Modelos ARCH

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A heteroscedasticidade condicional auto-regressiva (autoregressive conditional heteroskedasticity ou ARCH, na sigla em ingês) é a condição em que há um ou mais pontos de dados para os quais a variância do atual termo de erro ou inovação é uma função dos tamanhos reais dos termos de erro dos intervalos de tempo anteriores.[1] Frequentemente, a variância está relacionada com os quadrados das inovações anteriores. Em econometria, modelos ARCH são usados para caracterizar e modelar séries temporais.[2] Uma variedade de outros acrônimos é aplicada a estruturas particulares com uma base semelhante.

Modelos ARCH são comumente empregados ao modelar séries temporais financeiras que exibem agrupamento de volatilidade variante com o tempo, isto é, períodos de instabilidade intercalados com períodos de relativa estabilidade.[3] Modelos de tipo ARCH são às vezes considerados como parte da família dos modelos de volatilidade estocástica. No entanto, estritamente falando, isto está incorreto, já que, no tempo t, a volatilidade é completamente pré-determinada (determinística) dados os valores anteriores.[4]

Especificação do modelo ARCH(q)

Para modelar uma série temporal usando um processo ARCH, considere

ϵt

os termos de erro (resíduos de retorno, em relação a um processo médio), isto é, os termos da série. Estes

ϵt

são divididos em uma peça estocástica

zt

e um desvio padrão dependente de tempo

σt

caracteriza o tamanho típico do termos, de modo que:

ϵt=σtzt.

A variável aleatória

zt

é um processo forte de ruído branco. A série

σt2

é modelada por:

σt2=α0+α1ϵt12+...+αqϵtq2=α0+i=1qαiϵti2,

em que

α0>0

e

αi0,i>0

. Um modelo ARCH(

q

) pode ser estimado usando mínimos quadrados ordinários. Uma metodologia para testar a extensão do atraso dos erros ARCH usando o teste do multiplicador de Lagrange foi proposta por Robert Engle em 1982.[2] O procedimento é como segue:

1. Estime o modelo auto-regressivo AR(

q

) mais adequado

yt=a0+a1yt1+...+aqytq+ϵt=a0+i=1qaiyti+ϵt

;

Predefinição:Quote

ϵ^t2=α^0+i=1qα^iϵ^ti2,

Predefinição:Quote

3. A hipótese nula é que, na ausência de componentes ARCH, temos

αi=0

para todo

i=1,...,q

. A hipótese alternativa é que, na presença de componentes ARCH, pelo menos um dos coeficientes

αi

estimados deve ser significante. Em uma amostra de

T

resíduos sob a hipótese nula de nenhum erro ARCH, a estatística de teste

TR2

segue distribuição

χ2

com

q

graus de liberdade, em que

T

é o número de equações no modelo que adequa os resíduos tendo em vista os atrasos (isto é,

T=Tq

). Se

TR2

for maior que o valor qui-quadrado da tabela, rejeita-se a hipótese nula e conclui-se que há um efeito ARCH no modelo auto-regressivo de médias móveis (ARMA). Se

TR2

for menor que o valor qui-quadrado da tabela, não se rejeita a hipótese nula.

GARCH

Se um modelo auto-regressivo de médias móveis (ARMA) for assumido para a variância do erro, tem-se um modelo de heteroscedasticidade condicional auto-regressiva generalizada (GARCH).[5]

Neste caso, o modelo GARCH

(p,q)

(em que

p

é a ordem dos termos GARCH

σ2

e

q

é a ordem dos termos ARCH

ϵ2

) é dado por:

yt=x'tb+ϵt,
ϵt|ψt𝒩(0,σt2),
σt2=ω+α1ϵt12+...+αqϵtq2+β1σt12+...+βpσtp2=ω+i=1qαiϵti2+i=1pβiσti2.

Geralmente, quando se testa a heteroscedasticidade em modelos econométricos, o melhor teste é o teste de White.[6] Entretanto, quando se lida com dados de séries temporais, isso significa testar erros ARCH e GARCH.

O modelo de médias móveis exponencialmente ponderadas (EWMA) é um modelo alternativo em uma classe separada de modelos suavizantes exponenciais. Como uma alternativa à modelagem GARCH, tem algumas propriedades atraentes como um peso maior a observações mais recentes, mas algumas desvantagens como um fator arbitrário de decaimento que introduz subjetividade na estimação.

Especificação do modelo GARCH (p,q)

A extensão do atraso

p

de um processo GARCH(

p,q

) é estabelecida em três passos:[7]Predefinição:Quote

yt=a0+a1yt1+...+aqytq+ϵt=a0+i=1qaiyti+ϵt;

Predefinição:Quote

ρ=t=i+1T(ϵ^t2σ^t2)(ϵ^t12σ^t12)t=1T(ϵ^t2σ^t2)2;

3. O desvio padrão assintótico, isto é, para grandes amostras, de

ρ(i)

é

1/T

. Valores individuais maiores que estes indicam erros GARCH. Para estimar o número total de atrasos, usa-se o teste de Ljung-Box até que o valor destes for menos que 10% significante. A estatística-Q de Ljung-Box segue distribuição

χ2

com

n

graus de liberdade se os quadrados dos resíduos

ϵt2

não forem correlacionados. Recomenda-se considerar até

T/4

valores de

n

. A hipótese nula afirma que não há erros ARCH ou GARCH. Rejeitar a hipótese nula significa então que tais erros existem na variância condicional.[8]

NGARCH

O modelo de heteroscedasticidade condicional auto-regressiva generalizada não linear (NGARCH), também conhecido como modelo de heteroscedasticidade condicional auto-regressiva generalizada assimétrica não linear

(1,1)

(NAGARCH), é dado por:[9]

σt2=ω+α(ϵt1θσt1)2+βσt12;

Predefinição:QuotePara retornos de ações, o parâmetro

θ

é geralmente estimado como positivo. Neste caso, reflete o efeito de alavanca, significando que retornos negativos aumentam a volatilidade futura por uma quantidade maior do que retornos positivos da mesma magnitude.[9][10]

Este modelo não deve ser confundido com o modelo de heteroscedasticidade condicional auto-regressiva não linear (NARCH), junto com a extensão NGARCH, introduzido por M. L. Higgins e A. K. Bera em 1992.[11]

IGARCH

O modelo de heteroscedasticidade condicional auto-regressiva generalizada integrada (IGARCH) é uma versão restrita do modelo GARCH, em que a soma dos parâmetros persistentes resulta em zero, e importa uma raiz unitária no processo GARCH. A condição para isto é:[12]

i=1pβi+i=1qαi=1.

EGARCH

O modelo de heteroscedasticidade condicional auto-regressiva generalizada exponencial (EGARCH), introduzido por Daniel B. Nelson em 1991, é outra forma de modelo GARCH.[13] Formalmente, um modelo EGARCH(

p,q

) é dado por:

logσt2=ω+k=1qβkg(Ztk)+k=1pαklogσtk2.

em que

g(Zt)=θZt+λ(|Zt|E(|Zt|))

,

σt2

é a variância condicional,

ω

,

β

,

α

,

θ

e

λ

são os coeficientes.

Zt

pode ser uma variávei normal padrão ou vir de uma distribuição de erro generalizada. A formulação para

g(Zt)

permite que o sinal e a magnitude de

Zt

tenham efeitos separados na volatilidade. Isto é particularmente útil no contexto de precificação de ativos.[14]

Já que logσt2 pode ser negativo, não há (menos) restrições nos parâmetros. Em 1992, Daniel B. Nelson e Charles Q. Cao afirmaram que a limitação positiva ou não-negativa são proibitivas no modelo GARCH, enquanto esta limitação não existe no modelo EGARCH.[15]

GARCH-M

O modelo de heteroscedasticidade condicional auto-regressiva generalizada em média (GARCH-M) adiciona um termo de heteroscedasticidade na equação média. Tem a especificação:[16]

yt=βxt+λσt+ϵt.

O resíduo

ϵt

é definido como:

ϵt=σt×zt.

QGARCH

Proposto por Enrique Sentana em 1995, o modelo de heteroscedasticidade condicional auto-regressiva generalizada quadrática (QGARCH) é usado para modelar efeitos assimétricos de choques positivos e negativos.[17]

No exemplo de um modelo GARCH

(1,1)

, o processo residual

σt

é

ϵt=σtzt,

em que

zt

é uma variável independente e identicamente distribuída e

σt2=K+αϵt12+βσt12+ϕϵt1.

GJR-GARCH

Semelhante ao QGARCH, o modelo de heteroscedasticidade condicional auto-regressiva generalizada de Glosten–Jagannathan–Runkle (GJR-GARCH), proposto pelos autores em 1993, também modela assimetria nos processos ARCH.[18] A sugestão é modelar

ϵt=σtzt

, em que

zt

é uma variável independente e identicamente distribuída e:

σt2=K+δσt12+αϵt12+ϕϵt12It1,

em que

It1=0

se

ϵt10

e

It1=1

se

ϵt1<0

.

TGARCH

O modelo de heteroscedasticidade condicional auto-regressiva generalizada limiar (TGARCH), proposto por Jean–Michel Zakoian em 1994, é semelhante ao modelo de heteroscedasticidade condicional auto-regressiva generalizada de Glosten–Jagannathan–Runkle.[19] A especificação se refere ao desvio padrão condicional no lugar da variância condicional:

σt=K+δσt1+α1+ϵt1++α1ϵt1,

em que

ϵt1+=ϵt1

se

ϵt1>0

e

ϵt1+=0

se

ϵt10

. Da mesma forma,

ϵt1=ϵt1

se

ϵt10

e

ϵt1=0

se

ϵt1>0

.

fGARCH

O modelo da família de heteroscedasticidade condicional auto-regressiva generalizada (fGARCH), proposto por Ludger Henschel em 1995, também conhecido como família GARCH, é um modelo abrangente que inclui uma variedade de outros modelos GARCH populares, simétricos e assimétricos, entre os quais o modelo de heteroscedasticidade condicional auto-regressiva de poder assimétrico (APARCH), o modelo de heteroscedasticidade condicional auto-regressiva generalizada de Glosten–Jagannathan–Runkle (GJR-GARCH), o modelo de heteroscedasticidade condicional auto-regressiva generalizada de valor absoluto (AVGARCH), o modelo de heteroscedasticidade condicional auto-regressiva generalizada não linear (NGARCH), entre outros.[20]

COGARCH

Em 2004, Claudia Klüppelberg, Alexander Lindner e Ross Maller propuserem uma generalização de tempo contínuo do processo GARCH(1,1) de tempo discreto.[21] A ideia é começar com equações do modelo GARCH(1,1):

ϵt=σtzt,
σt2=α0+α1ϵt12+β1σt12=α0+α1σt12zt12+β1σt12,

e então substituir o processo de ruído branco forte zt pelos incrementos infinitesimais dLt de um processo Lévy (Lt)t0 e o quadrado do processo de ruído zt2 pelos incrementos d[L,L]td, em que:

[L,L]td=s[0,t](ΔLt)2,t0,

é a parte puramente descontínua do processo de variação quadrática de L. O resultado é o seguinte sistema de equações diferenciais estocásticas:

dGt=σtdLt,
dσt2=(βησt2)dt+φσt2d[L,L]td,

em que os parâmetros positivos β, η e φ são determinados por α0, α1 e β1. Agora, dada alguma condição inicial (G0,σ02), o sistema acima tem uma única solução por caminho (Gt,σt2)t0, que é então chamado de modelo GARCH de tempo contínuo (COGARCH).

Referências

Predefinição:Reflist

Predefinição:Processos estocásticos Predefinição:Portal3