Conjectura de Erdős–Turán para bases aditivas

Fonte: testwiki
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A Conjectura de Erdős–Turán é um antigo problema em aberto em teoria aditiva dos números (não confundir com a Conjectura de Erdős para progressões aritméticas) proposto por Paul Erdős e Pál Turán em 1941.

A questão concerne subconjuntos dos números naturais, tipicamente denotado por , chamados bases aditivas. Um subconjunto B é chamado de base aditiva de ordem finita (resp. base aditiva assintótica) quando existe um inteiro positivo h tal que todo número (resp. todo número suficientemente grande) n pode ser escrito como a soma de h elementos de B. Por exemplo, o conjunto de todos números naturais é em si uma base aditiva de ordem 1, já que todo número natural pode ser trivialmente escrito como a soma de até 1 número natural. É um teorema não-trivial de Lagrange (Teorema dos quatro quadrados) que o conjunto dos números quadrados formam uma base aditiva de ordem 4. Outro teorema célebre e altamente não-trivial nesta mesma linha é o teorema de Vinogradov, que diz que todo número ímpar suficientemente grande pode ser escrito como a soma de três números primos, e portanto o conjunto dos primos formam uma base assintótica de ordem menor ou igual a 4.

É natural se perguntar se tais resultados são melhores possíveis. O teorema dos quatro quadrados de Lagrange, por exemplo, não pode ser melhorado, pois há infinitos inteiros positivos que não podem ser escritos como soma de três quadrados. Isto é porque nenhum inteiro positivo que é a soma de três quadrados pode deixar resto 7 quando dividido por 8. De toda forma, poderia-se esperar que um conjunto B que seja tão esparso quanto os quadrados (isto é, que dado um intervalo [1,N], aproximadamente N1/2 dos inteiros em [1,N] são elementos de B) que não possua este "defeito" inerente ao conjunto dos quadrados deveria possuir a propriedade de que todo inteiro positivo suficientemente grande pode ser escrito como a soma de três elementos de B. Isto seguiria da seguinte intuição probabilística: suponha que N/2<nN é um inteiro positivo, e x1,x2,x3 são selecionados 'aleatoriamente' de B[1,N]. Então a probabilidade de um dado elemento de B ser escolhido é aproximadamente 1/N1/2. Poderíamos então estimar seu valor esperado, o qual, neste caso, será consideravelmente grande. Assim, espera-se que haja bastante representações de n como soma de três elementos de B, a menos que haja alguma obstrução aritmética (o que significa que B é de certa forma bem diferente dos conjuntos "típicos" de densidade similar), como no caso dos quadrados. Portanto, é de se esperar que os quadrados sejam consideravelmente ineficientes em representar inteiros positivos como somas de quatro elementos, pois já há muitas representações como somas de três elementos àqueles inteiros positivos n que passaram pela obstrução aritmética. Examinar o teorema de Vinogradov também revela que os primos são, como os quadrados, bastante ineficientes no que se refere a representar inteiros positivos como soma de, por exemplo, quatro elementos.

A questão levantada por esta linha de raciocínio é a seguinte: suponha que B, diferente do conjunto dos quadrados e dos primos, seja deveras eficiente em representar inteiros positivos como soma de h elementos de B. Quão eficiente B pode ser? Idealmente, gostaríamos de encontrar um inteiro positivo h e um conjunto B tal que todo inteiro positivo n pode ser escrito como a soma de até h elementos de B de exatamente um único jeito. Falhando isto, talvez poderíamos tentar encontrar um conjunto B tal que todo inteiro positivo n pudesse ser escrito como a soma de até h elementos de B de no mínimo um jeito, e no máximo S(h) jeitos, onde S é uma função de h (isto é, não depende de n).

Esta é basicamente a questão levantada por Paul Erdős e Pál Turán em 1941. Com efeito, eles conjecturaram uma resposta negativa para esta questão, isto é, que se B é uma base aditiva de ordem h, então esta não pode representar os inteiros positivos como soma de até h elementos de forma tão eficiente; mais precisamente, o número de representações de n, como uma função de n, deve divergir para infinito.

História

Esta conjectura foi escrita em um trabalho conjunto de Paul Erdős e Pál Turán em 1941.[1] No artigo original, é enunciado

"(2) Se f(n)>0 para n>n0, então limnf(n)="

Acima, f(n) denota o número de maneiras de escrever um número natural n como a soma de dois elementos (não necessariamente distintos) de B. Se f(n) é sempre positivo (i.e. maior que zero) para n suficientemente grande, então B é chamado de base aditiva assintótica (de ordem 2).[2] Este problema atraiu uma atenção considerável da comunidade matemática,[2] mas continua em aberto.

Em 1964, Erdős publicou uma versão multiplicativa desta conjectura.[3]

Progresso

Enquanto a conjectura continua em aberto, houve certos avanços no problema. Em primeiro lugar, é útil expressar o problema numa linguagem mais concisa. Dado um subconjunto B, definimos sua função de representação por rB(n)=#{(a1,a2)B2|a1+a2=n}. Sendo assim, a conjectura então diz que se rB(n)>0 para todo n suficientemente grande, então lim supnrB(n)=.

Em geral, para todo h2 e todo subconjunto B, podemos definir a função de h-representação de B como rB,h(n)=#{(a1,,ah)Bh|a1++ah=n}. Dizemos que B é uma base aditiva assintótica de ordem h se rB,h(n)>0 para todo n suficientemente grande. Pode-se deduzir por um argumento elementar que se B é uma base assintótica de ordem h, então

nm=1nrB,h(m)|B[1,n]|h

Assim obtemos o minorante n1/h|B[1,n]|.

A conjectura original nasceu enquanto Erdős e Turán procuravam uma solução parcial para um problema de Sidon (veja: Sequência de Sidon). Mais tarde, Erdős se propôs a responder à seguinte questão proposta por Sidon: quão próximo do minorante |B[1,n]|n1/h pode uma base aditiva B de ordem h chegar? Esta questão foi respondida para o caso h=2 por Erdős em 1956.[4] Erdős mostrou que existe uma base aditiva B de ordem 2 e constantes c1,c2>0 tais que c1lognrB(n)c2logn para todo n suficientemente grande. Em particular, isto implica na existência de bases aditivas B que satisfazem rB(n)=n1/2+o(1), o que é essencialmente o melhor possível em termos de eficiência. Isto motivou Erdős a conjecturar o seguinte:

  • Se B é uma base aditiva de ordem h, então lim supnrB,h(n)/logn>0.

Em 1986, Eduard Wirsing mostrou que uma grande classe de bases aditivas, incluindo os números primos, contém um subconjunto significamente mais magro que ainda é uma base aditiva.[5] Em 1990, Erdős e Prasad V. Tetali estenderam o resultado de 1956 de Erdős para bases de ordem arbitrária.[6] Em 2000, V. Vu provou que sub-bases magras existem nas bases de Waring usando o método do círculo de Hardy e Littlewood em conjunto com seus resultados sobre concentração polinomial.[7] Em 2006, Borwein, Choi, e Chu provaram que para toda base aditiva B, de algum momento em diante f(n) sempre excede 7.[8] [9]

Referências

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