Fórmula de Cartan

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Predefinição:Mais notas Em Geometria Diferencial, as fórmulas de Cartan relacionam a derivada de Lie ao longo de um campo vetorial, a derivada exterior e a contração.

Derivada de Lie e Contração

Seja X um campo de vetores sobre uma variedade diferenciável. Seja (φt)t o fluxo (local) gerado por X. Recordemos que para uma forma diferencial ω, podemos definir a forma diferencial Xω por

Xω=limt0(φt)ωωt.

Essa forma diferencial é chamada de derivada de Lie de ω ao longo de X. Temos as seguintes propriedades:

X(ωθ)=(Xω)θ+ω(Xθ)

X(dθ)=d(Xθ).

Para Y um campo vetorial, definimos o campo vetorial XY por

XY|p=limt0φtYφt(p)Ypt.

Trata-se do colchete de Lie XY=[X,Y]. Recorde que [X,Y](f)=X(Y(f))Y(X(f)). A equivalência entre essas duas definições do colchete de Lie pode ser provada localmente; é um bom exercício no uso da regra da cadeia.

Se ωΩr(M), a contração de ω por X é a (r1)-forma dada por iXω(X1,,Xr1)=ω(X,X1,,Xr1). Denota-se também por Xω. Temos a propriedade

iX(ωθ)=(iXω)θ+(1)rω(iXθ). É consequência da propriedade análoga do produto exterior.

As fórmulas mágicas de Cartan

Fórmula de homotopia de Cartan

A fórmula é X=iXd+diX. Para a prova, note que (i) ambos os membros são transformações lineares; (ii) a fórmula vale para funções suaves; (iii) a fórmula vale para 1-formas exatas, isto é, para diferenciais df; (iv) se a fórmula vale para ω e para θ, então vale para ωθ. Localmente, toda forma pode ser expressada utilizando essas operações, logo a fórmula vale para toda forma diferencial.[1]

Segunda fórmula mágica

A segunda fórmula de Cartan é i[X,Y]=XiYiYX. Não é muito difícil ver que é uma consequência da igualdade XY=[X,Y].

Definição invariante da derivada exterior

Seja ωΩ1(M) e sejam X e Y campos de vetores em M. Temos XiY=diXiY+iXdiY, iYX=iYiXd+iYdiX; logo i[X,Y]=diXiY+iXdiYiYiXdiYdiX, então ω([X,Y])=X(ω(Y))dω(X,Y)Y(ω(X)), ou, equivalentemente,

dω(X,Y)=X(ω(Y))Y(ω(X))ω([X,Y]).

Com um pouco mais de trabalho, chegamos à fórmula

dω(X1,,Xk+1)=1ik+1(1)i1Xi(ω(X1,,Xi^,,Xk+1))+1i<jk+1(1)i+jω([Xi,Xj],X1,,Xi^,,Xj^,,Xk+1),

que pode ser usada para definir a derivada exterior, sem menção a sistemas locais de coordenadas.

Parênteses de Poisson

Considere uma variedade simplética (M,ω) e o parêntese de Poisson associado {,}:C(M)×C(M)C(M). Sejam 𝐗f e 𝐗g os campos Hamiltonianos associados às hamiltonianas f,g, isto é, i𝐗fω=df,i𝐗gω=dg. Pelas duas fórmulas mágicas de Cartan,

i[𝐗f,𝐗g]ω=𝐗f(i𝐗gω)i𝐗g(𝐗fω)=i𝐗f(d(dg)=0)+d(i𝐗f(i𝐗gω))i𝐗g(i𝐗fdω=0)i𝐗g(d(df))=d(i𝐗fi𝐗gω)=d{f,g}.

Portanto, [𝐗f,𝐗g]=𝐗{f,g}. Daí, 𝐗f(𝐗g(h))𝐗g(𝐗f(h))=𝐗{f,g}(h); logo {f,{g,h}}{g,{f,h}}={{f,g},h}. Equivalentemente, {f,{g,h}}+{g,{h,f}}+{h,{f,g}}=0. Trata-se da identidade de Jacobi, que imediatamente nos dá o

Teorema de Poisson-Jacobi. Se f e g são integrais de movimento, também o é {f,g}.

Referências