Frações parciais em análises complexas

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Predefinição:Multitag Predefinição:TOC-direita Em análises complexas, a expansão de uma fração parcial é uma maneira de escrever uma função meromórfica f(z) como um somatório infinito de funções racionais e polinomiais. Quando f(z) é uma função racional, isso se reduz ao método de frações parciais.

Motivação

Ao utilizarmos uma divisão longa polinomial e a técnica de fração parcial da álgebra, qualquer função racional pode ser escrita como somatório de termos na forma 1 / (az + b)k + p(z), onde a e b são números complexos, k é um inteiro e p(z) é um polinômio. Assim como a fatoração polinomial pode ser generalizadas no método de fatoração de Weierstrass, há uma analogia entre a expansão de frações parciais e certas funções meromórficas.

Uma função racional adequada, na qual o grau do denominador é maior que o grau do numerados, tem uma expansão de frações parciais com termos polinomiais. Similarmente, uma função meromorfica f(z) na qual /f(z)/ vai a 0 quando z vai ao infinito menos rapidamente que /1/z/, tem a sua expansão sem termos polinomiais.

Cálculo

Seja f(z) uma função meromórfica no finito plano complexo com polos em λ 1, λ 2, ..., e seja ( Γ 1, Γ 2, ...) uma sequência de simples curvas fechadas, tal que:

  • A origem se encontra em cada curva Γk
  • Nenhuma curva passa pelo polo de f
  • Γk se encontra dentro de Γk+1 para todo k
  • limkd(Γk)=, onde d(Γk) nos da a distancia da cura a origem

Suponha que também exista um integrador p, tal que:

limkΓk|f(z)zp+1||dz|<

Escrevendo PP(f(z); z = λk) para parte principal da expansão de Laurent de f sobre o ponto λk, temos que:

f(z)=k=0PP(f(z);z=λk),

se p = -1, e se p < -1,

f(z)=k=0(PP(f(z);z=λk)+c0,k+c1,kz++cp,kzp),

onde os coeficiente cj,k são dados por:

cj,k=Resz=λkf(z)zj+1

λ0 deveria ser definifo em 0, porque mesmo que f(z) não tenha um polo em 0, os resíduos de f(z)/zj+1 em z = 0 ainda devem ser inclusos na soma.

Observe que no caso em que λ0 = 0, podemos usar a expansão de Laurent de f(z) sobre a origem para obter

f(z)=amzm+am+1zm1++a0+a1z+
cj,k=Resz=0(amzm+j+1+am+1zm+j++ajz+)=aj,
j=0pcj,kzj=a0+a1z++apzp

De modo que a contribuição termo polinomial seja exatamente a parte regular da serie de Laurent até zp.

Para os outros polos λk, onde k ≥ 1, 1/zj+1 podem ser tirados para fora dos cálculos:

cj,k=1λkj+1Resz=λkf(z)
j=0pcj,kzj=[Resz=λkf(z)]j=0p1λkj+1zj

Para evitar problemas de convergência, os polos devem ser ordenados, para que se λk está dentro de Γn, então λj também está dentro de Γn para todo j < k.

Exemplo

Os exemplos mais simples de funções meromórficas com um número infinito de polos são as funções trigonométricas não completas. Peguemos a função tan(z), tan(z) é uma função meromórfica com polos em (n + 1/2)π, n = 0, ±1, ±2, ... Os contornos Γk serão quadrados com os vértices em ±πk ± πki atravessados no sentido antihorário, k>1, que satisfazem as condições necessárias.

Nos lados horizontais de Γ k ,

z=t±πki,  t[πk,πk],

então

|tan(z)|2=|sin(t)cosh(πk)±icos(t)sinh(πk)cos(t)cosh(πk)±isin(t)sinh(πk)|2
|tan(z)|2=sin2(t)cosh2(πk)+cos2(t)sinh2(πk)cos2(t)cosh2(πk)+sin2(t)sinh2(πk)

sinh(x) <cosh(x) para todo x real, o que acarreta em

|tan(z)|2<cosh2(πk)(sin2(t)+cos2(t))sinh2(πk)(cos2(t)+sin2(t))=coth2(πk)

Para x>0, coth(x) é contínuo, decrescente e limitado abaixo por 1, então nos lados horizontais de Γk, |tan(z)| < coth(π). Similrmente, pode ser mostrado que |tan(z)| < 1 nos lados verticais de

Com este limite em |tan(z)|, podemos ver que

Γk|tan(z)z|dzlength(Γk)maxzΓk|tan(z)z|<8kπcoth(π)kπ=8coth(π)<.

(O máximo de |1/z| em Γk ocorre no mínimo de |z|, que é ).

Portanto, p=0, e a expansão da fração parcial de tan(z) e se parece com

tan(z)=k=0(PP(tan(z);z=λk)+Resz=λktan(z)z).

As partes principais dos resíduos são fáceis de se calcular, pois os polos de tan(z) são simples e tem resíduo de -1:

PP(tan(z);z=(n+12)π)=1z(n+12)π
Resz=(n+12)πtan(z)z=1(n+12)π

Podemos ignorar que λ0 = 0, pois ambos tan(z) e tan(z)/z são analíticos em 0, então não há contribuição para soma, e ordenando os polos λ0 = 0 para que λ1 = π/2, λ2 = -π/2, λ3 = 3π/2, etc., temos que:

tan(z)=k=0[(1z(k+12)π1(k+12)π)+(1z+(k+12)π+1(k+12)π)]
tan(z)=k=02zz2(k+12)2π2

Aplicações

Produtos infinitos

Porque as frações parciais são normalmente produtos de somas de 1/(a+bz), pode ser útil achar uma maneira de escrever a função como um produto infinito; integrando ambos os lados temos uma soma de logaritmos, e fazendo o exponencial temos o produto desejado:

tan(z)=k=0(1z(k+12)π+1z+(k+12)π)
0ztan(w)dw=logsecz
0z1w±(k+12)πdw=log(1±z(k+12)π)

Aplicando algumas regras de logaritmo,

logsecz=k=0(log(1z(k+12)π)+log(1+z(k+12)π))
logcosz=k=0log(1z2(k+12)2π2),

que finalmente nos da

cosz=k=0(1z2(k+12)2π2).

Séries de Laurent

A expansão de frações parciais de uma função pode também ser usada para achar uma serie de Laurent para ela, simplesmente substituindo a função racional no somatório pela sua série de Laurent, que normalmente não são complicadas de serem escritas na forma fechada. Isso também pode levar a identidades interessantes, se a serie de Laurent já é conhecida.

Lembrem-se que

tan(z)=k=02zz2(k+12)2π2=k=08z4z2(2k+1)2π2.

Podemos expandir o somatório usando uma série geométrica:

8z4z2(2k+1)2π2=8z(2k+1)2π211(2z(2k+1)π)2=8(2k+1)2π2n=022n(2k+1)2nπ2nz2n+1.

Substituindo de volta,

tan(z)=2k=0n=022n+2(2k+1)2n+2π2n+2z2n+1,

o que mostra que os coeficientes an na série de Laurent (Taylor) de tan(z) sobre z=o são

a2n+1=T2n+1(2n+1)!=22n+3π2n+2k=01(2k+1)2n+2
a2n=T2n(2n)!=0,

onde T n são os números tangentes .

Por outro lado, podemos comparar essa fórmula com a expansão de Taylor para tan(z) em z=0 para calcular o somatório infinito:

tan(z)=z+13z3+215z5+
k=01(2k+1)2=π223=π28
k=01(2k+1)4=13π425=π496.

Ver também

Referências

  • Markushevich, AI Teoria das funções de uma variável complexa . Trans. Richard A. Silverman. Vol. 2 Englewood Cliffs, NJ: Prentice-Hall, 1965.


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