Teorema do gradiente

Fonte: testwiki
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Predefinição:Cálculo

O teorema do gradiente, também conhecido como teorema fundamental do cálculo, para integrais de linha, diz que a integral de linha através do campo gradiente pode ser estimada calculando-se o campo escalar original nos pontos finais da curva.

Dado Predefinição:Math e Predefinição:Mvar é qualquer curva de Predefinição:Math para Predefinição:Math. Então,

φ(𝐪)φ(𝐩)=γ[𝐩,𝐪]φ(𝐫)d𝐫.

Isso é uma generalização do teorema fundamental do cálculo para qualquer curva no plano ou no espaço (geralmente n-dimensões).

Implica ao teorema do gradiente que as integrais de linha através dos campos de gradiente são independentes do caminho. Na física, esse teorema é uma das maneiras de definir a força conservativa. Ao colocar Predefinição:Mvar como um potencial, Predefinição:Math é um campo conservativo. O trabalho realizado pelas forças conservativas não dependem do caminho seguido pelo objeto, depende somente dos pontos finais, como mostra a equação acima.

O teorema do gradiente também possui uma afirmação interessante: qualquer campo vetorial independente do caminho pode ser expresso como o gradiente de um campo escalar. Assim como o próprio teorema do gradiente, essa consideração tem muitas consequências e aplicações marcantes na matemática pura e na matemática aplicada.

Prova

Se Predefinição:Mvar é uma função diferenciável de algum subconjunto aberto Predefinição:Mvar (de Predefinição:Math) para Predefinição:Math, e se Predefinição:Math é uma função diferenciável em algum intervalo fechado Predefinição:Math para Predefinição:Mvar, então, pela regra da cadeia, a função composta Predefinição:Math é diferenciável em Predefinição:Math e

ddt(φ𝐫)(t)=φ(𝐫(t))𝐫(t)

para todo Predefinição:Mvar em Predefinição:Math. Aqui o Predefinição:Math é usual para denotar o produto interno.

Agora, supõem-se que o domínio Predefinição:Mvar de Predefinição:Mvar contenha a curva diferencial Predefinição:Mvar com pontos finais Predefinição:Math e Predefinição:Math, respectivamente (orientados na direção de Predefinição:Math para Predefinição:Math). Se Predefinição:Math parametriza Predefinição:Mvar para Predefinição:Mvar em Predefinição:Math, então a equação acima mostra que [1]

γφ(𝐮)d𝐮=abφ(𝐫(t))𝐫(t)dt=abddtφ(𝐫(t))dt=φ(𝐫(b))φ(𝐫(a))=φ(𝐪)φ(𝐩),

onde a definição de integral de linha é usada na primeira igualdade e o teorema fundamental do cálculo na terceira igualdade.

Exemplos

Exemplo 1

Suponha Predefinição:Math é o arco circular orientado no sentido anti-horário conforme: Predefinição:Math para Predefinição:Math. Usando a definição da integral de linha,

γydx+xdy=0πtan1(34)((5 sen t)(5 sen t)+(5cost)(5cost))dt=0πtan1(34)25( sen 2t+cos2t)dt=0πtan1(34)25cos(2t)dt=252 sen (2t)|0πtan1(34)=252 sen(2π2tan1(34))=252 sen(2tan1(34))=25(34)(34)2+1=12.

Observa-se todos os cálculos meticulosos envolvidos no cálculo direto da integral. Em vez de executar esse procedimento, considerando que a função Predefinição:Math é diferenciável em todo o Predefinição:Math, pode-se simplificar, usando o teorema do gradiente para dizer que,

γydx+xdy=γ(xy)(dx,dy)=xy|(5,0)(4,3)=4350=12.

Nota-se que para qualquer método adotado o resultado será o mesmo. Porém, utilizando o último procedimento, todo o trabalho já é realizado na prova do teorema do gradiente.

Exemplo 2

Num exemplo mais abstrato, suponha Predefinição:Math tendo Predefinição:Math, Predefinição:Math como pontos finais, com orientação de Predefinição:Math para Predefinição:Math. Para Predefinição:Math no Predefinição:Math, |Predefinição:Math| denota a norma Euclidiana de Predefinição:Math. Se Predefinição:Math é um número real, então

γ|𝐱|α1𝐱d𝐱=1α+1γ(α+1)|𝐱|(α+1)2𝐱d𝐱=1α+1γ|𝐱|α+1d𝐱=|𝐪|α+1|𝐩|α+1α+1

Aqui a igualdade final segue o teorema do gradiente, já que a função f(x) = |x|^α+1 é diferenciável em Predefinição:Math se Predefinição:Math.

Se Predefinição:Math então essa equivalência de manterá na maioria dos casos, devendo-se tomar cuidado se γ transpôr ou cercar a origem, porque o campo vetorial da integral (|x|^α-1)*x não está definido ali. No entanto, o caso Predefinição:Math é um pouco diferente; pois o integrando se torna (|x|^-2)*x = ∇(log|x|), para que a igualdade final se torne log |q| - log |p|.

Exemplo 3

Supomos que existam Predefinição:Mvar cargas pontuais dispostas num espaço tridimensional e a Predefinição:MvarPredefinição:Mvar carga pontual tem carga Predefinição:Math e está localizada na posição Predefinição:Math no Predefinição:Math. Quer-se calcular o trabalho realizado na partícula de carga Predefinição:Mvar enquanto ela viaja de um ponto Predefinição:Math para outro ponto Predefinição:Math no Predefinição:Math. Usando a Lei de Coulomb, pode-se facilmente determinar que a força na partícula na posição Predefinição:Math será

𝐅(𝐫)=kqi=1nQi(𝐫𝐩i)|𝐫𝐩i|3

Aqui |Predefinição:Math| denota a norma Euclidiana do vetor Predefinição:Math no Predefinição:Math, e Predefinição:Math, onde Predefinição:Math é a permissividade do vácuo.

Tomando Predefinição:Math por uma curva arbitrável diferenciável de Predefinição:Math para Predefinição:Math, então o trabalho feito na partícula é:

W=γ𝐅(𝐫)d𝐫=γ(kqi=1nQi(𝐫𝐩i)|𝐫𝐩i|3)d𝐫=kqi=1n(Qiγ𝐫𝐩i|𝐫𝐩i|3d𝐫)

Agora, para cada Predefinição:Mvar, o cálculo direto mostra que

𝐫𝐩i|𝐫𝐩i|3=1|𝐫𝐩i|.

Assim, continuando os passos acima e usando o teorema do gradiente,

W=kqi=1n(Qiγ1|𝐫𝐩i|d𝐫)=kqi=1nQi(1|𝐚𝐩i|1|𝐛𝐩i|)

chega-se a essa conclusão final. Poderíamos ter completado facilmente esse cálculo usando o potencial eletrostático ou a energia potencial eletrostática (com as recorrentes fórmulas Predefinição:Math). No entanto, ainda não se definiu o potencial de energia, porque a afirmação do teorema do gradiente é necessária para provar que essas funções são bem definidas e diferenciáveis ​​e que essas fórmulas são válidas. Portanto, resolvemos este problema utilizando apenas a Lei de Coulomb, a definição de trabalho e o teorema do gradiente.

Afirmação do Teorema do Gradiente

O teorema do gradiente afirma que se campo vetorial Predefinição:Math é o gradiente de alguma função com valor escalar (i.e., e se Predefinição:Math for conservativo), então Predefinição:Math é um campo vetorial independente do caminho (i.e., a integral de Predefinição:Math ao longo de uma curva diferenciada por partes é dependente apenas dos pontos finais).

Este teorema tem uma forte afirmação:

Se Predefinição:Math é um campo vetorial independente de caminho, então Predefinição:Math é o gradiente de alguma função com valor escalar.[2]

É simples mostrar que um campo vetorial é independente do caminho se, e somente se, a integral do campo vetorial sobre cada laço fechado em seu domínio for zero. Portanto, a afirmação pode, como uma alternativa, ser declarada da seguinte forma: Se a integral de Predefinição:Math sobre cada circuito fechado no domínio da Predefinição:Math for zero, então Predefinição:Mathé o gradiente de alguma função com valor escalar.

Exemplo do princípio da afirmação

Predefinição:Main Para ilustrar a importância desse princípio, citamos um exemplo que possui em si consequências físicas significativas. No eletromagnetismo clássico, a força elétrica é uma força independente do caminho; i.e. o trabalho realizado por uma partícula que retornou à sua posição original dentro de um campo elétrico, é zero (assumindo que nenhum campo magnético variável está presente).

Portanto, o teorema acima implica que o campo de força elétrica Predefinição:Math é conservativo (onde Predefinição:Mvar é um subconjunto aberto de caminho, conectado com Predefinição:Math , que contém uma distribuição de carga). Seguindo as considerações acima, pode-se definir algum ponto de referência Predefinição:Math no Predefinição:Mvar e definir a função Predefinição:Math por:

Ue(𝐫):=γ[𝐚,𝐫]𝐅e(𝐮)d𝐮

Usando a sentença acima como prova, sabe-se que Predefinição:Math está bem definida e é diferenciável e Predefinição:Math (a partir dessa fórmula pode-se fazer uso do teorema do gradiente para, facilmente, derivar a fórmula, já conhecida, para o cálculo do trabalho realizado por forças conservativas: Predefinição:Math). Muitas vezes a função Predefinição:Math é referenciada como a energia potencial eletrostática do sistema de cargas em Predefinição:Mvar (com referência ao potencial zero Predefinição:Math). Em muitos casos, presume-se que o domínio Predefinição:Mvar é ilimitado e o ponto de referência Predefinição:Math é tomado como "infinito", o que pode ser feito com rigor, usando técnicas limitantes. A função Predefinição:Math é indispensável para a análise de muitos sistemas físicos.

Generalizações

Predefinição:Main

Muitos dos teoremas de cálculo vetorial generalizam declarações sobre a integração de formas diferenciais. Na linguagem das formas diferenciais e derivadas externas, o teorema do gradiente afirma que

γϕ=γdϕ

para qualquer forma diferencial, Predefinição:Mvar, definido em alguma curva diferenciável Predefinição:Math (aqui a integral de Predefinição:Math além do limite de Predefinição:Mvar entende-se como sendo a estimativa de Predefinição:Math nos pontos finais de γ).

Observa-se a semelhança entre a afirmação antes feita e a versão generalizada do Teorema de Stokes, no qual diz que a integral de qualquer forma diferenciável Predefinição:Mvar sobre o limite de várias orientações Predefinição:Math é igual à integral da sua derivada exterior Predefinição:Math sobre todo Predefinição:Math, i.e.,

Ωω=Ωdω

Essa declaração é uma generalização do teorema do gradiente de formas 1, definidas em variedades unidimensionais para formas diferenciais determinadas para várias dimensões arbitrárias.

As considerações a respeito da inversa do teorema de gradiente possui uma grande generalização em termos de formas diferenciais variadas. Em particular, supõem-se que Predefinição:Mvar é uma forma definida em um domínio contraível e a integral de Predefinição:Mvar sobre qualquer domínio fechado é zero. Então, existe uma fórmula Predefinição:Mvar tal que Predefinição:Math. Assim, num domínio contratual toda forma fechada é igual a zero. Esse resultado é definido pelo teorema de Poincaré Lemma.

Ver também

Predefinição:Referências Predefinição:Portal3

  1. Williamson, Richard and Trotter, Hale. (2004). Multivariable Mathematics, Fourth Edition, p. 374. Pearson Education, Inc.
  2. "Williamson, Richard and Trotter, Hale. (2004). Multivariable Mathematics, Fourth Edition, p. 410. Pearson Education, Inc."