Análise de estabilidade de Von Neumann

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Na análise numérica, a Análise de estabilidade de Von Neumann (também conhecida como análise de estabilidade de Fourier) é um procedimento usado para verificar a estabilidade de métodos de diferenças finitas quando aplicados em equações diferenciais parciais.[1] A análise é baseada na decomposição de Fourier do Erro numérico e foi desenvolvida no Laboratório Nacional de Los Alamos depois de ter sido brevemente descrita em um artigo de 1947 pelos pesquisadores britânicos John Crank e Phyllis Nicolson.[2] Depois, foi dado um tratamento mais rigoroso ao método em um artigo[3] co-escrito por John von Neumann.

Estabilidade numérica

A estabilidade de métodos numéricos está intimamente associada ao erro numérico. Um método de diferenças finitas é estável se os erros produzidos em um passo de tempo do cálculo não provocam um aumento dos erros à medida que os cálculos avançam. Há 3 classes de métodos numéricos. Um método numérico condicionalmente estável depende de certos parâmetros para que os erros permaneçam limitados e não instabilizem. Se os erros diminuírem ou chegarem a desaparecer, o método numérico é dito como sendo estável. Se, de outra forma, os erros aumentarem com o tempo, a solução numérica irá divergir em relação à realidade (solução exata) e então o método numérico é dito como sendo instável. A estabilidade de métodos numéricos pode ser averiguada pela análise de estabilidade de von Neumann. Para problemas dependentes do tempo, a estabilidade garante que o método numérico produza uma solução limitada sempre que a solução da equação diferencial for limitada. Estabilidade em geral, pode ser dificilmente averiguada, especialmente se a equação em questão for não-linear.

A estabilidade de von Neumann é necessária e sucifiente (tal como utilizado no Teorema de Equivalência de Lax) apenas em certos casos: a EDP e o método de diferenças finitas devem ser lineares; a EDP precisa ter condições iniciais e de fronteira e ser no máximo de segunda ordem.[4] Devido à sua relativa simplicidade, a análise de von Neumann é geralmente usada no lugar de uma análise de estabilidade mais detalhada por ser um bom palpite em relação às restrições dos passos usados no método.

Ilustração do método

O método de von Neumann é baseado na decomposição dos erros em séries de Fourier. Para ilustrar o procedimento, considere Equação do calor unidimensional

ut=α2ux2

definida no intervalo L, e discretizando pelo método FTCS

(1)ujn+1=ujn+r(uj+1n2ujn+uj1n)

onde

r=αΔtΔx2

e a solução ujn da equação discretizada se aproxima da solução analítica u(x,t) da EDP na malha.

Definimos o Erro de arredondamento (também chamado de erro de truncamento) ϵjn como

ϵjn=Ujnujn

onde ujn é a solução da equação discretizada (1) que seria calculada sem os erros de truncamento, e Ujn é a solução numérica obtida com precisão finita. Já que a solução exata ujn deve satisfazer a equação discretizada, o erro ϵjn também deve satisfazer a equação discretizada.[5] Portanto

(2)ϵjn+1=ϵjn+r(ϵj+1n2ϵjn+ϵj1n)

é uma relação de recorrência para o erro. Equações (1) e (2) mostram que ambos os erros e a solução numérica tem o mesmo crescimento ou decaimento em relação ao tempo. Para equações diferenciais lineares com condições de contorno, a variação espacial do erro pode ser expandida em séries de Fourier, no intervalo L, como

(3)ϵ(x)=m=1N/2Ameikmx

onde o Número de onda km=πmL com m=1,2,,M, M=LΔx e N sendo uma incógnita. A dependência no tempo do erro é incluída assumindo-se que a amplitude do erro Am está em função do tempo. Já que o erro tende a crescer ou decair exponencialmente com o tempo, é sensato assumir que a amplitude varia exponencialmente com o tempo; daí

(4)ϵ(x,t)=m=1N/2eateikmx

onde a é uma constante.

Já que a equação diferencial do erro é linear (o comportamento de cada tempo da série é o mesmo que o dá série), podemos então considerar que o crescimento do erro de um dado termo é:

(5)ϵm(x,t)=eateikmx

As característica da estabilidade podem ser estudadas usando apenas esta forma para o erro, sem grandes perdas em geral. Para descobrir como o erro varia nos espaços de tempo, substituimos (5) na equação (2), notando que

  • ϵjn=eateikmxϵjn+1=ea(t+Δt)eikmxϵj+1n=eateikm(x+Δx)ϵj1n=eateikm(xΔx),

dando (depois de simplificar)

(6)eaΔt=1+αΔtΔx2(eikmΔx+eikmΔx2).

Usando as identidades

cos(kmΔx)=eikmΔx+eikmΔx2andsin2kmΔx2=1cos(kmΔx)2

equação (6) pode ser reescrita como

(7)eaΔt=14αΔtΔx2sin2(kmΔx/2)

Definimos então o fator de amplitude

Gϵjn+1ϵjn

A condição necessária e suficiente para o erro se manter limitado é que, |G|1. Contudo,

(8)G=ea(t+Δt)eikmxeateikmx=eaΔt

Daí, das equações (7) e (8), a condição para a estabilidade é dada por

(9)|14αΔtΔx2sin2(kmΔx/2)|1

Para a condição acima manter todos os sin2(kmΔx/2), temos

(10)αΔtΔx212

Equação (10) dá o requisito de estabilidade para o método FTCS quando aplicado a equação unidimensional do calor. Ela diz que para um determinado Δx,o valor permitido de Δt deve ser pequeno o bastante para satisfazer a equação (10).

Ver também

Referências

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