Limite

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Predefinição:Cálculo Em matemática, a noção de limite é usado para descrever o comportamento de uma função à medida que o seu argumento se aproxima de um determinado valor, assim como o comportamento de uma sequência de números reais, à medida que o índice (da sequência) vai crescendo, i.e. tende para infinito (+). Os limites são usados no cálculo diferencial e integral e em outros ramos da análise matemática para definir derivadas, continuidade de funções, soma de Riemann, integrais definidas e integrais impróprias.

Limite de uma sequência

Predefinição:AP Seja x1,x2, uma sequência de números reais. A expressão: limxi=L significa que, para índices i suficientemente grandes, os termos xi da sequência estão arbitrariamente próximos do valor L. Neste caso, dizemos que o limite da sequência é L.

A forma usual de escrever isso, em termos matemáticos, pode ser interpretada como um desafio. O desafiante propõe quão perto de L os termos da sequência devem chegar, e o desafiado deve mostrar que, a partir de um certo índice i, os demais termos da sequência estão tão ou mais perto de L quanto solicitado.

Ou seja, qualquer que seja o intervalo em torno de L (dado pelo desafiante), por exemplo, o intervalo aberto (Lϵ,L+ϵ) com ϵ>0, o desafiado deve exibir um número natural N tal que i com i>N tem-se que xi(Lϵ,L+ϵ).

Formalmente, o que foi dito acima se expressa assim:[1] ϵ>0,N;iiN|xiL|<ϵ

Limite de uma função

Predefinição:AP

Suponhamos que f(x) é uma função real e que c é um número real. A expressão: limxcf(x)=L significa que f(x) se aproxima tanto de L quanto quisermos, quando se toma x suficientemente próximo de c.[2][3] Quando tal acontece dizemos que o limite de f(x), à medida que x se aproxima de c, é L.

Note-se que esta definição não exige (ou implica) que f(c)=L, nem sequer que f(x) esteja definida em c. Agora, no caso de f(c) existir (estar definido) e limxcf(x)=f(c) diz-se que f(x) é contínua no ponto c.

Exemplos

Consideremos f(x)=xx2+1 à medida que x se aproxima de 2, i.e busquemos calcular limx2f(x)=limx2xx2+1 Neste caso, f(x) está definida em 2 e é igual ao seu limite: 0,4, vejamos:

f(1,9) f(1,99) f(1,999) f(2) f(2,001) f(2,01) f(2,1)
0,4121 0,4012 0,4001 0,4 0,3998 0,3988 0,3882

À medida que x aproxima-se de 2, f(x) aproxima-se de 0,4 e consequentemente temos limx2f(x)=0,4 Ou seja, f(x) é contínua no ponto 2.

Vejamos, agora, o seguinte exemplo de uma função não contínua (descontínua): g(x)={xx2+1,se x20,se x=2. O limite de g(x) à medida que x se aproxima de 2 é 0,4 (tal como no exemplo acima), mas g(2)=0limx2g(x) e consequentemente g(x) não é contínua em x=2.

Consideremos, agora, mais o seguinte exemplo de uma função descontínua: h(x)=x1x1 Apesar de h(x) não estar definida em x=1, pode-se demonstrar (por exemplo, via regra de l'Hôpital) que limx1h(x)=2

h(0,9) h(0,99) h(0,999) h(1.0) h(1,001) h(1,01) h(1,1)
1,95 1,99 1,999 não está definido 2,001 2,010 2,10

Observa-se que x pode ser tomado tão próximo de 1 quanto quisermos, sem no entanto ser igual a 1, donde infere-se que o limite de f(x) é 2.[3]

Definição formal

A definição ε-δ de limite.

Sejam I um intervalo de números reais, aI e f:I{a} uma função real definida em I{a}. Escrevemos A=limxaf(x) quando para qualquer que seja ε>0 existe um δ>0 tal que para todo xI, satisfazendo 0<|xa|<δ, vale |f(x)A|<ε[1]. Ou, usando a notação simbólica:

A=limxaf(x)ε>0,δ>0,xI;0<|xa|<δ|f(x)A|<ε

Exemplos de provas de limites

Exemplo 1

limx2(3x+1)=7 Supondo um ϵ>0

|(3x+1)7|<ϵ

|3x6|<ϵ

Dividindo por 3 em ambos os lados:

|x2|<ϵ3

O que prova o limite com δ=ϵ3>0

Exemplo 2

limx1(1+x)=2

Supondo um ϵ>0

|1+x2|<ϵ

|x1|<ϵ

E isso completa a prova com δ=ϵ>0

Aproximação intuitiva

A noção de limite é fundamental no início do estudo de cálculo diferencial. A noção de limite pode ser aprendido de forma intuitiva, pelo menos parcialmente.

Quando falamos do processo limite, falamos de uma incógnita que "tende" a ser um determinado número, ou seja, no limite, esta incógnita nunca vai ser o número, mas vai se aproximar muito, de tal maneira que não se consiga estabelecer uma distância que vai separar o número da incógnita. Em poucas palavras, um limite é um número para o qual y = f(x) difere arbitrariamente muito pouco quando o valor de x difere de x0 arbitrariamente muito pouco também.

Por exemplo, imaginemos a função: f(x)=2x+1 e imaginando f: (Definida nos reais). Sabemos, lógico, que esta função nos dá o gráfico de uma reta, que não passa pela origem, pois se substituirmos: f(0)=2.0+1 que nos dá: f(0)=0+1=1, ou seja, no ponto onde x=0 (origem), o y (f(x)) é diferente de zero. Mas usando valores que se aproximem de 1, por exemplo:

  • Se x=0,98 então: y=f(x)=2,96
  • Se x=0,998 então: y=f(x)=2,996
  • Se x=0,9998 então: y=f(x)=2,9996
  • Se x=0,99999 então: y=f(x)=2,99998

Ou seja, à medida que x "tende" a ser 1, o y "tende" a ser 3. Então no processo limite, quando tende a ser um número, esta variável aproxima-se tanto do número, de tal forma que podemos escrever como no seguinte exemplo:


Exemplo 1.1: Sendo uma função f definida por: f(x)=2x+1 nos reais, calcular o limite da função f quando x1. Temos então, neste caso, a função descrita no enunciado e queremos saber o limite desta função quando o "x" tende a ser 1: Ou seja, para a resolução fazemos:

Então, no limite é como se pudéssemos substituir o valor de x para resolvermos o problema. Na verdade, não estamos substituindo o valor, porque para o cálculo não importa o que acontece no ponto x, mas sim o que acontece em torno deste ponto. Por isso, quando falamos que um número "tende" a ser n, por exemplo, o número nunca vai ser n, mas se aproxima muito do número n. Enfim, como foi dito anteriormente, a definição de limite é tão e somente intuitiva. Vai de analisar a função que está ocorrendo apenas. Agora, o exercício do Exemplo 1.1 mostra que x se aproxima de 1 pela esquerda, ou seja:

Porém, temos também uma outra forma de se aproximar do número 3, na função f(x) descrita nos exemplo acima, por exemplo: Se x=2, y=f(x)=5 ; Se x=1,8 então: y=f(x)=4,6 ; Se x=1,2 temos que: y=f(x)=3,4 ; Se x=1,111 então: y=f(x)=3,222. Podemos perceber então, que x está tendendo a 1 pela direita agora, e não mais pela esquerda como foi mostrado no exemplo anterior. Então para resolvermos problemas que envolvem cálculo, devemos saber como a função que está em jogo se comporta.

Limites em funções de duas ou mais variáveis

A noção de limite, conquanto seja a mesma para todos os tipos de funções numéricas, nem sempre é fácil de se calcular. Muitas vezes é mesmo difícil de se afirmar que o limite exista ou não. A função distância entre os objectos da função, na definição formal anteriormente apresentada para uma variável, dada por |xa|, não pode ser utilizada. Neste contexto, surge a necessidade de uma função distância. Nesse caso, a definição de limite é a seguinte:[4]

Seja f uma função do tipo:

Dnxf(x)=z

Em que x é um vector com n coordenadas e z um número real. Se a for um vector com n coordenadas, então:

limxaf(x)=Lϵ>0,δ>0:(xD0<d(x,a)<δ)|f(x)L|<ϵ

Em que d(x,a)=xa é a função distância.

Exemplo

Uma função do tipo:

2(x,y)f(x,y)=z

pode ter evidentemente um limite, mas aqui há uma diferença fundamental.

Sobre a reta real, só existe verdadeiramente um grau de liberdade, ou seja, só se pode ir para a direita (no sentido de maiores números reais) ou para a esquerda (no sentido de menores números reais).

Com uma função de duas variáveis (só para ficar no caso mais simples) tem-se dois graus de liberdade. Consequentemente, pode-se ter infinitos caminhos entre dois pontos, o que na verdade influencia o valor do limite.

Ora, para que exista um valor de limite, é necessário que ele seja independente do caminho tomado para que o(s) valor(es) da(s) variável(eis) independentes sejam alcançados. Isso é verdade no caso unidimensional, quando os dois limites laterais coincidem. Caso contrário, o limite não existe.

De forma semelhante, quando se tem uma função bidimensional como:

2(x,y)f(x,y)=xy

o limite pode ser testado através de vários caminhos.

Suponha que se queira verificar o seguinte limite L desta função:

lim(x,y)(0,0)f(x,y)=L

Pode-se aproximar-se do valor (0,0) através das seguintes possibilidades (de entre uma infinidade delas):

  • o limite através do eixo dos yy, ou seja,

limx0f(x,0)=L

Nesse caso o limite L é zero.

  • o limite através do eixo dos xx, ou seja,

limy0f(0,y)=L

Nesse caso, o limite L é também zero.

Poder-se-ia ficar enumerando todas as possibilidades, mas seria ocioso. No caso dessa função, o limite nesse ponto é sempre zero, conforme demonstraremos.

Vamos, então, provar que

lim(x,y)(0,0)xy=0

Ou seja, provar que

ϵ>0,δ>0:((x,y)20<(x,y)(0,0)<δ)|xy0|<ϵϵ>0,δ>0:((x,y)20<x2+y2<δ)|xy|<ϵ

Vamos procurar escrever δ em função de ϵ.

x2+y2<δx2+y2<δ2|xy|max{|x|,|y|}2x2+y2<δ2

Se escolhermos δ=ϵ, então, pela segunda desigualdade, |xy|<δ2=ϵ, o que prova o nosso limite.

Um exemplo de uma função que não apresenta valor de limite em (0,0) é a função:

2(x,y)f(x,y)=xy(x2+y2)

que pode ser provado fazendo-se a aproximação do ponto (0,0) através das parametrizações dadas pelas equações paramétricas:

x=(cosα)t

y=(senα)t

a função toma a forma

f(x,y)=cos(α)sen(α)(cosα)2+(senα)2=sen(2α)2

Vê-se, então, que o valor do limite depende do ângulo α pelo qual a reta de parametrização permite que se aproxime do ponto (0,0). Dessa forma, o limite não existe nesse ponto para essa função.

Ver também

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Predefinição:Referências

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  2. Predefinição:Citar livro
  3. 3,0 3,1 Stewart, James. Cálculo vol. I. ISBN 978-85-221-0660-8. Ed. Cengage, 2009, pg. 98.
  4. STEWART, James. Cálculo, volume 2. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2007. 5ª edição. ISBN 85-211-0484-0. Página 900.