Teste de Dirichlet

Fonte: testwiki
Saltar para a navegação Saltar para a pesquisa

Predefinição:Mais fontes Predefinição:Cálculo Em matemática, o teste de Dirichlet (referente a Johann Peter Gustav Lejeune Dirichlet) demonstra a convergência de séries numéricas[1] que podem ser escritas na forma:

n=1anbn

onde as duas propriedades são verificadas:

  • |n=1Nan|<M para todo N>0
  • b1b2b2bn0

O teste de Dirichlet é uma generalização do teste de Abel, que exige que a série n=1an seja convergente.

Exemplo

Sendo θ a medida em radianos de um ângulo tal que cos(θ)1, considere a série:

n=1sin(nθ)n

Defina an=sin(nθ) e bn=1n É claro que bn é decrescente e converge para zero. E como pode-se mostrar que:

n=1Nsin(nθ)=sin(Nθ)+sin((N1)θ)sin(Nθ)+sinθ22cosθ

a segunda hipótese é satisfeita e a série converge.

Note-se que nem a série n=1an nem a série n=1bn convergem; esta série não passa no Teste de Abel.

Versão para convergência de integrais

Sejam f e g funções satisfazendo:

  • f(x)C[a,+] é tal que a sua antiderivada F no intervalo [a,+] é limitada, ou seja, M>0:|F(x)|Mx>a.
  • g(x)C1[a,+],g(x)>0,g(x)0x>a.
  • limx+g(x)=0.

Nestas condições:

  • a+f(x)g(x)dx converge.

Observe que este resultado mostra apenas a convergência no sentido de integral imprópria:

a+f(x)g(x)dx=limya+yf(x)g(x)dx

Não há qualquer garatia que a integral convirja absolutamente, como é o caso de:

0+sin(x)xdx=π2

mas

0+|sin(x)|xdx=

Demonstração

Defina:

  • RN=n=1Nan,N>0
  • SN=n=1Nanbn,N>0
  • R0=S0=0

Escreva para k>0:

SN+kSN=n=N+1N+kanbn=n=N+1N+k(RnRn1)bn=n=N+1N+kRnbnn=N+1N+kRn1bn

Trocando índices temos:

SN+kSN=n=N+1N+kRnbnn=NN+k1Rnbn+1=n=N+1N+kRn(bnbn+1)RNbN+1+RN+kbN+k+1

Tomamos módulo e aplicamos a desigualdade triangular, observando que |bnbn+1|=bnbn+1 pela monotocidade.

|SN+kSN|n=N+1N+k|Rn|(bnbn+1)+|RN|bN+1+|RN+k|bN+k+1

Da primeira hipótese, |Rn|M, e assim:

|SN+kSN|Mn=N+1N+k(bnbn+1)+M(bN+1+bN+k+1)

A soma telescópica pode ser simplificada:

|SN+kSN|M(bN+1bN+k+1)+M(bN+1+bN+k+1)3MbN+1

Como bn0, escolha N>0 tal que:

0bnε3M,n>N

Conclui-se que:

|SN+kSN|ε

E portanto Sn é uma sucessão de Cauchy e portanto convergente, o que completa a demonstração.

Demonstração da versão para integrais

Para demonstrar o teorema de convergência de séries usa-se uma identidade conhecida como Soma por Partes.

n=1f(n).Δg(n)=f(n).g(n)|1n+1n=1g(n+1).Δf(n)

Esta identidade é análoga à integração por partes, Definindo algumas notações:

Δf(n)=f(n1)f(n)

g(n)|1n+1=g(n+1)g(n)

Tem-se

n=1f(n).Δg(n)=f(n).g(n)|1n+1n=1g(n+1).Δf(n)

g(n)=Sn1 e f(n)=bn

n=1b(n).ΔS(n1)=n=1bnan onde ΔSn1=a(n)

Então

n=1f(n).Δg(n)=b(n).Sn1|1n+1n=1SnΔb(n)

n=1f(n).Δg(n)=b(n+1).Snb1S0n=1SnΔb(n)

n=1f(n).Δg(n)=b(n+1).Snn=1SnΔb(n)

n=1f(n).Δg(n)=b(n+1).Sn+n=1Sn(Δb(n))

Assim o limnbn+1Sn=0 pois Sn é limitada e o limnbn=0

Tem-se ainda, por definição, que bn é decrescente, logo Δb(n)=b(n+1)bn0(Δb(n)0, o que torna a série

n=1Sn(Δb(n)) absolutamente convergente pois Sn é limitada, então Snc>0.

Então: n=1Sn.(bn), com (bn) não negativo.

=n=1Sn.(bn)n=1c(bn), pois Snc

=c.(bn+1bn) onde aplica-se a soma telescópica.

Por comparação:

n=1Sn.(bn)c.(bn+1bn),onde bn+1 tende à zero, e portanto a série é absolutamente convergente, implicando que a série n=1anbn é convergente.

Referências

Predefinição:Portal3 Predefinição:Controle de autoridade