Curva elíptica

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Em matemática, as curvas elípticas se definem mediante equações cúbicas (de terceiro grau). Têm sido usadas para provar o último teorema de Fermat e se empregam também em criptografia (para mais detalhes pode-se ver o artigo sobre criptografia de curvas elípticas) e em fatoração de inteiros. Estas curvas não são elipses: pode ser visto também o verbete sobre integral elíptica para aprender algo sobre a origem do termo.

As curvas elípticas são "regulares", ou pode-se dizer "não-singulares", o que significa que não têm "cúspides" nem auto-intersecções, e se pode definir uma operação binária para o conjunto de seus pontos de uma maneira geométrica natural, o que faz deste conjunto um grupo abeliano.

As curvas elípticas sobre o corpo dos números reais vêm a ser dadas pelas equações y2=x3x e por y2=x3x+1.

As curvas elípticas podem definir-se sobre qualquer corpo K; a definição formal de uma curva elíptica é a de uma curva algébrica projetiva não singular sobre K de gênero 1. Se a característica de K não é nem 2 nem 3, então toda curva elíptica sobre K pode escrever-se na forma: y2=x3pxq, onde p e q são elementos de K tais que o polinômio do membro direito x3pxq não tenha nenhuma raiz dupla. Se a característica é 2 ou 3 farão falta mais termos.

Sendo assim, vale salientar que há uma forma geral para expressar a equação de uma curva elíptica, a qual é válida para qualquer corpo. Essa forma é conhecida como Equação de Weierstrass e é dada por:

y2+a1xy+a3y=x3+a2x2+a4x+a6

Definição

Normalmente se define a curva como o conjunto de todos os pontos (x,y) que satisfazem a equação acima e tais que x e y sejam elementos do fecho algébrico de K. Os pontos da curva cujas coordenadas pertençam ambas a K se chamam pontos K-racionais.

Se adicionarmos um ponto "ao infinito", obteremos a versão projetiva de tal curva. Se temos dois pontos da curva, P e Q então podemos descrever de forma unívoca um terceiro ponto que seja a intersecção da curva com a linha que atravessa aos dois pontos P e Q. Se a linha é tangente à curva em um ponto, então esse ponto contará duas vezes; e se a linha é paralela ao eixo y, definimos o terceiro ponto como o "no" infinito. Então justo uma de tais condições será a que cumpra qualquer par de pontos de uma curva elíptica.

subgrupo deste grupo.

Se a curva se denota por E, este subgrupo se denota normalmente como E(K).

O grupo acima se pode descrever geométrica e algebricamente. Dada a curva y2=x3pxq sobre o corpo K (cuja característica assumimos que não é nem 2 nem 3), e os pontos P=(xP,yP) e Q=(xQ,yQ) na curva, assumimos primeiro que xPxQ. Seja s=yPyQxPxQ, já que K é um corpo, s está bem definido. Então podemos definir R=P+Q=(xR,yR) mediante

xR=s2xPxQ
yR=yP+s(xPxR)

Se xP=xQ, então há duas opções: se yPyQ, então a soma se define como 0; assim que o inverso de cada ponto da curva se encontra refletindo-o no eixo x. Se yP=yQ0, então R=P+P=2P=(xR,yR) será dado por

s=(3xP2p)/(2yP)
xR=s22xP
yR=yP+s(xPxR)

Se yP=yQ=0, então P+P=0;

Implicações do teorema de Mordell-Weil

O teorema de Mordell-Weil estabelece que se o corpo subjacente K é o dos racionais (ou de maneira mais geral um corpo numérico), então o grupo de pontos K-racionais será finitamente gerado. Ainda que se possa determinar facilmente o subgrupo de torsão de E(K), não se conhece um algoritmo geral para computar sua ordem. Uma fórmula para um dado conjunto imagem vem a ser dada pela conjetura de Birch e Swinnerton-Dyer.

Implicações para o último teorema de Fermat

A demonstração recente do último teorema de Fermat se leva a cabo provando um caso especial da profunda conjectura de Taniyama-Shimura que relaciona as curvas elípticas sobre os racionais com as formas modulares; esta conjectura foi também completamente demonstrada.

Se o corpo subjacente K é o dos complexos, toda curva elíptica poderá ser parametrizada por certa função elíptica e sua derivada. Especificamente, a cada curva elíptica E se associa um reticulado L e uma função elíptica de Weierstrass correspondente , tal que a aplicação

φ:𝐂/LE

com

φ(z)=𝐂((z),(z))

seja um isomorfismo de grupos e um isomorfismo de superfícies de Riemann.

O que prova em particular que topologicamente, E assemelha-se a um toro (já que 𝐂/L é um toro). Se o reticulado L está relacionado com outro reticulado cL mediante a multiplicação por um número complexo distinto de zero c, então as curvas correspondentes são isomorfas. As classes de isomorfismo das curvas elípticas se especificam mediante o j-invariante.

Enquanto que o número de pontos racionais de uma curva elíptica E sobre um corpo finito Fp é difícil de computar em geral, um teorema de Hasse sobre curvas elípticas diz que

|E(𝔽)p1|<2p

Este fato pode entender-se e demostrar-se com algo da teoria geral; ver função zeta local, cohomologia étale.

Para desenvolvimentos posteriores ver aritmética de variedades abelianas.

Teorema de Bezout

Sejam C1 e C2 curvas projetivas planas de graus m e n definidas sobre um corpo algebricamente fechado. Se C1 e C2 não possuem componentes comuns, então o número de intersecções C1C2, contadas com a multiplicidade, é o produto de seus graus, isto é, δ(C1)δ(C2).

Demonstração: ver [1].

Curvas Elípticas e Teoria dos Grupos

É possível traçar uma relação entre curvas elípticas e a Teoria dos Grupos, conforme mencionado anteriormente. Nesta seção, será introduzida a ideia para demonstrar que uma curva elíptica C sobre um corpo é um Grupo abeliano. Para isso, vamos definir uma operação que nos auxiliará para realizar essa demonstração. Sejam P e Q pontos com coordenadas racionais na curva elíptica C, e tracemos uma reta que passa por P e Q. Além disso, seja P*Q o terceiro ponto ponto de interseção da reta traçada com a curva C, conforme a Figura 1 acima.

Figura 1

Agora, vamos definir o O, o qual facilmente é provado como elemento neutro. Assim, seja a reta que passa por P e Q e seja P*Q o terceiro ponto ponto de interseção com a curva. Seja O um ponto tal que a reta que passa por O e por P*Q intersecta a curva no ponto denotado por P+Q. Assim, teremos que P+Q=O*(P*Q). Veja na Figura 2 a seguir.

Figura 2

A partir dessa construção, podemos definir um grupo. Sejam C uma curva elíptica sobre um corpo denotada por C() e OC(). Então, C() é um grupo abeliano com a operação "+" definida, isto é, C() satisfaz as seguintes propriedades

  1. Elemento Neutro: P+O=O+P, para todo P com coordenadas racionais.
  2. Inverso: Para todo P com coordenadas racionais existe um ponto P com coordenadas racionais tal que P+(P)=(P)+P=O.
  3. Associatividade: Sejam P, Q e R pontos quaisquer com coordenadas racionais, então (P+Q)+R=P+(Q+R).
  4. Comutatividade: Sejam P e Q pontos quaisquer com coordenadas racionais, então P+Q=Q+P.

A demonstração desse resultado pode ser vista em [2].

Curvas elípticas e criptografia

As curvas elípticas sobre corpos finitos são usadas em algumas aplicações em criptografia assim como na fatoração de inteiros. Uns dos precursores dos estudos relacionando curvas elípticas e criptografia foram Victor Miller e Neal Koblitz. A ideia geral nessas aplicações é que se temos um algoritmo que usa certos grupos finitos podemos reescrevê-lo usando os grupos de pontos racionais de curvas elípticas. Vários são os problemas tópicos relacionados a esse tema, tais como

  • O problema do logaritmo discreto em curvas elípticas
  • A troca de chaves de Diffie-Hellman com curvas elípticas
  • A analogia de Massey-Omura
  • A escolha do ponto na curva e seleção "aleatória" de (E, B)
  • A redução Global de (E, B) mod p
  • Ordem do ponto B

Ver também

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Ligações externas

Predefinição:Esboço-matemática

Sugestões de Leitura

[1] ANDRIA, Sally. e GONDIM, Rodrigo. Criptografia com Curvas Elípticas, 2017 - VIII Bienal da Sociedade Brasileira de Matemática - Rio de Janeiro - RJ. [2] Carneiro, J. S., & Almeida, K. E. de. (2015). Uma Introdução às Curvas Elípticas com Aplicações para o Ensino Médio. Ciência E Natura, 37, 452–462. https://doi.org/10.5902/2179460X14815

[3] FLOSE, Vania Batista Schunck. Criptografia e Curvas Elípticas. 2011. 55 f. Dissertação (Mestrado), Universidade Estadual Paulista, São Paulo, 2011.

Referências

[1] VAINSENCHER, I. Introdução às Curvas Algébricas Planas, Coleção Matemática Universitária, IMPA, Rio de Janeiro, 1996.

[2] Carneiro, J. S., & Almeida, K. E. de. (2015). Uma Introdução às Curvas Elípticas com Aplicações para o Ensino Médio. Ciência E Natura, 37, 452–462. https://doi.org/10.5902/2179460X14815

[3] FLOSE, Vania Batista Schunck. Criptografia e Curvas Elípticas. 2011. 55 f. Dissertação (Mestrado), Universidade Estadual Paulista, São Paulo, 2011.