Métrica (matemática)

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Em Matemática, métrica é um conceito que generaliza a ideia geométrica de distância. Um conjunto em que há uma métrica definida recebe o nome de espaço métrico.

Definição

Dado um conjunto 𝕊, uma métrica em 𝕊 é uma função

d:𝕊×𝕊

que possui as seguintes propriedades:

  • É positivamente definida, ou seja, é tal que
d(x,y)0

para todos os x,y𝕊.

  • É simétrica, ou seja, é tal que
d(x,y)=d(y,x)

para todos os elementos x,y de 𝕊.

d(x,z)d(x,y)+d(y,z).
  • É nula apenas para pontos coincidentes. Ou seja,
d(x,y)=0x=y.

No âmbito da relatividade, ao espaço-tempo está associada uma pseudométrica, já que para dois pontos diferentes o quadrado da "distância" (aqui entendida como o comprimento da geodésica entre dois pontos distintos) pode ser zero para pontos distintos e mesmo negativa.

Exemplos

No conjunto dos números reais, a métrica usual é dada por:

  • d(x,y)=|xy|
Uma forma de medir distâncias

No conjunto n várias métricas podem ser definidas, por exemplo:

  • d(x,y)=i=1n|xiyi|pp
  • d(x,y)=max|xiyi|

No conjunto das funções contínuas no intervalo [a,b], C0[a,b]:

  • d(f,g)=supx[a,b]|f(x)g(x)|
  • d(f,g)=ab|f(x)g(x)|

Em um conjunto 𝕊 qualquer, a métrica discreta:

  • d(x,y)={0,x=y1,xy

Bolas

Predefinição:Artigo principal As bolas abertas de raio r e centro x em um espaço métrico 𝕊 são denotadas por:

B(x,r)={y𝕊:d(x,y)<r}.

Analogamente, as bolas fechadas de raio r e centro x em um espaço métrico 𝕊 são denotadas por:

B¯(x,r)={y𝕊:d(x,y)r}.

Métrica induzida por uma norma

Predefinição:Artigo principal Seja . uma norma em um espaço 𝕊, então pode-se definir uma métrica neste espaço por:

d(x,y)=xy

Os axiomas da métrica serão automaticamente satisfeitos.

Topologia induzida por uma métrica

Ficheiro:Burtyka eighteen polyhedron - truncated rhombic dodecahedron by Burtyka M.V.png
O Burtyka dezoito poliedro em matemática.

A todo espaço métrico está associado, de forma canônica, um espaço topológico. Este espaço pode ser definido de várias maneiras equivalentes.

Seja τd(𝕊) o conjunto

τd={A𝕊xA,r>0 tal que B(x,r)A}.

Em outras palavras, todo elemento A de taud é um subconjunto de S em que cada elemento xA é também elemento de uma bola aberta B que é subconjunto de A: xBAS.

Verifica-se facilmente que τd é uma topologia sobre 𝕊. Essa é a topologia induzida por d sobre 𝕊.

Note que o conjunto de todas as bolas abertas de 𝕊 forma uma base para a topologia τd.

Por exemplo, a métrica discreta induz a topologia discreta.

Limitação

Predefinição:Artigo principal Um conjunto é dito limitado se estiver contido em uma bola de raio finito.

Convergência

Predefinição:Artigo principal Uma seqüência {xn}n=1 é dita convergente para uma ponto x se:

limnd(xn,x)=0

Uma seqüência é dita de Cauchy se:

limn,md(xn,xm)=0

Completeza

Predefinição:Artigo principal Um espaço métrico é dito completo se toda seqüência de Cauchy é convergente.

Todo espaço métrico admite um completamento, veja espaço completo.

Métricas equivalentes

Dadas as métricas d1e d2no mesmo conjunto M, escreveremos, por simplicidade, M1=(M,d1), M2=(M,d2), B1(a;r)igual a bola de centro a e raio r segundo a métrica d1. Usaremos os índices 1 e 2 para distinguir objetos definidos com auxílio das métricas d1ou d2respectivamente.

Consideremos que d1é mais fina que d2, e escreveremos d1d2, quando a aplicação identidade i12:M1M2 for contínua. Como i12(x)=xpara todo xM, a definição de continuidade apresenta a seguinte condição necessária e suficiente para que d1seja mais fina que d2: para todo aMe todo ϵ>0, existe δ>0tal que B1(a;δ)B2(a;ϵ). Ou seja, d1d2todabolaabertasegundod2contemumabolaabertademesmocentrosegundod1.

Exemplos:

  • Seja d1uma métrica discreta. Se o espaço métrico (M,d1)é discreto, então d1é mais fina do que qualquer outra métrica discreta d2em M. Por outro lado, se d2for mais fina do que a métrica discreta d1então, para todo aM, existe uma bola B2(a;δ)contida na bola {a}=B1(a;ϵ). Logo B2(a;δ)={a}e portanto d2também é discreta.
  • Se existir uma constante c>0tal que d2(x,y)c.d1(x,y)para quaisquer x,yM, então d1mais fina do que d2.

---Proposição: Sejam M1=(M,d1) e M2=(M,d2) espaços métricos sobre o mesmo conjunto M. As seguintes afirmações são equivalentes:

  1. d1d2, quando a aplicação identidade i12:M1M2 for contínua;
  2. Para todo espaço métrico N, f:M2Ncontínua f:M1Ncontínua, ou seja, toda aplicação contínua segundo d2é contínua segundo d1;
  3. Se f:M2é contínua então f:M1é contínua;
  4. Para todo aM, a função d2a:M1, definida por d2a(x)=d2(a,x)é contínua no ponto aM;
  5. Toda bola aberta segundo d2contém uma bola aberta de mesmo centro segundo d1;
  6. A função d2:M1x M1 é contínua.

---Proposição: A aplicação injetiva f:(M,dM)(N,dN)é contínua se, e somente se, a métrica dMé mais fina do que a métrica d1, induzida em M por f.

Exemplos:

  • Como f:(0,2π)S1, dada por f(t)=(cos(t),sen(t)), é uma bijeção contínua, segue- se que a métrica d(x,y)=|xy|em [0,2π)é mais fina do que a métrica d1(x,y)=(cosxcosy)2+(senxseny)2, induzida por f.

---Definição: Duas métricas d1e d2num espaço Mchamam- se equivalentesquando cada uma delas é mais fina do que a outra, isto é, quando a aplicação identidade i12:(M,d1)(M,d2)é homeomorfismo. Denotamos por d1d2. A relação d1d2é reflexiva, simétrica e transitiva.

Exemplo: Duas métricas discretas no mesmo espaço são sempre equivalentes. Se d1d2e d1é discreta, então d2é discreta.

---Definição: A fim de que se tenha d1d2 em M, é necessário e suficiente que qualquer bola aberta em relação a uma dessas métricas contenha uma bola aberta de mesmo centro em relação à outra.

Exemplos:

  • As métricas d,dedno plano 𝟚são equivalentes, pois todo disco contém um quadrado com diagonais paralelas aos eixos, o qual contém um quadrado de lados paralelos aos eixos e este, por sua vez, contém um disco, todas essas figuras com o mesmo centro.
  • Se existirem constantes α>0eβ>0tais que α.d1(x,y)d2(x,y)β.d1(x,y)para quaisquer x,yM, então as métricas d1e d2são equivalentes pois a aplicação identidade i12:(M,d1)(M,d2)e sua inversa i21:(M,d2)(M,d1)são, neste caso, ambas lipschitzianas. Assim, por exemplo, no produto cartesiano M=M1x ... x Mn, as métricas d,dedsão equivalentes, pois cumprem dddn.d. Em particular, no espaço 𝕟, as métricas d(x,y)=(xiyi)2, d(x,y)=|xiyi|e d(x,y)=max|xiyi|são equivalentes.
  • Seja duma métrica em M. Pondo d1(x,y)=d(x,y)/[1+d(x,y)]e d2(x,y)=min{1,d(x,y)}obtêm- se métricas em M. Afirmamos que d1e d2são ambas equivalentes a d.Em particular, vemos que toda métrica é equivalente a alguma métrica limitada, pois d1(x,y)1e d2(x,y)1.

---Proposição: A bijeção f:(M,dM)(N,dN)é um homeomorfismo se, e somente se, a métrica dMé equivalente à métrica d1, induzida em Mpor f.

---Corolário: A aplicação f:(M,d1)(M,d2)é contínua se, e somente se , a métrica df:M x M, definida por df(x,y)=d(x,y)+d1(f(x),f(y))é equivalente a d. Em particular, se f:(M,d)é contínua, então a métrica df(x,y)=d(x,y)+|f(x)f(y)|é equivalente a d.

---Proposição: Sejam M1=(M,d1) e M2=(M,d2). As seguintes afirmações são equivalentes:

  1. d1d2.
  2. Uma aplicação f:MNé contínua segundo d1se, e somente se , é contínua segundo d2.
  3. Uma função real f:MNé contínua segundo d1se, e somente se , é contínua segundo d2.
  4. Para todo aM, as funções d1a:M2ed2a:M1, dadas por d1a(x)=d1(a,x)ed2a(x)=d2(a,x), são contínuas no ponto a.
  5. Toda bola aberta segundo uma dessas métricas contém uma bola aberta de mesmo centro segundo a outra.
  6. As funções d1:M2x M2e d2:M1x M1são contínuas.

Em tese:

  • Duas métricas, d1 e d2, sobre o mesmo espaço métrico são ditas equivalentes se induzirem a mesma topologia.
  • Duas métricas, d1 e d2, sobre o mesmo espaço métrico são ditas uniformemente equivalentes se existirem duas constantes positivas, C1 e C2 tais que:
C1d1(x,y)d2(x,y)C2d1(x,y)

Obs.: Métricas uniformemente equivalentes são equivalentes.



Referência

  • Lima, Elon Lages (2017). Espaços métricos. Col: Coleção Projeto Euclides 5ª ed., 3ª impressão. [S.l.]: IMPA. 336 páginas

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