Números complexos p-ádicos

Fonte: testwiki
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Números complexos p-ádicos, em álgebra, são os conjuntos construídos a partir dos números p-ádicos por processos análogos à construção dos números complexos a partir dos números racionais.

Os números complexos, historicamente, podem ser vistos como tendo sido construídos a partir dos números naturais através de dois processos: resolver equações polinomiais e completar os conjuntos obtidos para que eles não tenham "buracos". Em uma primeira etapa, é construído a partir de ao se exigir que toda equação da forma a + x = b, com a e b naturais, tenha solução. Na etapa seguinte, é construído a partir de ao incluir as soluções das equações a x = b com a e b inteiros.[Nota 1] Pode-se agora definir uma noção de distância entre números, e a partir daí define-se o que é uma sequência de Cauchy. Duas sequências de Cauchy são equivalentes quando a diferença entre seus termos converge para zero (esta é, obviamente, uma relação de equivalência). Os números reais são construídos a partir dos números racionais como as classes de equivalência das sequências de Cauchy de números racionais, e não é complicado definir adição, subtração, multiplicação e divisão destas classes de equivalência, de forma que seja um corpo.[1]

A partir de , os matemáticos decidiram que seria interessante que equações como x2 + 1 = 0 também tivessem solução, e isto levou à construção do corpo dos números complexos como os números da forma a + b i, com a e b reais. Um fato surpreendente, denominado como Teorema Fundamental da Álgebra, é que este conjunto dos números complexos tem a propriedade notável de que qualquer equação polinomial com coeficientes complexos tem uma solução complexa. Além disso, a noção de distância nos reais pode ser estendida a uma noção de distância nos complexos, e é completo em relação a esta distância. Ou seja, o processo de resolver equações e completar o conjunto para não deixar buracos termina em .[1]

Já no caso de se usar como distância a métrica p-ádica |.|p, o processo não é tão simples. A partir de , obtém-se p, o conjunto dos números p-ádicos, como a completação de . Este corpo não é algebricamente fechado, ou seja, existem equações polinomiais que não tem raiz, porém para obter seu fecho algébrico ¯ não basta, como no caso real, incluir uma única raiz, é preciso incluir infinitas raízes de polinômios de grau cada vez maior. Pior: este corpo ¯ não é completo, ou seja, existem sequências de Cauchy que não convergem.[1]

Aparentemente, o esquema de construção de corpos "obter fecho algébrico" -> "completar as sequências de Cauchy" -> "obter fecho algébrico" -> "completar as sequências de Cauchy" -> ... poderia ter vários passos, ou mesmo um número infinito de passos.[2] Se construirmos este corpo gigantesco ¯ e fecharmos seus buracos obtendo um corpo ainda maior, Ω, será que precisamos aumentar Ω ainda mais, para poder resolver equações polinomiais em Ω? E depois disso, será preciso continuar o processo, com abstrações cada vez mais distantes da realidade?[1]

Felizmente,[1] por causa do teorema de Krasner,[2] este processo termina aqui: o corpo obtido pela completação do fecho algébrico dos números p-ádicos é algebricamente fechado: este é o comjunto dos números complexos p-ádicos p.[1][2]

Predefinição:Notas e referências


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  1. 1,0 1,1 1,2 1,3 1,4 1,5 Neal Koblitz, p-adic Numbers, p-adic Analysis, and Zeta-Functions, 3. Review of building up the complex, p.8-10 Predefinição:Wayback [ligação inativa]
  2. 2,0 2,1 2,2 Vladimir Anashin e Andrei Yurevich Khrennikov, Applied Algebraic Dynamics, 1.8.3 Complex p-adic numbers, p.33 [google books]