Transformação linear

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A reflexão em torno do eixo Oy é um exemplo de transformação linear.

Em álgebra linear, uma transformação linear é um tipo particular de função entre dois espaços vetoriais que preserva as operações de adição vetorial e multiplicação por escalar. Uma transformação linear também pode ser chamada de aplicação linear ou mapa linear. No caso em que o domínio e o contradomínio coincidem, é usada a expressão operador linear. Na linguagem da álgebra abstrata, uma transformação linear é um homomorfismo de espaços vetoriais.

Definição e consequências imediatas

Sejam V e W espaços vetoriais sobre o mesmo corpo K.

Diz-se que uma função T:VW é uma transformação linear se, para quaisquer u,vV e αK,valem as relações:[1]

  • T(v+u)=T(v)+T(u);
  • T(αv)=αT(v).

Exemplos[2]

  • a função T de K em K definida por T(x)=3x;
  • a função T de K2 em K definida por T(x,y)=x+y;
  • a função T de K2 em K2 definida por T(x,y)=(3x+y,2x2y);
  • se D for o espaço das funções deriváveis de em , e se F for o espaço de todas as funções de em , então a derivação (isto é, a função de D em C que envia cada função na sua derivada) é linear.

Em contrapartida, se aK{0}, então a função T de K em K definida por T(x)=x+a não é uma transformação linear.

Se T for uma função de um espaço vetorial V num espaço vetorial W, então afirmar que T é linear equivale a afirmar que T preserva combinações lineares de pares de vetores, isto é, para quaisquer dois vetores v1,v2 ∈ V e dois escalares α1,α2 ∈ K:

T(α1v1+α2v2)=α1T(v1)+α2T(v2)

Para qualquer aplicação linear T de V em W, tem-se:

  • T(0)=0, pois T(0)=T(00)=T(0)T(0)=0.
  • se v ∈ V, então T(v)=T(v), pois T(v)+T(v)=T(vv)=T(0)=0.

Função linear

Uma função linear

Função linear é a função matemática que possui duas propriedades:

  • Aditividade:

f(x+x)=f(x)+f(x);

  • Homogeneidade:

f(ax)=af(x). Em suma:

f(ax+bx)=af(x)+bf(x)

As funções lineares são funções cujo gráfico é uma recta que atravessa a origem do plano cartesiano, isto é, em que b=0.

Definição

Chama-se função linear à função definida por uma equação da forma y=ax, em que a é um número real.

  • y é a variável dependente e x a variável independente;
  • a é o coeficiente angular.

Nota: geralmente os economistas chamam a qualquer reta da forma y=mx+b uma função linear. No entanto, o conceito puro matemático, requer que a ordenada na origem seja zero para que a função seja considerada linear. Quando b é diferente de zero, passa-se a chamar de função afim.

Predefinição:Artigo principal A definição mais geral de função linear é feita no contexto da álgebra linear, e depende do conceito de espaço vetorial.

Sejam (V,F,V,V,+,×) e (W,F,W,W,+,×) espaços vetoriais. Uma função f:VW é uma função linear se ela satisfaz os seguintes axiomas:

  • x,yV (f(xVy)=f(x)Wf(y))
  • aF vV (f(aVv)=aWf(v))

Note-se que, quando não existe possibilidade de confusão, escreve-se + e . para as somas de vetores e produto de escalar por vetor, e os axiomas ficam:

  • x,yV (f(x+y)=f(x)+f(y))
  • aF vV (f(a v)=a f(v))

Núcleo

O núcleo de uma transformação linear T de V em W, denotado por ker(T), é o conjunto {vV|T(v)=0}, em que 0 é o vetor nulo de W.

Exemplo: O núcleo da função T de K3 em K3 definida por T(x,y,z)=(2xz,2z+y,x+y+3z/2) é: ker(T)={(x,y,z)|x=z/2=y/4}

O conjunto ker(T) é um subespaço vetorial de V, pois se v1,v2 ∈ ker(T) e se α1,α2 ∈ K, então T(α1v1+α2v2)=α1T(v1)+α2T(v2)=0, ou seja, α1v1+α2v2 ∈ ker(T).

Se uma aplicação linear T de V em W for injectiva, então ker(T)={0}, pois T(0)=0 e, portanto, pela injectividade de T, o único vector v ∈ V tal que T(v)=0 é 0. Reciprocamente, se ker(T)={0}, então T é injectiva, pois, dados v,w ∈ V: T(v)=T(w)T(v)T(w)=0T(vw)=0vwker(T)vw=0v=w

Imagem

Sejam V e W espaços vetoriais sobre um corpo K. A imagem de uma transformação linear T de V em W é o conjunto: Im(T)={f(v)|vV}

Sejam w1,w2 dois elementos da imagem de T e sejam α1,α2K. Então, como w1,w2 estão na imagem de T, há vectores v1,v2V tais que w1=T(v1) e que w2=T(v2), pelo que: α1w1+α2w2=α1T(v1)+α2T(v2)=T(α1v1+α2v2)Im(T) Logo, Im(T) é um subespaço vetorial de W.

Dimensão da imagem e do núcleo

Sejam V e W espaços vetoriais sobre um corpo K, sendo V de dimensão finita, e seja T uma transformação linear de V em W. Então dim(V)=dim(ker(T))+dim(Im(T)). Vai ser visto como se pode demonstrar esse facto. Seja n=dim(ker(T)) e seja {v1,v2,,vn} uma base de ker(T). Como ker(T) é um subespaço de V, pode-se completar essa base até obtermos uma base de V. Sejam então w1,w2,  … ,wm ∈ V tais que {v1,v2,,vn,w1,w2,,wm} seja uma base de V; em particular, dim(V)=n+m. Vai-se provar que {T(w1),,T(wm)} é uma base de Im(T), de onde resultará que dim(Im(T))=m=(m+n)n=dim(V)dim(ker(T)). Se w ∈ Im(T), então w=T(v) para algum v ∈ V e v pode ser escrito sob a forma v=α1v1+αnvn+β1w1++βmwm, pelo que T(v)=β1T(w1)++βmT(wm), visto que v1,v2,,vn ∈ ker(T). Isto prova que {T(w1),,T(wm)} gera Im(T). Por outro lado, os vetores T(w1),T(w2),,T(wm) são linearmente independentes, pois se α1,α2,,αm ∈ K forem tais que α1T(w1)+α2T(w2)++αmT(wm)=0, então T(α1w1+α2w2++αmwm)=0α1w1+α2w2++αmwmker(T), de onde resulta que α1w1+α2w2++αmwm é uma combinação linear dos vetores v1,v2,,vn, o que é só é possível se α1=α2==αm=0, pois o conjunto {v1,v2,,vn,w1,w2,,wm} é uma base e, portanto, linearmente independente.

Este teorema também pode ser estendido para dimensões infinitas, mas, neste caso, sua demonstração e até o enunciado dependem do axioma da escolha.

Tipos especiais

Denomina-se isomorfismo uma transformação linear que seja bijetiva.

Denomina-se endomorfismo ou operador linear uma transformação linear de um espaço vetorial «nele mesmo», ou seja, uma transformação que tenha domínio igual ao contradomínio.

Se T for um endomorfismo de um espaço vetorial V de dimensão finita, então são condições[3] equivalentes:

  1. T é injetivo;
  2. T é sobrejetivo;
  3. T é bijetivo.

É claro que a terceira condição implica as outras duas. Se T for sobrejetivo, então dim(V)=dim(Im(T))=dim(V)dim(ker(T)), pelo que dim(ker(T))=0 e, portanto, ker(T)={0}, pelo que T é injetivo. Por outro lado, se T for injetivo, então 0=dim(ker(T))=dim(V)dim(Im(T)), pelo que dim(V)=dim(Im(T)) e, portanto, V=Im(T), ou seja, T é sobrejetivo.

Exemplos de matrizes de transformações lineares

Alguns casos especiais de transformações lineares[4] do espaço R2 são bastante elucidativas:

  • rotação de 90 graus no sentido anti-horário: 𝐀=[0110]
  • rotação por θ graus no sentido anti-horário: 𝐀=[cos(θ)sen(θ)sen(θ)cos(θ)]
  • reflexão em torno do eixo x: 𝐀=[1001]
  • reflexão em torno do eixo y: 𝐀=[1001]
  • projeção sobre o eixo y: 𝐀=[0001].

Espaço das transformações lineares

Sejam V e W espaços vetoriais sobre o corpo K. Seja L(V,W) definido como o conjunto de todas transformações lineares de V em W. Como funções, para quaisquer operadores T e U e qualquer escalar a, podemos definir T+U e aT por: (T+U)(v)=T(v)+U(v) (aT)(v)=aT(v)

É imediato provar que T+U e aT também são transformações lineares de V em W, e que L(V,W) com a soma de transformações e a multiplicação de um escalar por uma transformação forma um espaço vetorial sobre K.

Pelo fato de que, dadas bases de V e W, temos uma representação de cada transformação linear através de uma matriz de dimensão n × m, concluímos que a dimensão de L(V,W) é nm (no caso de dimensão infinita, algum cuidado deve ser tomado nesta demonstração).

Espaço dos operadores lineares

Um caso particular importante é o espaço L(V,V), das transformações lineares de um espaço vectorial nele mesmo (operadores lineares).

Como a composição de operadores lineares é um operador linear, este espaço tem uma estrutura de álgebra, em que a composição de funções faz o papel do produto de operadores.

Assim, dado um operador linear T, podem-se definir as potências T2,T3, ou, de modo geral, Tn,n+. Portanto, se p(x) é um polinômio com coeficientes no corpo de escalares, faz sentido definir p(T): p(x)=a0+a1x++anxnp(T)=a0IV+a1T++anTn, em que IV é o operador identidade em V.

Verificam-se facilmente as seguintes propriedades:

  • Se p(x) e q(x) são polinômios, então p(T)+q(T)=(p+q)(T) e p(T)q(T)=(pq)(T).

Se o espaço V tem dimensão finita n, então L(V,V) também tem dimensão finita n2. Portanto, o conjunto de n2+1 operadores {IV,T,,Tn2} é linearmente dependente. Logo, existem escalares a0,a1,an2, não todos nulos, tais que a0IV+a1T++an2Tn2=0. Ou seja, existe um polinômio não-nulo p(x) tal que p(T)=0.

Se existe um polinômio não-nulo f(x) tal que f(T)=0, então o conjunto não-vazio dos polinômio q(x) tais que q(T)=0 forma um ideal no anel de todos polinômios com coeficientes no corpo. Portanto, existe um único polinômio mônico p(x) tal que p(T)=0. Este polinômio é chamado de polinômio mínimo de T.

Espaço dual

Predefinição:Artigo principal Seja V um espaço vetorial sobre um corpo K. O espaço dual de V, representado por V*, é o espaço vetorial L(V,K) das transformações lineares de V em K.

Ver também

Predefinição:Referências

Predefinição:Álgebra linear Predefinição:Portal3