Victória de Manchester]],{{sfn|Kennedy|1985|p=7}} onde Bohr conheceu [[George de Hevesy]] e [[Charles Galton Darwin]] (ao qual Bohr referia-se como sendo "o neto do [[Charles Darwin|verdadeiro Darwin]]").{{sfn|Pais|1991|pp=125–129}}

Bohr retornou à Dinamarca em julho de 1912 para seu casamento, e viajou pela Inglaterra e pela Escócia na sua lua de mel. Ao retornar, ele tornou-se um ''[[privatdocent]]'' na Universidade de Copenhague, dando palestras sobre [[termodinâmica]]. [[Martin Knudsen]] indicou o nome de Bohr a ''[[docente]]'', sendo aprovado para o cargo em julho de 1913, e Bohr então começou a ensinar estudantes de medicina.{{sfn|Pais|1991|pp=134–135}} Seus três artigos, que mais tarde ficariam conhecidos como "a trilogia",{{sfn|Kennedy|1985|p=7}} foram publicados na ''[[Philosophical Magazine]]'' em julho, setembro e novembro daquele ano.<ref>{{citar jornal | primeiro=Niels |ultimo=Bohr | titulo=On the Constitution of Atoms and Molecules, Part I | jornal=[[Philosophical Magazine]] | ano=1913 | volume=26 | páginas=1–24 | doi= 10.1080/14786441308634955| url=http://web.ihep.su/dbserv/compas/src/bohr13/eng.pdf | edição=151}}</ref><ref name="Bohr 1913 476">{{citar jornal | primeiro=Niels |ultimo=Bohr | titulo=On the Constitution of Atoms and Molecules, Part II Systems Containing Only a Single Nucleus | jornal=[[Philosophical Magazine]] | ano=1913 | volume=26 | páginas=476–502 | url=http://web.ihep.su/dbserv/compas/src/bohr13b/eng.pdf | doi=10.1080/14786441308634993 | edição=153}}</ref><ref>{{citar jornal | primeiro=Niels |ultimo=Bohr | titulo=On the Constitution of Atoms and Molecules, Part III Systems containing several nuclei| jornal=[[Philosophical Magazine]] | ano=1913 | volume=26 | páginas=857–875|edição=155|doi=10.1080/14786441308635031|url=https://zenodo.org/record/1430922 }}</ref>{{sfn|Pais|1991|p=149}} Ele adaptou a estrutura nuclear do modelo de Rutherford à teoria quântica de [[Max Planck]] e então criou o seu [[Modelo atômico de Bohr|próprio modelo do átomo]].<ref name="Bohr 1913 476" />

Modelos planetários dos átomos não eram novos, mas o tratamento fornecido por Bohr era.{{sfn|Kragh|2012|p=22}} Tomando como ponto de partida o artigo publicado por Darwin em 1912 sobre o papel dos elétrons na interação de partículas alfa com um núcleo,<ref name="Darwin1912">{{citar jornal|ultimo1=Darwin|primeiro1=Charles Galton|titulo=A theory of the absorption and scattering of the alpha rays|jornal=[[Philosophical Magazine]] |volume=23|edição=138|ano=1912|páginas=901–920|issn=1941-5982|doi=10.1080/14786440608637291|url=https://zenodo.org/record/1430804}}</ref><ref name="Arabatzis2006">{{citar livro|ultimo=Arabatzis|primeiro=Theodore |titulo=Representing Electrons: A Biographical Approach to Theoretical Entities|url=https://books.google.com/books?id=CdKZYot85OcC&pg=PA118|ano=2006|publicado=University of Chicago Press|isbn=978-0-226-02420-2|página=118}}</ref> ele fez avanços na teoria de elétrons viajando em [[órbita]]s em torno do núcleo atômico, com as propriedades químicas de cada elemento sendo em grande parte determinadas pelo número de elétrons nas órbitas mais externas de seus átomos.{{sfn|Kragh|1985|pp=50–67}} Ele introduziu a ideia de que um elétron poderia "descer" de uma órbita de maior energia para uma de menor energia, emitindo um [[quantum]] de energia discreta durante o processo. Esse raciocínio tornou-se a base do que eventualmente veio a ser conhecido como a [[antiga teoria quântica]].{{sfn|Heilbron|1985|pp=39–47}}

[[File:Bohr atom model.svg|thumb|right|O '''modelo de Bohr''' do [[átomo de hidrogênio]]. Um elétron negativamente carregado, confinado a um [[orbital atômico]], orbita um núcleo pequeno e carregado positivamente; um salto quântico entre órbitas é acompanhado pela emissão ou pela absorção de uma quantidade de [[radiação eletromagnética]].]]
[[File:Evolution of atomic models infographic.svg|thumb|right|A evolução dos [[Modelo atômico|modelos atômicos]] durante o século XX: [[Modelo atômico de Thomson|Thomson]], [[Modelo atômico de Rutherford|Rutherford]], [[Modelo atômico de Bohr|Bohr]], [[Orbital atômico|Heisenberg/Schrödinger]].]]
Em 1885, [[Johann Balmer]] descreveu o que ficou conhecido como a [[série de Balmer]], uma lista das [[Linha espectral|linhas espectrais]] do átomo de [[hidrogênio]]. Ele percebeu que os quatro comprimentos de onda λ em que essas linhas se encontravam (todas na [[Espectro visível|região visível do espectro]]) obedeciam a seguinte fórmula:{{sfn|Walker|Halliday|Resnick|2012|p=221}}
:<math>\frac{1}{\lambda} = R\left(\frac{1}{2^2} - \frac{1}{n^2}\right) \quad \text{para} \ n=3, 4, 5, 6</math>
em que ''R'' é a [[constante de Rydberg]], medida experimentalmente.{{sfn|Walker|Halliday|Resnick|2012|p=221}}{{sfn|Heilbron|1985|p=43}} A fórmula de Balmer foi corroborada pela descoberta de novas linhas espectrais, correspondentes a valores maiores de ''n''; entretanto, por trinta anos,{{carece de fontes}} ninguém conseguiu explicar por que ela funcionava. No primeiro artigo de sua trilogia,{{carece de fontes}} Bohr foi capaz de derivá-la de seu modelo, explicitando a dependência da constante de Rydberg de outras constantes fundamentais:
:<math> R = \frac{m_e e^4}{8 \epsilon_0^2 h^3 c}</math>
em que ''m''<sub>e</sub> é a massa do elétron, e ''e'' é a sua carga; ''ε<sub>0</sub>'' é a [[permissividade do vácuo]], ''h'' a [[constante de Planck]], e ''c'' a [[velocidade da luz]].{{sfn|Walker|Halliday|Resnick|2012|p=223}} Além disso, o modelo de Bohr explicava a generalização da fórmula de Balmer em que o termo ''1/2<sup>2</sup>'' é substituído por ''1/m<sup>2</sup>'', com ''m'' um inteiro menor que ''n''.{{sfn|Walker|Halliday|Resnick|2012|p=223}}

A primeira limitação do modelo foi a [[série de Pickering]], composta por linhas que não eram compatíveis com a fórmula de Balmer. Quando confrontado sobre isso por [[Alfred Fowler]], Bohr respondeu que elas eram causadas pelo [[hélio]] [[ionização|ionizado]], isto é, átomos de hélio com apenas um elétron. O modelo de Bohr pôde ser adaptado para íons desse tipo.{{sfn|Pais|1991|pp=146–149}} Muitos físicos mais velhos, como Thomson, Rayleigh e [[Hendrik Lorentz]] não gostaram da trilogia, mas a geração mais jovem, incluindo Rutherford, [[David Hilbert]], [[Albert Einstein]], [[Enrico Fermi]], [[Max Born]] e [[Arnold Sommerfeld]] perceberam-na como um grande avanço.{{sfn|Pais|1991|pp=152–155}}{{sfn|Kragh|2012|pp=109–111}} A aceitação da trilogia foi completamente devida à sua capacidade de explicar fenômenos que bloqueavam outros modelos e de prever resultados que foram verificados em seguida por experimentos.{{sfn|Kragh|2012|pp=90–91}} Hoje, o modelo de Bohr para o átomo tornou-se ultrapassado, mas ainda é o modelo mais bem conhecido do átomo, aparecendo frequentemente em livros-texto de física e química do [[ensino secundário]].{{sfn|Kragh|2012|p=39}}

Bohr não gostava de ensinar estudantes de medicina. Ele decidiu retornar a Manchester, onde Rutherford lhe ofereceu um trabalho como [[leitor (posição acadêmica)|leitor]] no lugar de Darwin, cujo mandato havia expirado. Bohr aceitou. Ele tirou licença da Universidade de Copenhague, começando por uma viagem de feriado a [[Tirol do Sul|Tirol]] com seu irmão Harald e sua tia Hanna Adler. Nessa viagem, ele visitou a [[Universidade de Göttingen]] e a [[Universidade de Munique]], onde conheceu Sommerfeld e conduziu seminários sobre sua trilogia. Enquanto estavam em Tirol, a [[Primeira Guerra Mundial]] eclodiu, dificultando enormemente a viagem de volta para a Dinamarca e a viagem subsequente de Bohr com Margrethe à Inglaterra, onde ele chegou em outubro de 1914. Eles ficaram até julho de 1916, quando ele já havia sido nomeado Presidente de Física Teórica da Universidade de Copenhague, uma posição criada especialmente para ele. Concomitantemente, sua documentação de licença expirou, então ele ainda tinha que dar aulas de física a estudantes de medicina. Novos professores foram formalmente introduzidos pelo Rei [[Cristiano X]], que expressou seu prazer em conhecer um jogador de futebol tão famoso.{{sfn|Pais|1991|pp=164–167}}

=== Postulados de Bohr ===
Os postulados resolveram o problema que a física clássica enfrentava, especialmente no que diz respeito à estabilidade dos elétrons orbitais e à emissão espectral do hidrogênio. O modelo de Bohr conseguiu explicar as linhas espectrais observadas para o hidrogênio, fornecendo uma abordagem quantizada para as órbitas eletrônicas.

Primeiro postulado - Elétrons giram ao redor do núcleo em órbitas circulares, sob
interações Coulombianas. O átomo só se altera mediante ação externa: 

Segundo o modelo de Bohr, os elétrons ocupam órbitas quantizadas ao redor do núcleo. Cada órbita tem um raio específico, e os elétrons se movem em trajetórias circulares. A força centrípeta necessária para manter essas órbitas é fornecida pela atração eletrostática entre os elétrons negativamente carregados e o núcleo positivamente carregado. Essa atração eletrostática é uma interação Coulombiana, baseada na lei de Coulomb que descreve a força entre duas cargas elétricas.

Segundo postulado - Apenas são possíveis órbitas com momento angular: 
No modelo de Bohr, ele propôs que os elétrons em um átomo se movem em órbitas quantizadas ao redor do núcleo. Cada uma dessas órbitas é caracterizada por um número quântico principal n, que deve ser um número inteiro positivo (1, 2, 3, ...). Cada órbita é associada a um valor específico de energia.

𝐿 = 𝑛ℏ , ℏ=ℎ/2𝜋 onde 𝑛 = 1,2,3…

Terceiro postulado - Radiação é emitida (ou absorvida) com a mudança de órbitas:
No modelo de Bohr, a mudança de órbitas dos elétrons em átomos resulta na emissão ou absorção de radiação eletromagnética. Essa transição está associada à quantização da energia dos elétrons, e as frequências de radiação estão relacionadas à diferença de energia entre as órbitas. Essa abordagem explica os espectros discretos observados.

Δ𝐸 = 𝐸f − 𝐸i = ℎν <ref>GASPAR, A. Física 3. Editora Ática. São Paulo, 2001.</ref>

=== Instituto de Física ===
Em abril de 1917, Bohr começou uma campanha para estabelecer um Instituto de Física Teórica. Ele ganhou o apoio do governo dinamarquês e da Fundação Carlsberg, e contribuições significativas também foram feitas pela indústria e por doadores privados, muitos deles judeus. A legislação para o estabelecimento do Instituto foi aprovada em novembro de 1918. Hoje conhecido como o [[Instituto Niels Bohr]], a instituição foi inaugurada em 3 de março de 1921, com Bohr como diretor. Sua família se mudou para um apartamento de primeiro piso.<ref>{{citar web | url=http://www.nbi.ku.dk/english/www/institute/History/history/ | titulo=History of the institute: The establishment of an institute | publicado=Niels Bohr Institute |ultimo=Aaserud |primeiro=Finn |arquivourl=https://web.archive.org/web/20080405160424/http://www.nbi.ku.dk/english/about/history/ |arquivodata=5 de abril de 2008 |acessodata=11 de maio de 2008| data=janeiro de 1921 }}</ref>{{sfn|Pais|1991|pp=169–171}} O instituto de Bohr serviu como um ponto focal para pesquisadores de [[mecânica quântica]] e assuntos relacionados entre os [[anos 1920]] e [[Anos 1930|1930]], período no qual a maioria dos físicos mais famosos do mundo passaram algum tempo em sua companhia. Entre os primeiros colaboradores estão [[Hans Kramers]] dos Países Baixos, [[Oskar Klein]] da Suécia, [[George de Hevesy]] da Hungria, [[Wojciech Rubinowicz]] da Polônia e [[Svein Rosseland]] da Noruega. Bohr tornou-se amplamente apreciado como seu anfitrião e colega eminente.{{sfn|Kennedy|1985|pp=9, 12, 13, 15}}{{sfn|Hund|1985|pp=71–73}} Klein e Rosseland produziram a primeira publicação do Instituto antes mesmo de ele ser inaugurado.{{sfn|Pais|1991|pp=169–171}}

[[File:Niels Bohr Institute 1.jpg|thumb|left|Prédio do Instituto Niels Bohr, da Universidade de Copenhague.]]
O modelo de Bohr funcionava bem para o hidrogênio, mas não era capaz de descrever elementos mais complexos. Em 1919, Bohr já estava se afastando da ideia de que elétrons orbitavam o núcleo e desenvolveu uma [[heurística]] para descrevê-los. Os [[elementos de terras raras]] colocavam um problema particular de classificação para os químicos, por eles serem quimicamente semelhantes. Um avanço importante ocorreu em 1924 com a descoberta por [[Wolfgang Pauli]] de [[Princípio de exclusão de Pauli|seu princípio de exclusão]], que fornecia uma base teórica firme para os modelos de Bohr. Bohr foi então capaz de afirmar que o então desconhecido elemento de número atômico 72 não era um elemento de terras raras, mas sim um elemento com propriedades químicas semelhantes às do [[zircônio]]. Ele foi imediatamente desafiado pelo químico francês [[Georges Urbain]], que afirmava ter descoberto um elemento de terras raras de número atômico 72, que ele chamava de "céltio".{{nota de rodapé|''Celtium'', em inglês}} No Instituto em Copenhague, [[Dirk Coster]] e George de Hevesy aceitaram o desafio de mostrar que Bohr estava certo, e não Urbain. Começar com uma ideia clara das propriedades químicas do elemento desconhecido simplificou em muito o processo de busca. Eles analisaram amostras do Museu de Mineralogia de Copenhague a procura de um elemento similar a zircônio e logo o encontraram. O elemento, que eles denominaram [[háfnio]] (''Hafnia'' sendo o nome [[Latim|latino]] para Copenhague), acabou se mostrando mais comum que ouro.{{sfn|Kragh|1985|pp=61–64}}{{sfn|Pais|1991|pp=202–210}}

Em 1922, Bohr foi laureado com o [[Prêmio Nobel de Física]] "pelos seus serviços na investigação da estrutura de átomos e da radiação que emana dele".{{sfn|Pais|1991|p=215}} O prêmio, portanto, reconhecia tanto a sua trilogia quanto seu trabalho pioneiro no campo emergente da mecânica quântica. Para sua palestra do Nobel, Bohr mostrou à sua audiência uma compilação ampla do que era então conhecido sobre a estrutura do átomo, incluindo o [[princípio da correspondência]], que ele havia formulado. Tal princípio afirmava que o comportamento de sistemas descritos pela teoria quântica reproduz a [[física clássica]] no limite de grandes [[Número quântico|números quânticos]].{{sfn|Bohr|1985|pp=91–97}}

A descoberta do [[Efeito Compton|espalhamento da luz por partículas carregadas]] por [[Arthur Holly Compton]] em 1923 convenceu a maioria dos físicos que a luz era composta por [[fóton]]s, e que energia e momento linear eram conservados em colisões entre elétrons e fótons. Em 1924, Bohr, Kramers e [[John C. Slater]], um físico norte-americano que trabalhava no Instituto em Copenhague, propuseram o que ficou conhecido como a [[teoria Bohr–Kramers–Slater]]; tais ideias eram mais qualitativas do que uma teoria física em si. A teoria BKS tornou-se a última tentativa de entender a interação entre a matéria e a radiação eletromagnética utilizando a antiga teoria quântica, na qual fenômenos quânticos eram compreendidos através da imposição de restrições quânticas a uma descrição ondulatória clássica do campo eletromagnético.<ref>{{citar jornal|ultimo=Bohr |primeiro=N. |primeiro2=H. A. |ultimo2=Kramers |autorlink2=Hans Kramers |ultimo3=Slater |primeiro3=J. C. |autorlink3=John C. Slater |jornal=Philosophical Magazine |doi=10.1080/14786442408565262 |url=http://www.cond-mat.physik.uni-mainz.de/~oettel/ws10/bks_PhilMag_47_785_1924.pdf |titulo=The Quantum Theory of Radiation |série=6 |volume=76 |edição=287 |ano=1924 |acessodata=18 de fevereiro de 2013 |páginas=785–802 |urlmorta= sim|arquivourl=https://web.archive.org/web/20130522110143/http://www.cond-mat.physik.uni-mainz.de/~oettel/ws10/bks_PhilMag_47_785_1924.pdf |arquivodata=22 de maio de 2013 |df= }}</ref>{{sfn|Pais|1991|pp=232–239}}

A modelagem do comportamento atômico sob radiação eletromagnética incidente utilizando "osciladores virtuais" nas frequências de absorção e emissão, em vez das frequências aparentes (diferentes) das órbitas de Bohr, levou Max Born, [[Werner Heisenberg]] e Kramers a explorar diferentes modelos matemáticos. Isso acarretou o desenvolvimento da [[mecânica matricial]], a primeira forma da [[mecânica quântica]] moderna. A teoria BKS também provocou a discussão de, e renovou atenção a, dificuldades nas fundações da antiga teoria quântica.{{sfn|Jammer|1989|p=188}} O efeito mais controverso da teoria BKS – de que o momento e a energia não seriam necessariamente conservados em cada interação, mas somente de forma estatística – logo se mostrou em conflito com experimentos conduzidos por [[Walther Bothe]] e [[Hans Geiger]].{{sfn|Pais|1991|p=237}} À luz desses resultados, Bohr informou Darwin que "não há nada mais a fazer se não dar aos nossos esforços revolucionários um funeral tão honroso quanto possível".{{sfn|Pais|1991|p=238}}

=== Mecânica quântica ===
A introdução do [[spin]] por [[George Uhlenbeck]] e [[Samuel Goudsmit]] em novembro de 1925 foi um marco importante. No mês seguinte, Bohr viajou a [[Leiden]] para a comemoração do [[cinquentenário]] do doutorado de Hendrick Lorentz. Quando seu trem parou em [[Hamburgo]], ele se encontrou com Wolfgang Pauli e [[Otto Stern]], que pediram sua opinião na teoria do spin. Bohr apontou sua preocupação teórica com a interação entre elétrons e campos magnéticos. Quando chegou a Leiden, [[Paul Ehrenfest]] e Albert Einstein informaram-lhe que Einstein havia resolvido esse problema usando sua [[teoria da relatividade]]. Bohr então fez com que Uhlenbeck e Goudsmit incluíssem essa resolução em seu artigo. Assim, quando Bohr encontrou Werner Heisenberg e [[Pascual Jordan]] em [[Gotinga]] na viagem de volta, ele tornou-se, em suas próprias palavras, "um profeta do evangelho do magneto eletrônico".{{sfn|Pais|1991|p=243}}

{{Imagem múltipla
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|direction=horizontal
|footer=[[Conferência de Solvay]] em Bruxelas, outubro de 1927. Bohr está à direita na fila do meio, ao lado de [[Max Born]].
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|image2=Solvay conference 1927 detail.jpg
}}

Heisenberg foi pela primeira vez à Copenhague em 1924, e então retornou a Göttingen em junho de 1925, havendo desenvolvido os fundamentos matemáticos da mecânica quântica pouco tempo depois. Após mostrar seus resultados para Max Born em Göttingen, Born percebeu que eles poderiam ser melhor expressos utilizando [[Matriz (matemática)|matrizes]]. Esse trabalho atraiu a atenção do físico britânico [[Paul Dirac]],{{sfn|Pais|1991|pp=275–279}} que veio a Copenhague em setembro de 1926 e então permaneceu na cidade por seis meses. O físico austríaco [[Erwin Schrödinger]] também a visitou em 1926. A sua tentativa de explicar a física quântica em termos clássicos utilizando [[mecânica ondulatória]] impressionou Bohr, que acreditava que ela contribuir "tanto para a clareza e a simplicidade matemáticas que ela representava um avanço gigantesco em relação a todas as formas anteriores da mecânica quântica".{{sfn|Pais|1991|pp=295–299}}

Quando Kramers deixou o Instituto em 1926 para aceitar a posição de professor de física teórica na [[Universidade de Utrecht]], Bohr organizou para que Heisenberg retornasse e tomasse o lugar de Kramers como ''palestrante'' (''[[lektor]]'') na Universidade de Copenhague.{{sfn|Pais|1991|p=263}} Heisenberg trabalhou em Copenhague como palestrante universitário e assistente de Bohr de 1926 até 1927.{{sfn|Pais|1991|pp=272–275}}

Bohr ficara convencido de que a luz se comportava tanto como onda quanto como partícula, e em 1927, experimentos confirmaram a [[hipótese de de Broglie]] de que a matéria (como elétrons) também se comportava como onda.{{sfn|Pais|1991|p=301}} Ele concebeu o princípio filosófico da [[Princípio da complementaridade|complementariedade]]: que objetos poderiam possuir propriedades mutuamente exclusivas, tal como ser uma onda ou um fluxo de partículas, dependo do escopo experimental.{{sfn|MacKinnon|1985|pp=112–113}} Ele sentiu que seu princípio não foi completamente entendido por filósofos profissionais.{{sfn|MacKinnon|1985|p=101}}

Ainda em 1927, Heisenberg desenvolveu em Copenhague o seu [[princípio da incerteza]],{{sfn|Pais|1991|pp=304–309}} que Bohr passou a adotar. Em um artigo que ele apresentou em setembro do mesmo ano na [[Conferência Volta]] em [[Como]], Heisenberg demonstrou que o princípio da incerteza poderia ser derivado de argumentos clássicos, sem a terminologia quântica ou matrizes.{{sfn|Pais|1991|pp=304–309}} Einstein preferia o determinismo da física clássica em relação à probabilística da nova física quântica, para a qual ele mesmo havia contribuído. Problemas filosóficos que adviéramos aspectos inovadores da mecânica quântica tornaram-se objetos de discussão amplamente celebrados. Einstein e Bohr tiveram [[Debates Bohr–Einstein|vários debates]] acerca dessas questões filosóficas ao longo de suas vidas.{{sfn|Dialogue|1985|pp=121–140}}

Em 1914, [[Carl Jacobsen]], o herdeiro das [[Carlsberg Group|cervejarias Carlsberg]], legou sua mansão para ser usada vitaliciamente pelo dinamarquês que tivesse feito a contribuição mais proeminente para ciência, literatura ou arte, como uma residência honorária ({{lang-da|Æresbolig|links=no}}). Harald Høffding havia sido o primeiro ocupante, e após sua morte em julho de 1931, a [[Real Academia Dinamarquesa de Ciências]] deu a Bohr o cargo. Ele e sua família se mudaram para a residência em 1932.{{sfn|Pais|1991|pp=332–333}} Ele foi eleito presidente da Academia em 17 de março de 1939.{{sfn|Pais|1991|pp=464–465}}

Em 1929, o fenômeno do [[decaimento beta]] incitou Bohr a novamente sugerir que a [[lei da conservação de energia]] fosse abandonada, mas o [[neutrino]] teorizado por [[Enrico Fermi]] e a descoberta subsequente do [[nêutron]] em 1932 forneceram uma explicação alternativa. Isso direcionou Bohr a criar uma nova teoria do [[núcleo atômico|núcleo composto]] em 1936, que explicava como nêutrons poderiam ser capturados pelo núcleo. Nesse modelo, o núcleo poderia ser deformado como se fosse uma gota de líquido. Ele trabalhou nessa teoria com um novo colaborador, o físico dinamarquês [[Fritz Kalckar]], que morreu repentinamente em 1938.{{sfn|Pais|1991|pp=337–340, 368–370}}<ref>{{citar jornal |titulo=Transmutations of Atomic Nuclei |ultimo=Bohr |primeiro=Niels |jornal=[[Science]] |data=20 de agosto de 1937 |volume=86 |edição=2225 |páginas=161–165 |doi=10.1126/science.86.2225.161 |bibcode = 1937Sci....86..161B |pmid=17751630}}</ref>

A descoberta da [[fissão nuclear]] por [[Otto Hahn]] em dezembro de 1938 (e sua explicação teórica por [[Lise Meitner]]) provocaram grande interesse entre os físicos. Bohr trouxe a notícia aos Estados Unidos, onde abriu a Quinta Conferência de Washington sobre Física Teórica, junto de Fermi, em 26 de janeiro de 1939.{{sfn|Stuewer|1985|pp=211–216}} Quando Bohr disse a [[George Placzek]] que isso resolvia todos os mistérios dos [[elementos transurânicos]], Placzek respondeu dizendo que ainda restava um: as energias de captura de nêutron do urânio não eram compatíveis com aquelas do seu decaimento. Bohr pensou nisso por alguns minutos e então anunciou a Placzek, [[Léon Rosenfeld]] e [[John Archibald Wheeler|John Wheeler]] afirmando "eu entendi tudo".{{sfn|Pais|1991|p=456}} Baseando-se no seu [[modelo de gota líquida]] para o núcleo, Bohr concluiu que era o isótopo do [[urânio-235]] e não o mais abundante [[urânio-238]] que era primariamente responsável pela fissão com nêutrons térmicos. Em abril de 1940, [[John R. Dunning]] demonstrou que Bohr estava correto.{{sfn|Stuewer|1985|pp=211–216}} Nesse meio tempo, Bohr e Wheeler desenvolveram um tratamento teórico que eles publicaram no seu artigo de setembro de 1939, intitulado "O Mecanismo da Fissão Nuclear".<ref>{{citar jornal |ultimo=Bohr |primeiro=Niels |ultimo2=Wheeler |primeiro2=John Archibald |autorlink2=John Archibald Wheeler |titulo=The Mechanism of Nuclear Fission |jornal=[[Physical Review]] |volume=56 |edição=5 |páginas=426–450 |data=setembro de 1939 |doi=10.1103/PhysRev.56.426|url=http://www.pugetsound.edu/files/resources/7579_Bohr%20liquid%20drop.pdf|bibcode = 1939PhRv...56..426B |língua=en}}</ref>

[[Imagem:Castle Romeo.jpg|thumb|left|200px|Explosão de uma bomba de hidrogênio.]]

Em 1934, publicou o livro ''Atomic Theory and the Description of Nature'', que foi reeditado em 1961.
Em janeiro de 1937, Bohr participou na Quinta Conferência de Física Teórica, em Washington, na qual defendeu a interpretação de [[Lise Meitner]] e [[Otto Frisch]], também do Instituto de Copenhaga, para a fissão do urânio. Segundo esta interpretação,  um núcleo atômico de massa instável era como uma gota de água que se rompe.

Três semanas depois, os fundamentos da teoria da [[Modelo da gota líquida|"gota líquida"]] foram publicados na revista [[Physical Review]]. A esta publicação seguiram-se muitas outras, todas relacionadas com o núcleo atómico e a disposição e características dos electrões que giram em torno dele.

Um ano depois de se ter refugiado em Inglaterra, devido à [[Dinamarca#Século XX|ocupação nazi da Dinamarca]], Bohr mudou-se para os [[Estados Unidos]], onde ocupou o cargo de consultor do [[Laboratório Nacional de Los Alamos|laboratório de energia atómica de Los Alamos]].<ref name="Brasil Escola">{{citar web|url=http://www.brasilescola.com/quimica/niels-bohr.htm|título=Niels Bohr|data=|acessodata=7 de outubro de 2012|obra=R7|publicado=Brasil Escola|autor=Jennifer Fogaça|ano=|páginas=|língua=|formato=|citação=|coautores=|mes=}}</ref> Neste laboratório, alguns cientistas iniciavam a construção da [[bomba atômica]].
[[Imagem:Nuclear fission.svg|thumb|right|200px|Representação esquemática da fissão do urânio.]]

Bohr, compreendendo a gravidade da situação e o perigo que essa bomba poderia representar para a humanidade, dirigiu-se a [[Churchill]] e [[Franklin Delano Roosevelt|Roosevelt]], num apelo à sua responsabilidade de chefes de Estado, tentando evitar a construção da bomba atómica.

Mas a tentativa de Bohr foi em vão. Em julho de 1945 a primeira bomba atómica experimental explodiu em [[Alamogordo (Novo México)|Alamogordo]]. Em Agosto desse mesmo ano, uma bomba atómica destruiu a cidade de [[Bombardeamentos de Hiroshima e Nagasaki|Hiroshima]]. Três dias depois, uma segunda bomba foi lançada em [[Fat Man|Nagasaki]].

Em 1945, finda a II Guerra Mundial, Bohr regressou à Dinamarca, onde foi eleito presidente da Academia de Ciências. Bohr continuou a apoiar as vantagens da colaboração científica entre as nações e para isso foi promotor de congressos científicos organizados periodicamente na Europa e nos Estados Unidos.

Em 1950, Bohr escreveu a “Carta Aberta” às Nações Unidas em defesa da preservação da paz, por ele considerada como condição indispensável para a liberdade de pensamento e de pesquisa.

Em 1957, Niels Bohr recebeu o [[Prêmio Átomos pela Paz]]. Ao mesmo tempo, o Instituto de Física Teórica, por ele dirigido desde 1920, afirmou-se como um dos principais centros intelectuais da Europa.

Bohr morreu a 18 de Novembro de 1962, vítima de uma [[trombose]], aos 77 anos de idade. Encontra-se sepultado no [[Cemitério Assistens]], em Copenhaga.<ref>{{findagrave|8735}}</ref>

Participou da 5ª, 6ª, 7ª e 8ª [[Conferência de Solvay]].

Após ser laureado com o [[Nobel de Física]] de 1922, recebeu de presente da [[Carlsberg Group|Cervejaria Carlsberg]] uma casa próxima à cervejaria, que possuía uma torneira com cerveja abastecida diretamente da cervejaria.<ref>{{Link|en|2=http://www.forbes.com/sites/alexknapp/2012/11/28/for-winning-the-nobel-prize-niels-bohr-got-a-house-with-free-beer/|3=For Winning The Nobel Prize, Niels Bohr Got A House With Free Beer}}</ref>

== Concepções filosóficas ==
Heisenberg disse que Bohr era "primeiramente um filósofo, não um físico".{{sfn|Honner|1982|p=1}} Bohr leu o filósofo dinamarquês do século XIX, adepto do [[existencialismo cristão]], [[Søren Kierkegaard]]. [[Richard Rhodes]] argumentou em ''[[The Making of the Atomic Bomb]]'' que Bohr foi influenciado por Kierkegaard através de Høffding.{{sfn|Rhodes|1986|p=60}} Em 1909, Bohr deu a seu irmão a obra ''[[Estádios no Caminho da Vida]]'' de Kierkegaard como presente de aniversário. Em uma carta anexada, Bohr escreveu: "É a única coisa que tenho para mandar para casa; mas eu não acredito que seria muito fácil encontrar qualquer coisa melhor; ... eu até acredito que é uma das coisas mais encantadoras que eu já li." Bohr gostava da linguagem e do estilo literário de Kierkegaard, mas mencionou que ele tinha algumas discordâncias da [[Filosofia de Søren Kierkegaard|filosofia de Kierkegaard]].{{sfn|Faye|1991|p=37}} Alguns dos biógrafos de Bohr sugeriram que essa discordância tem origem na defesa de Kierkegaard do Cristianismo, enquanto Bohr não seguia nenhuma religião,{{sfn|Stewart|2010|p=416}}<ref name="Aaserud-Heilbron-2013-a">{{harvnb|Aaserud|Heilbron|2013|pp=159–160}}: "Uma declaração sobre religião nas notas soltas sobre Kierkegaard pode lançar luz sobre a noção de selvageria que aparece em muitas das cartas de Bohr. 'Eu, que não me sinto de qualquer maneira unido a, e menos ainda, ligado a um Deus e, portanto, sou muito mais pobre [que Kierkegaard], diria que o bem [é] a meta elevada em geral, já que apenas por ser bom [pode alguém] julgar de acordo com o valor e o correto.'"</ref><ref name="Aaserud-Heilbron-2013-b">{{harvnb|Aaserud|Heilbron|2013|p=110}}: "O tipo de humor de Bohr, o uso de parábolas e histórias, tolerância, dependência na família, sentimentos de dívida, obrigação e culpa, e seu senso de responsabilidade pela ciência, comunidade e, em última instância, pela humanidade em geral, são traços comuns do intelectual judeu. Assim também é um ateísmo bem fortalecido. Bohr terminou sem crenças religiosas e uma aversão de todas as religiões que afirmavam basear seus ensinamentos em revelações."</ref> embora acreditasse em Deus, segundo registros da autobiografia de [[Werner Heisenberg|Heisenberg]] intitulada "Physics and Beyond" (na tradução para inglês).<ref>{{Citar livro|url=http://archive.org/details/physicsbeyondenc00heis|título=Physics and beyond : encounters and conversations|ultimo=Heisenberg|primeiro=Werner|data=1972|editora=New York : Harper & Row|outros=Internet Archive|páginas=81, 88, 91}}</ref>

É disputado o quanto Kierkegaard influenciou a filosofia e a ciência de Bohr. [[David Favrholdt]] argumenta que Kierkegaard teve influência sobre o trabalho de Bohr, tomando a declaração de Bohr sobre sua discordância com Kierkegaard como evidência,{{sfn|Favrholdt|1992|pp=42–63}} enquanto Jan Faye argumenta que é possível discordar do conteúdo de uma teoria e ainda assim concordar com suas premissas e estruturas gerais.{{sfn|Richardson|Wildman|1996|p=289}}{{sfn|Faye|1991|p=37}} Quanto à natureza da física e da mecânica quântica, Bohr opinava que "Não existe mundo quântico. Isso é apenas uma descrição física abstrata. É errado pensar que o dever da física é descobrir como a natureza é. A física se preocupa com o que nós podemos dizer sobre a natureza".{{sfn|McEvoy|2001|p=135}}

==CERN==
Niels Bohr é um dos ''pais fundadores'' do então ''Conselho Europeu para a Pesquisa Nuclear'' (CERN), a actual [[Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear]],<ref>[http://public.web.cern.ch/public/fr/About/History54-fr.html Pères fondateurs]</ref> conjuntamente com [[Pierre Auger]], [[Raoul Dautry]], [[François de Rose]] e [[Lew Kowarski]] pela França e [[Edoardo Amaldi]] pela Itália.

O professor [[Victor Weisskopf]] do CERN, antigo aluno de Niels Bohr, disse no dia da sua morte que "as bandeiras do CERN estão a meia haste. O CERN perdeu um dos seus fundadores e o mundo perdeu um homem importante".<ref>[http://cerncourier.com/cws/article/cern/29460 Cern Courier]</ref>

== Ver também ==
*[[Átomo de Bohr]]
*[[Física atômica]]
*[[Instituto Niels Bohr]]
*[[Mecânica quântica]]
*[[Origem do CERN]]
*[[Raio de Bohr]]

{{Notas}}
{{Referências|col=3}}

== Bibliografia ==
{{Div col|3}}
{{refbegin|30em}}
* {{citar conferência
 |ultimo=Aaserud |primeiro=Finn |ano=2006 |páginas=706–709
 |url=http://www.2iceshs.cyfronet.pl/2ICESHS_Proceedings/Chapter_25/R-17_Aaserud.pdf
 |titulo= Niels Bohr's Mission for an 'Open World'
 |editor-sobrenome=Kokowski |editor-nome=M. |conferencia=Proceedings of the 2nd ICESHS|location=Cracow
 |acessodata=26 de junho de 2011 |ref=harv
}}
* {{citar livro
 |ultimo=Aaserud |primeiro=Finn |ultimo2=Heilbron |primeiro2=J. L. |ano=2013
 |titulo=Love, Literature and the Quantum Atom: Niels Bohr's 1913 Trilogy Revisited
 |publicado=Oxford University Press |local=Oxford |isbn=978-0-19-968028-3 |ref=harv
}}
* {{citar livro |ultimo=Bohr |primeiro=Niels |ano=1985 |anooriginal=1922 |capítulo=Nobel Prize Lecture: The Structure of the Atom (excerpts) |páginas=[https://archive.org/details/nielsbohrcentena00bohr/page/91 91–97] |editor-sobrenome1=French |editor-nome1=A. P. |editor-link1=Anthony French |editor-sobrenome2=Kennedy |editor-nome2=P. J. |titulo=Niels Bohr: A Centenary Volume |local=Cambridge, Massachusetts |publicado=Harvard University Press |isbn=978-0-674-62415-3 |ref=harv |urlcapítulo=https://archive.org/details/nielsbohrcentena00bohr/page/91 }}
* {{citar livro|ultimo=Bohr |primeiro=Niels |ano=1985 |anooriginal=1949 |capítulo=The Bohr-Einstein Dialogue |páginas=[https://archive.org/details/nielsbohrcentena00bohr/page/121 121–140] |editor-sobrenome1=French |editor-nome1=A. P. |editor-link1=Anthony French |editor-sobrenome2=Kennedy |editor-nome2=P. J. |titulo=Niels Bohr: A Centenary Volume |local=Cambridge, Massachusetts |publicado=Harvard University Press |isbn=978-0-674-62415-3 |ref={{harvid|Dialogue|1985}} |urlcapitulo=https://archive.org/details/nielsbohrcentena00bohr/page/121 }}
** Excerto do original: {{citar livro |ultimo=Bohr |primeiro=Niels |editor=Paul Arthur Schilpp |titulo=Albert Einstein: Philosopher-Scientist |urlcapitulo=https://books.google.com/books?id=MCk0QwAACAAJ |ano=1949 |publicado=Library of Living Philosophers|local=Evanston, Illinois |páginas=208–241 |capítulo=Discussions with Einstein on Epistemological Problems in Atomic Physics}}
* {{citar periódico
 |ultimo=Cockroft |primeiro=John D. |data=1 de novembro de 1963 |autorlink1=John Cockroft
 |titulo=Niels Henrik David Bohr. 1885–1962
 |periódico=Biographical Memoirs of Fellows of the Royal Society |volume=9
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* {{citar livro
 |ultimo=Favrholdt |primeiro=David |ano=1992
 |titulo=Niels Bohr's Philosophical Background
 |local=Copenhagen |publicado=Munksgaard |isbn=978-87-7304-228-1 |ref=harv
}}
* {{citar livro
 |ultimo=Faye |primeiro=January |ano=1991
 |titulo=Niels Bohr: His Heritage and Legacy
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}}
* {{citar livro |ultimo=Gowing |primeiro=Margaret |autorlink=Margaret Gowing |ano=1985 |capítulo=Niels Bohr and Nuclear Weapons |páginas=[https://archive.org/details/nielsbohrcentena00bohr/page/266 266–277] |editor-sobrenome1=French |editor-nome1=A. P. |editor-link1=Anthony French |editor-sobrenome2=Kennedy |editor-nome2=P. J. |titulo=Niels Bohr: A Centenary Volume |local=Cambridge, Massachusetts |publicado=Harvard University Press |isbn=978-0-674-62415-3 |ref=harv |urlcapítulo=https://archive.org/details/nielsbohrcentena00bohr/page/266 }}
* {{citar livro  |ultimo=Heilbron |primeiro=John L. |ano=1985 |capítulo=Bohr's First Theories of the Atom |páginas=[https://archive.org/details/nielsbohrcentena00bohr/page/33 33–49] |editor-sobrenome1=French |editor-nome1=A. P. |editor-link1=Anthony French |editor-sobrenome2=Kennedy |editor-nome2=P. J. |titulo=Niels Bohr: A Centenary Volume |local=Cambridge, Massachusetts |publicado=Harvard University Press |isbn=978-0-674-62415-3 |ref=harv |urlcapítulo=https://archive.org/details/nielsbohrcentena00bohr/page/33 }}
* {{citar livro
 |ultimo=Heisenberg | primeiro=Elisabeth |ano=1984
 |titulo=Inner Exile: Recollections of a Life With Werner Heisenberg
 |local=Boston |publicado=Birkhäuser | isbn=978-0-8176-3146-8 |ref=harv
}}
* {{citar livro
 |ultimo=Hilberg |primeiro=Raul |ano=1961
 |titulo=The Destruction of the European Jews
 |volume=2  |local=New Haven, Connecticut |publicado=Yale University Press |isbn=978-0-300-09557-9 |ref=harv
}}
* {{citar livro |ultimo=Hund |primeiro=Friedrich |ano=1985 |páginas=[https://archive.org/details/nielsbohrcentena00bohr/page/71 71–75] |capítulo=Bohr, Göttingen, and Quantum Mechanics |editor-sobrenome1=French |editor-nome1=A. P. |editor-link1=Anthony French |editor-sobrenome2=Kennedy |editor-nome2=P. J. |titulo=Niels Bohr: A Centenary Volume |local=Cambridge, Massachusetts |publicado=Harvard University Press |isbn=978-0-674-62415-3 |ref=harv |urlcapítulo=https://archive.org/details/nielsbohrcentena00bohr/page/71 }}
* {{citar livro
 |ultimo=Jammer |primeiro=Max |ano=1989
 |titulo=The Conceptual Development of Quantum Mechanics
 |location=Los Angeles |publisher=Tomash Publishers |isbn=978-0-88318-617-6 |oclc=19517065 |ref=harv
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* {{citar livro |ultimo=Jones |first=R . V. |authorlink=R. V. Jones |year=1978 |title=Most Secret War |publisher=Hamilton |location=London |oclc=3717534 |isbn=978-0-241-89746-1 |ref=harv |url=https://archive.org/details/mostsecretwar0000jone }}
* {{citar livro |ultimo=Jones |first=R. V. |authorlink=R. V. Jones |year=1985 |chapter=Meetings in Wartime and After |pages=[https://archive.org/details/nielsbohrcentena00bohr/page/278 278–287] |editor1-last=French |editor1-first=A. P. |editor-link=Anthony French |editor2-last=Kennedy |editor2-first=P. J. |title=Niels Bohr: A Centenary Volume |location=Cambridge, Massachusetts |publisher=Harvard University Press |isbn=978-0-674-62415-3 |ref=harv |chapter-url=https://archive.org/details/nielsbohrcentena00bohr/page/278 }}
* {{citar livro |ultimo=Kennedy |first=P. J. |year=1985 |chapter=A Short Biography |pages=[https://archive.org/details/nielsbohrcentena00bohr/page/3 3–15] |editor1-last=French |editor1-first=A. P. |editor-link=Anthony French |editor2-last=Kennedy |editor2-first=P. J. |title=Niels Bohr: A Centenary Volume |location=Cambridge, Massachusetts |publisher=Harvard University Press |isbn=978-0-674-62415-3 |ref=harv |chapter-url=https://archive.org/details/nielsbohrcentena00bohr/page/3 }}
* {{citar livro
 |ultimo=Kieler |first=Jørgen |others=Translated from the Danish by Eric Dickens |year=2007
 |title=Resistance Fighter: A Personal History of the Danish Resistance |location=Jerusalem
 |publisher=Gefen Publishing House |isbn=978-965-229-397-8|ref=harv
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* {{citar livro |ultimo=Kragh |first=Helge |year=1985 |chapter=The Theory of the Periodic System |pages=[https://archive.org/details/nielsbohrcentena00bohr/page/50 50–67] |editor1-last=French |editor1-first=A. P. |editor-link=Anthony French |editor2-last=Kennedy |editor2-first=P. J. |title=Niels Bohr: A Centenary Volume |location=Cambridge, Massachusetts |publisher=Harvard University Press |isbn=978-0-674-62415-3 |ref=harv |chapter-url=https://archive.org/details/nielsbohrcentena00bohr/page/50 }}
* {{citar livro
  |ultimo=Kragh |first= Helge |year=2012
  |title=Niels Bohr and the quantum atom: the Bohr model of atomic structure, 1913–1925
  |location=Oxford |publisher=Oxford University Press |isbn=978-0-19-965498-7 |oclc=769989390 |ref=harv}}
* {{citar livro
 |ultimo=Medawar |first=Jean |last2=Pyke |first2=David |year=2001
 |title=Hitler's Gift: The True Story of the Scientists Expelled by the Nazi Regime
 |publisher=Arcade Publishing |location=New York |isbn=978-1-55970-564-6 |ref=harv
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* {{citar livro |ultimo=MacKinnon |first=Edward |year=1985 |chapter=Bohr on the Foundations of Quantum Theory |pages=[https://archive.org/details/nielsbohrcentena00bohr/page/101 101–120] |editor1-last=French |editor1-first=A. P. |editor-link=Anthony French |editor2-last=Kennedy |editor2-first=P. J. |title=Niels Bohr: A Centenary Volume |location=Cambridge, Massachusetts |publisher=Harvard University Press |isbn=978-0-674-62415-3 |ref=harv |chapter-url=https://archive.org/details/nielsbohrcentena00bohr/page/101 }}
* {{citar livro |ultimo=Pais |first=Abraham |authorlink=Abraham Pais |year=1991 |title=Niels Bohr's Times, In Physics, Philosophy and Polity |location=Oxford |publisher=Clarendon Press |isbn=978-0-19-852049-8 |ref=harv |url=https://archive.org/details/nielsbohrstimesi00pais_0 }}
* {{citar livro
 |ultimo=Powers|first=Thomas|year=1993
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* {{citar livro
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* {{citar livro
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* {{citar livro
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* {{citar livro
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 |postscript=. Previously published by John Wiley & Sons in 1964.
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* {{citar livro
 |last1=Stadtler |first1=Bea |last2=Morrison |first2=David Beal |last3=Martin |first3=David Stone |year=1995
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* {{citar livro
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* {{citar livro |last=Stuewer |first=Roger H. |year=1985 |chapter=Niels Bohr and Nuclear Physics |pages=[https://archive.org/details/nielsbohrcentena00bohr/page/197 197–220] |editor1-last=French |editor1-first=A. P. |editor-link=Anthony French |editor2-last=Kennedy |editor2-first=P. J. |title=Niels Bohr: A Centenary Volume |location=Cambridge, Massachusetts |publisher=Harvard University Press |isbn=978-0-674-62415-3 |ref=harv |chapter-url=https://archive.org/details/nielsbohrcentena00bohr/page/197 }}
* {{citar livro
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* {{citar livro
 |publisher=U.S. Government Printing Office |year=1972
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* {{citar livro|ultimo1=Walker|primeiro1=Jearl|autorlink1=Jearl Walker|ultimo2=Halliday|primeiro2=David|autorlink2=David Halliday|ultimo3=Resnick|primeiro3=Robert|autorlink3=Robert Resnick|título=Fundamentos de Física, Volume 4: Óptica e Física Moderna|edição=9ª|editora=[[Livros Técnicos e Científicos|LTC]]|ano=2012|local=[[Rio de Janeiro]]|url=|ref=harv}}
* {{citar livro|last=Wheeler |first=John A. |authorlink=John Archibald Wheeler |year=1985 |chapter=Physics in Copenhagen in 1934 and 1935 |pages=[https://archive.org/details/nielsbohrcentena00bohr/page/221 221–226] |editor1-last=French |editor1-first=A. P. |editor-link=Anthony French |editor2-last=Kennedy |editor2-first=P. J. |title=Niels Bohr: A Centenary Volume |location=Cambridge, Massachusetts |publisher=Harvard University Press |isbn=978-0-674-62415-3 |ref=harv |chapter-url=https://archive.org/details/nielsbohrcentena00bohr/page/221 }}
* {{citar livro
 |title=The Coins and Banknotes of Denmark
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== Ligações externas ==
{{Correlatos
|commons=Niels Henrik David Bohr
|wikiquote=Niels Bohr
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*{{Prémio Nobel}}
*{{MacTutor Biography|id=Bohr_Niels}}
*{{MathGenealogy|id=105783}}
*{{Link|en|2=http://nobelprize.org/nobel_prizes/physics/laureates/1922/|3=Perfil no sítio oficial do Nobel de Física 1922}}


{{Começa caixa}}
{{Caixa de sucessão
|título=[[Medalha Hughes]]
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|depois={{nowrap|[[Francis William Aston]]}}
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{{Caixa de sucessão
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{{Medalha Hughes}}
{{Nobel de Física}}
{{Medalha Matteucci}}
{{Medalha Franklin}}
{{Medalha Max Planck}}
{{Medalha Copley (1901 — 1950)}}
{{Prêmio Átomos pela Paz}}
{{Projeto Manhattan}}
{{Cientistas cujos nomes são utilizados em constantes físicas}}
{{Portal3|Biografias|Dinamarca|Física|História da ciência}}

{{Controle de autoridade}}

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