Corpo não comutativo

Fonte: testwiki
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Corpo não comutativo, em álgebra abstrata, é uma estrutura matemática que tem todas as propriedades usuais de corpos, ou seja, tem operações de soma e produto que tem elemento neutro, elemento inverso, distributividade, etc, exceto que, no corpo não comutativo, a multiplicação não é comutativa.[1]

O estudo dos corpos não comutativos se iniciou em 1843, quando W. R. Hamilton apresentou os quaterniões, considerados, por ele, como o clímax da sua brilhante carreira matemática.[2] Em 1905, Wedderburn provou que não existem corpos finitos não comutativos, ou seja, todo anel de divisão [Nota 1] finito é comutativo.[3]

Exemplos de corpos não comutativos são raros na literatura matemática, sendo o primeiro caso de um corpo não comutativo construído como séries de potências o exemplo de Hilbert, em 1898, que ilustrava o fato de que um corpo ordenado não arquimediano não precisava ser comutativo.[2]

Definição

Um corpo não comutativo é uma estrutura matemática (R, +, ., 0, 1) satisfazendo as seguintes propriedades:[4]

Exemplo: os quaterniões

O primeiro exemplo foi dado por Hamilton, em 1843: são os quaterniões, também chamados como os quaterniões de Hamilton.[4]

Neste anel, cada elemento é escrito como uma soma formal a = a0 + a1 i + a2 j + a3 k, em que a0, a1, a2 e a3 são números reais, e a multiplicação é feita assumindo-se as propriedades associativa e distributiva, que um número real comuta, na multiplicação, com i, j e k, e que estes três símbolos formais operam de acordo com as regras:[5]

i2 = j2 = k2 = -1
ij = k, jk = i, ki = j
ji = -k, kj = -i, ik = -j

Uma apresentação equivalente, porém anacrônica (pois matrizes foram introduzidas na matemática por Cayley, em 1855), dos quaterniões pode ser feita por meio de matrizes complexas. Um quaternião seria uma matriz H dada por:[6]

H=[zuu¯z¯]

Obviamente, 1 é a matriz identidade, e os elementos i, j e k podem ser identificados com as matrizes:[6]

i=[i00i]
j=[0110]
k=[0ii0]

Exemplo: série formal de Laurent

Outro exemplo clássico parte de um corpo (comutativo) L e um automorfismo σ de L. Seja L((T; σ)) o anel das séries de Laurent formais com variável T e coeficientes em L, ou seja, cada elemento de L é escrito, formalmente, como uma série de potências que começa em alguma potência (positiva ou negativa) de T mas não termina, ou seja, são termos da forma:

i=naiTi

A soma é feita componente a componente, porém o produto é feito após a aplicação da regra:

T a=σ(a) T

Prova-se que estas operações definem um anel, e que a multiplicação tem elemento inverso. Se o automorfismo σ não for a própria identidade, então a multiplicação não é comutativa.[7]

Predefinição:Notas e referências Predefinição:Portal3

  1. Robert Gardner, Part IV. Rings and Fields, Section IV.18. Rings and Fields, Definition 18.16 [em linha]
  2. 2,0 2,1 Paul Moritz Cohn, Skew Field Constructions (1977), Prefácio, p.vii, [google books, visualização parcial]
  3. Cédric Milliet, Small Skew Fields [em linha]
  4. 4,0 4,1 Robert B. Ash, Abstract Algebra: The Basic Graduate Year, Chapter 2 Ring Fundamentals, 2.1 Basic Definitions and Properties [em linha]
  5. Introduction to Modern Algebra, 2. Fields, 2.5 Skew fields (division rings) and the quaternions, 2.5.2. The Quaternions H [em linha]
  6. 6,0 6,1 P. K. Draxl, London Mathematical Society Lecture Note Series. 81 , Skew Fields p.2s [google books]
  7. P. K. Draxl, London Mathematical Society Lecture Note Series. 81 , Skew Fields p.5 [google books]


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