Raio clássico do elétron

Fonte: testwiki
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O raio clássico do elétron é uma combinação de quantidades físicas fundamentais que definem um comprimento de escala para os problemas que envolvem os elétrons que interagem com a radiação eletromagnética. De acordo com a compreensão moderna, o elétron é uma partícula elementar com carga puntual, sem extensão espacial. Tentativas de modelar o elétron como uma partícula não-puntual são consideradas mal-concebidas e contra-pedagógicas.[1] No entanto, é útil para definir um comprimento que surge nas interações do elétron em problemas de escalas atômicas. O raio clássico do elétron é dado como (em unidades SI):

re=14πε0e2mec2=2,8179403227(19)×1015 m,

onde e e me são a carga elétrica e a massa do elétron, c é a velocidade da luz, e ε0 é a permissividade do vácuo.[2] Este valor numérico é várias vezes maior do que o raio do próton.

Em unidades CGS, o fator permissividade não é considerado, mas o raio clássico do elétron mantém o mesmo valor.

O raio clássico do elétron é às vezes conhecido como raio de Lorentz ou comprimento do espalhamento de Thomson. É uma das três escalas relacionadas de comprimento, sendo as outras duas o raio de Bohr e o comprimento de onda Compton do elétron. O raio clássico do elétron é obtido a partir da massa do elétron me, da velocidade da luz c e da carga do elétron e. O raio de Bohr é obtido a partir de me, e e da constante de Planck h. O comprimento de onda Compton é obtido a partir de me, h e c. Qualquer uma dessas três escalas de comprimento pode ser escrita em termos de qualquer outra usando a constante de estrutura α:

re=αcmec2=αλe2π=α2a0.

Derivação

A motivação para a obtenção do raio clássico do elétron pode estar no cálculo da energia necessária para manter uma quantidade de carga q em uma esfera de um determinado raio r.[3] O potencial eletrostático a uma distância r de uma carga q é

V(r)=14πε0qr.

Para trazer uma quantidade adicional de carga dq desde o infinito, necessita-se colocar energia no sistema, dU

dU=V(r)dq.

Ao assumir que a esfera tem uma densidade de carga constante, ρ, temos

q=ρ43πr3 e dq=ρ4πr2dr.

Fazendo a integração de r começando em zero até um raio final r leva-nos à expressão da energia total, U, necessária para manter a carga total q em uma esfera uniforme de raio r:

U=14πε035q2r.

Esta é a chamada auto-energia eletrostática do objeto. A carga q é agora interpretada como um elétron de carga e e energia U definida igual à massa-energia relativística do elétron, mc2 e o fator numérico 3/5 é ignorado como sendo específico para o caso especial de uma densidade de carga uniforme. O raio r é, então, definido como sendo o raio clássico do elétron, re e chega-se à expressão dada acima.

Note que esta derivação não dizer que re é o raio de um elétron. Ela apenas estabelece uma ligação dimensional entre a energia eletrostática e a massa-energia do elétron.

Discussão

O raio do elétron ocorre no limite clássico das teorias modernas, tais como o espalhamento Thomson não-relativístico e a fórmula relativística Klein–Nishina. Além disso, re é mais ou menos o comprimento de escala em que a renormalização se torna importante na eletrodinâmica quântica. Isto é, em distâncias pequenas, flutuações quânticas no vácuo ao redor de um elétron começam a ter efeitos calculáveis, que tem consequências mensuráveis na física atômica e de partículas.

Referências

  1. Predefinição:Citar livro
  2. David J. Griffiths, Introdução à Mecânica Quântica, Prentice-Hall, 1995, p. 155. Predefinição:ISBN
  3. Predefinição:Citar livro

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