Teorema da Eleição

Fonte: testwiki
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Em probabilidade, o Teorema da Eleição é um resultado clássico sobre passeios aleatórios que afirma:

Em uma eleição com dois candidatos A e B com α e β votos respectivamente, se α>β então a probabilidade de que durante a apuração da eleição o candidato A esteja sempre à frente é dada por αβα+β.

O resultado foi descoberto por A. De Moivre em 1708 ao estudar jogos de azar e redescoberto por Joseph Louis François Bertrand em 1887.[1]

Na linguagem de Passeios aleatórios

Se entendermos cada voto para o ganhador como um passo de valor 1 e cada voto para o perdedor como um passo de valor -1 podemos interpretar como segue:

Seja S0=0,S1,S2,S3,...,Sn um passeio aleatório com passos Xi com P(Xi=1)=P(Xi=1)=12 i.i.d., se Sn=b>0 então a probabilidade de que Si>0 i=1,,n é dada por bn, em outras palavras:

𝒫(S1×S2××Sn>0|Sn=b)=bn

Para demonstrar faremos uso do princípio da reflexão.

O princípio da reflexão

A figura apresenta um caminho aleatório e desenha o reflexo por x do trecho do caminho que é positivo até o primeiro encontro com o eixo x.

Seja Nn0(a,b) o número de caminhos entre os pontos (0,a) e (n,b) que tocam o eixo x, tome também Nn(a,b) o número de caminhos entre (0,a) e (n,b).

Se a,b>0 o princípio da reflexão diz que Nn0(a,b)=Nn(a,b). Para demonstrar vamos criar uma bijeção entre os caminhos de (0,a) até (n,b) que passam por algum (k,0), 1<k<n e os caminhos entre (0,a) até (n,b).

É claro que todo caminho que parte de (0,a) até (n,b) corta o eixo x em algum ponto, seja (k,0) o primeiro ponto em que isso ocorre. Podemos refletir todos os pontos antes de (k,0) e emendar com o caminho depois de (k,0) e vamos obter um caminho entre (0,a) e (n,b) que corta o eixo x. A operação inversa é feita de forma análoga, acompanhe na figura ao lado. Temos então a bijeção desejada.

Calcular Nn0(a,b) pode ser custoso, mas o princípio da reflexão facilita esse cálculo. Se um caminho vai de (0,a) até (n,b) então ele tem n passos, separamos n=u+d com u o número de passos para cima e d para baixo. Vale também ud=ba, logo: u=n+ba2 e d=nb+a2 Para formar um caminho precisamos apenas saber quantas vezes andamos para cima, logo:

Nn(a,b)=(nn+ba2)

Demonstração

Para mostrar basta reparar que estamos contando apenas os caminhos que obrigatoriamente passam por (1,1), logo:

Nnx(0,b)=Nn1(1,b)Nn10(1,b)=Nn1(1,b)Nn1(1,b)

De onde obtemos:

Nnx(a,b)=(n1n+b22)(n1n+b2)=bnNn(0,b)

Como o total de caminhos é dado por Nn(0,b) obtemos a probabilidade dividindo o número de casos de interesse pelo tamanho do espaço amostral.

Relação com o Hitting Time

Exemplo de caminho aleatório reverso.

Dado um caminho S={0,X1,X1+X2,i=1i=nXi} podemos construir o caminho reverso tomando T={0,Xn,Xn+Xn1,i=1i=nXi}. Note que Tn=Sn e TnTni=X1++Xi=Si para todo i>0. Assim se S é um caminho que atende as restrições do Teorema da Eleição com Sn=b>0 vale que TnTni=Si>0 para todo i>0. Ou seja, o caminho reverso alcança b pela primeira vez no passo n.

Agora tomando um caminho T tal que Tn=b e TnTni=X1++Xi=Si para todo i>0, é fácil ver que o seu reverso S cumpre as condições do Teorema da Eleição. Assim estabelecemos uma bijeção entre os caminhos tais que Tn=b e atingem b pela primeira vez no passo n e os caminhos tais que Sn=b e S1Sn0. Como todo caminho tem a mesma probabilidade de ocorrer, vale:

𝒫(SiSni<n|Sn=b)=𝒫(S1Sn>0|Sn=b)

Observando que o caso b<0 é simétrico obtemos o Teorema do Hitting Time[2]: a probabilidade de um caminho aleatório simples S alcançar o ponto b pela primeira vez no passo n é dada por:

𝒫(SiSni<n|Sn=b)=|b|n𝒫(Sn=b)

Essa relação segue sendo verdadeira contanto que os passos Xi sejam i.i.d., como demonstrado por Hofstad e Keane [3].

Generalizações

Existem estudos, principalmente devido a Takacs, que generalizam o teorema para o caso contínuo que podem ser encontrados em [1], por exemplo. Predefinição:Referências