Transformação linear direta

Fonte: testwiki
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Transformação linear direta (DLT) é um algoritmo que calcula um conjunto de variáveis a partir de um conjunto de relações de semelhança: 𝐱k𝐀𝐲k para k=1,,N em que 𝐱k e 𝐲k são vetores conhecidos, denota igualdade a menos de uma multiplicação por um escalar desconhecido, e 𝐀 é uma matriz (ou transformação linear) que contém as incógnitas a serem calculadas.

Este tipo de relação aparece frequentemente em geometria projetiva. Exemplos práticos incluem a relação entre pontos 3D em uma cena e a sua projeção sobre o plano da imagem de uma câmera pinhole, e homografias.

Introdução

Uma equação linear ordinária 𝐱k=𝐀𝐲k para k=1,,N pode ser resolvida, por exemplo, reescrevendo-a como uma equação matricial 𝐗=𝐀𝐘 na qual as matrizes 𝐗 e 𝐘 contêm os vetores 𝐱k e 𝐲k em suas respectivas colunas. Dado que existe uma única solução, ela é dada por

𝐀=𝐗𝐘T(𝐘𝐘T)1.

As soluções também podem ser descritas nos casos em que as equações são sobredeterminadas ou subdeterminadas.

O que torna o problema da transformação linear direta diferente do caso padrão acima é o fato de que os lados esquerdo e direito das equações que o definem podem diferir por um fator multiplicativo desconhecido que é dependente de k. Como consequência, 𝐀 não pode ser calculada como no caso padrão. Em vez disso, as relações de semelhança são reescritas como equações lineares homogêneas apropriadas que podem então ser resolvidas por um método padrão. A combinação da reescrita das equações de semelhança como equações lineares homogêneas com a sua resolução por métodos padrão é conhecida como algoritmo de transformação linear direta ou algoritmo DLT. A sigla DLT é atribuída a Ivan Sutherland. [1]

Exemplo

Sejam 𝐱k2 e 𝐲k3 dois conjuntos de vetores conhecidos e o problema é encontrar uma matriz 𝐀 de ordem 2×3 tal que que αk𝐱k=𝐀𝐲k para k=1,,N onde αk0 é o fator escalar desconhecido relacionado à equação k.

Para se livrar dos escalares desconhecidos e obter equações homogêneas, defina a matriz antissimétrica 𝐇=(0110) e multiplique ambos os lados da equação pela esquerda por 𝐱kT𝐇 αk𝐱kT𝐇𝐱k=𝐱kT𝐇𝐀𝐲k para k=1,,N. Como 𝐱kT𝐇𝐱k=0, tem-se as seguintes equações homogêneas, que já não contêm os escalares desconhecidos: 0=𝐱kT𝐇𝐀𝐲k para k=1,,N. A fim de obter 𝐀 a partir deste conjunto de equações, considere os elementos dos vetores 𝐱k e 𝐲k e a matriz 𝐀: 𝐱k=(x1kx2k),𝐲k=(y1ky2ky3k), e 𝐀=(a11a12a13a21a22a23) e a equação homogênea acima torna-se 0=a11x2ky1ka21x1ky1k+a12x2ky2ka22x1ky2k+a13x2ky3ka23x1ky3k para k=1,,N. Isso também pode ser escrito como 0=𝐛kT𝐚 para k=1,,N em que tanto 𝐛k quanto 𝐚 são vetores de 6 dimensões definidos como 𝐛k=(x2ky1kx1ky1kx2ky2kx1ky2kx2ky3kx1ky3k)   e   𝐚=(a11a21a12a22a13a23).

Este conjunto de equações homogêneas também pode ser escrito em forma matricial como 𝟎=𝐁𝐚

onde 𝐁 é uma matriz N×6 que contém os vetores 𝐛k em suas linhas. Isto significa que 𝐚 pertence ao espaço nulo de 𝐁 e pode ser determinado, por exemplo, por meio de uma decomposição em valores singulares de 𝐁; 𝐚 é um vetor singular à direita de 𝐁 correspondente a um valor singular nulo. Uma vez que 𝐚 foi determinado, os elementos de 𝐀 podem ser encontrados por uma simples reorganização do vetor de 6 dimensões na forma de uma matriz 2×3. Note que o fator escalar de 𝐚 ou 𝐀 não é importante (exceto por ter que ser diferente de zero) uma vez que as equações que as definem já levam em conta o escalar desconhecido.

Na prática, os vetores 𝐱k e 𝐲k pode conter ruído, o que significa que as equações de semelhança são apenas aproximadamente válidas. Como consequência, pode não existir um vetor 𝐚 que seja uma solução exata da equação homogênea 𝟎=𝐁𝐚. Nestes casos, uma solução de mínimos quadrados totais pode ser utilizada escolhendo 𝐚 como um vetor singular à direita correspondente ao menor valor singular de 𝐁.

Casos mais gerais

O exemplo acima tem 𝐱k2 e 𝐲k3, mas a estratégia geral para reescrever as relações de semelhança como equações lineares homogêneas pode ser generalizada para casos em que tanto 𝐱k quanto 𝐲k têm dimensões arbitrárias.

Se 𝐱k2 e 𝐲kq as expressões anteriores ainda podem levar a uma equação 0=𝐱kT𝐇𝐀𝐲k para k=1,,N

onde 𝐀 agora é 2×q. Cada k fornece uma equação nos 2q elementos desconhecidos de 𝐀 e juntas, essas equações podem ser escritas na forma 𝐁𝐚=𝟎 com a matriz B de ordem N x 2q que é conhecida e o vetor de incógnitas 𝐚, de dimensão 2q. Este vetor pode ser encontrado de forma similar à que foi feita anteriormente.

No caso mais geral, 𝐱kp e 𝐲kq. A principal diferença em relação ao caso anterior é que a matriz 𝐇 agora é p×p e antissimétrica. Quando p>2 o espaço de tais matrizes não é mais unidimensional, mas sim de dimensão M=p(p1)2.

Isso significa que cada valor de k fornece M equações homogêneas do tipo 0=𝐱kT𝐇m𝐀𝐲k para m=1,,M e para k=1,,N onde 𝐇m é uma base de dimensão M do espaço de matrizes p×p antissimétricas.

Exemplo p = 3

No caso em que p = 3, podem ser escolhidas as três matrizes 𝐇m a seguir 𝐇1=(000001010),𝐇2=(001000100),𝐇3=(010100000). Neste caso particular, as equações lineares homogêneas podem ser escritas como 𝟎=[𝐱k]×𝐀𝐲k para k=1,,N onde [𝐱k]× é a representação matricial do produto vetorial. Observe que esta última equação é em valores vetoriais; o lado esquerdo é o elemento zero em 3.

Cada valor de k fornece três equações homogêneas nos elementos desconhecidos de 𝐀. No entanto, como [𝐱k]× tem posto 2, no máximo duas equações são linearmente independentes. Na prática, portanto, é comum usar apenas duas das três matrizes, 𝐇m, por exemplo, para m=1, 2. No entanto, a dependência linear entre as equações é dependente de 𝐱k, o que significa que em certos casos seria melhor escolher, por exemplo, m=2,3. Assim, se o número de equações não é uma preocupação, pode ser melhor usar as três equações ao construir a matriz 𝐁.

A dependência linear entre as equações lineares homogêneas é uma preocupação geral para o caso p > 2 e tem de ser tratada reduzindo o conjunto de matrizes antissimétricas 𝐇m ou então permitindo que 𝐁 se torne maior do que o necessário para determinar 𝐚.

Predefinição:Referências

Ligações externas