Teorema de Landau–Yang

Fonte: testwiki
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Em mecânica quântica, o teorema de Landau–Yang,[original 1] [original 2] é uma regra de seleção para partículas que decaem em dois fótons.

Teorema

Resultado principal

Uma partícula massiva de spin 1 não pode decair para dois fótons.

Hipóteses

Fótons aqui representam qualquer partícula de spin 1, sem massa e sem graus de liberdade internos. Contudo, o fóton é a única partícula que se conhece com essas propriedades.

Consequências

O teorema tem várias consequências em física de partículas, por exemplo

  • O méson ρ não decai para dois fótons, diferente do píon neutro, que quase sempre decai nesse estado final (98,8% das vezes).[1]
  • O bóson Z não decai para dois fótons. O termo clássico não existe na lagrangeana devido à invariância de gauge, mas o teorema garante que a matriz S do decaimento é zero mesmo considerando loops quânticos.
  • O bóson de Higgs, cujo spin nunca fora medido, mas cujo decaimento para dois fótons foi observado recentemente,[2] [3] não pode ter spin 1.

Demonstração

Considere o referencial em que a partícula instável está parada e que os fótons decaem na direção z. Nessa configuração, o momento angular orbital dos produtos de decaimento terá sempre projeção do momento angular orbital m=0. Esse resultado é imediato já que Lz=xpyypx e o momento dos fótons está na direção z.

A projeção do momento angular de spin do sistema de dois fótons tem dois valores possíveis. Ela pode ser ms=±2 (em unidades de , o que será sempre assumido daqui para frente) ou ms=0. Como a parte orbital não pode contribuir com momento angular nessa direção, é impossível usar as combinações com ms=±2 para formar um estado inicial com J=1. As combinações com projeção zero são convenientemente escolhidas como simétricas ou anti-simétricas por troca de partículas:

12[|+1,1|1,+1]
12[|+1,1+|1,+1]

O estado anti-simétrico por troca dos dois fótons idênticos exige, pelo teorema de spin-estatística, que a função de onda orbital seja também anti-simétrica e, logo, com momento angular ímpar. Como a helicidade apenas diz como o sistema se transforma por rotações em torno do eixo z, não é possível identificar o estado final com um único spin. Contudo, devido ao comportamento por rotações em torno do eixo z e por ser anti-simétrico por troca de partículas, sabe-se que o estado é exclusivamente decomposto naqueles com S ímpar e ms=0.

12[|+1,1|1,+1]=S=1,3,αs|S,ms=0

Para formar um estado inicial com J=1, precisa-se então combinar cada estado acima com o momento angular orbital tal que L=S. Contudo, é impossível esse usar esses estados já que o coeficiente de Clebsch–Gordan[4] para:

JM|j1m1;j2m2=10|S0;S0=0

é nulo para qualquer S e eles não contribuem para um estado com J=1. Na verdade, esse resultado é válido para qualquer J ímpar e pode-se tornar o teorema um pouco mais forte: o decaimento para dois fótons de uma partícula com spin ímpar e com auto-valor 1 por paridade, através de uma interação que preserve paridade, é sempre impossível.

A igualdade acima pode ser imediatamente verificada usando a propriedade de simetria dos coeficientes de Clebsch–Gordan[5]:

JM|j1m1;j2m2=(1)j1+j2JJ(M)|j1(m1);j2(m2)

O estado simétrico também não identificável com uma única representação massiva. Contudo, devido ao seu comportamento por troca de partículas e por rotações em torno do eixo z, ele só pode ser decomposto em representações com S par e ms=0 o que, pelo teorema de spin-estatística, implica que o momento angular orbital tem que ser par, limitando-o então ao caso L=S. Igual ao caso acima, isso implica que o coeficiente de Clebsch–Gordan é zero. Entretanto, diferente do caso acima, para spins maiores 2, pode-se usar as componentes com projeção ±2 e não há uma regra de seleção adicional em decaimentos que preservem paridade.

Para campos com graus de liberdade internos, como glúons, pode-se ter, por exemplo, S=0, L=1 e a função de onda de cor também anti-simétrica (por exemplo, nas representações 𝟖,𝟏𝟎,𝟏𝟎), contornando a demonstração do teorema. No decaimento para campos massivos, a projeção com ms=±1, para a qual o coeficiente de Clebsch–Gordan não é nulo, é possível e novamente se contorna a demonstração do teorema.

Demonstração alternativa

Uma demonstração alternativa, que não faz tanto uso direto da álgebra de momento angular na mecânica quântica, é dada pela construção explícita da amplitude invariante. No gauge de Coulomb, a amplitude invariante deve ser um escalar rotacional construído com os vetores 𝐤=𝐤1=𝐤2,𝐬,ϵ1,ϵ2 (momento dos fótons, vetor de spin da partícula instável e polarizações dos fótons). Tanto os vetores de spin quanto as polarizações são normalizados s2=ϵ(1,2)2=1 e, pela condição de gauge, 𝐤ϵ(1,2)=0. Além disso, amplitude deve ser linear em cada um dos 𝐬,ϵ1,ϵ2. Só há três combinações que satisfazem essas condições:

=H1(k2)(𝐤𝐬)(ϵ1ϵ2)+H2(k2)[𝐬(ϵ1×ϵ2)]+H3(k2)[𝐤(ϵ1×ϵ2)](𝐤𝐬)

Onde o primeiro termo é par por paridade e os dois últimos ímpares. Contudo, os três termos acima são anti-simétricos por troca ϵ1ϵ2 e 𝐤𝐤, violando o teorema de spin-estatística. No caso em que momento angular é conservado, mas a estatística de Bose não é obedecida, os três termos acima são possíveis e usados em procura por violações dessa estatística.[6]

Resumo dos resultados

O resultado do teorema e consequências adicionais podem ser resumidos na seguinte tabela que lista os possíveis valores da soma das helicidades dos fótons (em unidades de ) para cada valor J do spin da partícula instável massiva que decai e sua paridade.

Soma das helicidades dos fótons
J=0 J=1 J=2,4,6,... J=3,5,7,...
Paridade par 0 proibido 0,±2 ±2
Paridade ímpar 0 proibido 0 proibido


Referências originais

Predefinição:Refs

Referências adicionais

Predefinição:Reflist

Recursos adicionais

Existem ferramentas on-line para fazer as decomposições simétricas e anti-simétricas de produtos tensoriais de representações álgebras de Lie em representações irredutíveis. Essas ferramentas podem ser usadas para verificar os diversos resultados algébricos mencionados nesse artigo.


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