Equilíbrio de motores de combustão interna

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Em um motor a pistão, as massas em movimento alternativo produzem forças de inércia que quando não adequadamente tratadas provocam vibrações.

Cinemática de um Sistema Biela Manivela

Diagrama de um sistema biela manivela

Definições

l = comprimento da biela
r = raio do eixo de manivelas (metade do curso)
Θ = ângulo da manivela em relação a linha de centro do cilindro
x = Posição do pistão
v = Velocidade do pistão
a = Aceleração do pistão
ω = Velocidade angular do eixo de manivelas

Descrição

Conforme o eixo de manivelas gira, o pistão P se desloca ao longo do eixo do centro do cilindro executando um movimento alternativo. A partir do Ponto Morto Superior (PMS), o pistão acelera até atingir a velocidade máxima, quando então começa a desacelerar até atingir o Ponto Morto Inferior (PMI), quando então inverte a trajetória.

Velocidade Angular

A velocidade angular (rad/s) pode ser calculada a partir do número de rotações por minuto (RPM):

ω=2πRPM60

Posição

A aplicação da lei dos cossenos ao diagrama fornece a posição do pistão:

l2=r2+x22rxcosθ
x22xrcosθ+(r2l2)=0

Fazendo

y=rcosθ
z=(r2l2)

temos:

x22xy+z=0

Resolvendo pela formula quadrática e substituindo de volta y e z, temos:

x=rcosθ+l2r2sin2θ

expressando em termos da velocidade angular, temos:

θ=ωt
x=rcos(ωt)+l2r2sin2(ωt)=r[cos(ωt)+(lr)2sin2(ωt)]

Velocidade

A primeira derivada da equação da posição fornece a velocidade do pistão:

v=dxdt=rωsin(ωt)[1+cos(ωt)(lr)2sin2(ωt)]


Na grande maioria dos casos rl3[1], fazendo com que r2sin2(ωt) seja muito pequeno, podendo ser ignorado:

v=rωsin(ωt)r2ωsin(2ωt)2l

Aceleração

A derivada da velocidade fornece a aceleração do pistão:

a=dvdt=rω2{cos(ωt)+cos(2ωt)[(lr)2sin2(ωt)]1/2+sin2(ωt)cos2(ωt)[(lr)2sin2(ωt)]3/2}


Para rl3, (e considerando l>>rsin(ωt)), a derivada fica:

a=dvdt=rω2cos(ωt)r2ω2cos(2ωt)l


Em termos do ângulo da manivela temos:

a=rω2cosθr2ω2cos(2θ)l

Rearranjando:

a=rω2[cosθ+rlcos(2θ)]

Dinâmica de um Motor com Cilindros em Linha

As massas em movimento alternativo produzem forças de inércia e binários, que se não forem equilibrados, irão gerar vibrações
.

Forças de Inércia

Se m é a massa das partes em movimento alternativo (pistão e parte da biela), a força de inércia é igual a:

F=mrω2[cos(θ)+rlcos(2θ)]
F=Fp+Fs

onde
Fp=mrω2cos(θ) é a força primeira ordem, com frequência igual à rotação do motor e Fs=mrω2rlcos(2θ) é a força de segunda ordem, com frequência igual a 2 vezes a rotação do motor.

Equilíbrio de Motores Multicilíndricos em Linha

Em um motor de n cilindros em linha com ignição igualmente espaçada, o intervalo ϕ entre as explosões é igual a:

ϕ=360n em motores de 2 tempos e


ϕ=720n em motores de 4 tempos.

A força de inércia de cada pistão é dada por:

F1=mrω2[cos(θ+ϕ1)+rlcos2(θ+ϕ1)]


F2=mrω2[cos(θ+ϕ2)+rlcos2(θ+ϕ2)]

e assim por adiante.

Fi=mrω2[cos(θ+ϕi)+rlcos2(θ+ϕi)]

A soma total das forças de inércia é então igual a:

F=i=1nFi=mrω2i=1n[cos(θ+ϕi)+rlcos2(θ+ϕi)]

mas

cos(θ+ϕi)=cosθcosϕisinθsinϕi



Substituindo temos:

F=mω2r[cosθi=1ncosϕisinθi=1nsinϕi+rlcos(2θ)i=1ncos(2ϕi)rlsin(2θ)i=1nsen(2ϕi)]

Condições de Equilíbrio das Forças de Inércia

Equilíbrio das Forças de Primeira Ordem

i=1ncosϕi=0
i=1nsinϕi=0


Equilíbrio das Forças de Segunda Ordem

i=1ncos(2ϕi)=0
i=1nsin(2ϕi)=0

Condições de Equilíbrio dos Binários

O equilíbrio as forças de inércia não garante o motor não irá vibrar em decorrência da atuação de binários. Tomando como referência o cilindro número 1 e considerando d como a distancia entre os cilindros temos:

B1=F1d1
B2=F2d2
B3=F3d3

e assim por diante...

Bi=Fidi

Se fizermos B igual a soma dos binários temos:

B=i=1nFidi
B=mω2r[cosθi=1ndicosϕisinθi=1ndisinϕi+rlcos(2θ)i=1ndicos(2ϕi)rlsin(2θ)i=1ndisin(2ϕi)]

com a parte em vermelho representando os binários de primeira ordem e a parte em azul os de segunda ordem.

As condições de equilíbrio dos binários podem então ser escrita como:

Binários de primeira ordem

i=1ndicosϕi=0
i=1ndisinϕi=0


Binários de segunda ordem

i=1ndicos(2ϕi)=0
i=1ndisin(2ϕi)=0

Efeitos sobre o motor

Dependendo da existência de forças de inércia ou de binários teremos os seguintes efeitos sobre o motor:

F=0M=0 Completamente equilibrado
F0M=0 Desequilíbrio causado por força de inércia
F=0M0 Desequilíbrio causado por binário
F0M0 Desequilíbrio causado por força de inércia. A distancia L do ponto de atuação da força em relação ao plano de referência é dada por L=BF

Exemplo: Motor de três cilindros em linha - quatro tempos

ϕ=7203=2400


Ordem de ignição: 1,3,2

Tabela de Equilíbrio

Tabela de equilibrio
ΦInércia
1a ordem
cosΦ
Inércia
1a ordem
senΦ
Inércia
2a ordem
cos2Φ
Inércia
2a ordem
sen2Φ
dBinário
1a ordem
dcosΦ
Binário
1a ordem
dsenΦ
Binário
2a ordem
dcos2Φ
Binário
2a ordem
dsen2Φ
01001000000
240123248012322ddd3dd3
12012322401232dd2d32d2d32
000032dd3232dd32


Força de inércia de primeira ordem: equilibrado
Força de inércia de segunda ordem: equilibrado
Binário de primeira ordem: desequilibrado
Binário de segunda ordem: desequilibrado

Binário de primeira ordem

Bp=mω2r[cosθi=1ndicosϕisinθi=1ndisinϕi]
Bp=mω2r[3d2cosθ+d32sinθ]
Bp=mω2rd2[3cosθ+3sinθ]

Sendo

acosα+bsenα=a2+b2sen(α+ϕ)
acosαbsinα=a2+b2sin(αϕ)
tanϕ=ab


Temos

3cosθ+3sinθ=9+3sin(α+ϕ)=43sin(α+ϕ)=23sin(α+ϕ)
tanϕ=33=333=3

Portanto

ϕ=60

e o binário de primeira ordem é igual a:

Bp=3mω2rdsin(θ60)


O valor máximo do binário ocorrerá quando sin(θ60)=1,ou seja, quando θ=150 graus.

Binário de segunda ordem ordem

Bs=mω2r[rlcos(2θ)i=1ndicos(2ϕi)rlsin(2θ)i=1ndisin2ϕi]
Bs=rlmω2r[3d2cos(2θ)d32sin2θ]
Bs=rlmω2rd2[3cos(2θ)3sin2θ]


Bs=3rlmω2rdsin(2θ+60)

Exemplo: Motor de quatro cilindros em linha - quatro tempos

ϕ=7204=1800


Ordem de ignição: 1,3,4,2

Tabela de Equilíbrio


Tabela de equilibrio
ΦInércia
1a ordem
cosΦ
Inércia
1a ordem
senΦ
Inércia
2a ordem
cos2Φ
Inércia
2a ordem
sen2Φ
dBinário
1a ordem
dcosΦ
Binário
1a ordem
dsenΦ
Binário
2a ordem
dcos2Φ
Binário
2a ordem
dsen2Φ
01001000000
18010360102d2d02d0
0100103d3d03d0
1801036010dd0d0
0040006d0

Força de inércia de segunda ordem


F=mω2r[rlcos(2θ)i=1ncos(2ϕi)rlsin(2θ)i=1nsin(2ϕi)]


Substituindo temos:

F=mω2r[4rlcos(2θ)]
F=4rlmω2rcos(2θ)

Como

F0M0 Desequilíbrio causado por força de inércia. A distancia L do ponto de atuação da força em relação ao cilindro numero 1 é dada por L=6d4=1,5d

Predefinição:Referências

Ver também

  1. Taylor, Charles Fayette (1985). The Internal Combustion Engine in Theory and Practice Vol. 2: Combustion, Fuels, Materials, Design, p. 299. The MIT Press, Massachusetts. ISBN 0262700271.