Transformada de Hartley

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A função cas(x) (linha vermelha) é o núcleo da transformada de Hartley. Sua derivada é a função cas'(x) (linha azul, tracejada).

Em matemática, a transformada de Hartley é uma transformada integral bastante relacionada com a transformada de Fourier, mas que possui sobre esta as vantagens de (i) evitar a presença de números complexos no cálculo[nota 1] e (ii) ser a sua própria inversa. Ela foi proposta por R. V. L. Hartley em 1942[1] para aplicação na análise de regime estacionário e transiente de sistemas de transmissão telefônica, mas não despertou muito interesse até a década de 1980, após as pesquisas de Z. Wang e R. N. Bracewell[2] (ver também Lista de transformadas relacionadas à transformada de Fourier). A versão discreta, chamada de transformada discreta de Hartley, foi introduzida por Bracewell em 1983.[3]

A transformada de Hartley em duas dimensões pode ser computada por um processo similar ao usado para computar a transformada óptica de Fourier, com a vantagem de que somente sua amplitude e sinal precisam ser determinados, e não sua fase complexa.[4]

Existe uma formulação alternativa para tratamento de funções periódicas: a série de Hartley, que funciona de forma similar à série de Fourier.[5]

Definição

A transformada de Hartley de uma função f(t) é definida por:


H(ω)={f(t)}=12πf(t)cas(ωt)dt(1a)


onde ω, em aplicações físicas, é a frequência angular e t é o tempo. A função cas (ing. cosine and sine)


cas(t)=cos(t)+sin(t)=2sin(t+π4)=2cos(tπ4)(1b)[1][5]


é o chamado núcleo de Hartley. Em aplicações de engenharia, essa transformação leva um sinal, representado por uma função f de valores reais, do domínio do tempo para o domínio espectral de Hartley, que é o domínio da frequência real.

Pela definição, vê-se que a transformada de Hartley de uma função é a soma de suas transformadas de seno e de cosseno.[1][6]

Transformada inversa

A transformada de Hartley tem a propriedade conveniente de ser sua própria inversa (o que se chama, em matemática, uma involução):


f={{f}}(1c)[1][nota 2]


Convenções

O exposto acima está de acordo com a definição original de Hartley, mas, como também acontece com a transformada de Fourier, vários detalhes são matéria de convenção e podem ser alterados sem mudança nas propriedades essenciais da transformada:

  • Em lugar de usar a mesma fórmula para a transformada e sua inversa, pode-se remover o 1/2π da fórmula da transformada e usar 1/2π na inversa — ou, na realidade, qualquer par de fatores de normalização cujo produto seja 1/2π (essas normalizações assimétricas são às vezes encontradas em textos de matemática pura e engenharia, inclusive na transformada de Fourier).
  • Pode-se também usar 2πν em lugar de ω (isto é, a frequência simples em vez da frequência angular), quando então o coeficiente 1/2π é totalmente removido. Bracewell (2000) e Olejniczak (2000) são exemplos de autores que seguem essa convenção[1][2].
  • Pode-se usar cos(t)-sin(t) em lugar de cos(t)+sin(t) como o núcleo.Predefinição:Carece de fontes.

Como neste verbete a transformada de Fourier desempenha um papel muito importante, vale a pena lembrar que a definição "angular-simétrica" para as transformações direta e inversa é a seguinte:


(ω)=12πf(t)eiωtdt


f(t)=12π(ω)eiωtdω


É essa definição que deve-se ter em mente quando se mencionar aqui a transformada de Fourier. O uso dessa convenção evita a introdução de fatores de escalamento na maioria dos teoremas apresentados.


Relação com a transformada de Fourier

Essa transformada difere da transformada de Fourier clássica F(ω)={f(t)}(ω) na escolha do núcleo. Na transformada de Fourier, é usado o núcleo exponencial eiωt=cos(ωt)isin(ωt), onde i é a unidade imaginária.

As duas transformadas são bastante relacionadas, entretanto, e a transformada de Fourier (assumindo que se use forma simétrica de ambas e o mesmo fator de normalização) pode ser computada a partir da transformada de Hartley através de:


F(ω)=H(ω)+H(ω)2iH(ω)H(ω)2=Hpar(ω)iHimpar(ω)(2a)


Ou seja, as partes real e imaginária da transformada de Fourier são dadas, respectivamente, pelas partes pares e ímpares da transformada de Hartley.

Inversamente, para funções de valores reais, a transformada de Hartley é dada, a partir das partes real e imaginária da transformada de Fourier, por:


{f}={f}{f}={f(1+i)}(2b)


onde e denotam as partes real e imaginária da transformada de Fourier.[1][7]

A transformada de Hartley H(ω) também pode ser obtida a partir da transformada real de Fourier R(ω) por meio da fórmula abaixo:


[H(ω)H(ω)]=12[1111][Rp(ω)Ri(ω)](2c)


onde Rp(ω) e Ri(ω) são as partes par e ímpar, respectivamente, de R(ω).[8]

Relações similares existem com a transformada real de Mellin M(σ,ω), outra transformação relacionada à transformada de Fourier:


[H(ω)H(ω)]=12[1111][Mp(σ,ω)Mi(σ,ω)](2d)


onde Mp(σ,ω) e Mi(σ,ω) são as partes par e ímpar, respectivamente, de M(σ,ω).[9]


Condições de existência

Uma condição suficiente para a existência da transformada de Hartley de uma função f(x) é que exista a transformada de Fourier dessa função. Outro grupo de condições suficientes são as condições de Dirichlet:

  • f(x) deve ser absolutamente integrável no intervalo [-∞,∞]
  • f(x) deve ter um número finito de descontinuidades nesse intervalo
  • f(x) deve ter um número finito de máximos e mínimos locais em qualquer subintervalo entre -∞ e ∞

Tais condições são suficientes, não necessárias. Funções importantes, como f(x) = cos(x), não atendem às condições de Dirichlet (neste caso, por não ser absolutamente integrável), mas ainda assim possuem uma transformada de Fourier e, por conseguinte, uma transformada de Hartley.[10]

Interpretação da transformada de Hartley

A transformada de Fourier de uma função real f(x) é uma função complexa F(ω) que exibe simetria hermitiana, ou seja F(-ω) = F*(ω), onde F*(ω) denota o conjugado complexo de F(ω). Isso implica que existe uma certa redundância na função F, porque o valor de saída para entradas negativas está totalmente determinado pelo valor para entradas positivas. A transformada de Hartley de f(x), H(ω), não exibe tal comportamento. Isso também se reflete no fato de que F(ω) atribui dois números, um real e outro imaginário, a cada valor de entrada, enquanto H(ω) só atribui um número real.[11]

Propriedades

Linearidade

Por consistir de uma combinação de operadores lineares (a transformada de senos e a transformada de cossenos), a transformada de Hartley é um operador linear e simétrico (Hermitiano). Das propriedades de simetria e auto-inversão (1c), segue-se que a transformada é um operador unitário (na verdade, ortogonal).

Teorema da convolução

Existe também um análogo ao teorema da convolução para a transformada de Hartley. Se duas funções x(t) e y(t) têm transformadas de Hartley X(ω) e Y(ω), respectivamente, então sua convolução z(t)=x*y tem a transformada de Hartley


Z(ω)={(x*y)}=π2[X(ω)Yp(ω)+X(ω)Yi(ω)](3a)


onde Yp e Yi são as componentes par e ímpar, respectivamente, de Y(ω).

A expressão (3a) parece complicada, com relação a, por exemplo, o que vale para a transformada de Fourier. No entanto, como em aplicações práticas sempre se pode escolher a origem t=0 de forma a fazer a função f(t) ser par (por exemplo), a expressão (3a) se simplifica para


Z(ω)=π2[X(ω)Y(ω)](3b)


que é idêntica ao teorema da convolução para a transformada de Fourier.[1]

Paridade

Similarmente à transformada de Fourier, a transformada de Hartley conserva a paridade: a transformada de Hartley de uma função par é sempre uma função par, e a transformada de Hartley de uma função ímpar é sempre uma função ímpar.[1]

Espectro de potência e fase

A densidade espectral P e a fase φ da transformada de Fourier F(ω) são dadas pelas expressões


P(ω)=|F(ω)|2=[{F(ω)}2+{F(ω)}2]


ϕ(ω)=arctan({F(ω)}{F(ω)})


a substituição da identidade (2a) nas equações acima resulta em


P(ω)=12[(H(ω))2+(H(ω))2](3c)


ϕ(ω)=arctan(H(ω)H(ω)H(ω)+H(ω))(3d)


Observe-se que P(ω) será sempre uma função par.[12][nota 3]

Escalamento e deslocamento do eixo

Se a transformada de Hartley de f(x) for denotada por H(ω), então


{f(ax)}=1|a|H(ωa)(3e)


e


{f(x+b)}=H(ω)cos(ωb)+H(ω)sin(ωb)(3f)


Em particular, se a = -1, então {f(x)}=H(ω)[13].

Modulação

Se a transformada de Hartley de f(x) for denotada por H(ω) e a função g(x) = cos(ω0·x), então


{f(x)g(x)}=12[H(ω+ω0)+H(ωω0)](3g)[13]


Derivadas

Se a transformada de Hartley de f(x) for denotada por H(ω), então a transformada da derivada de ordem n de f será dada por


{fn(x)}=cas'(nπ2)ωnH((1)nω)(3h)


onde cas' é a função cas complementar (ver abaixo).[14]

Tabela de Transformadas de Hartley

A tabela abaixo traz as transformadas de Hartley de algumas funções comuns em aplicações de engenharia. Como as convenções variam entre representar a transformada como H(ω) ou como H(ν) (sendo que ω = 2πν; ver acima), as duas opções foram contempladas.

Tabela 1 - Transformadas de Hartley de algumas funções f(t)[15]
f(t) H(ω)
1 δ(ω)
eiat δ(ωa)
δ(t) 1
δ(ta) cos(aω)sin(aω)
u(t) δ(ω)2+cos(aω)sin(aωω
u(ta) δ(ω)2+1ω
tu(t)[nota 4] δ(ω)4π1ω2
sgn(t) 2ω
cos(at) π2[δ(ωa)+δ(ω+a)]
sin(at) π2[δ(ωa)δ(ω+a)]
rect(t) sinc(ω)
tri(t) 12sinc2(ωπ)
eatu(t) a+ωa2+ω2
ea2t2u(t) πaeω22a2
ea|t|u(t) 2aa2+ω2
eatcos(bt) (aω)(a2+b2ω2)+2aω(a+ω)(a2+b2ω2)2+4a2ω2
eatsin(bt) b(a2+b2ω2+2aω)(a2+b2ω2)2+4a2ω2
rect(t)cos(bt) sin(ωb2)ωb+sin(ω+b2)ω+b
cos(at)u(t) 2πωω2a2+π2[δ(ωa)+δ(ω+a)]
sin(at)u(t) 2πaω2a2+π2[δ(ωa)+δ(ω+a)]
onde:

Função cas

As propriedades da função cas seguem-se diretamente da definição (1b) (uma função trigonométrica linear com deslocamento de fase) e da trigonometria.

Adição de ângulos

cas(a+b)=cas(a)cas(b)+cas(a)cas(b)+cas(a)cas(b)cas(a)cas(b)(4a)


ou


cas(a+b)=cos(a)cas(b)+sin(a)cas(b)=cos(b)cas(a)+sin(b)cas(a)(4b)


No caso particular:


cas(2a)=cas2(a)+cas2(a)(4c)


Derivada e anti-derivada

cas(a)=ddacas(a)=cos(a)sin(a)=cas(a)(4d)


esta função é conhecida como cas complementar.[5]


cas(a)=2sin(a+3π4)=2cos(a+π4)(4e)


0acas(x)dx=cas(a)=cas(a)(4f)


Relação de outras funções trigonométricas com a função cas(x)

cos(a)=12[cas(a)+cas(a)](4g)


sin(a)=12[cas(a)cas(a)](4h)


Relação com a função exponencial

cas(a)=12[(1+i)eia+(1i)eia](4i)


Produtos

cas(a)cas(b)=cos(ab)+sin(a+b)(4j)


cas(a)+cas(b)=2cas(ab2)cos(ab2)(4k)


cas(a)cas(b)=2cas(ab2)sin(ab2)(4l)[16]

Série de Hartley

A série de Hartley é uma expansão em série infinita de uma função periódica f(t), na forma


f(t)=k=akcas(2kπtτ)(5a)


onde τ é o período de f(t) e os coeficientes ak são números reais. A série de Hartley é idêntica à série de Fourier, apenas com a base ortogonal sendo a função cas(x), e em vista disso exibe propriedades similares e encontra as mesmas aplicações práticas. Em particular, as condições para existência de ambas as séries são as mesmas.

A propriedade de ortogonalidade de cas(x) é sumamente importante, pois garante que o erro quadrático ε2 na representação da função f(t) por meio da série finita


f^(t)=k=KKakcas(2kπtτ)|k𝒩(5b)


definido por

ϵ2{f(t),f^(t)}=(f(t)f^(t))2(5c)

é o mínimo possível para um dado K e diminui com o aumento de K.[nota 5][nota 6] Em outras palavras, os coeficientes ak fornecem a melhor representação possível de f(t) para qualquer valor de K. Em aplicações práticas, é sempre necessário usar um número finito de coeficientes, e essa propriedade permite ajustar a qualidade da representação e as limitações computacionais.

Outra propriedade importante da série de Hartley é que o erro linear ε, definido como

ϵ{f(t),f^(t)}=f(t)f^(t)(5d)

pode ser feito arbitrariamente pequeno com o aumento de K (ou seja, ε não diminui assintoticamente).[nota 7] Essa propriedade decorre da equação de Parseval

k=1ak2=(f(t))2(5e)[17]


Os coeficientes ak na equação (5a) são dados pela fórmula


ak=1ττf(t)cas(2πktτ)dτ(5f)[18]


Outras propriedades da série de Hartley

Reversão no tempo

Se g(t) = f(-t), os coeficientes bk da série de Hartley de g(t) estarão relacionados aos coeficientes ak da série de Hartley de f(t) pela expressão bj=aj para qualquer j.

Paridade

Se f(t) for uma função par, então aj=aj para qualquer j. Se f(t) for uma função ímpar, aj=aj para qualquer j.[nota 8] Se f(t) for uma função com anti-simetria de meia-onda, ou seja, f(t)=f(t+τ2), então aj = 0 para j par.

Derivada e anti-derivada

Se denotarmos por g(t) a derivada de f(t), os coeficientes bk da série de Hartley de g(t) estarão relacionados aos coeficientes ak da série de Hartley de f(t) pela expressão bj=ajjτ para qualquer j.

Se denotarmos por g(t) a anti-derivada de f(t), os coeficientes bk da série de Hartley de g(t) estarão relacionados aos coeficientes ak da série de Hartley de f(t) pela expressão bj=ajτj para qualquer j.[19]


A Transformada Discreta de Hartley

(ver o artigo principal Transformada discreta de Hartley)

A transformada de Hartley é definida em um espaço euclideano contínuo. A Transformada Discreta de Hartley (DHT) expande a definição para um espaço discreto. A DHT de uma sequência f de n valores é uma sequência do mesmo tamanho, com o k-ésimo elemento dado pela fórmula

ak=1nj=0n1f(j)cas(2πjnτ)(6a)

onde τ é tamanho do período amostrado. A expressão (6a) é muito similar às transformadas discretas de Fourier (DFT), de cosseno (DCT) e de seno. A sequência original é recuperada pela aplicação da transformada inversa, ou seja, os valores fk de f são obtidos a partir dos coeficientes ak pela fórmula:

fk=j=0n1akcas(2πjnτ)(6b)

Perceba-se que a simetria entre a transformada e a inversa é quebrada pelo fator de escalamento 1/n, o que também acontece com a DFT. Poder-se-ia eliminar essa assimetria substituindo esse fator por 1/n e introduzindo-o na transformada inversa, mas esse procedimento não é comum. A maioria segue a definição original de Bracewell(2000).

Como a DHT recebe como entrada uma sequência finita de n valores, pressupõe-se que a função sob análise f(t), de onde se originou a sequência f(k), seja periódica, com período igual ou inferior a τ.

As propriedades (2a), (2b) e (3a) também valem para a transformada discreta de Hartley. E, a exemplo de toda transformação discreta, a DHT também está sujeita aos fenômenos de erro de truncamento e serrilhamento (ing. aliasing). Mas a DHT oferece a grande vantagem de não exigir o trabalho com números complexos, o que economiza e simplifica o trabalho. Para um mesmo número de amostras, o cálculo da DHT exige a manipulação de apenas a metade dos valores, quando comparada à DFT, sem que se perca informação com essa simplificação.

A propriedade do valor inicial possui a forma seguinte:

j=0n1aj=f(0)(6c)
j=0n1fj=na0(6d)

onde ak são os valores da sequência DHT{f(k)} e fk são os valores da sequência f(k).

A propriedade do deslocamento do eixo, correspondente às equações (3e) e (3f) para a versão contínua, deve ser escrita da forma seguinte:

bk=akcos(2πmnτ)aksin(2πmnτ)(6e)

onde bk são os valores da sequência DHT{f(k + m)}, e m é um inteiro entre 0 e n. Na expressão (6e), como se trata de uma convolução cíclica, valores negativos de índices devem ser somados a n de forma a resultar num valor adequado, isto é, um valor na faixa [0,n].

A propriedade da primeira diferença é expressa da forma seguinte:

bk=ak[cos(2πnτ)1]a(n1τ)sin(2πnτ)(6f)

onde bk são os valores da sequência DHT{f(k + 1) - f(k)}.

O teorema de Parseval deve ser escrito da forma seguinte:

j=0n1[f(j)]2=nakj=0n1[ak)]2(6g)[1]

Cálculo da DHT

A transformada discreta de Hartley pode ser calculada diretamente a partir da fórmula de definição, mas existem algoritmos otimizados, como a Transformada Rápida de Hartley (FHT, do inglês Fast Hartley Transform). Pela sua relação com as transformadas de Fourier e de cossenos, ela também pode ser computada a partir da DFT, da FFT (Fast Fourier Transform) e de algumas variantes da DCT. Inversamente, a DHT pode ser usada para computar as transformadas discretas de Fourier e de cossenos, além da computação de convoluções discretas.[1]

Transformada de Hartley em duas dimensões

Em aplicações de análise de imagem, pode-se empregar a transformada de Hartley em duas dimensões, ou seja, a transformada de Hartley de uma função f(x,y) de duas variáveis reais independentes. Da mesma forma que no caso unidimensional, existem as versões contínua e discreta da transformada bidimensional.

Transformada bidimensional de Hartley

Essa transformada é definida pela equação


H(ω,ξ)=2{f(x,y)}=f(t)cas(ωx+ξy)dxdy(7a)


e a inversa por


f(x,y)=21{H(ω,ξ)}=H(ω,ξ)cas(ωx+ξy)dωdξ(7b)


Existe uma definição similar para a transformada em três dimensões.[14]

Uma variante da transformada bidimensional de Hartley é a transformada CasCas, que utiliza como núcleo a função cas(ωx)cas(ξy). Essa possibilidade de optar entre dois núcleos também existe para a transformada bidimensional de Fourier, e representa as duas maneiras diferentes de se esquadrinhar um plano.[1]

Transformada discreta bidimensional de Hartley

Uma imagem representada por uma matriz f com m x n valores reais possui uma transformada discreta de Hartley em duas dimensões dada por outra matriz m x n, que é a transformada discreta bidimensional de Hilbert (DHT2). Os coeficientes aj,k de tal matriz são valores reais, obtidos dos coeficientes f(j,k) pela fórmula

aj,k=1mni=0m1 l=0n1f(j,k)cas(2πimτm+2πlnτn)(7c)


onde τm e τn são o tamanho do intervalo amostrado em cada dimensão. A transformada inversa, aplicada à matriz DHT2, resulta na matriz original f; os coeficientes de f são obtidos dos coeficientes aj,k pela fórmula

f(j,k)=1mni=0m1 l=0n1aj,kcas(2πimτm+2πlnτn)(7d)


Existem definições similares para transformadas em mais dimensões.[1]

Notas

  1. Quando aplicada a uma função de valores reais, o que geralmente é o caso.
  2. Essa expressão é válida apenas quando se emprega a definição (1a) para a transformada ou substitui-se ω por 2πν. Em outros casos, podem aparecer fatores de escalamento (ver o item Convenções).
  3. Uma das desvantagens da transformada de Hartley, em relação à transformada de Fourier, é justamente que a variação do ângulo de fase com a frequência não é tão clara.
  4. Conhecida como função rampa unitária.
  5. Essa propriedade é conhecida como a propriedade da finitude dos coeficientes.
  6. A prova é conhecida como o Lema de Riemann-Lebesgue.
  7. Essa propriedade é conhecida como da completude dos coeficientes.
  8. E, por conseguinte, a0 = 0.


Referências adicionais


Ligações externas


Predefinição:Referências

  1. 1,00 1,01 1,02 1,03 1,04 1,05 1,06 1,07 1,08 1,09 1,10 1,11 Bracewell, R. - The Fourier Transform And Its Applications, 3rd. Edition, New York: McGraw-Hill, 2000, Cap. 12, pp. 293-328,ISBN 978-0-1381-4757-0
  2. 2,0 2,1 K. Olejniczak - The Hartley Transform in A. Poularikas (org) - The Transforms and Applications Handbook, 2nd. edition, Boca Raton: CRC, 2000, Cap. 3, pp. 342 a 343
  3. Bracewell, R. - Discrete Hartley transform, in Journal of the Optical Society of America, vol. 73, issue 12, disponível em https://www.opticsinfobase.org/josa/abstract.cfm?uri=josa-73-12-1832, acessado em 29/11/2013
  4. Villasenor, J. - Optical Hartley transforms, Proc. IEEE 82 (3), 1994, pp. 391-399, disponível em http://dx.doi.org/10.1109/5.272144
  5. 5,0 5,1 5,2 A. Poularikas (org) - Handbook of Formulas and Tables for Signal Processing, Cap. 14, disponível em http://dsp-book.narod.ru/HFTSP/8579ch14.pdf, acessado em 03/10/2012
  6. K. Olejniczak - op. cit., pag. 347
  7. K. Olejniczak - op. cit., pp. 349 a 350
  8. K. Olejniczak - op. cit., pág. 352
  9. K. Olejniczak - op. cit., pág. 353
  10. K. Olejniczak - op. cit., pp. 346 e 349
  11. K. Olejniczak - op. cit., pp. 348 a 349
  12. K. Olejniczak - op. cit., pp. 354 a 355
  13. 13,0 13,1 K. Olejniczak - op. cit., pag. 355
  14. 14,0 14,1 K. Olejniczak - op. cit., pág. 357
  15. K. Olejniczak - op. cit., pp. 386 a 396
  16. K. Olejniczak - op. cit., pag. 344
  17. K. Olejniczak - op. cit., pp. 358 a 362
  18. K. Olejniczak - op. cit., pag. 365
  19. K. Olejniczak - op. cit., pp. 366 a 367