Teorema de Cantor-Bernstein-Schroeder

Fonte: testwiki
Saltar para a navegação Saltar para a pesquisa

Em teoria de conjuntos, o Teorema de Cantor-Bernstein-Schroeder, assim chamado em homenagem a Georg Cantor, Felix Bernstein e Ernst Schröder, estabelece que se existem funções injetivas f : AB e g : BA entre os conjuntos A e B, então existe uma função bijetiva h : AB. Em termos da cardinalidade dos dois conjuntos, isso significa que se |A| ≤ |B| e |B| ≤ |A|, então |A| = |B|; A e B são ditos "equipolentes". Essa é obviamente uma propriedade muito útil para a ordenação de números cardinais.

Este teorema não depende do axioma da escolha.

Demonstração

Esta demonstração faz uso do conjunto dos números naturais, cuja existência é um dos axiomas da Teoria dos Conjuntos (o axioma do infinito)[1]

Para cada n definimos hn:AA, por hn=(gf)n, composição de nfatores iguais a gf. Observamos que h0=IdA. Note que o fato de g e f serem injetivas implica a injetividade de hn.

Agora consideramos XA, dado por

X={aA; existe n com hn1(a)∉Im(g)}.

Note que se aIm(g), então tomando n=0 segue que h01(a)∉Im(g), ou seja, aX. Equivalentemente, se a∉X temos que aIm(g).

Por outro lado, observamos que dado bB, se tivermos g(b)X, então bIm(f) e ocorre f1(b)X. De fato, se g(b)X então existe n tal que hn1(g(b))∉Im(g). É claro que n0 e nesse caso podemos escrever

hn1(g(b))=((gf)hn1)1(g(b))=hn11((gf)1(g(b)))

=hn11(f1(g1(g(b))))=hn11(f1(b)).

Logo hn11(f1(b))∉Im(g), donde segue que f1(b)X.

Para concluir definimos H:AB pondo H(a)=f(a) se aX e H(a)=g1(a) se a∉X. Note que H está bem definida, pois g é injetiva e se a∉X então aIm(g), como já observamos. Ademais, H é injetiva, haja vista que dados a,aA temos as seguintes possibilidades: a,aX (os dois estão em X); a,a∉X (os dois estão no complementar de X) ou aX,a∉X (um está em X e outro fora). Nos dois primeiros casos a igualdade H(a)=H(a) implica a=a, devido à injetividade de f e de g. No último, tal igualdade implicaria f(a)=g1(a) de onde teríamos a=f1(g1(a))=h11(a). Porém, como aX existe n tal que hn1(a)∉Im(g). Logo, hn1(h11(a))∉Im(g), ou seja, hn+11(a)∉Im(g). Isso implica aX, o que é uma contradição. Portanto, isso conclui a verificação da injetividade de H.

Por fim, dado bB temos duas possibilidades: g(b)∉X ou g(b)X. No primeiro caso, temos que H(g(b))=g1(g(b))=b e no segundo caso, como foi observado, teremos que f1(b)X e daí, H(f1(b))=f(f1(b))=b. Portanto, H trata-se de uma bijeção.

Demonstração de Banach

Stefan Banach observou que o que a demonstração acima faz é decompor cada conjuntos A e B em duas partes disjuntas, de forma que a função f transforma (bijetivamente) uma parte de A em uma parte de B, e g-1 transforma (bijetivamente) a outra parte de A na outra parte de B.[2]

Mais precisamente:

Sejam A e B conjuntos, f:AB uma função injetiva e G:SAB uma função sobrejetiva. Então é possível particionar A=A1A2, B=B1B2, com A1A2=B1B2= e de forma que f e G quando restritas, respectivamente, a A1 e A2 sejam bijeções, respectivamente, com B1 e B2.

O teorema de Cantor-Bernstein-Schroeder segue imediatamente como corolário, porque sendo g:BA injetiva, então G:g(A)B é a função bijetiva definida pela injetividade de g.

A demostração encontra-se na referência[2]

Predefinição:Referências

Ligações externas

Predefinição:Portal3