Teorema do gradiente
O teorema do gradiente, também conhecido como teorema fundamental do cálculo, para integrais de linha, diz que a integral de linha através do campo gradiente pode ser estimada calculando-se o campo escalar original nos pontos finais da curva.
Dado Predefinição:Math e Predefinição:Mvar é qualquer curva de Predefinição:Math para Predefinição:Math. Então,
Isso é uma generalização do teorema fundamental do cálculo para qualquer curva no plano ou no espaço (geralmente n-dimensões).
Implica ao teorema do gradiente que as integrais de linha através dos campos de gradiente são independentes do caminho. Na física, esse teorema é uma das maneiras de definir a força conservativa. Ao colocar Predefinição:Mvar como um potencial, Predefinição:Math é um campo conservativo. O trabalho realizado pelas forças conservativas não dependem do caminho seguido pelo objeto, depende somente dos pontos finais, como mostra a equação acima.
O teorema do gradiente também possui uma afirmação interessante: qualquer campo vetorial independente do caminho pode ser expresso como o gradiente de um campo escalar. Assim como o próprio teorema do gradiente, essa consideração tem muitas consequências e aplicações marcantes na matemática pura e na matemática aplicada.
Prova
Se Predefinição:Mvar é uma função diferenciável de algum subconjunto aberto Predefinição:Mvar (de Predefinição:Math) para Predefinição:Math, e se Predefinição:Math é uma função diferenciável em algum intervalo fechado Predefinição:Math para Predefinição:Mvar, então, pela regra da cadeia, a função composta Predefinição:Math é diferenciável em Predefinição:Math e
para todo Predefinição:Mvar em Predefinição:Math. Aqui o Predefinição:Math é usual para denotar o produto interno.
Agora, supõem-se que o domínio Predefinição:Mvar de Predefinição:Mvar contenha a curva diferencial Predefinição:Mvar com pontos finais Predefinição:Math e Predefinição:Math, respectivamente (orientados na direção de Predefinição:Math para Predefinição:Math). Se Predefinição:Math parametriza Predefinição:Mvar para Predefinição:Mvar em Predefinição:Math, então a equação acima mostra que [1]
onde a definição de integral de linha é usada na primeira igualdade e o teorema fundamental do cálculo na terceira igualdade.
Exemplos
Exemplo 1
Suponha Predefinição:Math é o arco circular orientado no sentido anti-horário conforme: Predefinição:Math para Predefinição:Math. Usando a definição da integral de linha,
Observa-se todos os cálculos meticulosos envolvidos no cálculo direto da integral. Em vez de executar esse procedimento, considerando que a função Predefinição:Math é diferenciável em todo o Predefinição:Math, pode-se simplificar, usando o teorema do gradiente para dizer que,
Nota-se que para qualquer método adotado o resultado será o mesmo. Porém, utilizando o último procedimento, todo o trabalho já é realizado na prova do teorema do gradiente.
Exemplo 2
Num exemplo mais abstrato, suponha Predefinição:Math tendo Predefinição:Math, Predefinição:Math como pontos finais, com orientação de Predefinição:Math para Predefinição:Math. Para Predefinição:Math no Predefinição:Math, |Predefinição:Math| denota a norma Euclidiana de Predefinição:Math. Se Predefinição:Math é um número real, então
Aqui a igualdade final segue o teorema do gradiente, já que a função f(x) = |x|^α+1 é diferenciável em Predefinição:Math se Predefinição:Math.
Se Predefinição:Math então essa equivalência de manterá na maioria dos casos, devendo-se tomar cuidado se γ transpôr ou cercar a origem, porque o campo vetorial da integral (|x|^α-1)*x não está definido ali. No entanto, o caso Predefinição:Math é um pouco diferente; pois o integrando se torna (|x|^-2)*x = ∇(log|x|), para que a igualdade final se torne log |q| - log |p|.
Exemplo 3
Supomos que existam Predefinição:Mvar cargas pontuais dispostas num espaço tridimensional e a Predefinição:MvarPredefinição:Mvar carga pontual tem carga Predefinição:Math e está localizada na posição Predefinição:Math no Predefinição:Math. Quer-se calcular o trabalho realizado na partícula de carga Predefinição:Mvar enquanto ela viaja de um ponto Predefinição:Math para outro ponto Predefinição:Math no Predefinição:Math. Usando a Lei de Coulomb, pode-se facilmente determinar que a força na partícula na posição Predefinição:Math será
Aqui |Predefinição:Math| denota a norma Euclidiana do vetor Predefinição:Math no Predefinição:Math, e Predefinição:Math, onde Predefinição:Math é a permissividade do vácuo.
Tomando Predefinição:Math por uma curva arbitrável diferenciável de Predefinição:Math para Predefinição:Math, então o trabalho feito na partícula é:
Agora, para cada Predefinição:Mvar, o cálculo direto mostra que
Assim, continuando os passos acima e usando o teorema do gradiente,
chega-se a essa conclusão final. Poderíamos ter completado facilmente esse cálculo usando o potencial eletrostático ou a energia potencial eletrostática (com as recorrentes fórmulas Predefinição:Math). No entanto, ainda não se definiu o potencial de energia, porque a afirmação do teorema do gradiente é necessária para provar que essas funções são bem definidas e diferenciáveis e que essas fórmulas são válidas. Portanto, resolvemos este problema utilizando apenas a Lei de Coulomb, a definição de trabalho e o teorema do gradiente.
Afirmação do Teorema do Gradiente
O teorema do gradiente afirma que se campo vetorial Predefinição:Math é o gradiente de alguma função com valor escalar (i.e., e se Predefinição:Math for conservativo), então Predefinição:Math é um campo vetorial independente do caminho (i.e., a integral de Predefinição:Math ao longo de uma curva diferenciada por partes é dependente apenas dos pontos finais).
Este teorema tem uma forte afirmação:
Se Predefinição:Math é um campo vetorial independente de caminho, então Predefinição:Math é o gradiente de alguma função com valor escalar.[2]
É simples mostrar que um campo vetorial é independente do caminho se, e somente se, a integral do campo vetorial sobre cada laço fechado em seu domínio for zero. Portanto, a afirmação pode, como uma alternativa, ser declarada da seguinte forma: Se a integral de Predefinição:Math sobre cada circuito fechado no domínio da Predefinição:Math for zero, então Predefinição:Mathé o gradiente de alguma função com valor escalar.
Exemplo do princípio da afirmação
Predefinição:Main Para ilustrar a importância desse princípio, citamos um exemplo que possui em si consequências físicas significativas. No eletromagnetismo clássico, a força elétrica é uma força independente do caminho; i.e. o trabalho realizado por uma partícula que retornou à sua posição original dentro de um campo elétrico, é zero (assumindo que nenhum campo magnético variável está presente).
Portanto, o teorema acima implica que o campo de força elétrica Predefinição:Math é conservativo (onde Predefinição:Mvar é um subconjunto aberto de caminho, conectado com Predefinição:Math , que contém uma distribuição de carga). Seguindo as considerações acima, pode-se definir algum ponto de referência Predefinição:Math no Predefinição:Mvar e definir a função Predefinição:Math por:
Usando a sentença acima como prova, sabe-se que Predefinição:Math está bem definida e é diferenciável e Predefinição:Math (a partir dessa fórmula pode-se fazer uso do teorema do gradiente para, facilmente, derivar a fórmula, já conhecida, para o cálculo do trabalho realizado por forças conservativas: Predefinição:Math). Muitas vezes a função Predefinição:Math é referenciada como a energia potencial eletrostática do sistema de cargas em Predefinição:Mvar (com referência ao potencial zero Predefinição:Math). Em muitos casos, presume-se que o domínio Predefinição:Mvar é ilimitado e o ponto de referência Predefinição:Math é tomado como "infinito", o que pode ser feito com rigor, usando técnicas limitantes. A função Predefinição:Math é indispensável para a análise de muitos sistemas físicos.
Generalizações
Muitos dos teoremas de cálculo vetorial generalizam declarações sobre a integração de formas diferenciais. Na linguagem das formas diferenciais e derivadas externas, o teorema do gradiente afirma que
para qualquer forma diferencial, Predefinição:Mvar, definido em alguma curva diferenciável Predefinição:Math (aqui a integral de Predefinição:Math além do limite de Predefinição:Mvar entende-se como sendo a estimativa de Predefinição:Math nos pontos finais de γ).
Observa-se a semelhança entre a afirmação antes feita e a versão generalizada do Teorema de Stokes, no qual diz que a integral de qualquer forma diferenciável Predefinição:Mvar sobre o limite de várias orientações Predefinição:Math é igual à integral da sua derivada exterior Predefinição:Math sobre todo Predefinição:Math, i.e.,
Essa declaração é uma generalização do teorema do gradiente de formas 1, definidas em variedades unidimensionais para formas diferenciais determinadas para várias dimensões arbitrárias.
As considerações a respeito da inversa do teorema de gradiente possui uma grande generalização em termos de formas diferenciais variadas. Em particular, supõem-se que Predefinição:Mvar é uma forma definida em um domínio contraível e a integral de Predefinição:Mvar sobre qualquer domínio fechado é zero. Então, existe uma fórmula Predefinição:Mvar tal que Predefinição:Math. Assim, num domínio contratual toda forma fechada é igual a zero. Esse resultado é definido pelo teorema de Poincaré Lemma.