Série de potências

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Uma série de potências é uma série que depende de um parâmetro x, da seguinte forma:

S(x)=n=0an(xx0)n

o número x0, a sequência an e o parâmetro x podem ser em geral números complexos. [1]

A convergência da série de potências depende da distância entre x e x0 no plano complexo:

|xx0|

Essas séries de potências aparecem primariamente em análise, mas também ocorre em combinatória (sob o nome de funções geradoras) e em engenharia elétrica (sob o nome de Transformada Z).

História

O primeiro que usou séries e potências para resolver problemas foi Isaac Newton, em 1665.[2]

Newton provou o teorema binomial:

(1+x)r=1+rx+r(r1)2!x2+r(r1)(r2)3!x3+

que era conhecido para valores naturais de r, e o generalizou para valores racionais, positivos ou negativos, de r.[3]

Em seguida, Newton desenvolveu as séries de potências para seno, cosseno, tangente, arco seno, arco cosseno, arco tangente e a função ln(1+x).[3]

Série de Taylor

Uma função analítica num ponto x0 é uma função cujas derivadas de qualquer ordem existem nesse ponto.[1] Nesse caso a função pode ser representada por uma série de potências convergente em x0:

f(x)=n=0an(xx0)n=a0+a1(xx0)+a2(xx0)2+

as derivadas de f calculam-se derivando o termo dentro da série, por exemplo, as duas primeiras derivadas são:

f(x)=n=1nan(xx0)n1=a1+2a2(xx0)+3a3(xx0)2+f(x)=n=2n(n1)an(xx0)n2=2a2+6a3(xx0)+12a4(xx0)2+

Se substituirmos x=x0 nas séries para f, f e f vemos que:

a0=f(x0)a1=f(x0)2a2=f(x0)

em geral,

n!an=f(n)(x0)

e a série de Taylor de f escreve-se:

f(x)=n=0f(n)(x0)n!(xx0)n

No caso particular x0=0 obtém-se a chamada série de Maclaurin. Onde o raio de convergência da série é igual à distância entre x0 e o ponto singular de f mais próximo.[1]

Algumas séries de Maclaurin importantes

  • Série geométrica

11x=n=0xn=1+x+x2+x3+

 para x, em valor absoluto, menor que 1.
  • Função exponencial

ex=n=0xnn!

  • Funções trigonométricas

sin x=n=0(1)n(2n+1)!x2n+1cos x=n=0(1)n(2n)!x2n

Método das séries

Consideremos a equação diferencial linear, homogênea de segunda ordem

P(x)y+Q(x)y+R(x)y=0

em que P, Q e R são polinômios. Muitos problemas de engenharia conduzem a equações dessa forma.[1]

A partir do teorema de existência e unicidade para equações lineares, vemos que os pontos singulares são as raízes do polinômio P(x). Se o ponto x=0 não for raiz de P(x), a solução da equação diferencial será uma função analítica em x=0 e, portanto, existirá a série de Maclaurin para a solução y(x):

y(x)=n=0anxn

A obtenção da solução é equivalente à obtenção da sequência an. A equação de diferenças que define a sequência an é obtida por substituição da série de Maclaurin (e das suas derivadas) na equação diferencial.[1]

Equação de Airy

Um exemplo de uma equação linear muito simples que não pode ser resolvida pelos métodos convencionais das equações diferenciais e que pode ser resolvida pelo método das séries, é a equação de Airy:

y=xy

O polinômio P é neste caso igual a 1, de maneira que a solução será analítica em x=0 e poderá ser escrita como uma série de Maclaurin:

y(x)=n=0anxn

A segunda derivada é:

y(x)=n=0n(n1)anxn2

e substituindo na equação diferencial

n=0n(n1)anxn2n=0anxn+1=0

para agrupar as duas séries numa única série de potências, escrevemos a primeira série numa forma equivalente: podemos incrementar em 3 unidades o índice n, dentro da série, se subtrairmos 3 aos limites do somatório; a série resultante será idêntica à série inicial

n=3(n+3)(n+2)an+3xn+1n=0anxn+1=0

Na primeira série os dois primeiros termos (n=3 e n=2) são nulos e o terceiro termo (n=1) pode ser escrito explicitamente; a série resultante começa desde n=0, podendo ser agrupada à segunda série:

2a2+n=0[(n+3)(n+2)an+3an]xn+1=0

no lado esquerdo da equação temos uma série de potências em que o coeficiente de ordem zero é 2a2 e os coeficientes de ordem superior a zero são o termo dentro dos parêntesis quadrados, com n=0,1,2, Para que a série de potências seja nula em qualquer ponto x, é necessário que todos os coeficientes sejam nulos:

2a2=0

(n+3)(n+2)an+3an=0(n=0,1,2,)

Temos transformado o problema num problema de equações de diferenças.

A equação de diferenças obtida é uma equação incompleta, de terceira ordem e a sua solução consiste em três sucessões independentes para os coeficientes de ordem múltiplo de 3, múltiplo de 3 mais 1, e múltiplo de 3 mais 2.

Como a2=0, os coeficientes de ordem múltiplo de 3 mais 2 são todos nulos. Para obter as outras duas sequências podemos usar o método estudado no capítulo anterior: para n=3m, definindo um=a3m obtemos:

9(m+1)(m+2/3)um+1um=0

em termos de fatoriais e funções gama temos:

(m+1)(m+2/3)=(m+1)!Γ(m+5/3)m!Γ(m+2/3)

Usando a substituição:

xm=m!Γ(m+2/3)um

a Equação transforma-se numa equação de coeficientes constantes:

9xm+1xm=0

A solução pode agora ser obtida facilmente:

xm=x0(9)ma3m=um=(1)mΓ(2/3)m!Γ(m+2/3)9ma0

Para calcular a sequência correspondente a n=3m+1, procedemos em forma semelhante. Em função de vm=a3m+1, a fórmula de recorrência (Equação) é uma equação de primeira ordem:

9(m+1)(m+4/3)vm+1vm=0

e com a substituição

zm=m!Γ(m+4/3)vm

a equação transforma-se numa equação de coeficientes constantes:

9zm+1zm=0

com solução:

zm=z0(9)ma3m+1=vm=(1)mΓ(4/3)a1m!Γ(m+4/3)9m

Finalmente, substituimos an na série de Maclaurin para obter a solução da equação diferencial:

y(x)=a0m=0(1)mΓ(2/3)m!Γ(m+2/3)9mx3m+a1xm=0(1)mΓ(4/3)m!Γ(m+4/3)9mx3m

onde a0 e a1 são duas constantes arbitrárias (condições iniciais para y e y em x=0). Em alguns casos as séries obtidas podem ser identificadas como a série de Maclaurin de alguma função conhecida.

Neste exemplo as séries não correspondem a nenhuma função conhecida, e constituem duas funções especiais designadas funções de Airy.

Raio de convergência

Se a distância for suficientemente aproximada a zero, a série converge (a0 é o valor da série quando x=x0); quanto maior for a distância mais lenta será a convergência, até que a partir de uma certa distância a série diverge. O valor máximo da distância para o qual a série converge, é o chamado raio de convergência (R) e calcula-se a partir de:

limnan+1Rn+1anRn=1R=limnanan+1

Predefinição:Referências

Ligações externas

Predefinição:Portal3

  1. 1,0 1,1 1,2 1,3 1,4 Predefinição:Citar livro
  2. Buzzle.com, Accomplishments of Isaac Newton [em linha]
  3. 3,0 3,1 Lecture 20 Newton's Invention of calculus [em linha]