Policloreto de vinila

Fonte: testwiki
Saltar para a navegação Saltar para a pesquisa

Predefinição:Mais fontes Predefinição:Ver desambig Predefinição:Info/Química O policloreto de vinila (também conhecido como cloreto de vinila, policloreto de vinil ou cloreto de polivinila; nome IUPAC policloroeteno), mais conhecido pelo acrônimo PVC (do inglês Polyvinyl chloride), é um dos polímeros sintéticos termoplásticos mais produzidos e utilizados globalmente, com uma gama excepcionalmente ampla de aplicações que abrange desde a construção civil até a medicina, moda, eletrônica, artesanato e tecnologias emergentes como impressão 3D e baterias de íon-lítio.[1][2] Disponível em formas rígida (sem plastificantes) e flexível (com plastificantes), o PVC é valorizado por sua durabilidade, resistência química, baixo custo e capacidade de adaptação por meio de aditivos, sendo essencial em praticamente todos os setores industriais e domésticos.[1][2] Até 2025, sua produção global é projetada para atingir cerca de 60 milhões de toneladas, refletindo sua relevância econômica e desafios ambientais.[3]

O policloreto de vinila foi descoberto acidentalmente em 1835 por Henri Victor Regnault, que observou a formação de um sólido branco ao expor o cloreto de vinila à luz solar, embora sem explorar suas propriedades. Em 1872, Eugen Baumann confirmou a síntese do PVC, marcando o início de sua história científica.[2][4] Seu desenvolvimento comercial ganhou força no século XX com Fritz Klatte e Waldo Semon, que o tornaram versátil e amplamente utilizado.[5][6] Avanços recentes, como o PVC-O (PVC Orientado) e aplicações em tecnologias modernas, consolidam sua evolução.[7]

Histórico

Descoberta

O monômero cloreto de vinila (MVC) foi identificado em 1835 por Justus von Liebig, reagindo dicloreto de etileno com hidróxido de potássio em solução alcoólica, obtendo o gás precursor do PVC. Seu aluno, Henri Victor Regnault, observou a formação de um sólido branco sob luz solar, inicialmente confundido com PVC, mas identificado como policloreto de vinilideno.[2] Em 1872, Eugen Baumann confirmou a polimerização espontânea do MVC em policloroeteno, expondo-o à luz por semanas, resultando em um pó branco insolúvel e estável.[2][4] O material permaneceu uma curiosidade científica até o século XX devido à ausência de técnicas de processamento.

Desenvolvimento inicial

Em 1912, Fritz Klatte, da Griesheim-Elektron, patenteou a produção de PVC a partir de acetileno e cloreto de hidrogênio, usando cloreto de mercúrio como catalisador. Apesar de vislumbrar aplicações em plásticos e fibras, o PVC era quebradiço e sensível ao calor, degradando-se a 180 °C com liberação de HCl.[8][9] Após a Primeira Guerra Mundial, o interesse diminuiu, e o projeto foi arquivado pela IG Farben em 1925. Em 1928, a IG Farben produziu fibras de PVC pós-cloradas, mas estas não competiram com o nylon da DuPont.[8] Em 1937, a copolimerização com acetato de vinila marcou o início da produção em larga escala na Europa.[8]

Avanços comerciais

Nos EUA, Waldo Semon, da B.F. Goodrich, transformou o PVC em 1926 ao adicionar plastificantes como ftalatos, tornando-o flexível e resistente. Sua patente de 1933 consolidou o PVC como substituto da borracha natural.[10][11] Durante a Segunda Guerra Mundial, o PVC substituiu metais e borracha em tubos e cabos elétricos.[12] Em 1957, sistemas de abastecimento de água com tubos de PVC foram instalados nos EUA.[13] No Brasil, a produção começou em 1954 com a parceria entre B.F. Goodrich e Indústrias Químicas Matarazzo, modernizada pela Braskem.[2]

Evolução moderna

Até 2025, avanços incluem o PVC-O, desenvolvido nos anos 1970 pela Petzetakis, com processos modernos como o de Molecor (2006) e Rollepaal (RBlue, 2012), melhorando resistência e eficiência.[7] Plastificantes não ftalatos (citratos, adipatos) e polimerização radical controlada (RAFT) aprimoram propriedades.[14] Aplicações em impressão 3D, membranas e baterias de íon-lítio destacam sua versatilidade.[15][16]

Síntese

Monômero Cloreto de Vinila (MVC)

O MVC é produzido por três rotas principais:

Processo balanceado (Rota do eteno)

Adotado por sua eficiência, ocorre em três etapas:[17] Cloração direta: Eteno (C₂H₄) + Cl₂ → 1,2-dicloroetano (DCE), 50-70 °C, rendimento ~95%.[17] CA2HA4+ClA2CA2HA4ClA2 Oxiclorização: 2C₂H₄ + 4HCl + O₂ → 2C₂H₄Cl₂ + 2H₂O, 200-300 °C, catalisador de cloreto de cobre.[17] 2CA2HA4+4HCl+OA22CA2HA4ClA2+2HA2O Craqueamento térmico: C₂H₄Cl₂ → C₂H₃Cl + HCl, 450-550 °C, rendimento 90-95%.[17] CA2HA4ClA2CA2HA3Cl+HCl O HCl é reciclado, minimizando resíduos.[18]

Rota do acetileno

Dominante até os anos 1960, usa acetileno (C₂H₂) de carbureto de cálcio (CaC₂):[17] CaCA2+HA2OCA2HA2+CO CA2HA2+HClCA2HA3Cl Substituída pela rota do eteno devido a custos e impacto ambiental do mercúrio.[17]

Rota do etano

Converte etano (C₂H₆) diretamente em MVC a 400-500 °C:[17] 2CA2HA6+ClA2+32OA22CA2HA3Cl+3HA2O Ideal em regiões ricas em gás natural.[17]

Purificação do MVC

Destilação remove impurezas, garantindo pureza >99,9%, essencial por sua inflamabilidade e carcinogenicidade.[19]

Policloreto de Vinila (PVC)

A polimerização do MVC é representada por:[20]

Esquema da polimerização

Métodos industriais

Método Participação na Produção Descrição Aplicações
Polimerização em suspensão 80% MVC disperso em água (30-150 µm), peróxidos (ex.: peróxido de benzoíla), 50-70 °C, 7-10 bar.[2][21] Extrusão, moldagem
Polimerização em emulsão 10-15% MVC em água com emulsificantes (0,1-1 µm), persulfato de potássio, 40-60 °C.[2][21] Plastissóis, adesivos
Polimerização em microsuspensão ~5% Similar à emulsão, partículas de 0,5-2 µm.[2][21] Pastas viscosas
Polimerização em massa 5% Sem solventes, 58 °C, 17 h, alta pureza.[2][21] Resinas especiais
Polimerização radical controlada Emergente RAFT ajusta peso molecular.[14] Aplicações avançadas

Propriedades

Estrutura molecular

PVC é atático, com baixa cristalinidade (5-10%), cadeias lineares head-to-tail, grau de polimerização 500-1500 (30.000-100.000 g/mol).[1][22] Tg varia de 60-80 °C.[1]

Propriedades físicas

Sólido branco rígido ou flexível, densidade 1,38–1,40 g/cm³, decompõe-se acima de 180 °C.[23][24]

Propriedades mecânicas

Tipo Módulo de Elasticidade (GPa) Resistência à Tração (MPa) Alongamento na Ruptura (%)
PVC Rígido 2,4-4,1 48-55 10-100
PVC Flexível - 20-40 200-400

Superior ao polietileno (0,2-0,7 GPa) e polipropileno (1,5-2 GPa).[25][26]

Propriedades térmicas

57% cloro, retardante de chamas (índice de oxigênio ~45%), condutividade térmica 0,14–0,28 W/(m·K) (rígido), 0,14–0,17 W/(m·K) (flexível).[25][27]

Propriedades químicas

Resistente a ácidos, bases, sais, solúvel em cetonas, DMF, THF.[25][28]

Propriedades elétricas

Resistividade 10¹⁶ Ω·cm, constante dielétrica 3,0-3,4.[29]

Aditivos

PVC é versátil devido a aditivos:[1][2]

Plastificantes

Ftalatos (DEHP, DINP, 90% do mercado), alternativas como adipatos, citratos (20-50% em peso).[1][30]

Estabilizantes

Sais de cálcio-zinco, organotinas previnem degradação.[2][31]

Lubrificantes

Ácidos graxos (internos), parafinas (externos) facilitam processamento.[32]

Preenchimentos

CaCO₃, talco, sílica (até 40%) aumentam rigidez.[1]

Pigmentos e cargas

TiO₂ (brancura), óxidos de ferro (cores), trióxido de antimônio (retardante).[33]

Aplicações

PVC é moldado por injeção, extrusão, calandragem, rotomoldagem.

Construção civil

Canos de PVC

Tubos e conexões: Desde 1934, diâmetros 20 mm-1 m.[34][35] Cabos elétricos: Resistividade 10¹⁶ Ω·cm.[35][36]

Janelas e portas:

Janela de PVC

U-value ~1,3 W/m²·K, 30-50 anos.[37]

Medicina

35% dos plásticos médicos (bolsas de sangue, sondas).[35][38]

Moda

Roupas de PVC (0,1-0,5 mm) desde os anos 1960.[39]

Tecnologias emergentes

Impressão 3D: Filamentos (1,75-3 mm).[40] Tubos inteligentes: Sensores IoT.[41] Baterias de íon-lítio: Aglutinante em eletrodos.[16]

Impacto ambiental

Ciclo de vida: manufatura (1,5-2 MWh/t), uso (até 100 anos), descarte. Preocupações incluem dioxinas e microplásticos.[42][43]

Reciclagem

100% reciclável: Mecânica: 737.645 t (Europa, 2023), meta de 1 milhão até 2030.[44] Química: Pirólise, hidrólise.[45]

Segurança e saúde

MVC é carcinogênico; ftalatos disruptivos endócrinos.[46][47]

Produção global

44,3 milhões de t (2018), ~60 milhões até 2025, CAGR 6,2% até 2028.[3][48]

Ver também

Composto de madeira plástica

Disco de vinil

Engenharia dos materiais

Fetichismo por látex e PVC

Roupas de PVC

Tapume de vinil

Referências

  1. 1,0 1,1 1,2 1,3 1,4 1,5 1,6 Predefinição:Citar livro
  2. 2,00 2,01 2,02 2,03 2,04 2,05 2,06 2,07 2,08 2,09 2,10 2,11 Predefinição:Citar livro
  3. 3,0 3,1 Predefinição:Citar web
  4. 4,0 4,1 Predefinição:Citar web
  5. Predefinição:Citar web
  6. Predefinição:Citar web
  7. 7,0 7,1 Predefinição:Citar web
  8. 8,0 8,1 8,2 Mulder, Karel & Knot, J. Marjolijn. (2001). PVC plastic: a history of systems development and entrenchment. Technology in Society. 23. 265-286. doi:10.1016/S0160-791X(01)00013-6.
  9. Predefinição:Citar web
  10. B. Seymour, Raymond & F. Mark, Herman & Pauling, Linus & H. Fisher, Charles & Allan Stahl, G. & H. Sperling, L. & S. Marvel, C. & E. Carraher, Charles. (1989). Waldo Lionsbury Semon Pioneer in PVC. doi:10.1007/978-94-009-2407-9_10.
  11. Predefinição:Citar web
  12. Predefinição:Citar web
  13. Predefinição:Citar web
  14. 14,0 14,1 Predefinição:Citar periódico
  15. Predefinição:Citar periódico
  16. 16,0 16,1 Predefinição:Citar periódico
  17. 17,0 17,1 17,2 17,3 17,4 17,5 17,6 17,7 Teixeira, Eduardo Garcia. (2013). Análise do mercado brasileiro de PVC utilizado na construção civil. Trabalho de Graduação. Departamento de Engenharia Química, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.
  18. Predefinição:Citar web
  19. Predefinição:Citar livro
  20. Nass, L. I.; Heiberger, C. A. (1976). Encyclopedia of PVC. Vol. 1, p. 271. New York: Marcel Dekker.
  21. 21,0 21,1 21,2 21,3 Banegas, R. S. (2011). Estudos em filmes formados por PVC e agentes plastificantes. Dissertação – UFSC.
  22. Predefinição:Citar livro
  23. Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome GESTIS
  24. Predefinição:Citar web
  25. 25,0 25,1 25,2 Rodolfo Jr., Antonio & John, Vanderley. (2006). Desenvolvimento de PVC reforçado com resíduos de Pinus. Polímeros. 16. 1-11. doi:10.1590/S0104-14282006000100005.
  26. Titow, W. V. (1990). PVC Plastics: Properties, Processing and Applications. Elsevier.
  27. Predefinição:Citar web
  28. Predefinição:Citar livro
  29. Predefinição:Citar livro
  30. Cadogan, David F. & Howick, Christopher J. (2000). "Plasticizers" in Ullmann's Encyclopedia of Industrial Chemistry. Wiley-VCH. doi:10.1002/14356007.a20_439.
  31. Predefinição:Citar livro
  32. Predefinição:Citar livro
  33. Predefinição:Citar livro
  34. Rahman, Shah. (2007). PVC Pipe & Fittings. doi:10.13140/RG.2.2.28970.62408.
  35. 35,0 35,1 35,2 Predefinição:Citar web
  36. Beriache, M’hamed et al. (2018). Assessing PVC Cables. 73-84.
  37. Predefinição:Citar web
  38. Testai, Emanuela et al. (2016). Safety of DEHP PVC. Regulatory Toxicology and Pharmacology. 76. 209. doi:10.1016/j.yrtph.2016.01.013.
  39. Contini, Mila. (1965). Fashion From Ancient Egypt To The Present Day. p. 317.
  40. Predefinição:Citar web
  41. Predefinição:Citar web
  42. Thornton, Joe. (2010). Environmental Impacts of PVC.
  43. Predefinição:Citar periódico
  44. Predefinição:Citar web
  45. Predefinição:Citar periódico
  46. Wagoner, J. K. (1983). Toxicity of PVC. Environmental Health Perspectives. 52. 61–66. doi:10.1289/ehp.835261.
  47. Predefinição:Citar web
  48. Predefinição:Citar web

Ligações externas

Predefinição:Link Predefinição:Link Predefinição:Link Predefinição:Link

Predefinição:Têxtil Predefinição:Portal3