Variação quadrática

Fonte: testwiki
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Predefinição:Mais fontes Em matemática, a variação quadrática é usada na análise de processos estocásticos, como o movimento browniano e outros martingales. A variação quadrática é só mais um tipo de variação de um processo.

Definição

Suponha que Xt é um processo estocástico de valores reais definido em um espaço de probabilidade (Ω,,) e com um índice de tempo t que varia entre os números reais não-negativos. Sua variação quadrática é o processo, escrito como [X]t, definido como

[X]t=limP0k=1n(XtkXtk1)2

em que P varia entre as partições do intervalo [0,t] e a norma da partição PP é a malha. Este limite, se existe, é definido usando a convergência de variáveis aleatórias. Note que um processo pode ser de variação quadrática finita no sentido da definição dada aqui e seus caminhos podem ser, não obstante, quase certamente de variação quadrática infinita para todo t>0 no sentido clássico de tomar o supremo da soma de todas as partições; este é particularmente o caso do movimento browniano.

Mais geralmente, a covariância (ou variância cruzada) de dois processos X e Y é

[X,Y]t=limP0k=1n(XtkXtk1)(YtkYtk1).

A covariância pode ser escrita em termos de variação quadrática pela identidade de polarização:

[X,Y]t=14([X+Y]t[XY]t).[1]

Processos de variação finita

Diz-se que um processo X tem variação finita se tiver variação limitada para cada intervalo de tempo finito (com probabilidade 1). Tais processos são muito comuns e incluem, particularmente, todas as funções continuamente diferenciáveis. A variação quadrática existe para todos os processos de variação contínua e finita e é zero.

Esta afirmação pode ser generalizada a processos não-contínuos. Qualquer processo de variação finita càdlàg X tem variação quadrática igual à soma dos quadrados dos saltos de X. Para afirmar isto mais precisamente, o limite à esquerda de Xt referente a t é denotado por Xt e o salto de X no tempo t pode ser escrito como ΔXt=XtXt. Então, a variação quadrática é dada por

[X]t=0<st(ΔXs)2.

A prova de que processos de variação finita e contínua têm variação quadrática zero segue da seguinte desigualdade. Aqui, P é uma partição do intervalo [0,t] e Vt(X) é a variação de X sobre [0,t].

k=1n(XtkXtk1)2maxkn|XtkXtk1|k=1n|XtkXtk1|max|uv|P|XuXv|Vt(X).

Pela continuidade de X, este desaparece no limite conforme P vai a zero.

Processos de Itō

A variação quadrática de um movimento browniano padrão B existe e é dada por [B]t=t. Isto se generaliza a processos de Itō que, por definição, podem ser expressos em termos de integrais de Itō

Xt=X0+0tσsdBs+0tμsds,

em que B é um movimento browniano. Qualquer processo como tal tem variação quadrática dada por

[X]t=0tσs2ds.

Semimartingales

É possível mostrar que variações e covariâncias quadráticas de todos os semimartingales existem. Eles formam uma parte importante da teoria do cálculo estocástico, aparecendo no lema de Itō, que é a generalização da regra da cadeia da integral de Itō. A covariância quadrática também aparece na fórmula de integração por partes.

XtYt=X0Y0+0tXsdYs+0tYsdXs+[X,Y]t,

que pode ser usada para computar [X,Y].

De outra forma, isto pode ser escrito como uma equação diferencial estocástica:

d(XtYt)=XtdYt+YtdXt+dXtdYt,

em quedXtdYt=d[X,Y]t.

Martingales

Todos os martingales càdlàg e martingales locais têm variação quadrática bem definida, que segue do fato de que tais processos são exemplos de semimartingales. Pode ser mostrado que a variação quadrática [M] de um martingale localmente quadrado integrável é o único processo contínuo à direita e crescente a partir de zero, com saltos Δ[M]=ΔM2, tal que M2[M] é um martingale local. Uma prova da existência de [M] (sem uso de cálculo estocástico) é dada em Karandikar-Rao.[2]

Um resultado útil para martingales quadrado integráveis é a isometria de Itō, que pode ser usada para calcular a variância de integrais de Itō,

𝔼((0tHdM)2)=𝔼(0tH2d[M]).

Este resultado se mantém sempre que M for um martingale quadrado integrável càdlàg e H for um processo previsível limitado, sendo frequentemente usado na construção da integral de Itō.

Outro importante resultado é a desigualdade de Burkholder-Davis-Gundy, que dá limites ao máximo de um martingale nos termos da variação quadrática. Para um martingale local M começando em zero, com máximo denotado por Mt*supst|Ms| e qualquer número real p1, a desigualdade é

cp𝔼([M]tp/2)𝔼((Mt*)p)Cp𝔼([M]tp/2).

Aqui, cp<Cp são constantes que dependem da escolha de p, mas não do martingale M ou do tempo t usado. Se M for um martingale local contínuo, então a desigualdade de Burkholder-Davis-Gundy se mantém para qualquer p>0.

Um processo alternativo, a variação quadrática previsível, é usado às vezes para martingales localmente quadrado integráveis. É escrita como Mt e definida como sendo o único processo previsível contínuo à direita e crescente a partir de zero, tal que M2M é um martingale local. Sua existência segue do teorema da decomposição de Doob-Meyer e, para martingales locais contínuos, é igual à variação quadrática.

Ver também

Predefinição:Referências Predefinição:Processos estocásticos Predefinição:Portal3