Teorema de Gibbs-Konovalov

Fonte: testwiki
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Em físico-química, o teorema de Gibbs-Konovalov relaciona-se ao equilíbrio de fases, particularmente ao equilíbrio líquido-vapor de azeótropos[1] e aos pontos de fusão congruentes do equilíbrio líquido-sólido.

Willard Gibbs estabeleceu o teorema de modo puramente teórico em 1876. Este foi verificado experimentalmente por Dmitri Petrovich Konovalov, aluno de Dmitri Mendeleev, em sua tese em 1881 e, em seguida, em uma publicação em 1884 relativa ao equilíbrio líquido-vapor.[2][3] A segunda regra de Konovalov, da qual pode-se derivar o teorema de Gibbs-Konovalov, é a seguinte:Predefinição:Quote

O teorema de Gibbs-Konovalov é uma generalização dessa regra nos extremos de pressão e de temperatura em todos os equilíbrios de fases:

Predefinição:Quote

Ilustração

Figura 1 - Diagrama de fases de um azeótropo de máximo. Um azeótropo, seja de máximo, seja de mínimo, obedece ao teorema de Gibbs-Konovalov.

A Figura 1 mostra um diagrama de fases líquido-vapor de uma mistura binária sob pressão constante: nele, a temperatura é traçada em função da composição. Esse diagrama mostra um azeótropo com uma temperatura máxima, comum às curvas de bolha e orvalho, em que o líquido e o vapor têm a mesma composição. Isso também se aplica a azeótropos com temperatura mínima e àqueles nos quais a pressão atinge um mínimo ou um máximo em temperatura constante.

Figura 2 - Diagrama de fases do sistema sílica-alumina. A temperatura máxima indicada (1850) corresponde a um ponto de fusão congruente, o qual obedece ao teorema de Gibbs-Konovalov. Os dois pontos angulares localizados nas composições de 10% e 75% em sílica são eutéticos e não atendem a esse teorema.

Tal teorema é aplicável a todas as transições de fase. A Figura 2 mostra um diagrama de fase líquido-sólido: o ponto indicado (1850) é denominado ponto de fusão congruente, e não deve ser confundido com um ponto eutético, ponto no qual o líquido e o sólido também têm mesma composição, mas que é um ponto angular.

Demonstração

Considere-se uma mistura binária (contendo apenas duas espécies químicas A e B) em equilíbrio entre quaisquer duas fases (α e β). Com isso, denote-se por:

  • P a pressão;
  • T a temperatura;
  • xAα e xBα as respectivas frações molares das substâncias A e B na fase α;
  • xAβ e xBβ as respectivas frações molares das substâncias A e B na fase β;
  • μAα e μBα os respectivos potenciais químicos das substâncias A e B na fase α;
  • μAβ e μBβ os respectivos potenciais químicos das substâncias A e B na fase β.

Uma vez que as fases α e β estão em equilíbrio, tem-se as relações entre potenciais químicos:

μAα=μAβ
μBα=μBβ

Variando-se a temperatura de T até T+dT ou a pressão de P até P+dP, os potenciais químicos variam. Se for mantido o equilíbrio de fases, ter-se-ão as novas relações:

μAα+dμAα=μAβ+dμAβ
μBα+dμBα=μBβ+dμBβ

Delas, obêm-se as relações entre as variações dos potenciais químicos:

(1a) dμAα=dμAβ
(1b) dμBα=dμBβ

A relação de Gibbs-Duhem relaciona as variações das variáveis de estado de cada substância:

(2) V¯αdPS¯αdT=xAαdμAα+xBαdμBα
V¯βdPS¯βdT=xAβdμAβ+x2βdμBβ

sendo:

Subtraindo-se a segunda relação da primeira, obtém-se:

(V¯αV¯β)dP(S¯αS¯β)dT=xAαdμAαxAβdμAβ+xBαdμBαxBβdμBβ

Substituindo-se (1a) e (1b) na relação anterior, obtém-se:

(3) (V¯αV¯β)dP(S¯αS¯β)dT=(xAαxAβ)dμAα+(xBαxBβ)dμBα

As relações entre as frações molares:

xAα+xBα=1
xAβ+xBβ=1

podem ser subtraídas, originando:

xBαxBβ=(1xAα)(1xAβ)=(xAαxAβ)

que pode-se substituir em (3):

(V¯αV¯β)dP(S¯αS¯β)dT=(xAαxAβ)(dμAαdμBα)

Além disso, considerando-se temperatura constante (

dT=0

), um extremo de pressão (

dP=0

) leva à igualdade:

(4) (xAαxAβ)(dμAαdμBα)=0

A relação de Gibbs-Duhem (2) em temperatura constante e a uma pressão extrema torna-se:

0=xAαdμAα+xBαdμBα

A relação (4) resulta em:

xAαxAβxBαdμAα=0

Não há razão para que, no extremo, o próprio potencial químico tenha atingido um valor limite: dμAα0. Consequentemente, o extremo de pressão em temperatura constante é alcançado se xAαxAβ=0, isso é, xAα=xAβ. O raciocínio é idêntico caso considere-se pressão constante (dP=0): uma temperatura extrema (dT=0) só pode ser alcançada se xAα=xAβ. Uma vez que considera-se uma mistura binária, exclui-se o caso xAα=xAβ=1, ou seja, o corpo A puro, e o caso xAα=xAβ=0, ou seja, o corpo B puro.

Conclui-se que um extremo de pressão ou de temperatura no equilíbrio entre duas fases de uma mistura binária só pode existir se essas possuírem a mesma composição, o que corresponde ao teorema de Gibbs-Konovalov.[4]

Ver também

Bibliografia

Predefinição:Referências