Simulação sequencial

Fonte: testwiki
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Fazendo parte dos processos de simulação estocástica, simulação sequencial refere-se ao processo de simulação, a partir de uma amostragem referênciada espacialmente, de um dado conjunto de nós de uma malha (grid) utilizando um caminho aleatório sem repetição e acrescentando à amostragem inicial os valores simulados à medida que forem sendo calculados. Os valores de cada nó são, habitualmente, simulados por meio de um processo de escolha aleatória da função de distribuição de probabilidades (fdp) local re-amostrada a partir da fdp dos dados originais usando a média e variância local tipicamente obtida com a resolução de um sistema de krigagem. Dai que este seja um processo comummente utilizado em métodos de geoestatística (embora não sendo exclusivo desta área), nomeadamente na simulação sequencial gaussiana (SGS) e simulação sequencial directa (DSS). Tem como principal objectivo o estudo da incerteza sobre os parâmetros usados na estimação.


Definição

O procedimento da simulação sequencial pode ser resumida em dois passos essenciais:

Uma simulação sequencial, embora dependendo em larga escala da geração de números aleatórios, está condicionada pelos parâmetros impostos no seu processo de estimação. Assim em métodos de geoestatística espera-se que a simulação sequencial tenha outras consequências como o respeitar a fdp e o variograma imposto. Concretamente, se Zc(x) for o conjunto dos valores simulados e Z(xα), com α={1,2,3,...,n}, para os n valores experimentais, a simulação deve cumprir as seguintes condições (Soares, 2006)[2]:

  • Para qualquer valor de probabilidade z:
prob{Z(xα)<z}=prob{Zc(x)<z}
  • Sendo γ(h) o variograma ajustado aos valores experimentais, e γc(h) o dos valores simulados então:
γ(h)=γc(h)
  • Para qualquer local onde exista um valor experimental (uma observação ou amostra), Z(xα), o valor simulado, Zc(x), deverá ser igual obrigando não só a coincidência local entre amostras e nós simulados mas também a influência da amostragem no processo de simulação:
Z(xα)=Zc(xα)

Esta última condição está também intimamente ligada ao teorema de Bayes especialmente na sua versão estendida teorema da probabilidade total (também designada lei das probabilidades totais) pois cada novo nó a ser simulado parte dos que já o foram anteriormente implicando necessariamente pela última condição acima exposta a dependência para com os dados experimentais. Assim sendo a simulação de F(Z2) é função de F(Z2) sabendo que F(Z1) já existe:

F(Z2)=F(Z2|Z1)F(Z1)

Que generalizando para n variáveis temos:

F(Z1,Z2,Z3,...,Zn)=F(Z1)F(Z2|Z1)F(Z3|Z1,Z2)...F(Zn|Z1,Z2,...,Zn1)


Estudo de incerteza

A abordagem mais comum para quantificar a incerteza em recurso a N simulações para n nós é o de calcular a variância para cada um dos nós considerando apenas os N valores simulados para esse mesmo nó. Não é, no entanto, exclusivo desta medida de dispersão estatística. Qualquer indicador estatístico poderá ser útil considerando o objectivo particular por estar a ser usado.


Discussão

O método mais usado em geoestatística de simulação sequencial é o de simulação sequencial gaussiana, muito embora existem outros como o já citado simulação sequencial directa. Tanto um como outro evitam o enviesamento das soluções podendo dizer que usando os mesmos parâmetros de simulação a cada realização estamos a criar imagens equiprováveis umas das outras.

Estes processos de simulação sequencial não determinam qualquer critério na ordem escolhida para o caminho aleatório sem repetição (random path ou random walk) muito embora nós já simulados poderem ser usados no cálculo de nós ainda a simular implicando, necessariamente, que esta ordem tem influência no modelo simulado final. Esta influência é minimizada pelo facto de já se ter concluído que o caminho aleatório é o processo estocástico com o menor efeito no modelo final conforme maior for o número de simulações (realizações) feitas. Por esse motivo alternativas foram consideradas como caminhos não aleatórios ou caminhos em espiral, de maneira a reduzir a custo computacional das operações de simulação sequencial, no entanto a custo de má reprodução do variograma imposto no processo de simulação.[3]


Ver também


Predefinição:Referências

  1. Ripley, B. (1987), "Stochastic Simulation", NY: John Wiley & Sons
  2. Soares, A. (2006), "Geoestatística para as ciências da Terra e do Ambiente" (2006), Lisboa: Instituto Superior Técnico
  3. S. Zanon, O. Leuangthong, Selected Implementation Issues with Sequential Gaussian Simulation, Department of Civil & Environmental Engineering, University of Alberta