Aproximação WKB

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Em física matemática, a aproximação WKB ou método WKB é um método de encontrar soluções aproximadas de equações diferenciais parciais com coeficientes variando no espaço. É geralmente utilizado para cálculos quase-clássicos na mecânica quântica, na qual a função de onda é reescrita como uma função exponencial, quase-classicamente expandida, e em seguida a amplitude ou a fase é variada lentamente.

O nome é um acrônimo para Wentzel-Kramers-Brillouin. Também é conhecido como o método LG ou método de Liouville-Green. Outras siglas, muitas vezes utilizadas para o método, são JWKB e WKBJ, onde o "J" significa Jeffreys.

Breve história

Este método tem esse nome em homenagem aos físicos Wentzel, Kramers, e Brillouin, que o desenvolveram em 1926. Em 1923, o matemático Harold Jeffreys tinha desenvolvido um método geral de aproximar soluções para equações diferenciais de segunda ordem lineares, que inclui a equação de Schrödinger. Porém, apesar de a equação de Schrödinger ter sido desenvolvida dois anos depois, Wentzel, Kramers e Brillouin aparentemente desconheciam esse trabalho anterior, de modo que Jeffreys muitas vezes não recebe créditos pelo método. A literatura do início da mecânica quântica contém um número de combinações de suas iniciais, incluindo WBK, BWK, WKBJ, JWKB e BWKJ.

As referências anteriores ao método são: Carlini em 1817, Liouville em 1837, George Green em 1837, Rayleigh em 1912 e Gans em 1915. Pode-se dizer que Liouville e Green são os criadores do método, em 1837, que também é comumente referido como o método Liouville-Green ou método LG.[1] [2]

A importante contribuição de Jeffreys, Wentzel, Kramers e Brillouin ao método foi a inclusão do tratamento dos pontos de retorno, que conectam as soluções evanescentes e oscilatórias em ambos os lados do ponto de retorno. Por exemplo, isso pode ocorrer na equação de Schrödinger, devido a um poço de energia potencial.

Método WKB

Geralmente, a aproximação WKB é um método para aproximar a solução de uma equação diferencial onde a derivada de maior ordem é multiplicada por um parâmetro ε pequeno. O método de aproximação é o seguinte:

Uma equação diferencial

ϵdnydxn+a(x)dn1ydxn1++k(x)dydx+m(x)y=0

deve admitir uma solução em forma de série assintótica de expansão

y(x)exp[1δn=0δnSn(x)].

No limite δ0. A substituição do ansatz acima na equação diferencial e o cancelamento dos termos exponenciais permitem que se resolva para um número arbitrário de termos Sn(x) na expansão. A teoria WKB é um caso especial de análise em escala múltipla.[3][4][5]

Um exemplo

Considere a equação diferencial linear homogênea de segunda ordem

ϵ2d2ydx2=Q(x)y,

onde Q(x)0. Substituindo

y(x)=exp[1δn=0δnSn(x)]

resulta na equação

ϵ2[1δ2(n=0δnSn)2+1δn=0δnSn]=Q(x).

Como regra principal (assumindo, no momento, que a série será assintoticamente consistente), a expressão acima pode ser aproximada como

ϵ2δ2S0'2+2ϵ2δS0S1+ϵ2δS0=Q(x).

No limite δ0,o termo dominante é dado por

ϵ2δ2S0'2Q(x).

Assim, δ é proporcional a ε. Igualando-os e comparando as potências, temos

ϵ0:S0'2=Q(x),

que pode ser reconhecido como a equação eikonal, com solução

S0(x)=±x0xQ(t)dt.

Comparando as potências de primeira ordem de ϵ, vem

ϵ1:2S0S1+S0=0.

Esta é a equação de transporte unidimensional, que tem a solução

S1(x)=14log(Q(x))+k1,

onde k1 é uma constante arbitrária. Agora temos um par de aproximações para o sistema (um par porque S0 pode ser positivo ou negativo). A aproximação WKB de primeira ordem será uma combinação linear de:

y(x)c1Q14(x)exp[1ϵx0xQ(t)dt]+c2Q14(x)exp[1ϵx0xQ(t)dt].

Os termos de ordem superior podem ser obtidos comparando-se as equações para potências mais altas de ε. Explicitamente,

2S0Sn+S'n1+j=1n1S'jS'nj=0,

para n>2. Este exemplo vem do livro de Bender e Orszag (ver referências).

Precisão da série assintótica

A série assintótica para y(x) em geral é uma série divergente cujo termo geral δnSn(x) começa a aumentar após um certo valor n=nmax. Portanto, o menor erro obtido pelo método WKB é, na melhor das hipóteses, da ordem do último termo incluído. Para a equação

ϵ2d2ydx2=Q(x)y,

com Q(x)<0 uma função analítica, o valor nmax e a magnitude do último termo podem ser estimados da seguinte forma (ver Winitzki 2005),

nmax2ϵ1|x0xdzQ(z)|,
δnmaxSnmax(x0)2πnmaxexp[nmax],

onde x0 é o ponto em que y(x0) precisa ser avaliado e x é o ponto de retorno (complexo) onde Q(x)=0, mais próximo de x=x0. O número nmax pode ser interpretado como o número de oscilações entre x0 e o ponto de retorno mais próximo. Se ϵ1Q(x) é uma função que varia lentamente,

ϵ|dQdx|Q2,

o número nmax será grande, e o erro mínimo histórico da série assintótica será exponencialmente pequeno.

Aplicação à equação de Schrödinger

A equação de Schrödinger unidimensional e independente do tempo é

22md2dx2Ψ(x)+V(x)Ψ(x)=EΨ(x),

que pode ser reescrita como

d2dx2Ψ(x)=2m2(V(x)E)Ψ(x).

A função de onda pode ser reescrita como a exponencial de outra função Φ(que está intimamente relacionada com a ação):

Ψ(x)=eΦ(x),

de modo que

Φ(x)+[Φ(x)]2=2m2(V(x)E),

onde Φ indica a derivada de Φ em relação a x. A derivada Φ(x) pode ser separada em partes real e imaginária, introduzindo as funções reaisAeB

Φ(x)=A(x)+iB(x).

A amplitude da função de onda é então exp[xA(x)dx], enquanto que a fase é xB(x)dx. As partes real e imaginária da equação de Schrödinger tornam-se, então

A(x)+A(x)2B(x)2=2m2(V(x)E),
B(x)+2A(x)B(x)=0.

Em seguida, faz-se a aproximação quase-clássica. Isto significa que cada função é expandida como uma série de potências em . A partir das equações, pode -se ver que a série de potências deve começar com pelo menos uma ordem de 1 para satisfazer a parte real da equação. A fim de alcançar um bom limite clássico, é necessário começar com a potência mais alta possível da constante de Planck:

A(x)=1n=0nAn(x),
B(x)=1n=0nBn(x).

Para o termo de ordem zero, as condições sobre A e B podem ser escritas:

A0(x)2B0(x)2=2m(V(x)E),
A0(x)B0(x)=0.

Se a amplitude varia suficientemente lenta em comparação com a fase (A0(x)=0), segue que

B0(x)=±2m(EV(x)),

que só é válida quando a energia total é maior do que a energia potencial, como sempre acontece no movimento clássico. Após o mesmo procedimento para o próximo termo, segue-se que

Ψ(x)C0eidx2m2(EV(x))+θ2m2(EV(x))4.

Por outro lado, se é a fase que varia lentamente (em comparação com a amplitude), (B0(x)=0) e então

A0(x)=±2m(V(x)E),

que só é válido quando a energia potencial é maior do que a energia total (o regime em que o tunelamento quântico ocorre). Encontrando os termos da expansão de próxima ordem

Ψ(x)C+e+dx2m2(V(x)E)+Cedx2m2(V(x)E)2m2(V(x)E)4.

Decorre do denominador que ambas as soluções aproximadas tornam-se singulares próximas do ponto de retorno clássico, em que E=V(x) e não podem ser mais válidas. Estas são as soluções aproximadas longe do potencial e abaixo do potencial. Longe do potencial, a partícula se move de maneira similar a uma onda viajante - a função de onda é oscilante. Abaixo do potencial, a partícula passa por variações exponenciais na amplitude.

Para completar a dedução, as soluções aproximadas devem ser encontradas em toda parte, e seus coeficientes devem ser combinados para construir-se uma única solução aproximada. A solução aproximada próxima aos pontos de retorno clássicos E=V(x) ainda está para ser encontrada.

Para um ponto de retorno clássico x1 e perto de E=V(x1), o termo 2m2(V(x)E) pode ser expandido em uma série de potências.

2m2(V(x)E)=U1(xx1)+U2(xx1)2+.

Para a primeira ordem, temos

d2dx2Ψ(x)=U1(xx1)Ψ(x).

Esta equação diferencial é conhecida como equação de Airy, e a solução pode ser escrita em termos das funções de Airy:

Ψ(x)=CAAi(U13(xx1))+CBBi(U13(xx1)).

Esta solução deve se conectar às soluções acima e abaixo. Dados os dois coeficientes de um dos lados do ponto de retorno clássico, os 2 coeficientes do outro lado do ponto de retorno clássico podem ser determinados por esta solução local que os conecta. Assim, uma relação entre C0,θ and C+,C pode ser encontrada.

Felizmente, as funções de Airy tendem assintoticamente ao seno, cosseno e funções exponenciais dos limites próprios. A relação pode ser encontrada como sendo da seguinte forma (muitas vezes referida como "fórmulas de conexão"):

C+=+12C0cos(θπ4),C=12C0sin(θπ4).

Agora as soluções totais (aproximadas) podem ser construídas.

Ver também

Referências

Predefinição:Reflist

Referências atuais

Referências históricas

Ligações externas

  • Predefinição:Citar web (An application of the WKB approximation to the scattering of rádio waves from the ionosphere.)