Conjetura Oesterlé–Masser

Fonte: testwiki
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Em matemática, a conjetura Oesterlé–Masser ou conjetura abc é um problema em aberto em teoria dos números. Ela foi primeiramente proposta por Joseph Oesterlé [1] e David Masser [2] respetivamente em 1988 e 1985. A conjectura do ABC teve origem como resultado de tentativas de Oesterlé e Masser de entender a conjectura de Szpiro sobre curvas elípticas, que envolve estruturas mais geométricas em sua afirmação do que a conjectura abc. A conjectura abc mostrou-se equivalente à conjectura modificada de Szpiro.

Uma série de conjecturas famosas e teoremas na teoria dos números seguiriam imediatamente da conjectura abc ou de suas versões. Goldfeld (1996) descreveu a conjectura do ABC como "o problema não resolvido mais importante na análise diofantina".

Prova de Mochizuki

Em agosto de 2012, o matemático Shinichi Mochizuki[3] disponibilizou uma série de quatro artigos contendo uma séria alegação que ele tinha obtido uma demonstração da conjetura abc[4]. Três anos depois, 2015, a prova de Mochizuki permanece no limbo matemático - nem desmentida nem aceita pela comunidade em geral. Mochizuki estimou que levaria a um estudante de graduação de matemática cerca de 10 anos para ser capaz de entender o seu trabalho, e muitos especialistas acreditam que levaria até mesmo um especialista em geometria aritmética cerca de 500 horas. Até agora, apenas quatro matemáticos dizem terem sido capazes de ler e entender a prova inteira.

Caso Particular para a Conjectura do abc

Seja a,b,cN, de tal forma que temos c = b + a, ao fazer as operações necessárias chegaremos em c2k=b2k+a.i=1k(b2i1+c2i1) ou c2k=b2k+a.i=0k1(b2i+c2i), com kNe i índice, onde rad[c.b.a.i=1k(b2i1+c2i1)]>c2k ou rad[c.b.a.i=0k1(b2i+c2i)]>c2k.

Demonstração

Dado a equação c = b + a ao multiplicar ambos os lados por b resulta em c.b=b2+a.b, como b = c- a ao substituir no primeiro membro da igualdade temos c.(ca)=b2+a.b c2a.c=b2+a.b c2=b2+a.b+a.c c2=b2+a.(b+c)( & ).


Ao Multiplicar ( & ) por c2 temos c4=b2.c2+a.c2.(b+c) ao substituir o 1ª c2 por b2+a.(b+c), temos c4=b2.[b2+a.(b+c)]+a.c2.(b+c) c4=b4+a.b2.(b+c)+a.c2.(b+c) c4=b4+a.(b+c).(b2+c2) ( && ).


Ao Multiplicar ( && ) por c4 temosc8=b4.c4+a.c4.(b+c).(b2+c2) ao substituir o 1ª c4 por b4+a.(b+c).(b2+c2), temos c8=b4.[b4+a.(b+c).(b2+c2)]+a.c4.(b+c).(b2+c2) c8=b8+a.b4.(b+c).(b2+c2)+a.c4.(b+c).(b2+c2) c8=b8+a.(b+c).(b2+c2).(b4+c4) ( &&& ).


Ao Multiplicar ( &&& ) por c8 temos c16=b8.c8+a.c8.(b+c).(b2+c2).(b4+c4)ao substituir o 1ª c8 por b8+a.(b+c).(b2+c2).(b4+c4), temos c16=b8.[b8+a.(b+c).(b2+c2).(b4+c4)]+a.c8.(b+c).(b2+c2).(b4+c4) c16=b16+a.b8.(b+c).(b2+c2).(b4+c4)+a.c8.(b+c).(b2+c2).(b4+c4) c16=b16+a.(b+c).(b2+c2).(b4+c4).(b8+c8) ( &&&& ).

Se continuarmos com a mesma lógica matemática teremos uma sequência no 1ª membro como Sk(1):c1,c2,c4,c8,c16,...,c2k com k≥0 ,o mesmo ocorre com o 2ª membro em relação a potência isso é Sk(2):b1,b2,b4,b8,b16,...,b2k com k≥0, note que a outra parte do 2ª membro temos; a.(b+c).(b2+c2).(b4+c4).(b8+c8).(b16+c16).(b32+c32)...(b2k1+c2k1) (Pro), mas ao ignorarmos a o restante é um produtório sendo assim podemos escrever (Pro) como Pro=a.i=1k(b2i1+c2i1) ou Pro=a.i=0k1(b2i+c2i).

Portanto temos como equações:

c2k=b2k+a.i=1k(b2i1+c2i1) ou c2k=b2k+a.i=0k1(b2i+c2i), desde que c = b + a

Se caso c for primo temos que rad(c2k)=c, o mesmo para b se for primo rad(b2k)=b, caso algum seja um número composto teremos; c=j=1ω(c)pjαjrad(c2k)=rad(c=j=1ω(c)pjαj) =p1.p2.p3.p4...pj, com pj primos, de forma análoga temos rad(b2k)=rad(b=j=1ω(b)pjαj) =p1.p2.p3.p4...pj, todavia (Pro) já é composto então rad(Pro)=rad(rad(a).p1.p2.p3.p4...pj)q.p1.p2.p3.p4...pj . Onde rad(a)≥q com q um número primo.

Então rad(a,b,c) = rad(c2k.b2k.Pro) ≥ rad(c.b.a.rad(Pro)) >c2k. isso é valido pois c > b ou c > a e b ≥ a ou a ≥ b, já que c = b + a.

Exemplo com Números

Possibilidades seja c=13 , então b + a, há uma finidade de combinação tipo b = 10 e a = 3 , b = 11 e a = 2, b = 9 e a = 4, b = 8 e a = 5, pode ser qualquer combinação nos naturais dede que c = b + a, o mais simples nesse caso é b=12 e a=1.

Exemplo(1) dada a igualdade 13 = 7 + 6 então c=13, b=7 e a=6 ou 13 = 6 + 7 então c=13, a=7 e b=6 (Usando qualquer uma será valida), com k variando de 1 até 3, optando por c=13, b=7 e a=6 temos:

Para k=1 isso é;

c2k=b2k+a.i=1k(b2i1+c2i1)1321=721+6.i=11(72i1+132i1)132=72+6.(720+1320)132=72+6.(7+13)
132=72+6.20132=72+2.3.5.22132=72+23.3.5
então
rad (132.72.23.3.5)=13.7.2.3.5=2730>132=169

Para k=2 isso é;

c2k=b2k+a.i=1k(b2i1+c2i1)1322=722+6.i=12(72i1+132i1)134=74+6.(71+131).(72+132)134=74+6.20.(49+169)134=74+6.20.218134=74+24.3.5.109
então
rad (134.74.24.3.5.109)=13.7.2.3.5.109=297570>134=28561

Para k=3 isso é;

c2k=b2k+a.i=1k(b2i1+c2i1)1323=723+6.i=13(72i1+132i1)138=78+6.(71+131).(72+132).(74+134)138=78+6.(20).(218).(2401+28561)138=78+24.3.5.109.(2401+28561)138=78+24.3.5.109.(30962)138=78+24.3.5.109.(2.113.137)138=78+25.3.5.109.113.137
então
rad (138.78.25.3.5.109.113.137)=13.7.2.3.5.109.113.137=4606681170>138=815730721

Utilidade

Suponhamos que queremos encontrar certos divisores das diferenças de duas potências que tenham essas propriedades descritas anteriormente, exemplo o Pequeno Teorema de Fermat que é ap11mod(p), com a ∈ Ζ e p primo, de forma algébrica isso é ∃ t ∈ Z tal que t=ap11p.

Nesse caso do pequeno teorema de Fermat em relação a formula, temos a seguinte situação particular, transcrevendo a forma algébrica do pequeno teorema de Fermat para se adequar isso é

p1=2k

p=2k+1

, como

c=a+b

gerou

c2k=b2k+a.i=1k(b2i1+c2i1)a.i=1k(b2i1+c2i1)=c2kb2k

, então usando as adaptações isso é no lugar de c=a , b=1 , e a=p isso nos dar como fórmula;

p.i=1k(12i1+a2i1)=a2k12kp.i=1k(12i1+a2i1)=ap11i=1k(1+a2i1)=ap11p p=2k+1 e a=p+1

Portanto os divisores de ap11 é p e i=1k(1+a2i1)=t.

Para facilitar as operações a fórmula para o Pequeno Teorema de Fermat pode ficar escrita como;

i=1k(1+(p+1)2i1)=(p+1)p11pp=(p+1)p11i=1k(1+(p+1)2i1) p=2k+1

Isso significa se p não for primo então t ∈ Q baseado no Teorema Pequeno teorema de Fermat.

Exemplo(1)

para k=1 então p=2k+1=21+1=3

p=(p+1)p11i=1k(1+(p+1)2i1)3=(3+1)311i=11(1+(3+1)2i1)3=421(1+(4)20)3=161(1+4)3=1553=3

Satisfez a igualdade então 3 é primo.


Exemplo(2)

para k=2 então p=2k+1=22+1=5

p=(p+1)p11i=1k(1+(p+1)2i1)5=(5+1)511i=12(1+(5+1)2i1)5=641(1+6).(1+62)5=129617.375=12957.375=5.7.377.375=5

Satisfez a igualdade então 5 é primo.

O que irão ver quando k=3 e k=5, é uma contradição do Pequeno teorema de Fermat, o que o pequeno Teorema de Fermat diz ? seja mdc(a,p)=1 isso é a e p primo entre se, então p/(ap11)p for primo, intenda que mdc( p + 1 , p) = 1.

Exemplo(3)

para k=3 então p=2k+1=23+1=9

p=(p+1)p11i=1k(1+(p+1)2i1)9=(9+1)911i=13(1+(9+1)2i1)9=1081(1+10).(1+102).(1+104)
Calculo da contradição

Satisfez a igualdade porém 9 não é primo, note que o mdc(10,9)=1, então a divisão não era para ter resultado em um inteiro porém foi o que ocorreu então é uma falha no pequeno teorema de Fermat.

Exemplo(4)

para k=4 então p=2k+1=24+1=17

p=(p+1)p11i=1k(1+(p+1)2i1)17=(17+1)1711i=14(1+(17+1)2i1)17=18161(1+18).(1+182).(1+184).(1+188)
Quando k é 4

Satisfez a igualdade então 17 é primo.

Exemplo(5)

para k=5 então p=2k+1=25+1=33

p=(p+1)p11i=1k(1+(p+1)2i1)33=(33+1)3311i=15(1+(33+1)2i1)33=34321(1+34).(1+342).(1+344).(1+348).(1+3416)
Quando k é 5

Satisfez a igualdade porém 33 não é primo, portanto outra falha do Pequeno Teorema de Fermat.

Diferença de duas potências

Sempre que haver uma diferença de duas potências do tipo c2kb2k é sempre divisível por a e i=1k(b2i1+c2i1) ou i=0k1(b2i+c2i), dito isso é só adaptar as as bases e expoentes necessário como foi feito para o Pequeno teorema de Fermat.

Ver também

Predefinição:Referências Predefinição:Esboço-matemática Predefinição:Portal3

  1. Oesterlé, J., Nouvelles approches du "théorème" de Fermat, Astérisque, Séminaire Bourbaki, (1988) 694 (161): 165-186
  2. Masser, D. W., Open problems, in Chen, W. W. L., Proceedings of the Symposium on Analytic Number Theory (1985), London: Imperial College.
  3. ICM Proceedings 1893-2010
  4. A CONJECTURA abc Predefinição:Wayback por Julio C. Andrade