Teorema de Laplace

Fonte: testwiki
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Em álgebra linear, o teorema de Laplace fornece uma expressão para o determinante de uma matriz quadrada qualquer em termos de determinantes de matrizes de ordem inferior.[1]

Enunciado do teorema

O determinante de uma matriz AMn×n(𝕂) é igual à soma algébrica dos produtos dos elementos de uma linha (ou coluna) pelos respectivos cofatores (ou complementos algébricos).

O cofator do elemento ai,j de uma matriz é o escalar Ci,j definido por [2]Ci,j =(1)i+jdet(Aij),em que Aij representa a matriz que se obtém da matriz original pela eliminação da i-ésima linha e da j-ésima coluna. Tem-se então quedet(A)=ai,1Ci,1+ai,2Ci,2+...+ai,nCi,noudet(A)=a1,jC1,j+a2,jC2,j+...+an,jCn,jconforme seja escolhida a i-ésima linha ou a j-ésima coluna.

Aplicação

O teorema de Laplace é normalmente utilizado para o cálculo de determinantes de matrizes de ordem superior ou igual a 4. Ele também se poder aplicar a matrizes de ordem inferior, embora neste caso o cálculo do determinante seja usualmente mais simples, como o uso da regra de Sarrus para matrizes de ordem 3, por exemplo. Na prática, o que se faz é passar do cálculo do determinante de uma matriz de ordem n para o cálculo de n determinantes de matrizes de ordem n1. O teorema pode ser aplicado sucessivamente até se obterem matrizes de ordem 2 ou 3, cujo determinante é mais simples de calcular.

Pode-se selecionar indiferentemente qualquer linha ou coluna da matriz para aplicar o teorema. No entanto, para simplificar os cálculos, é usual escolher a linha (ou coluna) que apresente mais zeros, visto que o método consiste em multiplicar cada elemento da linha (ou coluna) pelo seu cofator. Assim, no caso de o elemento ser 0, o produto é nulo, não havendo a necessidade de se calcular o cofator.

Exemplo

Considere-se a matrizB=[123456789].O determinante desta matriz pode ser calculado aplicando o teorema de Laplace à 1ª linha:detB=1|5689|2|4679|+3|4578|=1(3)2(6)+3(3)=0.O mesmo resultado pode ser obtido aplicando o teorema à 2ª coluna:detB=2|4679|+5|1379|8|1346|=2(6)+5(12)8(6)=0.

Demonstração do Teorema

Vamos usar o princípio da indução finita [3], provando, inicialmente, que o teorema é válido para matrizes de ordem 2. Considerando M=[a11a12a21a22] e efetuando o desenvolvimento pela 1ª linha:

a11C1,1+a12C1,2=a11|a22|+a12(1)|a21|=a11a22a12a21=detM.

De forma análoga, os desenvolvimentos pela 2ª linha, 1ª coluna e 2ª coluna resultam em detM, de modo que a propriedade é válida para n=2.

Na sequência, admitamos que a propriedade seja válida para determinantes de ordem (n1) e provemos que ela também é válida para determinantes de ordem n. Seja M uma matriz de ordem n>2. Os primeiros menores (menores complementares) de M são determinantes de ordem (n1), os quais vamos denotar por Dij, sendo i a linha e j a coluna eliminadas da matriz M. Vamos usar o símbolo Dijkl para representar o menor que se obtém pela supressão das linhas i e k e das colunas j e l da matriz M. Assim, Dijkl é um determinante de ordem (n2).

Fixamos a coluna k da matriz M(1<kn) e determinamos

C:=a1kC1,k+a2kC2,k+a3kC3,k+...+ankCn,k=a1k(1)1+kD1k+a2k(1)2+kD2k+a3k(1)3+kD3k+...+ank(1)n+kDnk.

Desenvolvendo os determinantes D1k,D2k,...,Dnk pela 1ª coluna, temos:

C=a1k(1)1+k(i>1ai1(1)iD1ki1)+a2k(1)2+k(a11D2k11+i>2ai1(1)iD2ki1)+a3k(1)3+k(a11D3k11a21D3k2i+i>3ai1(1)iD3ki1)+...+ank(1)n+k(a11Dnk11a21Dnk21+a31Dnk31...±an1,1Dnkn1,1).

Na expressão de C, acima, tomamos as parcelas que contém a11:

a11(a2k(1)2+kD2k11+a3k(1)3+kD3k11+...+ank(1)n+kDnk11)=a11(a2k(1)kD2k11a3k(1)k+1D3k11...ank(1)n+k2Dnk11)=a11D11,

as parcelas que contém a21:

a21(a1k(1)1+kD1k21a3k(1)3+kD3k21...ank(1)n+kDnk21)=a21(a1k(1)kD1k21a3k(1)1+kD3k21...ank(1)n+k2Dnk21)=a21D21,

as parcelas que contém a31:a31(a1k(1)1+kD1k31a2k(1)2+kD2k31+a4k(1)4+kD4k31+...+ank(1)n+kDnk31)=a31(a1k(1)kD1k31+a2k(1)1+kD2k31+a4k(1)k+2D4k31+...+ank(1)n+k2Dnk31)=a31D31,simplificadas com o uso da hipótese de indução. Prosseguimos da mesma forma até obtermos as parcelas que contêm an1, de modo que:

C=a11D11a21D21+a31D31...±an1Dn1=a11C1,1+a21C2,1+a31C3,1+...+an1Cn,1.

Isso prova que C=detM, isto é, o resultado vale para qualquer coluna k, 1<kn. Com raciocínio análogo podemos provar que a propriedade é válida para qualquer linha i(1<in) e com raciocínios semelhantes podemos provar que ela é válida para a 1ª linha e para a 1ª coluna, concluindo que o teorema é válido para matrizes de ordem n2.

Complexidade assintótica

O teorema de Laplace não é computacionalmente eficiente para calcular determinantes. Sua complexidade no tempo é de O(n!), não sendo indicado para situações práticas.[4][5]

Utilizando a triangularização de matrizes, é possível escrever um algoritmo capaz de calcular determinantes em tempo O(n3),[6] que é mais eficiente. O algoritmo é similar ao método de Eliminação de Gauss.

Predefinição:Referências

Bibliografia