Função exponencial

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Esboço do gráfico de uma função exponencial

Chama-se função exponencial a função f:+* tal que f(x)=ax em que a, 0<a1. O número a é chamado de base da função. A função exponencial f(x)=ax pode ser crescente ou decrescente a depender do valor da base. Se a>1, a função é crescente. Caso 0<a<1 a função é decrescente.[1][2]

Definição formal

A função exponencial pode ser caracterizada como uma extensão do processo de potenciação para expoentes não inteiros. Quando n é um número natural maior do que 1, a potência an indica a multiplicação da base a por ela mesma tantas vezes quanto indicar o expoente n, isto é,[3]

an= a××an,

Esta definição implica as seguintes propriedades:

  • an+m=anam;
  • anm=(an)m.

A fim de estender estas propriedades para expoente zero, expoentes negativos e racionais, definem-se:

  • a0=1,a0;
  • an=1an,a0,n;
  • a1n=an,a>0,n;
  • anm=anm,a>0,nm.

A função exponencial pode ser então definida para todo expoente x através dos seguintes limites:[4]

ax=supnm<xanm,a>1;
ax=infnm<xanm,a<1.

De fato, a função y = ax é a única função contínua y=f(x) que satisfaz:

  • f(x+y)=f(x)f(y);
  • f(1)=a.

No entanto, mais comumente, a função exponencial é definida em termos da função exponencial natural e sua inversa, o logaritmo natural:[4]

  • ax=eln(a)x.

A função exponencial satisfaz sempre os seguintes axiomas básicos de definição:

  • a1=a
  • ax+y=axay,x,y

A partir destes axiomas, podemos extrair as seguintes propriedades operacionais:

  1. a0=a1+0a1=a1a1=1,
  2. ax=a(x)+xax=a0ax=1ax,x

Propriedades da função exponencial

Função exponencial crescente
Função exponencial decrescente

A função exponencial de base a, f(x)=ax, tem as seguintes propriedades:[1][2]

  1. f(x)>0 para todo x;
  2. f(x) é função crescente se, e somente se, a>1;
  3. f(x) é função decrescente se, e somente se, 0<a<1;
  4. f(x) é injetiva;
  5. f(x) é ilimitada superiormente;
  6. f(x) é contínua;
  7. f(x) é sobrejetiva;
  8. f(x) é bijetiva, isto é, possui uma função inversa, o logaritmo, denominada loga(x).

Demonstrações das propriedades

Propriedade 1

Mostraremos, primeiro, que f(x)0 para todo x. Com efeito, notamos que f(0)=10. Suponhamos, por contradição, que f(x)=ax=0 para algum x0. Mas, daí temos 0=axax+1=a>0, uma contradição. Concluímos que f(x)0 para todo x.

Como consequência f(x)>0 para todo x, uma vez que f(0)=a0=1.

Propriedade 2

Sejam x,y. Suponhamos, sem perda de generalidade, que x<y. Tomamos, então, p>0 tal que y=x+p. Segue que ayax=ax+pax=ax(ap1). Pela propriedade 1, temos ax>0. Logo, ax<ay se, e somente se, ap>1. Como p>0, ap>1 se, e somente se, a>1. Concluímos que, f(x)<f(y) se, e somente se, a>1.

Propriedade 3

Segue raciocínio análogo à demonstração da propriedade 2.

Propriedade 4

Consequência imediata das propriedades 2 e 3.

Propriedade 5

Seja f(x)=ax com a>1. Tomamos d tal que a=1+d. Assim, pela desigualdade de Bernoulli, temos an>1+nd. Logo, dado qualquer L>0, se escolhemos x como o menor inteiro maior que L1d, temos f(x)>L, i.e. f(x) é ilimitada superiormente. A demonstração é análoga para 0<a<1.

Propriedade 6

Para qualquer c, temos f(c) está bem definida. Além disso, temos:

limxcf(x)=limh0f(c+h)=limh0ac+h=limh0acah=aclimh0ah

Como, limh0ah=1, seque que:

limxcf(x)=f(c).
Lema

Dados um número real a1 e um intervalo I=[c,d]+*, com d>c, então existe um número racional r tal que arI.[1]

Suponhamos, sem perda de generalidade, que a,c>1. Pelas propriedades 2 e 5, existe um número natural n1 tal que:

c<d<an1.

Como consequência, existe um número natural n2 tal que:

1<a<(1+dcan1)n2.

Daí, segue que:

1<a1n2<1+dcan10<an1(a1/n21)<dc.

Assim:

mn2n1amn2(a1n21)=am+1n2amn2<dc.

Desta forma, temos que:

a0<a1n2<a2n2<<an1

é uma sequência finita, cujos termos são extremos de intervalos consecutivos de tamanho menor que o do intervalo I=[c,d]. Logo, pelo menos um dos termos desta sequência deve pertencer a I, i.e. para algum m, temos arI com r=mn2.

Propriedade 7

Seja y+*. Suponhamos que a>1. Usando o lema anterior construímos uma sequência não-decrescente limitada (rn)n tal que arn[y1n,y]. Pela completude dos números reais, temos que rnx quando n. Segue da continuidade de f(x) (propriedade 6), que:

ax=limnarn=y

i.e., dado y+*, existe x tal que f(x)=ax=y. A demonstração para 0<a<1 segue raciocínio análogo.

Propriedade 8

Consequência imediata das propriedades 4 e 7.

A função exponencial natural

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Esboço do gráfico da função exponencial natural

A função exponencial natural é a função exponencial cuja base é o número de Euler. Denotado por ex ou exp(x), a função exponencial natural é uma das mais importantes funções da matemática e pode ser definida de pelo menos duas maneiras equivalentes: a primeira, como uma série infinita; a segunda, como limite de uma seqüência:[4]

ex=n=0xnn!=1+x+x22!+x33!+x44!+
ex=limn(1+xn)n

Aqui, n! corresponde ao fatorial de n e x é qualquer número real ou complexo.

O valor da base da exponencial natural, e, é aproximadamente 2.718281828.

A exponencial natural satisfaz as seguinte propriedades:[4]

  • A função y = ex é contínua e diferenciável para todo x.
  • A derivada da função y = ex é a própria função função y = ex.
  • A função y = ex é positiva e crescente para todo número real x.
  • ex+y = ex ey
  • A curva y = ex jamais toca o eixo x, embora se aproxime de zero para valores negativos de x, isto é:
limxex=0
  • Os valores de y=ex crescem ilimitadamente, isto é:
limx+ex=+
  • A função y=ex cresce mais rápido que qualquer potência, isto é, para todo n natural, temos:
limxxnex=0.
  • A função y=ex é igual a sua derivada, i.e.:
ddxex=ex.

Usando o logaritmo natural, pode-se definir funções exponenciais mais genéricas, como abaixo:

ax=exlna

Para todo a > 0 e x.

Derivada e integral da função exponencial

Comportamento da função exponencial

A derivada da função exponencial de base a, f(x)=ax é dada por:[5][6]

ddxf(x)=axlna.

De fato, como ax=e(lna)x temos da regra da cadeia que:

ddxax=ddxe(lna)x=(lna)e(lna)x=axlna.

De forma análoga, obtermos a derivada segunda:

d2dx2ax=ddxaxlna=ax(lna)2

Como (ln(a))2 é uma constante positiva, observamos que a taxa de variação da função exponencial é crescente em relação a x, isto é a função exponencial é uma função convexa.

A integral indefinida da função exponencial é dada por:[5][6]

axdx=elnaxdx=1lnaelnax+C=1lnaax+C.

Ver também

Predefinição:Referências

Predefinição:Funções

Predefinição:Tradução integral