Função injectiva

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Na matemática, uma função injectiva (ou injetora) é uma função que preserva a distinção: nunca aponta elementos distintos de seu domínio para o mesmo elemento de seu contradomínio. Em outras palavras, cada elemento do contradomínio da função é a imagem de no máximo um elemento de seu domínio. Ou seja, Uma função diz-se injectiva (ou injetora) se e somente se quaisquer que sejam x1 e x2 (pertencentes ao domínio da função), x1 é diferente de x2 implica que f(x1) é diferente de f(x2): x1x2f(x1)f(x2). Predefinição:Gallery Graficamente, uma função f é injectiva se e somente se nenhuma recta horizontal intersecta o seu gráfico em mais do que um ponto.

É importante notar que, neste tipo de função, o contradomínio tem uma cardinalidade sempre maior ou igual à do domínio. Além disso, pode haver mais elementos no contra-domínio que no conjunto imagem da função.

Ocasionalmente, uma função injetiva de X a Y é denotada f:XY, usando uma seta com uma "cauda separada" (Predefinição:Unichar).[1] O conjunto de funções injetivas de X a Y pode ser denominado YX_ usando uma notação derivada daquela usada para decrescimento de potências fatoriais, uma vez que se X e Y são conjuntos finitos com respectivamente m e n elementos, o número de injeções de X a Y é nm_.

Um monomorfismo é uma generalização de uma função injetiva na teoria das categorias.

Definição

Seja f uma função cujo domínio é um conjunto X. Diz-se que a função f é injetiva desde que para todos a e b em X, sempre que f(a)=f(b), então a=b; isto é, f(a)=f(b) implica a=b. Equivalente, se ab, então f(a)f(b).

Simbolicamente,

a,bX,f(a)=f(b)a=b

que é logicamente equivalente à contrapositiva,

a,bX,abf(a)f(b)

Exemplos

  • A função f:, definida por f(x)=x2 não é injectiva, pois existe pelo menos um a tal que f(a)=f(a), por exemplo, para a=2. Isto é, o domínio da função admite que dois objectos distintos tenham a mesma imagem. Noutras palavras, existem dois valores diferentes que possam substituir a variável x para que o valor da função f(x) seja igual a 4. Esses valores são 2 e -2.
  • A função f:[0,)[0,) definida por f(x)=x2 é injectiva, pois implica que f(a) deve ser diferente de f(b), para ab. Isto é, o domínio admite somente um valor para cada imagem. Como por exemplo, para que a função seja igual a 4, poderíamos substituir a variável x somente pelo número 2.
  • A função f:, definida por f(x)=x3 é injectiva, pois implica que f(a) deve ser diferente de f(b), para ab. Isto é, o domínio admite somente um valor para cada imagem. Como por exemplo, para que a função seja igual a 8, poderíamos substituir a variável x somente pelo número 2, enquanto que para que a função seja igual a -8, poderíamos substituir a variável x somente pelo número -2.

Aplicações lineares

  • Uma transformação linear T:UV é dita injetora (ou injetiva) se, e somente se, o seu núcleo ker(T) — ou ainda, N(T) — contiver apenas o vetor nulo e, pois, tiver dimensão zero — isto é, dim(ker(T))=0.

A demonstração segue adiante:

→ Hipótese: T não é injetora → T(u)=T(v), com uv, para algum u,vU.

Das propriedades da transformação linear:

T(u)T(v)=0T(uv)=0

Como u ≠ v ⇔ u - v ≠ 0, então:

{uv}ker(T)ker(T){0}dim(ker(T))>0.

O caso de T ser injetora é exclusivo e podemos afirmar que se T é injetoraker(T)={0}dim(ker(T))=0.

  • Uma transformação linear A:EF também é dita injetiva se, e somente se, leva vetores L.I em vetores L.I. (LI = linearmente independentes)

Segue a demonstração:

Prova da ida:

Hipótese: A é injetiva

Tese: A leva vetores LI em vetores LI.

Se v1,v2,...,vnE são linearmente independentes provaremos que A(v1),A(v2),...,A(vn)F são linearmente independentes.

Com efeito se α1.A(v1)+α2.A(v2)+...+αn.A(vn)=0

Usando a linearidade de A:

A(α1.v1)+A(α2.v2)+...+A(αn.vn)=0

A(α1.v1+α2.v2+...+αn.vn)=0

Então temos que α1.v1+α2.v2+...+αn.vn pertence ao núcleo de A, e como A é injetiva, Ker(A)={0}, ou seja,

α1.v1+α2.v2+...+αn.vn=0, como v1,v2,...,vn são LI tem-se α1=α2=...=αn=0, ou seja A(v1),A(v2),...,A(vn) são linearmente independentes.

Prova da volta:

Hipótese: A leva vetores LI em vetores LI.

Tese: A é injetiva.

Sendo v0,vE{v} é LI então {A(v)} é LIA(v)0, portanto Ker(A)={0} e A é injetiva.

Segue-se desse teorema que se E tem dimensão finita, dim(F)dim(E), assim por exemplo não existe transformação linear injetiva de 3 em 2.

Injeções podem ser desfeitas

Cada elemento da imagem tem um único correspondente no domínio. Assim, é possível 'desfazer' a função, ou seja, encontrar uma função inversa que retorne ao valor original.

Funções com inversas à esquerda são sempre injeções. Isto é, dado f:XY, se houver uma função g:YX tal que, para cada xX,

g(f(x))=x (f pode ser desfeita por g)

então f é injetiva. Nesse caso, g é chamada de retração de f. Por outro lado, f é chamado de seção de g.

Inversamente, toda injeção f com domínio não vazio tem uma g inversa à esquerda, que pode ser definida fixando um elemento a no domínio de f de modo que g(x) seja igual à pré-imagem única de x sob f, se existir e g(x)=a caso contrário.Predefinição:Refn

A inversa à esquerda g não é necessariamente um inverso de f porque a composição na outra ordem, fg, pode diferir da identidade em Y. Em outras palavras, uma função injetora pode ser "invertida" por uma inversa à esquerda, mas é não necessariamente invertível, o que requer que a função seja bijetiva.

Injeções podem tornar-se invertíveis

Na verdade, para transformar uma função injetora f:XY em uma função bijetiva (portanto, invertível), basta substituir seu contradomínio Y pelo seu intervalo real J=f(X). Isto é, vamos g:XJ tal que g(x)=f(x) para todo x em X; então g é bijetiva. De fato, f pode ser fatorada como inclJ,Yg, onde inclJ,Y é a função de inclusão de J em Y.

Mais geralmente, as funções parciais injetivas são chamadas de bijeções parciais.

Outras propriedades

  • Se f e g são ambas injetivas, então fg é injetiva.
A composição de duas funções injetivas é injetiva
  • Se gf é injetiva, então f é injetiva (mas g não precisa ser).
  • f:XY é injetiva se, e somente se, dadas quaisquer funções g,h:WX sempre que fg=fh, então g=h. Em outras palavras, funções injetivas são precisamente os monomorfismos na categoria Conjunto de conjuntos.
  • Se f:XY é injetiva e A é um subconjunto de X, então f1(f(A))=A. Assim, A pode ser recuperado de sua imagem f(A).
  • Se f:XY é injetiva e A e B são ambos subconjuntos de X, então f(AB)=f(A)f(B).
  • Cada função h:WY pode ser decomposta como h=fg para uma injeção adequada f e uma sobrejeção g. Esta decomposição é única até o isomorfismo, e f pode ser considerada como a função de inclusão do intervalo h(W) de h como um subconjunto do contradomínio Y de h.
  • Se f:XY é uma função injetiva, então Y tem pelo menos tantos elementos quanto X, no sentido de números cardinais. Em particular, se, além disso, houver uma injeção de Y< para X, então X e Y terão o mesmo número cardinal. (Isso é conhecido como o teorema de Cantor-Bernstein-Schroeder.)
  • Se tanto X quanto Y são finitos com o mesmo número de elementos, então f:XY é injetiva se e somente se f é sobrejetiva (nesse caso f é bijetiva).
  • Uma função injetiva que é um homomorfismo entre duas estruturas algébricas é uma incorporação.
  • Ao contrário da sobrejetividade, que é uma relação entre o gráfico de uma função e seu contradomínio, a injetividade é uma propriedade do gráfico da função sozinha; isto é, se uma função f é injetiva pode ser decidida considerando apenas o gráfico (e não o contradomínio) de f.

Provando que as funções são injetivas

Uma prova de que uma função f é injetiva depende de como a função é apresentada e quais propriedades ela contém. Para funções que são dadas por alguma fórmula, há uma ideia básica. Usamos a contrapositiva da definição de injetividade, ou seja, se f(x)=f(y), então x=y. [2]

Exemplo 1

f=2x+3

Prova: Seja f:XY. Suponha que f(x)=f(y). Então, 2x+3=2y+32x=2yx=y. Portanto, segue da definição que f é injetiva.

Exemplo 2

h(x)=2x+51+x2h(x) não é injetiva, já que para h(0) e h(25) temos h(0)=h(25)=5 , ou seja, h(x)=h(y) com xy.

Existem vários outros métodos para provar que uma função é injetiva. Por exemplo, no cálculo se f é uma função diferenciável definida em algum intervalo, então é suficiente mostrar que a derivada é sempre positiva ou sempre negativa nesse intervalo. Na álgebra linear, se f é uma transformação linear, é suficiente mostrar que o núcleo de f contém apenas o vetor zero. Se f é uma função com domínio finito, basta olhar a lista de imagens de cada elemento de domínio e verificar se nenhuma imagem ocorre duas vezes na lista.

Ver também

Predefinição:Correlatos

Notas

Referências

Ligações externas

Predefinição:Commons category

Predefinição:Funções Predefinição:Controle de autoridade