Nitreto de gálio

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Predefinição:Info/Química

O nitreto de gálio, fórmula química GaN, é indispensável para diversas das últimas evoluções do campo da tecnologia.[1] Ele é um semicondutor pertencente ao grupo III-V, que compreende o nitreto de gálio, nitreto de alumínio, nitreto de índio e ligas ternárias e quaternárias.[2] Esse semicondutor se destaca por possuir um bandgap largo, no valor de 3,4 eV,[3][4] emitindo/absorvendo comprimentos de onda na faixa do azul ao ultravioleta. Os filmes produzidos por este material geralmente se cristalizam na estrutura zinc-blend com simetria cúbica ou na estrutura wurtzita com simetria hexagonal.[5] Dependendo das condições de deposição, o crescimento dos filmes pode acontecer ao longo de vários planos.[6] As características deste semicondutor permitem a aplicação na indústria optoeletrônica e na tecnologia de dispositivos eletrônicos, reduzindo custos de produção, diminuindo o tamanho e a massa dos dispositivos, aumentando a eficiência, além de diminuir o impacto ambiental. Recentemente, o GaN tem sido sujeito a extensivas investigações experimentais para dispositivos optoeletronicos e tem experimentado continuo progresso e melhorias nas técnicas de crescimento de cristais[7].

Síntese

Substratos em massa

Os cristais de GaN podem ser cultivadas a partir de um fusão N/Ga, o derretimento realizado sob pressão de 100atm do N2 em 750°C. Como Ga não irá reagir com o N2 abaixo de 1000°C, geralmente numa das seguintes maneiras:

2Ga+2NH32GaN+3H2
Ga2O3+2NH32GaN+3H2O

Epitaxia de feixe molecular

Predefinição:AP

Comercialmente, cristais de GaN podem ser cultivadas usando epitaxia de feixe molecular. Este processo pode ser ainda modificado para reduzir as densidades de deslocamento. Em primeiro lugar, um feixe de íons é aplicada à superfície de crescimento, a fim de criar rugosidade em nanoescala. Em seguida, a superfície é polido. Este processo realiza-se no vácuo.

Histórico

Cristal de nitreto de gálio

Para produzir dispositivos semicondutores à base de

GaN

é necessário produzir cristais de boa qualidade, sem defeitos. Devido a este fato surgiu a necessidade de se obter cristais perfeitos de nitreto de gálio, porém a obtenção não é tão simples, pois envolve a produção altamente controlada de várias camadas do material, na forma de filme, em escala nanométrica.[2]

Em 1916, o cientista polonês Jan Czochralski inventou um método para produção de cristais semicondutores. Um pequeno cristal do material desejado é mergulhado num cadinho que contem o mesmo material derretido. Uma haste é puxada lentamente para cima e rodada ao mesmo tempo. Controlando os gradientes de temperatura, velocidade da haste e velocidade de rotação é possível extrair um grande cristal cilíndrico. O material se solidifica ao redor do pequeno grão de cristal, criando um cristal maior. Inicialmente o material utilizado foi o silício. Este método poderia ser utilizado para o GaN, porém o problema está nas condições experimentais. Seria necessário utilizar uma temperatura de 2225°C e uma pressão de 64000atm, condições estas que são equiparáveis à do extremo interior da Terra. Portanto, seria quase impossível construir tal sistema.[1] Robert Dwili´nski assumiu o desafio de fazer um material cristalino de nitreto de gálio, com dimensões relativamente grandes. Como o método de Czochralski não seria viável, então foi necessário se pensar em outros métodos. Ele partiu da ideia de combinar soluções de nitrogênio em pressões elevadas. Em uma autoclave insere-se amônia a uma temperatura de 500°C, formando uma solução supercrítica. Esta solução ataca um compartimento que contém nitreto de gálio, dissolvendo-o. Correntes de convecção transportam a solução para uma parte refrigerada da autoclave. Neste momento, o nitreto de gálio deixa a solução e se dirige aos substratos. Foi possível obter cristais de GaN pelo método de Dwilin`nski , porém os cristais obtidos possuíam dimensões em torno de 20mm.[1] A partir de então, investigadores do mundo todo começaram a tentar crescer cristais de GaN com grandes dimensões. Muitas outras técnicas foram utilizadas e com sucesso. Atualmente as técnicas mais utilizadas para a produção de cristais de GaN de alta qualidade são a epitaxia por feixe molecular (MBE, em inglês, Molecular Beam Epitaxy) [8] e a deposição química de vapor por precursores metalorganicos (MOCVD, em inglês, metalorganic chemical vapour deposition).[9] Estas técnicas se destacam por produzirem filmes de GaN com alto grau de cristalinidade, porém apresentam elevado custo de manutenção e produção. Há técnicas alternativas, como o Sputtering reativo, que também é capaz de produzir filmes policristalinos de GaN, que possui menor custo.[10]

Aplicações

As aplicações do nitreto de gálio são várias, entre elas se destacam a produção de lasers, LEDS, leitores Blu-Rays, transistores e dispositivos eletrônicos e optoeletrônicos em geral. O nitreto de gálio garante um rendimento muito maior em lasers violeta ou azul, pois devido ao seu pequeno comprimento de onda é capaz de gravar e ler dados com mais precisão pela maior compactação de informação em um espaço físico. Por exemplo, um conteúdo que seria gravado em vários DVDs pode ser transformado em apenas um disco Blu-Ray. Além da praticidade reduz o impacto ambiental. Outro exemplo da redução do impacto ambiental é a troca das lâmpadas incandescentes pelas lâmpadas de diodos emissores de luz (LED), isto reduziria e emissão de CO2 em até 90% [11], além de consumir cerca de um décimo de energia que as lâmpadas incandescentes consumiriam. O nitreto de gálio também pode auxiliar até mesmo na melhoria da cobertura de telefones móveis, pois os amplificadores de micro-ondas construídos com o GaN tem maior resistência ao calor e à interferência eletrônica.[12][13]

Substratos

Os substratos mais utilizados para o crescimento de filmes de nitreto de gálio são a safira (Al2O3), o silício (Si) e a sílica (SiO2). O crescimento pode ser feito ao longo de vários planos cristalográficos dos materiais. Se o arranjo atômico do substrato for semelhante com o do nitreto de gálio, um material cristalino pode ser formado. O problema está na dificuldade de encontrar um substrato que possua os mesmos parâmetros de rede que o GaN, o que inviabiliza o crescimento de um material cristalino livre de tensões mecânicas e defeitos estruturais.[14] Este problema diminui quando se usa um substrato do mesmo material, no caso, um substrato do próprio nitreto de gálio.

Dopagem

Os processos de dopagem do GaN, fundamentais para o desenvolvimento de dispositivos eletrônicos, mostraram que Mg e Si, atuam como dopantes rasos do tipo pen respectivamente, e produzem melhoras significativas nas emissões dos dispositivos luminescentes.[9] Já a dopagem do GaN com Mn faz com que os filmes apresentem propriedades ferromagnéticas, tornando o material atrativo para aplicações e dispositivos com controle de spin. Neste caso, forma-se um material spintronico, que lida ao mesmo tempo com a carga e o spin dos elétrons possibilitando utilizar o dispositivo tanto para armazenar dados como para processar informações. O Mn tem o papel de criar um campo magnético associado ao spin líquido de seus elétrons, promovendo a integração entre comunicação, memória e processamento em um único dispositivo.[15]

Biocompatibilidade

Pesquisas recentes mostram que o GaN não é tóxico e que é totalmente compatível com as células humanas,[16] possibilitando implantes biométricos capazes de auxiliar na neuroestimulação para o tratamento de algumas doenças como o Alzheimer ou no monitoramento do sangue.[17][18][19][20][21]

Ver também

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Predefinição:Referências

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  1. 1,0 1,1 1,2 Predefinição:Citar periódico Predefinição:En
  2. 2,0 2,1 Predefinição:Citar periódico Predefinição:En
  3. T. Lei; F. Ludwig; T.D. Moustakas. Heteroepitaxy, polymorphism, and faulting in GaN thin films on silicone and sapphire substrates. J. Appl. Phys, 1993. p. 4430-4437. Predefinição:DOI
  4. C.W. Zou; M.L. Yin; M. Li. GaN films deposited by middle-frequency magnetron sputtering. Applied Science, 2007. 253: p. 9077-9080. Predefinição:DOI Predefinição:En
  5. C.G. Zhang; L.F. Bian; W. Chen. Effect of growth conditions on the GaN thin film by sputtering deposition. Journal of Crystal Growth, 2007. 299: p. 268-271. Predefinição:DOI
  6. Z. S. Schiaber. Influência da temperature e do tipo de substrato em filmes de GaN depositados por magnetron sputtering reativo, 2011.Predefinição:Citar web
  7. D.M.G. Leite; Z.S. Schiaber; J.H. Dias da Silva. Columnar microstructure of nanocrystalline Ga1xMnxN films deposited by reactive sputtering, 2011. 327: p. 209-214. Predefinição:DOI Predefinição:En
  8. J.R. Jenny; R. Kaspi; K. R. Evans. Growth kinetics of GaN grown by gas source molecular beam epitaxy, 1997. P. 89-93. Predefinição:DOI Predefinição:En
  9. 9,0 9,1 K. S. Ramaiah; Y. K. Su; S. J. Chang; F. S. Juang; C. H. Chen. Photoluminescence characteristics of Mg- and Si- doped GaN thin films grown by MOCVD technique, 2000. 220: p. 405-412. Predefinição:DOI Predefinição:En
  10. D.M.G. Leite; A. L. J. Pereira; L. F. Silva, J.H. Dias da Silva. Nanocrystalline GaN and GaN:H films grown by RF Magnetron Sputtering, 2006. 36: p. 978-981. Predefinição:DOI Predefinição:En
  11. [ Nitreto de gálio: indispensável na sua vida e você nem sabia].
  12. Predefinição:Citar web
  13. Predefinição:Citar web
  14. D. Smith. Thin film deposition: Principles and Practice. McGraw-Hill, 1995. ISBN 0-070-58502-4 Predefinição:En
  15. D.M.G. Predefinição:Citar web. 2011.
  16. Scott A. Jewett, Matthew S. Makowski, Benjamin Andrews, Michael J. Manfra, Albena Ivanisevic, Gallium nitrideis biocompatible and non-toxic before and after functionalization with peptides. Acta Biomateriallia, 2012. 8: 728-733.Predefinição:DOI Predefinição:En
  17. Cimalla, F. Will, K. Tonisch, M. Niebelschütz, V. Cimalla, V. Lebedev, G. Kittler, M. Himmerlich, S. Krischok, J.A. Schaefer, M. Gebinoga, A. Schober, T. Friedrich, O. Ambacher, AlGaN/GaN biosensor—effect of device processing steps on the surface properties and biocompatibility Predefinição:DOI Predefinição:En
  18. Lauren E. Bain, Ramon Collazo, Shu-han Hsu, Nicole Pfiester Latham, Michael J. Manfra, Albena Ivanisevic, Surface topography and chemistry shape cellular behavior on wide band-gap semiconductors, Predefinição:DOI Predefinição:En
  19. Shiyu Zhang, Frauke Hintze, Wolfgang Schnick e Rainer Niewa, Intermediates in Ammonothermal GaN Crystal Growth under Ammonoacidic Conditions, Predefinição:DOI Predefinição:En
  20. Jinjiang Yu, Shrawan Kumar Jha, Lidan Xiao, Qingjun Liu, Ping Wang, Charles Surya, Mo Yang , AlGaN/GaN heterostructures for non-invasive cell electrophysiological measurements Predefinição:DOI Predefinição:En
  21. Leandro Lorenzelli, Benno Margesin, Sergio Martinoia, M.T Tedesco, Maurizio Valle, Bioelectrochemical signal monitoring of in-vitro cultured cells by means of an automated microsystem based on solid state sensor-array Predefinição:DOI Predefinição:En