Base (álgebra linear)

Fonte: testwiki
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Vector e covector

Na álgebra linear, uma base de um espaço vectorial é um conjunto de vetores linearmente independentes que geram esse espaço.[1]

Definição

Se E é um espaço vectorial sobre um corpo K, chama-se base de E a um conjunto de vectores de E linearmente independentes que gera E.

Exemplos

  • O espaço vectorial n tem por base o conjunto[2]
{(1,0,0,,0,0),(0,1,0,,0,0),,(0,0,0,,0,1)},

que se denomina a sua base canónica.

  • No plano 2, a recta de equação y=mx tem por base o conjunto {(1,m)}.
  • O espaço vectorial dos polinómios p(x) de coeficientes reais tem uma base infinita, o conjunto {1,x,x2,x3,}.
  • Cada corpo K pode ser considerado como um espaço vectorial sobre ele mesmo. Neste caso, qualquer elemento não-nulo a forma uma base {a}.
  • O espaço vectorial formado pelo vetor nulo {0} tem como base o conjunto vazio.[2]
  • Seja αL um elemento algébrico sobre o corpo K, sendo L uma extensão de K. Então existe um polinômio p(x) com coeficientes em K tal que p(x)=0. Podemos definir n, o grau de α em K, como o menor grau dos polinômios p(x) em que p(x)=0. Então K[α] é uma extensão algébrica de K e, portanto, podemos considerar K[α] como um espaço vetorial sobre K. Neste caso, a sua base é {1,α,,αn1}.

Cardinalidade e dimensão

Um espaço vectorial pode ter mais de uma base. De facto, um espaço vectorial só pode ter uma única base nos seguintes casos:

  • o espaço formado só por 0 sobre qualquer corpo (a base é o conjunto vazio);
  • o espaço 2 como espaço vectorial sobre o corpo 2 (a base é {1}).

Os seguintes resultados, porém, são válidos:

  • Se um espaço vectorial tem uma base B finita, então todas as outras bases também são finitas, e têm a mesma cardinalidade.[3]
  • De modo geral, supondo-se o axioma da escolha, duas bases de um espaço vectorial V tem a mesma cardinalidade (mesmo se a base for um conjunto infinito). Esta cardinalidade designa-se por dimensão de V.[4] Um espaço vectorial que possui uma de suas bases formada por 3 vectores, por exemplo, é um espaço vetorial de dimensão 3.

Existência

Usando-se uma forma equivalente do axioma da escolha, o Lema de Zorn, é fácil mostrar que todo espaço vectorial V tem uma base e, mais geralmente, provar que, para qualquer conjunto S linearmente independente de vectores de V, existe uma base B de V que contém S. Seja L o conjunto de todos as partes linearmente independentes de V que contêm S. O conjunto L está parcialmente ordenado pela inclusão de conjuntos. Seja F uma parte de L totalmente ordenada. Então F é majorado; basta ver que a união de todos os elementos de F é novamente linearmente independente e contém S (ou seja, pertence a L) e que contém todos os elementos de F. O lema de Zorn afirma então que L tem algum elemento maximal B. Então, como B ∈ L, B é linearmente independente e contém S. Se B não gerasse V, haveria algum vector v ∈ V que não seria combinação linear de elementos de B. Então B ∪ {v} seria também um conjunto linearmente independente que conteria S. Mas B ⊂ B ∪ {v} e B ≠ B ∪ {v}, o que está em contradição com B ser um elemento maximal de L. Logo, B gera V e, portanto, é uma base.

Subespaços vectoriais

Se o espaço vectorial V tem uma base B, e W é um subespaço vectorial de V, então W tem uma base B1 com as seguintes propriedades:

Outra propriedade importante é a seguinte:

  • Se W é um subespaço vectorial de V, e W tem uma base B1, então existe uma base B de V tal que B1 é um subconjunto de B.

Este resultado, no caso infinito, depende do axioma da escolha.

Interpretação

Uma boa forma de interpretar o conceito de Base é pensar nas cores primárias: se misturarmos amarelo, magenta e azul ciano nas proporções correctas podemos criar qualquer outra cor que desejemos. Além do mais, tal proporção é única para a cor desejada. Da mesma forma, uma Base permite-nos, de maneira única, combinar linearmente ("misturar") os seus vectores ("cores primárias") para obtermos o vector ("a cor") que pretendemos.

Referências

  1. Callioli 1990, p. 76–77
  2. 2,0 2,1 Callioli 1990, p. 77
  3. Callioli 1990, p. 101
  4. Callioli 1990, p. 78

Bibliografia

Ligação Externa

Predefinição:Álgebra linear