Sistema contínuo de segunda ordem

Fonte: testwiki
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Um Sistema contínuo de segunda ordem é o Sistema dinâmico contínuo generalizado para sistemas mais gerais, de segunda ordem. Possibilitando reduzir qualquer sistema de equações diferenciais ordinárias a um sistema de várias equações, autônomas e de primeira ordem. [1]

Queda livre

No problema da queda livre de um objeto, para calcular a altura em função do tempo, é preciso resolver a equação diferencial [1]

y˙=v

onde v é obtida a partir da equação que já resolvemos no capítulo anterior

v˙=a

Aplicando o método de Euler, teremos que encontrar duas sequências a partir de dois valores iniciais conhecidos:

y0=y(t=0)v0=v(t=0)

usando as relações de recorrência:

{vn+1=vn+hanyn+1=yn+hvn

onde h é um pequeno intervalo de tempo e a aceleração an calcula-se a partir de uma função conhecida, que depende de vn

O método do ponto médio consiste em usar a média entre vn e vn+1 para calcular yn

{vn+1=vn+hanyn+1=yn+hvn+vn+12

ou, substituindo a expressão para vn+1 na segunda equação:

{vn+1=vn+hanyn+1=yn+hvn+12anh2

Lançamento de projéteis

O movimento de um projétil, sob a ação da gravidade é um movimento plano, no plano definido pela gravidade e pela velocidade inicial. A posição, velocidade e a aceleração instantânea são vetores com duas componentes, por exemplo, x e y, que verificam duas equações diferenciais [1]

r˙=vv˙=a

Essas equações são uma generalização vetorial das equações . Assim, o método de Euler também pode ser generalizado facilmente, introduzindo vetores nas equações

{vn+1=vn+hanyn+1=yn+hvn

Essas equações resolvem-se em forma iterativa, começando com um valor conhecido para os vectores posição e velocidade iniciais.

Sistemas de segunda ordem

As funções f e g, calculadas num dado ponto (x0,y0), definem a velocidade de fase nesse ponto.

Um sistema autônomo de segunda ordem consiste em duas variáveis x e y que dependem do tempo, e duas equações de evolução, independentes do tempo:

{x˙=f(x,y)y˙=g(x,y)

O espaço de fase desse sistema é o plano xy, formado pelas duas variáveis de estado.

O vector fe^x+gy^, construído a partir das duas funções nas equações de evolução acima, é a ``velocidade com que o estado se desloca no espaço de fase. A velocidade de fase em cada ponto do espaço de fase representa-se por um múltiplo positivo do vetor fe^x+gy^ nesse ponto. Usa-se um fator de escala para evitar complicar o desenho com vectores muito compridos a cruzarem-se.

Retrato de fase

O retrato de fase de um sistema autônomo de segunda ordem é uma representação gráfica do campo de direções, no espaço de fase a duas dimensões, mostrando os pontos fixos e algumas soluções que entram ou saem desses pontos. [1]

Resolução analítica das equações de segunda ordem

Existem dois tipos de equações de segunda ordem que podem ser resolvidas analiticamente. O primeiro tipo são as equações lineares com coeficientes constantes, com a forma geral [1]


ay+by+cy=f(x)

onde a, b e c são constantes, e f(x) tem alguma forma simples.

O segundo tipo de equação é a equação de Euler

ax2y+bxy+cy=f(x)

Equações autônomas de segunda ordem

As equações diferenciais autônomas de segunda ordem são as que não dependem explicitamente da variável independente. Podem ser reduzidas a duas equações independentes, de primeira ordem. A forma geral de uma equação autônoma de segunda ordem é:

d2xdt2=f(x,dxdt)

se designarmos de v(x) a função dx/dt, a equação passa a ser de primeira ordem

v˙=f(x,v)

mas como há 3 variáveis (t,xev) nesta equação, ela não pode ser resolvida independentemente mas deverá ser resolvida juntamente com a equação dx/dt=v. Um método mais simples, que não exige a resolução de duas equações em simultâneo, consiste em obter uma equação diferencial ordinária (unicamente duas variáveis), usando a seguinte substituição:

dvdt=dvdxdxdt=vdvdx

substituindo na equação, obtém-se

vdvdx=f(x,v)

que é uma EDO de primeira ordem, com variável independente x e variável dependente y. Cada solução dessa EDO será uma função g(x) que representa v em função da variável x. Para calcular x(t) resolve-se a seguir

dxdt=g(x)

que é também uma equação autônoma, mas de primeira ordem.

A dificuldade deste método é que nem sempre é possível escrever as soluções da equação na forma explícita v=g(x).

Na analogia mecânica, v é a velocidade e a função f na equação é a força resultante, por unidade de massa.

Sistemas não autônomos e derivadas de ordem superior

Se as funções f ou g, nos Sistemas de segunda ordem, dependessem do tempo, o sistema deixaria de ser autônomo.

No entanto o sistema pode ser convertido num sistema autônomo, considerando o tempo como mais uma variável de estado, e introduzindo uma equação diferencial trivial para a derivada de t (a derivada de t em função de t é 1).

Outra forma em que um sistema pode diferir da forma padrão será se aparecerem derivadas de ordem superior.

Nesse caso as derivadas de ordem superior podem ser reduzidas a primeira ordem, introduzindo mais variáveis. Vamos ilustrar esses métodos para obter sistemas autônomos por meio de um exemplo.

Transformando o seguinte sistema num sistema autônomo:

{x˙=3xy2ty˙=5x2y


Resolução: Se t fosse também variável de estado, o sistema seria autônomo; mas deveria haver uma equação de evolução para essa nova variável de estado. Assim, introduzimos mais uma equação (trivial):

t˙=1

Assim, o sistema é equivalente a um sistema autônomo de terceira ordem:

{t˙=1x˙=3xy2ty˙=5x2y

O espaço de fase tem três dimensões.

Eliminação de singularidades

Os métodos para resolver equações diferenciais estudados nas secções anteriores calculam o valor da solução a partir do valor da derivada num ponto inicial. Se a derivada no ponto inicial for infinita, o método falha. Quando o diagrama do campo de direções de um sistema, no plano xy, apresentar pontos onde o declive for vertical, os métodos numéricos falham nesses pontos. O problema pode ser resolvido introduzindo um parâmetro adicional, como é feito no exemplo seguinte. [1]

Encontramos a solução do sistema:

dydx=xyy(3)=0

Resolução: O estado inicial, x=3, y=0, conduz a uma derivada infinita; assim, não vai ser possível calcular a derivada no ponto inicial (3,0). Não será possível representar o campo de direções nesse ponto, e os métodos numéricos não poderão ser usados para calcular a solução.

Introduzindo um parâmetro adicional, t, admitimos que as duas variáveis, x e y dependem de t. A equação é equivalente ao sistema de equações

dxdt=ydydt=x Predefinição:Referências

Ver também

Predefinição:Sistemas de ciência

  1. 1,0 1,1 1,2 1,3 1,4 1,5 [ Introdução aos sistemas dinâmicos. Porto: Jaime E. Villate, 27 de fevereiro de 2007. 204 págs]. Creative Commons Atribuição-Partilha (versão 3.0) ISBN972-99396-0-8. Acesso em 09 julho. 2013.