Teorema do valor intermediário

Fonte: testwiki
Saltar para a navegação Saltar para a pesquisa
Teorema do Valor Intermediário.

O teorema do valor Predefinição:PBPE ou teorema de Bolzano (por vezes chamado teorema de Bolzano-Cauchy) garante que, se uma função real f definida num intervalo [a,b] é continua, então qualquer ponto d tal que f(a)df(b) ou f(a)df(b) é da forma f(c), para algum ponto c do intervalo [a,b].[1] Em outras palavras, para uma tal função, dado qualquer valor d entre f(a) e f(b), existe pelo menos um c entre a e b tal que f(c)=d. Ou ainda, qualquer reta horizontal y=d entre as retas f(a) e f(b) intercepta o gráfico da função em pelo menos um ponto (c,d) com c[a,b].

Corolário do Teorema de Bolzano

Corolário do Teorema de Bolzano.

O Corolário do Teorema de Bolzano é um caso particular deste teorema quando d=0. Ou seja se numa função contínua considerando dois pontos a e b e f(a)f(b)<0, então existe pelo menos um ponto c]a,b[:f(c)=0. Ou seja, a função tem pelo menos uma raiz entre a e b.[1]

Demonstrações

Nas demonstrações que se seguem vai-se supor que se está no caso em que f(a) ≤ d ≤ f(b); o outro caso é análogo.[1]

Primeira demonstração

Considerem-se os números a1 e b1 assim definidos:

  • se f((a + b)/2) ≤ d, então a1 = (a + b)/2 e b1 = b;
  • caso contrário, a1 = a e b1 = (a + b)/2.

Então a ≤ a1 ≤ b1 ≤ b, f(a1) ≤ d ≤ f(b1) e b1 − a1 = (b − a)/2.

Em seguida, definem-se pontos a2 e b2 a partir de a1 e b1 pelo mesmo processo e assim sucessivamente. Se se definir a0 = a e b0 = b, fica-se com uma sucessão ([an,bn])n ≥ 0 de intervalos que é decrescente, ou seja

[a0,b0][a1,b1][a2,b2]

Pelo teorema do encaixe de intervalos, existe algum c que está em todos os intervalos. Por outro lado, como o comprimento de cada intervalo é metade do anterior, o comprimento dos intervalos tende para 0. Resulta deste facto e da definição de c que

c=limnan=limnbn.

Mas então, como f é contínua em c e como

(n):f(an)df(bn),

tem-se

f(c)=limnf(an)d e f(c)=limnf(bn)d.

Logo, f(c)=d.

Segunda demonstração

Seja

S={x[a,b]|(y[a,x]):f(y)d}

Então S é majorado (nenhum elemento de S é maior do que b) e não é vazio (pois contém a). Logo, tem um supremo c. Então f(c) ≤ d, pois:

  • se c = a, então tem-se f(c) ≤ d por hipótese;
  • caso contrário, como f é contínua em c e f(x) ≤ d quando a ≤ x < c, f(c) ≤ d.

Se se tivesse f(c) < d, haveria, pela continuidade de f em c, pontos x tais que c < x ≤ b para os quais se teria f(y) < d em todo o intervalo [a,x], o que contradiz o facto de c ser o supremo de S. Logo, f(c) = d.

Corolários

  • Uma função real de variável real contínua aplica intervalos em intervalos.
  • Se f é uma função contínua de [a,b] em R e se f(a) e f(b) têm sinais opostos, então existe pelo menos um número real c entre a e b tal que f(c) = 0.[1]
  • Teorema dos pontos antipodais: Em qualquer círculo máximo em torno da Terra sempre existem pontos antipodais com mesma temperatura, pressão ou elevação (ou qualquer quantidade escalar que varie continuamente).[2]
Demonstração
Chama de f a função contínua definida no círculo em questão. Claramente, f(0)=f(2π). Define g(t)=f(t)f(t+π). Nota que a função g fornece a diferença da função f entre dois pontos opostos no círculo, ou seja, pontos antipodais. Se g é constante e igual a zero a afirmação fica estabelecida. Senão, pega um ponto a tal que g(a)>0. Agora, observa que g(a)=g(a+π). Pelo Teorema do valor intermediário, existe c[a,a+π] tal que g(c)=0. Portanto, f(c)=f(c+π). cqd

Predefinição:Referências

Referências gerais

  • Agudo, F. R. Dias, Análise Real (3 volumes), Lisboa: Escolar Editora, 1994
  • Ostrowski, A., Lições de Cálculo Diferencial e Integral (3 volumes), Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1981